Em postagens anteriores eu dei resumos concisos do tema de minhas palestras como visitante na Rice University e uma das duas palestras na Houston Baptist University. Nesta postagem eu quero resumir a outra palestra da HBU: “O lugar de Jesus na Oração Cristã primitiva e seu Significado para a Identidade cristã primitiva”.
Em vários textos neotestamentários, Jesus é mostrado como o intercessor ou advogado celestial em benefício dos crentes. Esta é uma ênfase bem conhecida na epístola aos Hebreus, é claro(por exemplo, 2:14-18; 4:14-5:10; 7:15-8:7; 9:11-22; 10:11-14). Mas esta ideia também tem reflexos tão cedo quanto na passagem da epístola de Paulo aos Romanos(8:34), onde Jesus é “aquele que intercede por nós”. Aqui, a intercessão de Jesus parece agir antes de tudo para estabelecer os crentes como aceitáveis a Deus. A carta de Paulo e a referência abreviada à ideia sugere que ele já a considerava familiar entre seus pretendidos leitores, sugerindo que ela era “propriedade comum” entre os vários tipos de círculos cristãos primitivos. Isto parece ser confirmado na referência a Jesus como o “advogado com o Pai” dos/para os crentes em 1 João 2:1. Da mesma forma, a referência em João 14:16 de “outro advogado” (ali identificado como o Espírito Santo) parece aludir à noção de que o Jesus ressurreto é advogado. A defesa de Jesus a Deus em benefício dos crentes, e a defesa do Espírito de Jesus aos crentes.
Em alguns outros textos neotestamentários, Jesus é mostrado como o mestre e o modelo de oração para os crentes. O Evangelho de Mateus tem referências distintivas a Jesus ensinando seus discípulos como orar (Mt 6:5-8), seguido pela versão de Mateus da “Oração do Senhor” (6:9-13), que claramente funciona como um modelo de oração. Mas, entre algumas outras referências neotestamentárias, no Evangelho de Lucas há uma particular ênfase em Jesus orando, algumas das referências distintivas em Lucas (por exemplo, 3:21; 5:16; 6:12; 9:18, 28-29). Da mesma forma, Lucas tem algumas orações atribuídas a Jesus (10:21-23; 22:32; 23:46). No Evangelho de João também, Jesus tanto ora quanto ensina seus discípulos a orar e em outros textos neotestamentários também temos referências a Jesus orando.
Jesus também é mostrado como recebendo orações em alguns textos neotestamentários. É claro, o Novo Testamento mostra primariamente orações sendo endereçadas a Deus. Mas em vários casos Jesus é o recipiente ou co-recipiente. O exemplo mais comum parece ter sido a invocação/aclamação corporativa onde o evento de adoração corporativa foi constituído, que envolvia um “apelo” a Jesus. Da mesma forma no batismo cristão primitivo, alguém apelava a Jesus, o invocando sobre a pessoa batizada. De fato, em 1Co 1:2, Paulo se refere aos membros crentes simplesmente como aqueles que em todo lugar “invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. Talvez nossa primeira referência, contudo, seja 1Ts 3:11-13, onde Deus e Jesus são juntamente invocados a habilitar Paulo a revisitar a igreja de Tessalônica. Outros exemplos podem ser citados (por exemplo, 2Ts 2:16-17), e em 2Co 12:6-10 Paulo se refere a seus repetidos apelos a Jesus para livrá-lo do “espinho na carne”. O frequentemente citado “maranatha” em 1Co 16:22 indica que a invocação litúrgica de Jesus era praticada em círculos de crentes de idioma aramaico assim como em círculos de idioma grego.
Jesus também é mostrado como a base da oração cristã. Como foi notado, a oração é dominantemente endereçada a Deus nos textos neotestamentários. Mas é também verdade que orações são tipicamente oferecidas com referência a Jesus, por exemplo, “em seu nome” e/ou “através” dele (por exemplo, Rm 1:8; 7:25; Cl 3:17; Ef 5:20). Estes textos provavelmente refletem a atual prática de oração, onde o status de Jesus com Deus foi invocado como uma base distintiva para a oração.
Em todas estas formas, a oração cristã primitiva reflete características distintivas, dando aos cristãos primitivos uma identidade religiosa distintiva. O lugar programático e singular de Jesus não tinha paralelo ou precedente na matriz judaica de onde os primeiros seguidores de Jesus surgiram. Assim, naquele ambiente religioso romano, a prática de oração cristã primitiva refletiu o sentido de se ter uma identidade particular e distintiva.
Fonte: http://larryhurtado.wordpress.com/2013/04/24/jesus-in-early-christian-prayer/
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