• Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.

    Mateus 5:44,45

  • Disse-lhes ele: Por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível

    .

    Mateus 17:20

  • Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que a encontre?

    Lucas 15:4

  • Então ele te dará chuva para a tua semente, com que semeares a terra, e trigo como produto da terra, o qual será pingue e abundante. Naquele dia o teu gado pastará em largos pastos.

    Isaías 30:23

  • As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem;

    João 10:27

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Verso do dia

O cânon do Velho Testamento de Jerônimo à Reforma

Escrito por  William Webster

Bíblia de LuteroA prática geral da Igreja Ocidental em respeito ao cânon do tempo de Jerônimo (começo do quinto século) até a Reforma era seguir o julgamento de Jerônimo. Se concedeu um status deuterocanônico aos livros Apócrifos, mas eles não eram considerados canônicos em um sentido estrito. Ou seja, eles não eram aceitos como autorizativos para o estabelecimento de doutrina, mas foram usados com o propósito de edificação. Assim, a Igreja manteve as distinções estabelecidas por Jerônimo, Rufino e Atanásio de livros eclesiásticos e canônicos.

A Igreja Oriental

A Igreja Oriental geralmente seguiu os pontos de vista de Atanásio, Cirilo de Jerusalém e Epifânio. Por exemplo, o bispo do sexto século, Anastásio de Antioquia, ensinou que o cânon do Velho Testamento consistia de vinte e dois livros1. Isto não inclui os livros dos Apócrifos.

Um dos Concílios frequentemente citados pelos apologistas católicos romanos em favor dos Concílios de Hipona e Cartago é o Concílio 'Quinissexto', também conhecido como Concílio de Trulo. Ele foi reunido poucos anos depois do sexto Concílio Ecumênico (Constantinopla III) e considerado uma continuação do quinto e sexto concílios gerais. Ele foi primariamente um Concílio Oriental. O sexto Concílio Ecumênico não promulgou nenhum decreto, mas historicamente os decretos de Trulo têm sido reconhecidos como parte de Constantinopla III. Como resultado, eles têm sido reconhecidos como formando parte do Concílio Ecumênico. No cânon I do Sétimo Concílio Ecumênico (Niceia II), o Concílio declara:

 

Vendo que estas coisas são assim, sendo assim bem testificadas a nós, nós rejubilamos por elas como aquele que encontrou grande espólio, e pressionamos os cânones divinos com alegria contra nosso peito, mantendo firmemente todos os preceitos do mesmo, completo e sem mudança, sejam eles estabelecidos pelas sagradas trombetas do Espírito, os renomados Apóstolos, ou pelos seis Concílios Ecumênicos, ou por Concílios ajuntados localmente para promulgar os decretos dos ditos Concílios Ecumênicos, ou por nossos santos Pais. Por todos estes, sendo iluminados pelo mesmo Espírito, definiram tais coisas como foram resolvidas. Consequentemente aqueles que eles colocaram sob anátema, nós igualmente anatematizamos, aqueles que eles depuseram, nós também depomos, aqueles que eles excomungaram, nós também excomungamos e aqueles que eles entregaram para punição, nós também sujeitamos à mesma penalidade2.

Note a referência a 'Concílios ajuntados localmente para promulgar os decretos dos ditos Concílios Ecumênicos'. Esta é uma referência direta ao Concílio Quinissexto/Trulano. O Segundo Concílio de Niceia considerou os decretos do Concílio de Trulo como sendo do sexto Concílio Ecumênico. O historiador Católico Romano, Charles Joseph Hefele, afirma que este era o caso:

Que o sétimo Sínodo Ecumênico em Niceia atribuiu os cânones de Trulo ao sexto Concílio Ecumênico, e falou deles inteiramente no espírito grego, não poderia nos surpreender, já que ele foi assistido quase somente por gregos. Eles especialmente pronunciaram o reconhecimento dos cânones em questão em seu primeiro cânon...3

Philip Schaff fornece o seguinte comentário de Beveridge sobre o cânon I do Segundo Concílio de Niceia:

Aqui estão reconhecidos e confirmados os cânones estabelecidos pelo Sexto Concílio Ecumênico. E apesar de todos concordarem que o quinto e sexto Sínodos não adotaram nenhum cânon, a menos que aqueles do Concílio de Trulo sejam atribuídos a eles, quando Tarásio o Patriarca de Constantinopla invocou o Cânon 82 dos cânones trulanos como sendo estabelecido pelo sexto sínodo, todos os cânones de Trulo parecem ser confirmados como sendo expedido do Sexto Sínodo4.

O sétimo Concílio Ecumênico oficialmente aceitou os Cânones Trulanos como parte do sexto Concílio Ecumênico. A importância disto é enfatizada pelo cânon II de Trulo que oficialmente autorizou os decretos de Cartago, assim elevando-os a um lugar de autoridade ecumênica5.

Católicos Romanos são rápidos em apontar que foram dados aos cânones de Hipona e Cartago autoridade ecumênica e então a força de lei para toda a Igreja por este Concílio. Assim, seus decretos foram oficialmente sancionados. Contudo, o Concílio também sancionou os cânones de Atanásio e Anfilócio que estavam relacionados ao cânon e estes pais rejeitaram a maioria dos livros dos Apócrifos. Além disto, o Concílio sancionou os cânones Apostólicos que, no cânon oitenta e cinco, deu uma lista de livros canônicos que incluía 3 Macabeus, um livro nunca aceito como canônico no Oeste6. Além do mais, os cânones Apostólicos foram condenados e rejeitados como apócrifos nos decretos dos papas Gelásio e Hormisdas7. Estes fatos provam que o Concílio recebeu os cânones de Cartago com o entendimento que o termo 'canônico' deveria ser interpretado em um sentido geral de forma que os livros listados foram recebidos com autoridade para serem lidos na Igreja. Como Henry Percival aponta:

Nós temos assim quatro [cinco se aceitarmos a lista laodiceana como genuína] cânones diferentes das Sagradas Escrituras, todas tendo aprovação do Concílio em Trulo e do Sétimo Concílio Ecumênico. A partir disto parece que temos apenas uma conclusão possível, a saber, que a aprovação dada não foi específica, mas geral8.

João Damasceno no oitavo século expressou o mesmo ponto de vista que Atanásio9. Ele declarou que os livros apócrifos de Sabedoria de Salomão e Eclesiástico não foram recebidos como canônicos, mas foram colocados em uma categoria subordinada pela Igreja. Este ponto de vista foi repetido por Nicéforo, o patriarca de Constantinopla no nono século. Ele citou o número dos livros canônicos do Velho Testamento de vinte e dois e declarou que os livros dos Apócrifos não eram recebidos como canônicos pela Igreja10. A perspectiva do Concílio de Trulo foi também reiterada por Zonaras11 e Teodoro Balsamon12, o patriarca de Antioquia no décimo segundo século. Ambos escreveram comentários sobre os cânones do concílio de Cartago no quarto século. Eles escreveram que aqueles livros que são autorizados para ler na Igreja são os mesmos que foram listados por Atanásio, Anfilóquio e Gregório Nazianzeno.

A Igreja Ocidental

Na Igreja Ocidental, opiniões entre os teólogos variavam sobre a extensão do cânon e o status dos Apócrifos. Alguns seguiam Agostinho enquanto outros seguiam Jerônimo. Cassiodoro, o escritor, estadista e monge romano do sexto século, relacionou a opinião tanto de Agostinho quanto Jerônimo sem expressar julgamento quanto a qual estava correto13. Mas um exame dos registros históricos revela que apesar de alguns seguirem Agostinho e os Concílios de Hipona e Cartago, a maioria seguiu o julgamento de Jerônimo.

A influência de Agostinho

Há uma quantidade importante de proponentes do status canônico dos livros Apócrifos como expresso por Agostinho. Papa Inocêncio I, no começo do quinto século, sancionou o cânon ratificado por Agostinho e os concílios do Norte da África em sua carta a Exupério14. Ao fazer assim, ele confirma os livros de I e II Esdras de acordo com seu uso na Septuaginta, dando status canônico a um livro (I Esdras) que mais tarde seria considerado não canônico pelo Concílio de Trento. Seu julgamento foi seguido no final do quinto século e começo do sexto século pelo Papa Gelásio15 e Hormisdas16, cada um provendo uma lista autorizativa de livros canônicos do Velho e Novo Testamentos, que incluíam os Apócrifos. Como apontado antes, estes decretos papais também condenaram os cânones Apostólicos, que foram posteriormente aprovados pelo concílio de Trulo, cujos decretos foram ratificados por Niceia II (o sétimo Concílio Ecumênico). Isidoro de Sevilha, na metade do sétimo século, reflete sobre o ponto de vista de Agostinho:

Os judeus recebem o Velho Testamento em 22 livros, de acordo com o número de suas letras, dividindo-os em três seções: Lei, Profetas, e Hagiografia... Há uma quarta seção do Velho Testamento entre nós, cujos livros não estão no cânon judaico. O primeiro destes livros é o livro da Sabedoria; segundo Eclesiástico; terceiro Tobias; quarto Judite; quinto e sexto os livros dos Macabeus; que apesar dos judeus separarem entre os Apócrifos, a Igreja de Cristo honra e prega entre os livros divinos17.

Outro exemplo é o de Rábano Mauro no nono século. Ele foi o arcebispo de Mainz, um prolífico escritor e reputado como o homem mais letrado de sua época. Ele escreveu comentários sobre praticamente todos os livros do Velho Testamento, listando como livros canônicos do Velho Testamento quarenta e cinco livros, o mesmo número citado por Agostinho. Ele reiterou a opinião de Isidoro dada acima que enquanto o cânon hebraico consistia de somente vinte e dois livros, a Igreja abraçou uma quarta categoria de livros, não recebidos como canônicos pelos judeus, mas considerados divinos pela Igreja, e venerados como tais. Os livros nesta categoria eram Sabedoria, Eclesiástico, Macabeus, Tobias e Judite18. Outro teólogo que concordou com Agostinho foi Pedro Blesense (décimo segundo século). A Enciclopédia Católica dá a seguinte informação sobre ele:

Um político e teólogo, nascido em Blois por volta de 1130; morreu por volta de 1203. Ele parece ter estudado primeiro em Tours e foi, talvez, o discípulo de Jean de Salisbury, que ensinou em Paris de 1140 a 1150. Ele estudou direito em Bolonha e teologia em Paris, onde ele aprendeu as artes liberais. Em 1167 o conde Stephen du Perche o levou para a Sicília (1167). Lá ele se tornou preceptor do rei, guardião do selo real e um dos principais conselheiros da rainha. Mas o favoritismo mostrado ao estrangeiro atiçou a inveja dos nobres e ele foi obrigado a deixar a Sicília (1169). Depois de vários anos na França ele foi para a Inglaterra, onde ele se tornou um dos agentes diplomáticos de Henrique II e foi incumbido das negociações com o papa e o rei da França. Em 1176 ele se tornou chanceler do arcebispo de Canterbury e arquidiácono de Bath... Ele entrou para o serviço da rainha Eleanor de Aquitaine, para quem ele foi secretário (1190-95) e foi feito arquidiácono de Londres... Não somente era o principal conselheiro do rei, mas muitos bispos o consultavam e obtinham seus conselhos em questões importantes a respeito de suas dioceses. Ele escreveu numerosas cartas, modelos de sua época... Ele também escreveu numerosos tratados... Seus outros escritos são sermões, comentários das Escrituras, tratados morais e ascéticos, nos quais ele ataca com pura franqueza as morais dos bispos ingleses e de Aquitainia no tratado chamado 'Quales sunt'19.

A posição de Pedro sobre o cânon era a mesma de Isidoro e Rábano Mauro. Ele escreveu que o cânon hebraico consistia de vinte e dois livros sob três categorias: a Lei, os Profetas e os Hagiógrafos. Ele listou os livros canônicos por nome de acordo com a organização hebraica e então declarou que enquanto os judeus rejeitavam os livros Apócrifos de Sabedoria, Eclesiástico, Tobias, Judite e Macabeus, a Igreja os recebia como uma quarta categoria de livros divinos20. Tomás de Aquino, no décimo terceiro século, também seguiu Agostinho ao aceitar o completo status canônico dos Apócrifos. Ele escreveu:

Jerônimo designou uma quarta divisão de livros, a saber, os apócrifos. Apócrifo vem de 'apo', que significa 'muito', e 'cryphon', que significa obscuro, porque seus ensinamentos e autores eram duvidosos. Mas a Igreja Católica tem recebido estes livros na categoria das Escrituras Sagradas, cujos ensinos não são duvidosos, apesar dos autores serem; não porque os autores destes livros são desconhecidos, mas porque estes homens não eram de autoridade reconhecida. Assim os livros possuem seu poder não pela autoridade dos autores, mas pela recepção da Igreja21.

Adicionalmente, houve Concílios que atribuíram status canônico completo aos livros deuterocanônicos. No décimo quinto século, o concílio de Florença citou Eclesiástico, Sabedoria, Tobias e Susanna como autoridade. Florença também promulgou um decreto sobre o cânon em 1442, precisamente o mesmo que Trento, na Bula papal de Eugênio IV intitulada Bula de União com os Coptas22, mas esta não foi considerada infalível pela perspectiva Católica Romana. A Nova Enciclopédia Católica nos informa que o único aspecto infalível do Concílio foi o decreto de união entre os Gregos e Latinos, Laetentur caeli. Ela declara: “Laetentur caeli é um documento infalível, o único do Concílio”23.

A influência de Jerônimo

Enquanto houve alguns que seguiram Agostinho e os concílios de Hipona e Cartago em aceitar os livros Apócrifos, a grande maioria dos teólogos, bispos e cardeais através da idade Média seguiram Jerônimo. Isto é visto em três grandes exemplos históricos: as declarações expressas da Glossa ordinaria – o comentário bíblico oficial usado durante a idade Média, o ensino dos maiores teólogos que citaram Jerônimo como autoridade para determinar o cânon autorizativo do Velho Testamento e as traduções e comentários bíblicos produzidos antes da Reforma.

A Glossa Ordinaria

A Glosa Ordinária, conhecida como Glossa ordinaria, é uma testemunha importante para a posição da Igreja Ocidental sobre o status dos Apócrifos porque ela foi o padrão autorizativo de comentário bíblico para toda a igreja Ocidental. Ela carregava imensa autoridade e foi usada por todas as escolas para o início do treinamento de teólogos. A New Catholic Encyclopedia descreve sua importância:

Uma designação dada durante a idade Média para certas compilações de ‘glosas’ de um texto de um dado manuscrito. A mais antiga Glossa ordinaria é aquela feita da Bíblia, provavelmente feita no século 12... Apesar das glosas originalmente consistirem de poucas palavras, elas cresceram em tamanho à medida que comentaristas as expandiam com seus próprios comentários e citações dos Pais. Assim a pequena glosa evoluiu para um comentário de um livro inteiro. O comentário mais conhecido deste tipo é a vasta Glossa ordinaria dos séculos 12 e 13... Tão grande era a influência da Glossa ordinaria nos estudos bíblicos e filosóficos na idade Média que ela era chamada de ‘a língua das Escrituras’ e ‘a Bíblia do escolasticismo’24.

Karlfried Froehlich resume a importância, autoridade e influência da Glossa ordinaria na idade Média:

Para cristãos medievais esta ferramenta era supremamente necessária, indispensável para leitura do livro sagrado, que não poderia ser entendido sem ela. Em seu prefácio de 1617, tomando o comentário de Pedro Lombardo sobre a Glosa como a ‘língua’ das Escrituras, os teólogos de Douai deram voz a este sentimento. Muitas gerações, eles sugeriram, ‘consideravam esta coleção de interpretações escriturísticas tão elevadas que eles a chamaram de “língua normal” (glossa ordinária), o próprio idioma (língua) das Escrituras. Quando as Escrituras falavam através dela, nós entendemos. Mas quando nós lemos as palavras sagradas sem ela, nós achamos que ouvimos uma linguagem que nós não conhecemos'25.

Alister McGrath adiciona estes comentários:

…a Glossa Ordinaria pode ser considerada como um comentário composto completo sobre o texto da Bíblia, caracterizado por sua brevidade, clareza e autoridade, baseado em principais fontes do período patrístico… Este comentário ficou tão influente que, pelos finais do século 12, muito da exegese e comentário bíblico se reduzia a redeclarar os comentários da glosa.26

A Glossa ordinaria original começou como uma glosa marginal na Bíblia e foi atribuída a Walafrid Strabo no século 10. Com o tempo a glosa interlinear foi adicionada, o que foi provavelmente originado no século 12 com Anselmo de Laon. Margaret Gibson confirma isto:

Até este ponto a velha heresia não estava sem fundamento: que Walafrid Strabo (um Carolíngio) escreveu a glosa marginal, enquanto Anselmo de Laon (o antigo escolástico) escreveu a interlinear. A datação é sólida o suficiente27.

A obra consistia em comentários padrão dos livros da Bíblia feitos pelos principais Pais da Igreja e teólogos do período carolíngio. Os principais pais da igreja e teólogos que forneceram comentários autorizativos na Glosa são descritos por Margaret Gibson:

Em última análise o principal contribuidor da Glosa – o gigante que levanta tudo em seus ombros – é Jerônimo. Ele foi responsável pelo texto da Bíblia, por muitos dos prefácios explanatórios aos livros individuais e pela exegese erudita e compreensiva da maior parte do Velho Testamento e parte do Novo. Por trás de Jerônimo está Orígenes, cujo trabalho foi conhecido diretamente por Jerônimo mas para estudiosos posteriores indiretamente (e parcialmente) pelas traduções de Rufino. Agostinho contribuiu para Gênesis, Ambrósio para Lucas, Cassiodoro para os Salmos e Gregório o Grande pelo menos para Jó e talvez para Ezequiel e os Evangelhos. A próxima grande figura é Beda. Ele é a principal figura em Esdras-Neemias, Marcos, os Atos dos Apóstolos e as Epístolas Canônicas. O material básico de Jerônimo a Beda foi editado no nono século por Rábano Mauro, que comentou o Velho Testamento inteiro (exceto Baruque) e muito do Novo. Pascásio Radberto forneceu um comentário sobre Lamentações e revisou o comentário de Jerônimo sobre Mateus28.

A importância da Glossa ordinaria em relação ao tema dos Apócrifos é vista nas declarações no prefácio de toda a obra. Elas repetem o julgamento de Jerônimo que a Igreja permite a leitura dos livros apócrifos somente para devoção e instrução em conduta, mas que eles não possuem nenhuma autoridade para concluir controvérsias em questões de fé. Elas declaram que há vinte e dois livros do Velho Testamento, citando os testemunhos de Orígenes, Jerônimo e Rufino como suporte. Quando comentando sobre os livros apócrifos, ela prefixa uma introdução a eles dizendo: ‘Aqui se inicia o livro de Tobias que não está no cânon; aqui se inicia o livro de Judite que não está no cânon’ e assim por diante para Eclesiástico, Sabedoria e Macabeus, etc. Estes prólogos ao Velho Testamento e livros Apócrifos repetiram as palavras de Jerônimo. Por exemplo, o seguinte é um excerto do prólogo da Glossa ordinaria escrito em 1498, também encontrado em uma obra atribuída a Walafrid Strabo no décimo século, sob o título de livros canônicos e não canônicos. Ele começa explicando as distinções que deveriam ser mantidas entre os livros canônicos e não canônicos ou livros Apócrifos:

Muitas pessoas, que não dão muita atenção às sagradas escrituras, acham que todos os livros contidos na Bíblia devem ser honrados e adorados com igual veneração, não sabendo como distinguir entre os livros canônicos e não canônicos, os últimos sendo contados pelos judeus entre os apócrifos. Então eles frequentemente parecem ridículos perante os letrados; e eles são perturbados e escandalizados quando escutam que alguém não honra algo lido na Bíblia com igual veneração como o resto. Aqui, então, distinguimos e numeramos distintamente primeiro os livros canônicos e então os não canônicos, entre os quais nós ainda distinguimos entre os certos e os duvidosos.

Os livros canônicos foram trazidos através do ditado do Espírito Santo. Não é conhecido, contudo, em qual tempo ou por qual autor os livros não canônicos ou apócrifos foram produzidos. No entanto, desde que eles são muito bons e úteis, e nada é encontrado neles que contradiz os livros canônicos, a igreja os lê e os permite serem lidos para a devoção piedosa e edificação. Sua autoridade, contudo, não é considerada adequada para provar aquelas coisas que vem em dúvida ou contenda, ou para confirmar a autoridade do dogma eclesiástico, como o abençoado Jerônimo declara em seu prólogo a Judite e aos livros de Salomão. Mas os livros canônicos são de tanta autoridade que qualquer coisa contida neles é considerada verdade firme e indisputável, e da mesma forma aquilo que é claramente demonstrado a partir deles. Pois assim como na filosofia uma verdade é conhecida por redução aos primeiros princípios auto evidentes, assim também, nos escritos deixados pelos professores sagrados, a verdade é conhecida, tanto quanto aquelas coisas que devem ser mantidas pela fé, através da redução às Escrituras canônicas que foram produzidas pela revelação divina, que não pode conter nada falso. Daí, a respeito delas, Agostinho diz a Jerônimo: Para aqueles escritores apenas que são chamados canônicos eu tenho aprendido a oferecer esta reverência e honra: Eu mantenho bem firmemente que nenhum deles cometeu algum erro ao escrever. Assim se eu encontro algo neles que parece contrário à fé, eu simplesmente penso que o manuscrito está incorreto, ou eu imagino se o tradutor descobriu o que a palavra significa, ou se eu o entendi de fato. Mas eu leio outros escritores desta forma: por mais que eles abundem em santidade ou ensino, eu não considero o que eles dizem verdadeiro por serem julgados assim, mas pelo contrário porque eles foram capazes de me convencer a partir destes autores canônicos, ou de argumentos prováveis, que eles concordam com a verdade29.

O prólogo então cataloga precisamente os livros que fazem parte do cânon do Velho Testamento30, e os não-canônicos Apócrifos31, tudo de acordo com o ensino de Jerônimo. Novamente, a importância disto é que a Glossa ordinaria era o comentário bíblico oficial usado durante a idade Média em todos os centros teológicos para o treinamento de teólogos. Então ela representa a visão geral da Igreja como um todo, demonstrando a carência dos clamores dos apologistas romanos de que os decretos de Hipona e Cartago oficialmente estabeleceram o cânon para a Igreja universal. Nós voltamos novamente para a New Catholic Encyclopedia que declara que o cânon não foi oficialmente estabelecido para a Igreja Católica Romana até o décimo sexto século com o concílio de Trento.

O ensino dos maiores teólogos ocidentais na idade Média

A perspectiva da Glossa ordinaria é refletida nos pontos de vista dos teólogos mais influentes da Igreja através da idade Média. Eles separaram os Apócrifos do cânon, consistentemente citando o cânon hebraico e Jerônimo como autoridade. Bruce Metzger afirma esta realidade:

Depois dos tempos de Jerônimo e até o período da reforma uma contínua sucessão dos mais eruditos Pais e teólogos no Oeste mantiveram a distintiva e única autoridade dos livros do cânon hebraico32.

Nós já notamos os comentários de Anastásio de Antioquia, Leôncio de Bizâncio, Nicéforo de Constantinopla, João Damasceno e o concílio de Trulo no Leste. Os teólogos ocidentais documentados no restante deste capítulo ocupam os séculos que vão de Jerônimo à Reforma e são representantes de suas respectivas eras.

Cardeal Cajetano

A visão majoritária é expressa pelo Cardeal Cajetano (Tommaso de Vio Gaetani Cajetan), o grande oponente de Lutero no século dezesseis. A Catholic Encyclopedia nos dá o seguinte contexto sobre sua importância e influência:

Cardeal dominicano, filósofo, teólogo, exegeta; nascido em 20 de fevereiro, 1469 em Gaeta, Itália; morreu em 9 de agosto de 1534 em Roma... Em 1501 ele foi feito procurador geral de sua ordem e apontado para a cátedra de filosofia e exegese em Sapienza. Com a morte do mestre geral, João Clérée, em 1507, Cajetano foi nomeado vicário geral da ordem, e no outro ano ele foi eleito para o geral. Com antevisão e habilidade, ele devotou suas energias para a promoção da disciplina religiosa, enfatizando o estudo da ciência sagrada como o meio principal de se obter o fim da ordem... Por volta do seu quarto ano de vicário geral, Cajetano prestou importante serviço à Santa Sé ao aparecer perante o Pseudo-consílio de Pisa (1511), onde ele denunciou a desobediência dos cardeais e bispos participantes e os sobrepujou com seus argumentos. Esta foi a ocasião de sua defesa do poder e supremacia monárquica do papa... Em 1 de julho de 1517, Cajetano foi feito cardeal pelo papa Leão X... Depois foi feito bispo de Gaeta... Em teologia Cajetano é simplesmente colocado como um dos mais proeminentes defensores e expoentes da escola tomística... Para Clemente VII ele foi a “lâmpada da Igreja” e em todo lugar durante sua carreira, como luz teológica da Itália, ele foi ouvido com respeito e prazer pelos cardeais, universidades, o clero, nobreza e o povo33.

Cajetano escreveu um comentário sobre todos os livros canônicos do Velho Testamente o qual ele dedicou ao papa. Ele declarou que os livros dos Apócrifos não eram canônicos no sentido estrito, explicando que havia dois conceitos do termo 'canônico' ao se aplicar ao Velho Testamento. Ele deu o seguinte conselho sobre como interpretar apropriadamente os decretos dos Concílios de Hipona e Cartago sob Agostinho:

Aqui fechamos nossos comentários dos livros históricos do Velho Testamento. Sobre o resto (ou seja, Judite, Tobias e os livros de Macabeus) são contados por São Jerônimo fora dos livros canônicos, e são colocados junto com os Apócrifos, junto com Sabedoria e Eclesiástico, como se deixa claro no Prólogo Galeato. Não fique perturbado, como um estudioso novato, se você encontrar em qualquer lugar, ou nos sagrados concílios ou sagrados doutores, estes livros reconhecidos como canônicos. Pois as palavras bem como os concílios bem como doutores devem ser reduzidos à correção de Jerônimo. Agora, segundo seu julgamento, na epístola aos bispos Cromácio e Heliodoro, estes livros (e qualquer outro livro igual no cânon bíblico) não são canônicos, ou seja, não possuem a natureza de uma regra para confirmar questões de fé. Ainda, eles podem ser chamados de canônicos, ou seja, na natureza de uma regra para edificação dos fiéis, como sendo recebidos e autorizados no cânon da Bíblia para este propósito. Com a ajuda desta distinção você pode ver seu caminho claramente através do que Agostinho diz, e pelo que está escrito no concílio provincial de Cartago34.

Este é um resumo justo da visão geral da igreja Ocidental da idade Média até o século dezesseis. A opinião de Jerônimo dominava como será evidente pelos escritos dos teólogos que se seguem. Onde possível, o contexto biográfico será fornecido pela Catholic Encyclopedia.

Primásio

Primásio foi um bispo africano do sexto século que estava presente no Quinto Concílio Ecumênico. Em seu comentário sobre o livro de Revelação, ele citou o número de livros canônicos autorizativos do Velho Testamento como sendo vinte e quatro, igualando o número de livros com o número de anciãos representados nos capítulos quatro e cinco que adoram perante o trono de Deus. Esta seria uma prática comum dos teólogos nos séculos seguintes35.

Gregório o Grande

Gregório o Grande é um doutor da Igreja e foi bispo de Roma de 590 a 604 d.C. Em seu comentário sobre o livro de Jó ele declarou que o livro de 1 Macabeus não era canônico:

Com referência ao qual nós particularmente não estamos agindo de forma irregular, se dos livros, apesar de não canônicos mas trazidos para a edificação da Igreja, nós trouxermos testemunho. Assim Eleazar na batalha golpeou e derrubou um elefante, mas caiu debaixo da própria besta que matou (1 Macabeus 6.46)36.

Isto é importante, vindo assim de um bispo de Roma, que negou status canônico a 1 Macabeus muito antes dos concílios de Hipona e Cartago. Mas ele ensinou que o livro era útil para o propósito de edificação, o mesmo sentimento expresso por Jerônimo. Isto está em direta contradição ao que a mais recente Igreja Romana decretou sob Inocente I, que confirmou os livros sancionados como canônicos por Agostinho e os concílios de Hipona e Cartago. Os comentários de Gregório sobre 1 Macabeus são de suas Morais em Jó. Há alguns que sugerem que esta era simplesmente a opinião de Gregório como um teólogo particular e que ele não escreveu seu comentário enquanto bispo de Roma. A verdade, contudo, é que ele escreveu parte de seu comentário antes de sua posição como bispo romano enquanto ele estava em Constantinopla, e parte enquanto ele era o papa de Roma. O estudioso católico romano de patrística, William Jurgens, dá o seguinte contexto sobre o comentário de Gregório:

Quando Gregório, ainda Apocrisário em Constantinopla, encontrou o bispo Leander de Sevilha por volta do ano 578, Leander o pediu para escrever um comentário sobre o livro de Jó. A resposta de Gregório foi sua Moralia ou Moralium libri ou Expositio in librum Iob, em que ele trabalhou intermitentemente por vários anos, finalmente completando a obra de trinta e cinco livros por volta do ano 595 d.C. Os Ensinos Morais foi dedicado principalmente a discussões de questões em teologia moral e aplicações práticas das soluções de Gregório. Em um sentido eles podem ser considerados como o primeiro manual de teologia moral e ascética37.

Note que Jurgens afirma que Gregório escreveu seu comentário enquanto era papa. Adicionalmente, ao afirmar que 1 Macabeus não era canônico, Gregório não estava compartilhando suas opiniões pessoais como um teólogo particular, mas declarando a posição da Igreja de seus dias. Gregório nunca ensinaria de propósito um ponto de vista contrário ao que ele sabia ser autorizadamente estabelecido pela Igreja. Claramente, quando a Igreja recebeu os livros Apócrifos como canônicos ela definiu o termo no sentido expresso pelo cardeal Cajetano acima. O termo tem tanto um significado amplo quanto restrito. Amplamente ele incluía todos os livros que eram aceitáveis para a leitura nas igrejas, que incluía os Apócrifos. Mas, em um sentido mais restrito, somente os livros do cânon hebraico eram sancionados como verdadeiramente canônicos para o propósito de estabelecimento de doutrinas.

Além do mais, a declaração que o Morais em Jó de Gregório não é um documento oficial da Igreja é errônea. No final da idade Média, seu Morais era considerado o comentário padrão para a Igreja Ocidental inteira sobre Jó. Que este comentário foi escrito enquanto ele era papa e foi usado como um comentário oficial para a Igreja Ocidental inteira é prova suficiente de que esta obra era um documento oficial da Igreja. Além disto, Gregório nunca se retratou do que ele escreveu sobre os Apócrifos. Assim, nós temos uma perspectiva oficial e autorizativa de um bispo de Roma no fim do sexto século e começo do sétimo a respeito do status canônico dos Apócrifos.

O venerável Beda

Historiador e doutor da Igreja, nascido em 672 ou 673; morreu em 735. No último capítulo de sua grande obra sobre a 'História eclesiástica do povo inglês', Beda nos diz algo sobre sua própria vida e é, praticamente falando, tudo que sabemos. Suas palavras, escritas em 731, quando a morte não estava muito longe, não apenas mostra uma simplicidade e piedade característica do homem, mas elas jogam uma luz sobre a obra pela qual ele é mais lembrado pelo mundo. Ele escreve:

Eu nasci no território do dito monastério e na idade de 7 eu estava, por cuidado de meus relacionamentos, entregue ao mais reverendo abade Benedito [São Benedito Biscop], e depois para Ceolfrido, para educação. Desde aquele tempo eu gastei minha vida inteira dentro do monastério, dedicando todas minhas dores ao estudo das Escrituras, e no meio da observância da disciplina monástica e da carga diária de canto na Igreja, sempre foi meu deleite aprender ou ensinar ou escrever. Em meu décimo nono ano eu fui admitido ao diaconato, em meu trigésimo ao sacerdócio, ambos pelas mãos do mais reverendo bispo João [São João de Beverley], e por ordem do abade Ceolfrido. Do tempo de minha admissão ao sacerdócio até meu presente quinquagésimo nono ano, eu me esforcei em meu próprio benefício e de meus irmãos a fazer notas breves sobre as sagradas Escrituras, ou a partir das obras dos veneráveis Pais ou em conformidade com seu significado e interpretação.

A influência de Beda tanto na erudição inglesa quanto na estrangeira foi muito grande... Em respeito a erudição ele era certamente o homem mais letrado de sua época38.

Como mencionado acima, os comentários de Beda sobre Esdras-Neemias, o evangelho de Marcos, o livro de Atos e as epístolas canônicas foram incluídos na Glossa ordinaria como comentários autorizativos sobre aqueles livros para a Igreja como um todo. Em seu comentário sobre Revelação, ele declarou que os livros canônicos do Velho Testamento como sendo de vinte e quatro39.

Agobardo de Lion

Agobardo foi bispo de Lion na França durante o nono século. Ele seguiu o cânon hebraico, declarando que os livros que traziam a autoridade divina no Velho Testamento eram vinte e dois em número, assim excluindo os livros dos Apócrifos40.

Alcuíno

Um eminente educador, erudito e teólogo nascido por volta de 735, morreu em 19 de maio de 804. Era da nobre família de Northumbrian, mas o local de seu nascimento é uma questão de disputa. Foi provavelmente em ou perto de York. Enquanto ainda garoto, ele entrou em uma escola catedral fundada naquele lugar pelo arcebispo Egbert. Sua aptidão e piedade logo atraíram a atenção de Aelbert, mestre da escola, bem como a do arcebispo, tendo ambos devotado atenção especial a sua instrução. Em companhia de seu mestre, ele fez várias visitas ao continente enquanto jovem, e quando, em 767, Aelbert sucedeu o arcebispado de York, o dever de dirigir a escola naturalmente recaiu sobre Alcuíno. Durante os quinze anos que se seguiram, ele se dedicou ao trabalho de instrução em York, atraindo vários estudantes e enriquecendo a já rica biblioteca. Quando retornava de Roma em março de 781, ele encontrou Carlos Magno em Parma, e foi induzido por aquele príncipe, a quem admirava enormemente, a se mudar para a França e constituir residência na corte real como “Mestre da Escola do Palácio”... Em 796, quando passou seu sexagésimo ano, estando ansioso para se afastar do mundo, foi apontado por Carlos Magno como abade de São Martin em Tours. Aqui, em seus anos finais, mas com zelo inabalável, ele se dispôs a construir um modelo de escola monástica, reunindo livros e atraindo estudantes, assim como antes, em Aachen e York, de longe e das redondezas. Ele morreu em 19 de maio de 804... De sua obra como educador e erudito pode-se dizer, de forma geral, que ele teve a maior parcela no movimento de reavivamento da educação que distinguiu os anos que ele viveu e que tornou possível o grande renascimento intelectual de três séculos depois... Sob sua liderança a Escola do Palácio se tornou o que Carlos esperava torná-la, o centro do conhecimento e cultura para todo o reino e de fato, para toda a Europa41.

Em um tratado contra Elipanto, o bispo de Toledo na Espanha, Alcuíno rejeitou a autoridade do livro de Eclesiástico, mantendo sob a autoridade de Jerônimo e Isidoro, que o livro era apócrifo e de autoridade duvidosa porque ele não foi escrito durante o tempo dos profetas42.

Walafrid Strabo

Poeta alemão e teólogo do nono século... Em 829 ele se tornou preceptor do jovem príncipe Carlos (o calvo) na corte de Luís o piedoso. Em 838 ele sucedeu Erlebold com abade de Reichenau... As obras de Walafrid, escritas em elegante e fluente latim, consistiam de poemas e tratados teológicos em prosa... De suas obras em prosa a mais famosa é a 'Glossa ordinaria', um comentário sobre as Escrituras, compilado de várias fontes. A obra tinha a maior reputação na Idade Média43.

Como a Catholic Encyclopedia menciona, Walafrid é reputado como sendo o criador da Glossa ordinaria. Nós já vimos que ele seguiu Jerônimo ao separar os livros Apócrifos do status canônicos em seu Prólogo para a Glossa.

Haymo de Halberstadt

A data e o local exato de seu nascimento são desconhecidos. Quando jovem, ele entrou na Ordem de São Benedito em Fulda, onde o célebre Rabano Mauro foi um de seus colegas. Eles foram juntos para o monastério de São Martin em Tours para se beneficiar das lições de seu grande professor, Alcuíno. Depois de uma breve permanência em Tours, os dois amigos voltaram para a casa beneditina em Fulda, e passaram ali a maior parte de suas vidas antes de sua promoção para a dignidade episcopal. Haymo se tornou chanceler do monastério, como é provado por seus registros de suas transações, que ainda existem. É de fato provável que graças à sua grande erudição ele também foi incumbido de ensinar teologia no mesmo monastério; ainda que não haja prova de que isto era realmente o caso. Ele viveu por pouco tempo no monastério beneditino em Hersfeld, talvez como seu abade, quando nas últimas semanas de 840 ele foi nomeado para o bispado de Halberstadt...

Apesar de certo número de obras terem sido atribuídas erroneamente a Haymo de Halberstadt, não há dúvidas de que ele foi um escritor prolífico. A maior parte de suas obras genuínas são comentários sobre as Escrituras Sagradas... Como poderia ser naturalmente esperado dos métodos exegéticos de seus dias, Haymo não é um comentarista original; ele simplesmente repete ou resume as explicações escriturísticas que ele encontra nos escritos patrísticos44.

Em seu comentário sobre o livro de Revelação, Haymo seguiu a exegese de Primásio e numerou os livros canônicos autorizativos do Velho Testamente em vinte e quatro45.

Ambrósio Autperto

Ambrósio, um teólogo do nono século, escreveu um comentário sobre o livro de Revelação onde ele, como Haymo de Halberstadt e Primásio antes dele, cita o número de livros canônicos do Velho Testamento como vinte e quatro46.

Radulfo Flavicêncio

Radulfo foi um teólogo do décimo século. Em seu comentário sobre Levítico, ele declarou que o livro de Tobias, Judite e Macabeus eram úteis para a leitura na Igreja, mas que não eram considerados autorizativos já que não eram considerados canônicos47.

Hugo de São Vitor

Hugo de São Vitor (1096-1141) foi um teólogo do décimo segundo século que teve grande influência sobre os teólogos dos séculos subsequentes. Ele foi o prior da escola de São Vitor de 1133 a 1141. George Tavard se refere a ele como 'aquela maior figura teológica do décimo segundo século'48. A Catholic Encyclopedia diz isto de sua influência e importância:

Um grande escritor místico, ele também foi um filósofo e teólogo escolástico da primeira ordem. Primeiramente, ele foi um grande conferencista, e este fato explica a dispersão no início de seus trabalhos assim que seus ouvintes se dispersavam, sua frequente incorporação em tratados posteriores, e a publicação sob seu nome de vários tratados inautênticos. Seu ensino foi uma das fundações da teologia escolástica, e sua influência afetou todo o desenvolvimento do Escolasticismo, pois ele foi o primeiro que depois de sintetizar os tesouros dogmáticos da idade patrística, os sistematizou e os formou em um coerente e completo corpo de doutrina49.

Hugo escreveu que todas as Escrituras estão contidas no Velho e no Novo Testamento. Ambos Testamentos estão divididos nestas três classes distintas de livros, que no Velho Testamento são a Lei, os Profetas e os Hagiógrafos. Ele listou os livros canônicos do Velho Testamento assim como Jerônimo e declarou que eles são vinte e dois em número. Ele concluiu dizendo que no Velho Testamento há alguns livros que não são incluídos no cânon embora sejam lidos, especificamente a Sabedoria de Salomão, o livro de Jesus filho de Siraque (Eclesiástico), Judite, Tobias e os livros de Macabeus50. F.F. Bruce descreve a importância de Hugo e sua atitude em relação aos livros Apócrifos:

Hugo de São Vítor... enumera os livros da Bíblia hebraica em um capítulo ‘Sobre o número dos livros nos escritos sagrados’ e continua dizendo: ‘Há também no Velho Testamento certos outros livros que são de fato lidos [na igreja] mas não são inscritos no corpo do texto ou no cânon de autoridade: tais são os livros de Tobias, Judite e os Macabeus, a chamada Sabedoria de Salomão e Eclesiástico’. Aqui, é claro, a influência de Jerônimo pode ser discernida: para estudantes medievais da Bíblia na igreja latina não havia mestre a ser comparado com ele51.

Ricardo de São Vitor

Ricardo, nativo da Escócia, foi discípulo de Hugo de São Vitor e eventualmente prior do monastério. Ele morreu em 1155 d.C. Ele era um teólogo bastante influente. Ele compartilhou da mesma opinião sobre o cânon como documentada por Hugo. Ele listou os livros canônicos do Velho Testamento de acordo com a compilação hebraica em número de vinte e quatro e declarou que os livros Apócrifos de Sabedoria, Eclesiástico, Tobias, Judite e os Macabeus, apesar de autorizados para leitura na Igreja, não eram recebidos como canônicos52.

João de Salisbury

Nascido perto de Salisbury, ele foi bem novo para Paris, onde estudou artes e filosofia (1136-38) sob Pedro Abelardo, Alberico de Reims e Roberto de Melun; então sob William de Conches, Ricardo l'Evêque e Teoderico de Chartres na famosa escola nesta última cidade (1138-40); finalmente de volta a Paris, completando seus estudos em teologia sob Gilberto de La Porrée, Roberto Pullus e Simão de Poissy (1141-45). Ele aperfeiçoou esta sólida educação, sob tais brilhantes mestres, através de ensino privado, talvez com seu grande amigo Pedro, abade de Moutier La Celle, perto de Troyes, com quem ele vivia em 1148... João de Salisbury foi um dos mais cultuados eruditos de seus dias... Suas cartas (mais de 300 em número), não mais do que seus outros trabalhos, formam uma inestimável fonte de história do pensamento e atividade do décimo segundo século. Seu fino gosto e treinamento superior o fizeram o escritor latino mais elegante de seu tempo. Ele é igualmente distinto como historiador e como filósofo: ele foi o primeiro escritor medieval a enfatizar a importância dos estudos históricos em filosofia e em outros ramos do ensino53.

João foi um dos principais eruditos do segundo século e mais tarde se tornou o bispo de Chartres. Em uma carta endereçada a Henrique I, o conde de Champanhe, ele respondeu várias questões teológicas que foram enviadas a ele. Em particular, Henrique I queria saber da opinião de João sobre o número de livros do Velho e Novo Testamento. João respondeu que ele seguia Jerônimo54. Ele então listou os livros específicos do cânon autorizativo, totalizando seu número como vinte e dois. Depois de enumerar os livros do Novo Testamento ele disse que a lista que ele forneceu era a bem conhecida e inquestionável tradição da Igreja, que este era o número de livros que eram aceitos no cânon das Sagradas Escrituras e que só estes livros eram considerados verdadeiramente inspirados. Ele ainda explicou que os livros dos Apócrifos, apesar de não canônicos, ainda eram recebidos pela Igreja para o propósito de edificação.

Pedro Celense

Pedro foi sucessor de João de Salisbury como bispo de Chartres. Ele foi previamente o abade de La Celle em Troyes. Ele também escreveu que o cânon do Velho Testamento consistia em vinte e dois livros55.

Rupert de Deutz

Rupert foi um teólogo do começo do décimo segundo século. Em seu comentário sobre Gênesis ele ensinou que o livro de Sabedoria não era canônico56. Além do mais, em seu comentário sobre o livro de Revelação, em suas anotações sobre os vinte e quatro anciãos, ele aplicou aquele número ao número de livros no cânon do Velho Testamento, como fez Primásio, Haymo de Halberstadt e Ambrósio de Autpert antes dele57.

Honório de Autun (Augustodunensis)

Teólogo, filósofo e escritor enciclopédico que viveu na primeira metade do décimo segundo século... Ele se desenvolveu entre os anos de 1106 e 1135, onde passou grande parte no Sul da Alemanha e que escreveu um grande volume de obras, a maior parte das quais chegaram até nós. É geralmente dito que ele é nativo de Autun na Borgonha, e em uma de suas obras (De Luminaribus Ecclesiæ) ele se define como 'sacerdote e cabeça da escola (scholasticus) de Autun'. Por outro lado, suas referências a eventos contemporâneos na Alemanha, a frequência das glosas alemãs em seus escritos e a possibilidade de ler 'Augustodunensis' como significando 'nativo de Augst' (perto de Basileia) ou 'de Augsburgo' (na Suábia), induziu alguns historiadores a concluir que ele era alemão. Em tempos recentes foi sugerido que ele foi um monge de São Agostinho em Canterbury, em cujo caso 'Augstodunensis' poderia ser lido como 'Agostinense'... A lista dos escritos de Honório é bem grande. No 'Thesaurus' de Pez'... nós encontramos pelo menos trinta e oito títulos58.

Honório fez menção do cânon do Velho Testamento em várias de suas obras, dividindo-o nas três tradicionais categorias hebraicas da Lei, Profetas e Hagiógrafos, cuja última categoria ele também se referiu sob o título geral de livro dos Salmos. Ele observou que os livros de Judite e Tobias não estavam incluídos nos livros canônicos pelos judeus, mas eram considerados dignos de leitura na Igreja. Ele colocou estes livros na categoria eclesiástica, em contraposição a eles serem completamente canônicos59.

Pedro Comestor

Ele foi primeiramente ligado à igreja de Notre-Dame em Troyes e costumeiramente se designava 'Presbítero Trecense'. Antes de 1148 ele se tornou deão do Capítulo e recebeu um benefício eclesiástico em 1148. Por volta de 1160 ele formou como um dos Capítulos de Notre-Dame em Paris, e por volta do mesmo ano ele substituiu Eudes (Odon) como chanceler. No mesmo período ele foi incumbido da escola teológica. Foi em Paris que Pedro Comestor compôs e certamente finalizou seu 'Historia Scholastica'... O sobrenome 'Comestor', dado a Pedro durante sua vida, também prova a consideração que sua erudição alcançou60...

Em sua obra Historia Scholastica, Pedro se alinhou com Jerônimo ao separar os Apócrifos dos livros canônicos do Velho Testamento61.

Pedro Maurício (Venerabilis)

Teólogo do décimo segundo século e abade de Clugny na França, Pedro Maurício listou os livros autorizativos do Velho Testamento como aqueles refletidos pelo cânon hebraico62.

Adam Scotus

Teólogo e historiador da Igreja na última parte do décimo segundo século. Ele nasceu ou na Escócia ou Inglaterra e se juntou à recém-formada ordem de São Norberto. Acredita-se também que ele se tornou abade e bispo de Candida Casa, ou Whithorn na Escócia, e morreu depois de 1180... Ele foi um dos mais apreciados autores místicos da Idade Média; tanto em estilo quanto conteúdo suas obras mostram doçura e espiritualidade incomum. Ele também é conhecido como Adam Anglicus e Anglo-Scotus63.

Adam identificou os livros canônicos do Velho Testamento como em número de vinte e dois, de acordo com o cânon hebraico de cinco livros da Lei, oito dos Profetas e nove dos Hagiógrafos64.

Hugo de Saint Cher (Hugo Cardinalis) (1200 - 1263)

Cardeal dominicano do décimo terceiro século, nascido em Saint Cher, perto de Viena, em Dauphiné (França), por volta de 1200; morreu em Orvieto (Itália), 19 de março de 1263. Estudou filosofia, teologia e jurisprudência em Paris, depois ensinou Direito na mesma cidade. Em 1225 ele entrou na Ordem de São Domingos, e logo foi apontado como prior Provincial, depois (1230) prior do monastério dominicano em Paris. Se tornou confidente e conselheiro de vários bispos e o confiável representante de Gregório IX a Constantinopla (1233). Em 1244 Inocente IV o elevou ao cardinalato, e foi amplamente ajudado por ele no concílio de Lyons (1245)...

Principalmente pelos esforços de Hugo, os dominicanos foram providos com um novo 'Correctorium' bíblico, que ainda existe em manuscrito, e que ainda é conhecido como 'Correctorium Hugonis' e 'Correctorium Praedicatorum'. Sua 'Postillae in universa Biblia juxta quadruplicem sensum, litteralem, allegoricum, moralem, anagogicum' foi frequentemente impressa, e dá testemunho de sua incansável atividade como compilador de explicações sobre as Sagradas Escrituras. Ele é com justiça considerado o primeiro autor de uma 'Concordância' verbal das Sagradas Escrituras, um trabalho que se tornou modelo para todas as publicações subsequentes do tipo65.

No prólogo a seu comentário sobre o livro de Josué, Hugo deu uma lista dos livros do Velho Testamento de acordo com o cânon hebraico, indicando que todo o Velho Testamento estava contido na lista de livros específicos. Ele também faz menção aos Apócrifos mas declarou que eles não estavam contados no cânon. A Igreja, ele disse, os aceitava, mas o que ele quis dizer com isto, já que seguia a opinião de Jerônimo, é que a Igreja os colocava na categoria secundária de ser útil para edificação, mas não para o estabelecimento de doutrina66.

Filipe de Harvengt

Abade premonstratense e escritor eclesiástico, nascido em Harvengt(?), próximo de Mons (Bélgica), no começo do século 12, morto em Bonne-Esperance, 11(13?) de abril de 1183. Recebeu uma boa educação clássica, provavelmente na escola catedral de Cambrai. Entrou no monastério de Bonne-Esperance e em 1130 foi feito prior sob o primeiro abade, Odo. Dificuldades se seguiram com São Bernardo de Clairvaux sobre um incidente envolvendo um monge de Bonne-Esperance que desejava se juntar à casa de Clairvaux. O conflito causou considerável notoriedade e aumentou a oposição a Filipe. Em 1149 foi removido de sua posição pelo Capítulo geral da ordem e com sete outros monges ele foi enviado para outro monastério. Foi reinstalado em Bonne-Esperance em 1151 e em 1158 sucedeu a Odo como abade. Sobre a liderança de Filipe a abadia prosperou, a coleção de manuscritos continuou e a atividade intelectual entre os monges floresceu.

Seus escritos revelam um vasto conhecimento dos clássicos antigos, a Bíblia e os escritos dos Pais da Igreja. Ele é um distinto representante da filosofia pré-escolástica agostiniana. Muitas de suas obras foram escritas para a educação e inspiração de seus próprios monges. Destas, o De institutione clericorum é um reflexo de seus pontos de vista sobre a vida monástica e eclesiástica. Em seus comentários sobre as Escrituras, dos quais aquele sobre os Cânticos é o mais importante, ele empregou explicações alegóricas típicas de seus dias. Ele escreveu também várias biografias, incluindo aquelas de Santo Agostinho e Odo de Rivreuille67.

Filipe aderiu à autoridade do cânon hebraico e rejeitou os Apócrifos como tendo status canônico68.

Nicolau de Lira

Nicolau de Lira (1270-1340) foi um dos mais altamente reconhecidos e influentes teólogos da Idade Média, ultrapassando até mesmo Tomás de Aquino em autoridade como comentador bíblico. Sua influência é evidente no fato de que seus comentários foram incluídos na Glossa ordinaria. Michael Woodward dá a seguinte informação sobre sua importância:

Hoje, Nicolau de Lira (c.1270-1349) é conhecido como o mais influente comentador bíblico do final da Idade Média. No século 17, seu trabalho foi amplamente lido e apreciado por exegetas tanto Católicos como Protestantes. Seu fluente comentário em todas Escrituras, Postillae perpetuae super totam Bibliam, foi o primeiro deste tipo a ser impresso (Roma: Sweynheym e Pannartz, 1471-72). Desta editio princeps até a Biblia Maxima de Johannes de La Haye (Paris 1660), a Postilla litteralis foi impressa não menos que 37 vezes, frequentemente acompanhando a Glossa ordinaria em volumes six folio. Chamada ‘o claro e útil professor (doctor planus et utilis),’ Nicolau foi reconhecido por seu conhecimento do hebraico... Em 1322, Nicolau começou a trabalhar em seu magnum opus, a Postilla litteralis... O gênero da Postilla consiste em comentários verso a verso da Bíblia, assim chamados porque eles vêm após aquelas (post illa) glossas colecionadas na Glossa ordinaria... Em sua Postilla litteralis, Nicolau comentou cada livro canônico e deuterocanônico, apesar dos últimos serem tratados de forma mais resumida... A Postilla litteralis se tornou enormemente popular. Ao lado de centenas de manuscritos e edições impressas do trabalho inteiro, muitas cópias de textos da Postilla circularam como trabalhos separados e foram traduzidos para o francês, alemão e italiano... A Vita Benedicti XII prima, datada de 1337, chamou Nicolau de 'o mais entendido mestre de teologia, que comentou (postillavit) toda a Bíblia muito profundamente e muito habilmente’69. Os incontáveis manuscritos de suas obras por toda Europa, cerca de 100 deles na Bibliothèque Nationale só em Paris, testemunham a popularidade duradoura de Nicolau... Margaret Deanesly declara que o 'postill, ou comentário, sobre a Bíblia se tornou o livro texto universal para estudiosos no décimo quarto e décimo quinto séculos'70. Mas Hans Rost está certo em acrescentar que seu lugar preeminente durou bem até a Reforma71... De fato, a autoridade de Nicolau em interpretação bíblica manteve influência até o décimo oitavo século, como numerosas edições de suas obras no décimo sexto e décimo sétimo séculos testemunham72.

Nicolau era um estudioso do hebraico que endossou o cânon hebraico de acordo com o julgamento de Jerônimo. Em seu prefácio ao livro de Tobias, ele escreveu que os livros de Sabedoria, Siraque, Judite, Tobias e Macabeus não eram considerados canônicos, mas eram recebidos e lidos pela Igreja somente com o propósito de edificação e encorajamento moral73. Em seus destaques introdutórios do livro de Esdras, Nicolau declarou que desistiu de fazer comentários nos livros de Tobias, Judite e Macabeus porque, mesmo sendo incluídos nas Bíblias, eles não eram recebidos como canônicos nem pelos judeus nem pelos cristãos74. Quando ele comenta o texto de um livro apócrifo, ele começa declarando seu status não canônico. Por exemplo, com Tobias ele escreveu, 'Aqui começa o livro de Tobias que não está no cânon'75. Ou, 'Aqui começa o livro de Judite que não estão no cânon'76, e 'Aqui começa o livro de Sabedoria que não está no cânon'77. Michael Woodward declara:

Quando se trata de legitimar o uso do argumento bíblico, Nicolau não somente seguiu a visão comum das escolas por evitar interpretações místicas, mas também o uso de livros deuterocanônicos... Para Nicolau, os livros deuterocanônicos, como interpretações místicas, eram úteis apenas para instrução moral. Em sua Postilla litteralis em Esdras 1:1, Nicolau justificou saltar Tobias, Judite e Macabeus até que ele tenha comentado os livros canônicos78. No De visione divinae essentiae, Nicolas novamente afirmou o status não-canônico destes três livros:

A segunda forma de demonstração é pela autoridade das santas e canônicas Escrituras. Eu digo ‘canônicas’ por causa dos livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico e Macabeus, cuja autoridade não é eficaz para provar nada que vem em disputa, como Jerônimo diz em seu Prólogo de Galeato, colocado antes do livro de Reis79.

No prólogo citado, Jerônimo excluiu os livros questionáveis do cânon80. E em seu prólogo a Judite, Jerônimo aprovou a abordagem judaica aos apócrifos, 'cuja autoridade para suportar aquelas coisas que vêm em disputa não é considerada suficiente'81. Esta posição foi mais tarde adotada pelos Protestantes, enquanto que a determinação Católica Romana do cânon do Velho Testamento não veio até o concílio de Trento82.

Guilherme de Ockham

Diz-se que ele estudou no Merton College, Oxford, e teve John Duns Scotus como professor. Em tenra idade entrou na Ordem de São Francisco. Perto de 1310 ele foi para Paris, onde ele teve novamente Scotus como professor. Por volta de 1320 ele se tornou um professor (magister) na Universidade de Paris... Em 1323 ele resignou sua cátedra na universidade para se dedicar à política eclesiástica... A atitude de Ockham em relação à ordem estabelecida na Igreja e contra o sistema reconhecido de filosofia no mundo acadêmico de seus dias foi uma de protesto. Ele era, de fato, chamado de “o primeiro Protestante”. Contudo, ele reconheceu em seus escritos polêmicos a autoridade da Igreja em questões espirituais e não diminuiu aquela autoridade em nenhum respeito83.

Em seus Diálogos, Ockham escreveu que a Igreja não recebeu os livros dos Apócrifos como canônicos e então não foram usados para a confirmação de doutrinas da fé. Ele mencionou Judite, Tobias, Macabeus, Eclesiástico e Sabedoria pelo nome neste respeito. Ele referiu à autoridade de Jerônimo e Gregório o Grande como confirmação deste ponto de vista84.

Antonino

Na idade de quinze (1404) Antonino se submeteu ao Abençoado João Dominic, o grande reformador religioso italiano de seu perído, então no Convento de Santa Maria Novella em Florença, para admissão à Ordem Dominicana. Não foi até um ano depois que ele foi aceito, e se tornou o primeiro a receber o hábito para o Convento de Fiesole prestes a ser construído pelo Abençoado João Dominic... Em 1414 ele foi vicário do convento de Foligno, então em turno subprior e prior do convento de Cortona, depois dos conventos de Roma (Minerva), Nápoles (São Pedro Mártir), Gaeta, Sienna e Fiesole (várias vezes). De 1433 a 1446 ele foi vicário da congregação toscana formada pelo Abençoado João Dominic de conventos envolvendo uma disciplina mais rigorosa. Durante este período ele estabeleceu (1436) o famoso convento de São Marcos em Florença, onde ele formou uma destacada comunidade com os irmãos do convento de Fiesole... Como teólogo ele tomou parte no Concílio de Florença (1439) e deu hospitalidade em São Marco aos teólogos dominicanos chamados para o concílio por Eugênio IV... Apesar de todos os esforços de Santo Antonino de escapar das dignidades eclesiásticas, ele foi forçado por Eugênio IV, que tinha conhecimento pessoal de seu santo caráter e habilidade administrativa, a aceitar o arcebispado de Florença. Foi consagrado no convento de Fiesole, em 13 de março de 1446, e imediatamente tomou posse da sé que governou até sua morte... Foi chamado por Eugênio IV para dar assistência a ele em suas últimas horas. Frequentemente foi consultado por Nicolau V em questões da Igreja e Estado, e foi encarregado por Pio II de realizar, junto com vários cardeais, a reforma da Corte Romana. Quando sua morte ocorreu em 2 de maio de 1459, Pio II deu instruções para o funeral, e o presidiu oito dias depois. Foi canonizado por Adriano VI, em 31 de maio de 1523... As produções literárias de Santo Antonino, ao mesmo tempo que nos dá evidência da face eminentemente prática de sua mente, mostra que ele era um profundo estudante de história e teologia. Sua principal obra é a 'Summa Theologica Moralis, partibus IV distincta', escrita um pouco antes de sua morte, que marcou um novo e considerável desenvolvimento em teologia moral85.

Antonino escreveu que os Apócrifos não eram considerados canônicos pela Igreja e então não eram autorizativos para a confirmação de doutrinas da fé. Ele numerou os livros canônicos do Velho Testamento como sendo vinte e dois, assim indicando que ele seguiu o cânon hebraico e citou Jerônimo e Nicolau de Lira como autoridades para esta posição86.

Alonso Tostado

Depois de um curso de gramática sob os franciscanos, ele entrou na universidade de Salamanca, onde, além de filosofia e teologia, estudou lei civil e canônica, grego, hebraico e outros ramos então compreendidos no currículo da universidade. Com uma grande dedicação unida a uma incomum mente brilhante e uma extraordinária memória retentiva ele acumulou um vasto conhecimento de forma que seus contemporâneos o intitularam de o prodígio do mundo. Com vinte e dois ele começou a pregar uma ampla variedade de temas para grandes audiências atraídas por sua erudição. Posteriormente ele assistiu com distinção o concílio de Basileia... Foi apontado como grande Chanceler de Castilha, e em 1449, bispo de Ávila, daí seu título Abulensis. Além de um comentário espanhol nas crônicas de Eusébio e outros trabalhos menores, ele escreveu comentários nos livros históricos do Velho Testamento até II Par., e do evangelho de São Mateus87.

Em seus comentários e em particular em seu prefácio ao Evangelho de Mateus, Tostado ensinou que os livros dos Apócrifos não eram canônicos e, como tais, não eram autorizativos para estabelecer pontos de doutrina. Ele também afirmou que a Igreja permitia que os livros fossem lidos e estudados com o propósito de edificação88.

Dionísio (Denis) o Cartuxo

Nascido em 1402 naquela parte da província belga de Limburgo que foi anteriormente vinculada ao condado de Hesbaye; morreu em 12 de março de 1471... Tendo se candidatado à admissão no monastério cartuxo em Roermond (Limburgo holandês), foi rejeitado porque não tinha atingido a idade (vinte anos) requerida pelos estatutos da ordem; mas o prior o deu esperanças de que ele posteriormente seria recebido, e o aconselhou a continuar até lá em seus estudos eclesiásticos. Assim ele foi imediatamente para então célebre Universidade de Cologne, onde ficou por três anos, estudando filosofia, teologia, as Sagradas Escrituras, etc. Depois de receber grau em Mestre de Artes, retornou ao monastério em Roermond e desta vez foi admitido (1423). Em sua cela Denis se entregou de coração e alma aos deveres da vida cartuxa, fazendo tudo com sua característica sinceridade e força de vontade, e deixando seu zelo o levar além do que a regra exigia... Parecia maravilhoso que, gastando tanto tempo em oração, ele seria capaz de examinar um número tão vasto de livros; mas o que ultrapassa toda compreensão é que ele achou tempo para escrever e escrever tanto que suas obras poderiam se reunir em vinte e cinco volumes. Nenhuma outra pena, cuja produção chegou até nós, foi tão prolífica... Ele começou (1434) comentando os Salmos e então seguiu comentando todo o Velho e Novo Testamento. Ele comentou também as obras de Boécio, Pedro Lombardo, João Clímaco, assim como aqueles de ou atribuídos a Dionísio, o Areopagita, e traduziu Cassiano para um latim mais fácil. Foi depois de ver um de seus comentários que o Papa Eugênio IV exclamou: 'Deixe a Mãe Igreja se rejubilar de ter tal filho!' Escreveu tratados teológicos... uma grande quantidade de tratados relacionados à moral, disciplina eclesiástica, liturgia, etc., sermões e homílias para todos os domingos e festivais do ano, etc... Foi chamado o último escolástico e ele o é assim no sentido de que ele é o último importante escritor escolástico, e que suas obras podem ser consideradas formar uma vasta enciclopédia, um completo sumário do ensino escolástico da Idade Média; esta é sua característica primária e seu principal mérito. Sua fama por estudos e especialmente por sua santidade atraiu para ele considerável relação com o mundo externo. Ele foi consultado como um oráculo por homens de várias posições sociais, de bispos e príncipes para baixo; eles se amontoavam em sua cela e inúmeras cartas vinham a ele de todas as partes da Holanda e Alemanha... a posteridade o apelidou de 'Doctor ecstaticus'... São Francisco de Sales, São Alfonso Liguori e outros escritores de renome o designaram 'Abençoado'89.

Em seu comentário sobre Gênesis, Denis comentou sobre os livros do cânon. Ele deu uma lista dos livros canônicos do Velho Testamento repetindo o Prólogo de Jerônimo do livro de Reis onde lista os livros canônicos do Velho Testamento como correspondendo ao cânon hebraico e constituindo em vinte e dois em número. Ele também faz menção dos livros de Judite, Tobias, Macabeus, Susanna, Bel e o Dragão e Eclesiástico declarando que eles não estavam incluídos no cânon e, portanto, não eram usados para provar artigos de fé90.

Thomas Walden (Netter)

Teólogo e controversista, nascido em Saffron Waldon, Essex, Inglaterra, por volta de 1375; morto em Rouen, França, em 2 de novembro de 1430; de seu lugar de nascimento era comumente chamado de waldense. Ele entrou na Ordem Carmelita em Londres e conduziu seus estudos parcialmente ali, parcialmente em Oxford, onde ele recebeu grau e passou vários anos ensinando, como pode ser obtido dos títulos de seus escritos (as obras de fato em grande parte perdidas), que envolvem toda a filosofia, Escritura, Lei canônica e teologia, ou seja, um curso acadêmico completo. Ele era bem versado nos clássicos e nos escritores eclesiásticos conhecidos no começo do décimo quinto século, como é provado pelas numerosas citações em seus próprios escritos... na Inglaterra ele tomou parte proeminente na perseguição dos wycliffitas e lolardos, ajudando nos julgamentos de William Tailor (1410), Sir John Oldcastle (1413), William White (1428), pregando em St. Paul's Cross contra o lolardismo e escrevendo copiosamente sobre as questões em disputa ('De religione perfectorum', 'De paupertate Christi', 'De Corpore Christi', etc.). A causa de Lancaster tendo escolhido frades carmelitas como confessores, um ofício que incluía os deveres de capelania, distribuição de esmolas e secretaria e que frequentemente era recompensado com algum pequeno bispado. Netter sucedeu a Estêvão Patrington como confessor de Henrique V e Provincial dos carmelitas (1414)...

Dos seus numerosos trabalhos somente o 'Doctrinale antiquitatum fidei eccleaisæ catholicæ' tem valor permanente. Divide-se em três partes, a primeira da qual poderia ser nomeada 'De vera religione', a segunda leva o título de 'De sacramentis adversus Wiclefistas' etc., e a última 'De Sacramentalibus'. As duas primeiras foram apresentadas ao papa, que em 8 de agosto de 1427 expressou sua satisfação, encorajando o autor a continuar sua útil e erudita empreitada, e comunicando a ele o texto da Bula condenando os erros de Wyclif, 'Dudum ab apostolorum'... É uma apologia completa do dogma e ritual Católico contra os ataques dos wycliffitas e foi largamente usada pelos controversistas do décimo sexto e décimo sétimo séculos91.

Thomas ensinou que a Igreja de seus dias aceitava apenas vinte e dois livros do Velho Testamento com autoridade canônica. Ele citou o julgamento de Jerônimo de seu prólogo ao livro dos Reis chamado Prólogo Galeato92.

Jean Driedo

Jean Driedo foi um teólogo do décimo sexto século e membro da faculdade da Universidade Católica em Louvain que condenou os ensinos de Lutero em 1519. Ele declarou que os livros Apócrifos não eram considerados parte do cânon do Velho Testamento. A Igreja os usava para o propósito de edificação, mas eles não carregavam a mesma autoridade dos livros canônicos, que sozinhos eram usados para a confirmação das doutrinas de fé93.

João Fero

Em seu livro, O Exame Daqueles que estão para se ordenar para o Sagrado Ministério da Igreja, João Fero listou os livros que ele diz compreender o cânon do Velho Testamento. Ele incluiu os livros dos Apócrifos naquela lista. Ao fazer isto ele fez uma distinção entre aqueles que eram verdadeiramente canônicos e autorizativos e os Apócrifos que ele disse não serem canônicos, mas úteis para a leitura privada em sua própria casa94.

Jacobus Faber Stapulensis

Jacobus Faber Stapulensis foi um teólogo do décimo sexto século e doutor na Universidade de Paris. Ao se referir aos Apócrifos ele seguiu Jerônimo ao declarar que aqueles livros particulares não eram considerados parte do cânon e consequentemente não possuíam autoridade das Escrituras canônicas, apesar deles serem úteis para a edificação dos fiéis95.

Traduções bíblicas

No começo do décimo sexto século, um pouco antes da Reforma, o cardeal Ximenes, arcebispo de Toledo, em colaboração com os principais teólogos de seus dias, produziram uma edição da Bíblia chamada a Bíblia Complutense. Há uma admoestação no prefácio a respeito dos Apócrifos, que os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, os Macabeus, as adições a Ester e Daniel, não são Escrituras canônicas e não eram então usadas pela Igreja para confirmar a autoridade de nenhum ponto fundamental de doutrina, apesar da Igreja permiti-los como leitura para o propósito de edificação96. B.F. Westcott comenta:

No raiar da Reforma os grandes eruditos romanistas se mantiveram fiéis ao julgamento do cânon que Jerônimo seguiu em sua tradução. E o cardeal Ximenes no prefácio de sua magnificente Bíblia Poliglota Complutense – o último monumento da Universidade que ele fundou em Complutum ou Alcala, e a grande glória da imprensa espanhola – separa os Apócrifos dos livros canônicos. Os livros, ele escreve, que estão fora do cânon, que a Igreja recebe para edificação do povo ao invés de para estabelecimento de doutrina, são dados somente em grego, mas com uma dupla tradução97.

Esta Bíblia, assim como seu Prefácio, foram publicados pela autoridade e consentimento do Papa Leão X, a quem toda a obra foi dedicada. A New Catholic Encyclopedia nos dá a seguinte informação sobre esta Bíblia:

A primeira Bíblia que pode ser considerada Poliglota é aquela editada em Alcala (em latim Complutum, daí o nome Bíblia Complutense), Espanha, em 1517, sob a supervisão e custas do cardeal Ximenes, por estudiosos da universidade fundada naquela cidade pelo mesmo grande cardeal. Ela foi publicada em 1520, com a sanção de Leão X. Ximenes desejou, ele escreve, 'reviver o debilitado estudo das Sagradas Escrituras'; e para alcançar este objetivo ele procurou equipar os estudantes com um texto impresso acurado do Velho Testamento nos idiomas hebraico, grego e latim e do Novo Testamento no grego e latim. Sua Bíblia contém também o Targum caldeu do Pentateuco e uma tradução latina interlinear do Velho Testamento grego. A obra se dividia em seis grandes volumes, o último dos quais era composto de um dicionário hebraico e caldeu, uma gramática hebraica e um dicionário grego. Se diz que apenas seiscentas cópias foram impressas, mas elas encontraram seu caminho para as principais bibliotecas da Europa e tiveram considerável influência em subsequentes edições da Bíblia98.

Bruce Metzger fornece informação adicional sobre a visão da Igreja Ocidental durante o décimo sexto século:

A versão latina mais antiga nos tempos modernos, feita dos idiomas originais pelo erudito dominicano Sanctes Pagnini, e publicado em Lyons em 1528, com cartas de recomendação do Papa Adriano VI e Papa Clemente VII, claramente separam o texto dos livros canônicos do texto dos livros Apócrifos. Ainda em outra Bíblia Latina, esta uma adição à Vulgada de Jerônimo publicada em Nuermberg por Johannes Petreius em 1527, apresenta a ordem dos livros como na Vulgata mas especifica no começo de cada livro Apócrifo que ele não é canônico. Além do mais, em seu endereçamento ao leitor cristão o editor lista os livros disputados como 'Libri Apocryphi, sive non Canonici, qui nusquam apud Hebraeos extant.'99

A versão de Petrius da Vulgata de Jerônimo também incluiu todos os prólogos de Jerônimo aos livros do Velho e Novo Testamento e os Apócrifos. Ele manteve o cânon hebraico, excluindo os livros Apócrifos do status canônico. Metzger brevemente descreve a situação histórica da Igreja Ocidental um pouco antes da Reforma:

Depois dos tempos de Jerônimo e antes do período da reforma uma contínua sucessão dos mais eruditos Pais e teólogos no Oeste mantiveram uma distintiva e única autoridade dos livros do cânon hebraico. Tal julgamento, por exemplo, foi reiterado nas próprias vésperas da Reforma pelo cardeal Ximenes no prefácio da magnificente edição bíblica da Poliglota Complutense que ele editou (1514-17)... Até mesmo o cardeal Cajetano, oponente de Lutero em Ausburgo em 1518, deu uma indubitável aprovação ao cânon hebraico em seu comentário sobre todos os Livros Históricos Autênticos do Velho Testamento, que ele dedicou em 1532 ao papa Clemente VII. Ele expressamente chamou atenção para a separação de Jerônimo dos livros canônicos e não canônicos, e manteve que não se poderia confiar nos últimos para o estabelecimento de pontos de fé, mas usados somente para a edificação dos fiéis100.

A Bíblia Poliglota do cardeal Ximenes foi sancionada pelo Papa Leão X. Ela separava os Apócrifos do cânon do Velho Testamento e recebeu sanção papal. Apologistas católicos romanos fazem muito alarde da aprovação papal como foi dada por Inocêncio I para o concílio de Cartago em sua carta a Exupério. A sanção de Leão X é tão autorizativa quanto a de Inocêncio, mas elas são fundamentalmente contraditórias, demonstrando novamente que os clamores de Roma de que ela determinou o cânon para a Igreja universal no fim do século quarto e começo do século quinto não é suportada por fatos históricos.

O peso da evidência histórica suporta a exclusão dos Apócrifos da categoria de Escrituras canônicas. Assim, nós devemos concluir que os decretos do Concílio de Trento relativos ao verdadeiro cânon das Escrituras foram feitos em claro desrespeito à evidência histórica judaica e patrística, bem como ao consenso histórico geral da Igreja antes daquele concílio. O renomado erudito, B.F. Westcott, faz estes comentários a respeito dos decretos de Trento:

Este decreto fatal, onde o concílio... deu um novo aspecto a toda a questão do cânon, foi ratificado por cinquenta e três prelados, entre os quais não havia nenhum alemão, nenhum erudito distinto pelo estudo histórico, nenhum que estava provido de estudo especial para o exame de um tema onde a verdade poderia ser determinada pela voz da antiguidade. Quão completamente oposta foi a decisão ao espírito e letra dos julgamentos originais das Igrejas Gregas e Latinas, quão longe na equalização doutrinária dos livros reconhecidos e disputados do Velho Testamento isto foi em diferença com a opinião tradicional do Oeste, quão absolutamente sem precedentes foi a conversão de um uso eclesiástico em um artigo de fé, será visto da evidência que já foi aduzida101.

Em adição a estas razões históricas para rejeitar os Apócrifos como sendo inspirados e assim não verdadeiramente canônicos, há também heresias, inconsistências e inexatidões históricas nos próprios escritos que os desqualificam como tendo status de Escrituras. O seguinte exemplo de Bruce Metzger sobre o livro de Judite é um caso em questão:

Uma das primeiras questões que naturalmente se levantam a respeito deste livro é se ele é histórico. O consenso, pelo menos entre os estudiosos protestantes e judeus, é que a estória é pura ficção... O está cheio de improbabilidades cronológicas, históricas e geográficas e de erros claros... Por exemplo, Holofernes move um imenso exército por cerca de trezentas milhas em três dias (2:21). As primeiras palavras do livro, quando tomadas com 2:1 e 4:21, envolvem o mais surpreendente absurdo histórico, pois o autor coloca o reino de Nabucodonosor sobre os assírios (em realidade ele foi rei de Babilônia) em Nínive (que caiu sete anos antes de sua ascensão!) em um tempo, quando os judeus tinham recentemente retornado do cativeiro (na verdade neste tempo eles estavam sofrendo de novas deportações)! Nabucodonosor não tinha feito guerra com a Média (1:7), nem capturado Ecbatana (1:14)... A reconstrução do Templo (4:13) é datada, por um claro anacronismo, de cerca de um século antes. Além do mais, o estado judaico é representado como estando sob o governo de um sumo sacerdote e um tipo de Sinédrio (6:6-14; 15:8), que é compatível apenas com uma data pós-exílica de vários anos depois do suposto contexto histórico do livro102.

Fonte: http://www.christiantruth.com/articles/Apocrypha3.html

Notas

1. Esta é a vigésima segunda obra de Deus. Exegetas judeus e cristãos dizem que Deus executou vinte e duas obras. Das quais nós contamos um pouco antes vinte e uma obras em seis dias. A vigésima segunda é o reino preparado da era futura e contemplação espiritual. Por causa disto eles enumeram seu Velho Testamento completo em vinte e dois livros. Mas eles não sabem porque, nem eles sabem o mistério do número vinte e dois. Nem eles acham que o número vinte consiste de dois perfeitos números ou números dez, significando que Cristo, composto de duas partes perfeitas (de divindade e humanidade), escreveu dois testamentos, o Decálogo Mosaico e o Evangelho (Anastásio de Antioquia, Em Hexameron, VII. PG 89.940. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Hoc est enim vicesimum secundum Dei opus, viginti enim duo opera fecisse Deum dicunt, et Judaeorum et Christianorum interpretes. Ex quibus quidem viginti et unum jam paulo ante enumeravimus facta in sex diebus. Vicesimum autem secundum est futuri saeculi paratum regnum, et spiritualis contemplatio. Propterea viginti quoque duobus libris enumerat omne Vetus suum Testamentum. Sed neque novit quamobrem, neque scit mysterium vicesimi secundi numeri. Neque cogitat quod vicesimus quidem numerus constat ex duobus perfectis numeris seu numerus denariis, significans Christum ex duobus perfectis compositum (ex divinitate, inquam, et humanitate) duo testamenta scripsisse; Mosaicum, inquam, Decalogum, et Evangelium (Anastásio de Antioquia, Em Hexameron, VII. PG 89.940).

2. NPNF2, Vol. 14, The Seven Ecumenical Councils, The Canons of the Holy and Ecumenical Seventh Council, Cânon I, pág. 555.

3. Charles Joseph Hefele, A History of the Councils of the Church (Edinburgh: T&T Clark, 1895), Volume IV, pág. 242.

4. NPNF2, Vol. 14, The Seven Ecumenical Councils, The Canons of the Holy and Ecumenical Seventh Council, Cânon I, Notas, pág. 556.

5. Também pareceu bem a este santo Concílio, que os oitenta e cinco cânones, recebidos e ratificados pelos santos e abençoados Pais antes de nós e também transmitidos a nós em nome dos santos e gloriosos Apóstolos, sejam deste tempo em diante mantidos firmes e inabaláveis para a cura das almas e tratamento das desordens. E nestes cânones nós somos convidados a receber as Constituições dos Santos Apóstolos escritos por Clemente. Mas anteriormente pela agência daqueles que se enganaram da fé, certa matéria adúltera foi introduzida, claramente contrária à piedade, para a poluição da Igreja, que obscurece a elegância e beleza dos decretos divinos em sua forma presente. Nós então rejeitamos estas Constituições como o melhor para se certificar da edificação e segurança da maior parte do rebanho cristão, de forma alguma admitindo os brotos do erro herético e apegando-se à pura e perfeita doutrina dos Apóstolos. Mas nós colocamos nosso selo igualmente sobre todos os outros cânones estabelecidos por nossos santos e abençoados Pais, ou seja, pelos 318 santos Pais guiados por Deus ajuntados em Niceia, e aqueles em Ancira, posteriormente aqueles em Neocesareia e igualmente aqueles em Gangra, e além destes, aqueles em Antioquia na Síria, aqueles também em Laodiceia na Plirígia, e igualmente os 150 que se ajuntaram nesta cidade real protegida pelos céus, e os 200 que se ajuntaram primeiramente na metrópolis dos Efésios e os 630 santos e abençoados Pais em Calcedônia.

Da mesma forma aqueles de Sárdica, e aqueles de Cartago, aqueles também que novamente se reuniram nesta cidade real protegida pelos céus sobe seu bispo Nectário e Teófilo, arcebispo de Alexandria. Igualmente os cânones [ou seja as letras decretais] de Dionísio, anteriormente arcebispo da grande cidade de Alexandria, e de Pedro, arcebispo de Alexandria e mártir, de Gregório o Operador de Maravilhas, Bispo de Neocesareia, de Atanásio, arcebispo de Alexandria, de Basílio, arcebispo de Cesareia na Capadócia, de Gregório, Bispo de Nissa, de Gregório Theologus, de Anfilócio de Icônio, de Timóteo, arcebispo de Alexandria, de Teófilo, arcebispo da mesma grande cidade de Alexandria, de Cirilo, arcebispo da mesma Alexandria, de Genádio, patriarca desta cidade protegida pelos céus. Além do mais o Cânon estabelecido por Cipriano, arcebispo do país dos Africanos e mártir, e pelo Sínodo sob ele, que foi mantido somente no país dos já mencionados bispos de acordo com o costume deixado para eles. E que ninguém seja permitido transgredir ou negligenciar os ditos cânones, ou receber outros além destes, falsamente estabelecidos por certas pessoas que tentaram fazer tráfico da verdade. Mas se alguém estar convencido de inovar ou tentar arruinar algum dos já mencionados cânones, que esteja sujeito a receber a penalidade que aquele cânon impõe, e ser curado por ela de sua transgressão (NPNF2, Vol. 14, The Seven Ecumenical Councils, The Canons of the Council of Trullo, Canon II, pág. 361).

6. Que os seguintes livros sejam contados como veneráveis e sagrados por todos vocês, tanto clérigos quanto leigos. Do Velho Testamento, cinco livros de Moisés, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, de Josué, o Filho de Nun, um, dos Juízes, um, de Rute, um, dos Reis, quatro, das Crônicas do livro dos dias, dois, de Esdras, dois, de Ester, um, [alguns textos leem 'de Judite, um'], de Macabeus, três, de Jó, um, dos Salmos, um, de Salomão, três, a saber, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos, dos Profetas, doze, de Isaías, um, de Jeremias, um, de Ezequiel, um, de Daniel, um. Mas além destes vocês são recomendados a ensinar seus jovens a Sabedoria do muito letrado Siraque. Nossos próprios livros, ou seja, aqueles do Novo Testamento, são: os quatro Evangelhos, de Mateus, Marcos, Lucas e João, quatorze Epístolas de Paulo, duas Epístolas de Pedro, três de João, uma de Tiago e outra de Judas. Duas Epístolas de Clemente e as Constituições de mim, Clemente, endereçada a vós bispos, em oito livros, que não são publicados por todos por causa de coisas místicas neles. E o Ato de nós, os Apóstolos (NPNF2, Vol. 14, The Seven Ecumenical Councils, The Apostolical Canons, Cânon LXXXV).

7. Notitia librorum apocryphorum qui non recipiuntur: Liber qui appellatur Canones apostolorum, apocryphus (Decretum Gelasianum: De Libris Recipiendis et Non Recipiendis. PL 59:163).

Liber qui appellatur Canones apostolorum, apocryphus (Decretale, In Urbe Roma ab Hormisda Papa. PL 62:540).

A respeito da rejeição dos Cânones Apostólicos como apócrifos e então não canônicos pelo Papa Hormisdas, Hefele declara: 'Papa Hormisdas... explicitamente declarou que os Cânones Apostólicos eram apócrifos' (Charles Joseph Hefele, A History of the Councils of the Church (Edinburgh: T. & T. Clark, 1895), Vol. 1, pág. 451).

8. NPNF2, Vol. 14, The Seven Ecumenical Councils, Apêndice contendo cânones e regras não tendo origem conciliar mas aprovadas por nome no Cânon II do Sínodo de Trulo, Apêndice VIII, Dos iambos de São Amfilóquio o bispo para Seleuco, sobre o Mesmo Tema (O Cânon das Sagradas Escrituras), Nota, pág. 612.

9. Observe, além disto, que há dois e vinte livros do Velho Testamento, um para cada letra do idioma hebraico. Pois há vinte e duas letras das quais cinco são duplicadas, e assim elas veem a ser vinte e sete... E assim o número de livros desta forma é vinte e dois, mas se acham sendo vinte e sete, por causa do duplo caráter dos cinco. Pois Rute é unido a Juízes, e os hebreus os contam como um livro; o primeiro e o segundo livro dos Reis são contados como um; e assim são o terceiro e quarto livros dos Reis; e também o primeiro e o segundo de Paraleipomena; e o primeiro e segundo de Esdras. Desta forma, então, os livros são unidos em quatro Pentateucos e dois outros ficam de fora, assim formando os livros canônicos. Cinco deles são da Lei, a saber, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. Este que é a codificação da Lei constitui o primeiro Pentateuco. Então vêm outro Pentateuco, o chamado Grapheia, ou como são chamados por alguns, os Hagiógrafos, que são os seguintes: Jesus o Filho de Navé, Juízes juntamente com Rute, primeiro e segundo dos Reis, que são um livro, terceiro e quarto dos Reis, que são um livro e os dois livros de Paraleipomena que são um livro. Este é o segundo Pentateuco. O terceiro Pentateuco é constituído dos livros de versos, a saber, Jó, Salmos, Provérbios de Salomãoo, Eclesiastes de Salomão e o Cântico dos cânticos de Salomão. O quarto Pentateuco é constituído dos livros proféticos, a saber, os doze profetas constituindo um livro, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel. Então vêm os dois livros de Esdras unidos em um e Ester.

Há também os Panaretus, que são a Sabedoria de Salomão, e a Sabedoria de Jesus, que foram publicados em hebraico pelo pai de Siraque, sendo depois traduzidos para o grego por seu neto, Jesus, o filho de Siraque. Estes são virtuosos e nobres, mas não são contados nem foram colocados na arca. (Philip Schaff e Henry Wace, Nicene and Post-Nicene Fathers (Grand Rapids: Eerdmans, 1955), Series Two, Volume IX, John of Damascus, Exposition of the Orthodox Faith, Chapter XVII)

10. Estas são as divinas Escrituras entregues ao cânon pela Igreja e o número de seus versos, como se segue: 1. Gênesis tem 4300 versos, 2. Exôdo 2800, 3. Levítico 2700, Números 3530, 5. Deuteronômio, 3100, 6. Josué 2100, 7. Juízes e Rute 2050, 8. primeiro e segundo dos Reis, 4240, 9. terceiro e quarto dos Reis 2203, 10. primeiro e segundo das Crônicas 5500, 11. primeiro e segundo de Esdras 5500, 12. Salmos 5100, 13. Provérbios de Salomão 1700, 14. Eclesiastes 7500, 15. Cântico dos cânticos 280, 16. Jó 1800, 17. o profeta Isaías 3800, 18. o profeta Jeremias 4000, 19. Baruque 700, 20. Ezequiel 4000, 21. Daniel 2200, 22. os doze profetas 3000. Total de livros do Velho Testamento: 22.

Estas escrituras do Velho Testamento são duvidosas. 1. Três livros dos Macabeus 7300 versos, 2. Sabedoria de Salomão 100, 3. Sabedoria do Filho de Siraque 2800, 4. Salmos e Cânticos de Salomão 2100, 5. Ester 350, 6. Judite 1700, 7. Susana 500, 8. Tobit que também é Tobias, 700. (S. Nicephori Patriarchae CP, Chronographia Brevis, Quae Scripturae Canonicae I, II, PG 1057-1058. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame)

Referência latina: Quae divinae Scripturae ab Ecclesia, et in canonem relate sunt. Earumque versuum numerus, ut subjicitur. 1. Genesis versus habet 4300, 2. Exodus versus 2800, 3. Leviticus vers. 2700, 4. Numeri vers. 3530, 5. Deuteronomium vers. 3100, 6. Jesus vers. 2100, 7. Judices et Ruth vers. 2050, 8. Regnorum primus et secundus vers. 4240, 9. Regnorum tertius et quartus vers. 2203, 10. Paralipomenon primus et secundus vers. 5500, 11. Esdrae primus et secundus vers. 5500, 12. Liber Psalmorum vers. 5100, 13. Paroemiae Salamonis vers. 1700, 14. Ecclesiastes vers. 7500, 15. Canticum canticorum vers. 280, 16. Job vers. 1800, 17. Isaias propheta vers. 3800, 18. Jeremias propheta vers. 4000, 19. Baruch vers. 700, 20. Ezechiel vers. 4000, 21. Daniel vers. 2000, 22. Duodecim prophetae vers. 3000. Veteris Testamenti librorum summa 22.

Quae dubiantur Veteris testamenti. 1. Maccabaeorum libri tres vers. 7300, 2. Sapientia Salomonis vers. 100, 3. Sapientia filii Sirach vers. 2800, 4. Psalmi et Cantica Salomonis vers. 2100, 5. Esther (vers. 350), 6. Et Judith vers. 1700, 7. Sossana vers. 500, 8. Tobit qui et Tobias vers. 700 (S. Nicephori Patriarchae CP, Chronographia Brevis, Quae Scripturae Canonicae I, II, PG 1057-1058).

11. Que livros são apropriados para ler nas igrejas tanto o último cânon dos apóstolos quanto o sexto do sínodo de Laodiceia tem estabelecido. Atanásio o Grande também enumera todos os livros que foram escritos quanto Gregório Nazianzeno e Santo Amfilóquio (Commentary on the Council of Carthage, Canon XXVII. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Quos libros legere in ecclesiis oporteat, et postremus apostolorum canon et Laodicenae synodi indesexagesimus statuit: et magnus Athanasius, qui libri legendi sint, omnes enumerat, et magnus Gregorius Theologus, et sanctus Amphilochius (Commentary on the Council of Carthage, Canon XXVII, PG 138:122).

12. Quantos livros são apropriados para ler na igreja, procure os cânones 40 e 85 dos santos apóstolos, cânon 60 do sínodo de Laodicena de São Gregório Nazianzeno e os escritos canônicos de São Atanásio e Amfilóquio (Commentary on the Council of Carthage, Canon XXVII. Tradução de Benjamin Penciera, University of Notre Dame).

Referência latina: Quosnam libros legi in ecclesia oporteat, quaere sanctorum apostolorum canones 40 et 85, Laod. syn. can. 60, sancti Gregorii Theologi ea quae metro scripsit, et sancti Athanasii canonica et sancti Amphilochii (Commentary on the Council of Carthage, Canon XXVII, PG 138:122).

13. Capítulo 12. A Divisão da Santa Escritura de acordo com Jerônimo. A santa autoridade de acordo com Jerônimo é dividida em dois testamentos, ou seja, em Velho e Novo; na Lei, que é Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio; nos Profetas, os quais são Josué, Juízes, Rute, Samuel, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, e os livros dos doze profetas; na Hagiografia, que são Jó, Davi, Salomão, Provérbios, Eclesiástico, Cantares de Salomão, Crônicas (ou Paralipomenos), Esdras, e Ester; nos Evangelhos, que são Mateus, Marcos, Lucas e João; após eles vêm as Epístolas dos apóstolos, duas de Pedro, quatorze de Paulo, três de João, uma de Tiago, uma de Judas, um livro de Atos dos Apóstolos, de Lucas, e um livro do Apocalipse de João. Deveria ser plenamente conhecido que S. Jerônimo leu e corrigiu a tradução de várias pessoas por esta razão, de que ele percebeu que de nenhuma maneira elas soavam como tendo autoridade em Hebraico. Onde isto tinha sido feito que ele traduziu com cuidado e diligência todos os livros do Velho Testamento diretamente das fontes hebraicas para o idioma latino. E ele cuidadosamente os trouxe até nós na mesma maneira em que há vinte e duas letras que o Hebraico utiliza, através das quais toda a sabedoria é conhecida e a memória escrita de coisas ditas no passado é preservada. A eles foram adicionados os vinte e sete livros do Novo Testamento, que foram de uma vez colecionados no total de quarenta e nove. Adicionou a este número a onipotente e indivisível Trindade, através da qual essas coisas foram feitas, e por conta de quem essas coisas foram preditas, e isto indubitavelmente perfaz o número cinquenta, o qual, na aparência do ano do jubileu, perdoa as dívidas pela grande piedade dos generosos e absolve absolutamente os pecados do penitente. Nós consideramos que esta enciclopédia deveria ter sido escrita por uma pequena mão em cinquenta e três conjuntos de quatro folhas, em razão da abundância de leitura, de maneira que a leitura abundante deveria estar reunida que pudesse comportar uma escrita compacta. Nós devemos lembrar também que o renomado Jerônimo estruturou toda a sua tradução na santa autoridade (como ele próprio testifica) com pontuação e divisões por conta da simplicidade dos irmãos, de maneira que aqueles que compreendem muito pouco da sofisticação da literatura secular, tendo sido auxiliados por este remédio, poderiam ler em voz alta sem falhas essas passagens mais sagradas.

Capítulo 13. A divisão da Escritura de acordo com Agostinho. A Santa Escritura de acordo com o bem-aventurado Agostinho é dividida em dois Testamentos, que é o Velho e o Novo. Na história há vinte e dois livros, que são os cinco livros de Moisés, um livro de Josué, um livro de Juízes, um livro de Rute, quatro livros dos Reis, dois livros de Crônicas, um livro de Jó, um livro de Tobias, um livro de Ester, um livro de Judite, dois livros de Esdras, e dois livros de Macabeus. Entre os profetas há vinte e dois livros, um livro dos Salmos de Davi, quatro livros de Salomão, um livro de Jesus filho de Siraque, os quatro profetas maiores, que são Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel, e os doze profetas menores, que são Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Zacarias, Ageu e Malaquias. Nas epístolas dos apóstolos há vinte e uma, que são uma do apóstolo Paulo aos Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Gálatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, duas aos Tessalonicenses, uma aos Colossenses, duas a Timóteo, uma a Tito, uma a Filemon, uma aos Hebreus; duas cartas de Pedro, três de João, uma de Judas, uma de Tiago. Nos evangelhos há quatro livros, de acordo com Mateus, Marcos, Lucas e João. Nos Atos dos Apóstolos há um livro. No Apocalipse há um livro. E assim o bem-aventurado Agostinho, no segundo livro de sua Doutrina Cristã, entende como Escrituras divinas o reconhecimento de setenta e um livros de acordo com os supramencionados nove volumes que a Igreja estuda. Quando você adiciona a esses a unidade da Santa Trindade, uma perfeição gloriosa e cabível da totalidade do livro é alcançada.

Capítulo 14. A divisão da Escritura de acordo com a antiga tradução e de acordo com a Septuaginta. A Santa Escritura de acordo com a antiga tradução é dividida em dois Testamentos, que são o Velho e o Novo: em Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio; Josué; Juízes; Rute; quatro livros dos Reis; dois livros de Crônicas; o Saltério; cinco livros de Salomão, que são Provérbios, Sabedoria, Eclesiástico, Eclesiastes, e Cantares, os Profetas, que são Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oseias, Amós, Miqueias, Joel, Obadias, Jonas, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, que era também um anjo, Jó, Tobias, Ester, Judite, dois livros de Esdras, dois livros de Macabeus. Após esses, se seguem os quatro Evangelistas, que são Mateus, Marcos, Lucas e João, os Atos dos Apóstolos, as Cartas de Pedro aos gentios, de Judas, de Tiago às doze tribos, de João aos Partas, as cartas de Paulo, uma aos Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Gálatas, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, uma aos Hebreus, duas aos Tessalonicenses, duas a Timóteo, uma a Tito, uma a Filemon, o Apocalipse de João. (M. Aurelii Cassiodori, De Institutione Divinarum Litterarum, Caput XII, XIII, XIV. PL 70:1122D-1125C. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame)
Referência latina: Caput XII. Divisio Scripturae divinae secundum Hieronymum. Auctoritas divina secundum sanctum Hieronymum in Testamenta duo ita dividitur, id est, in Vetus et Novum. In Legem, id est, Genesim, Exodum, Leviticum, Numerorum, Deuteronomium. In Prophetas, qui sunt Jesu Nave, Judicum, Ruth, Samuel, Isaias, Jeremias, Ezechiel, Daniel, libri duodecim prophetarum. In Hagiographos, qui sunt Job, David, Salomon, Proverbia, Ecclesiasticus, Canticum canticorum. Verba dierum, id est, Paralipomenon, Esdras, Esther. In Evangelistas, qui sunt Matthaeus, Marcus, Lucas, Joannes. Post hos sequuntur Epistolae apostolorum, Petri duae, Pauli quatuordecim, Joannis tres, Jacobi una, Judae una, Actuum apostolorum Lucae liber unus, et Apocalypsis Joannis liber unus.

Sciendum est plane sanctum Hieronymum ideo diversorum translationes legisse atque correxisse, eo quod auctoritati Hebraicae nequaquam eas perspiceret consonare. Unde factum est ut omnes libros Veteris Testamenti diligenti cura in Latinum sermonem de Hebraeo fonte transfunderet, et ad viginti duarum litterarum modum, qui apud Hebraeos manet, competenter adduceret; per quas omnis sapientia discitur, et memoria dictorum in aevum scripta servatur. Huic etiam adjecti sunt Novi Testamenti libri viginti septem, qui colliguntur simul quadraginta novem. Cui numero adde omnipotentem et indivisibilem Trinitatem, per quam haec facta, et propter quam ista praedicta sunt, et quinquagenarius numerus indubitanter efficitur; qui ad instar jubilaei anni magna pietate beneficii debita relaxat, et pure poenitentium peccata dissolvit. Hunc autem pandecten propter copiam lectionis minutiore manu in quaternionibus quinquaginta tribus aestimavimus conscribendum, ut quod lectio copiosa tetendit, scripturae densitas adunata contraheret. Meminisse autem debemus memoratum Hieronymum omnem translationem suam in auctoritate divina (sicut ipse testatur) propter simplicitatem fratrum colis et commatibus ordinasse; ut qui distinctiones saecularium litterarum comprehendere minime potuerunt, hoc remedio suffulti, inculpabiliter pronuntiarent sacratissimas lectiones.

Caput XIII. Divisio Scripturae divinae secundum Augustinum. Scriptura divina secundum beatum Augustinum in Testamenta duo ita dividitur, id est in Vetus et Novum. In historia sunt libri viginti duo, id est, Moysi libri quinque, Jesu Nave liber unus, Judicum liber unus, Ruth liber unus, Regum libri quatuor, Paralipomenon libri duo, Job liber unus, Tobiae liber unus, Esther liber unus, Judith liber unus, Esdrae libri duo, Machabaeorum libri duo. In Prophetis libri viginti duo, David Psalmorum [ms. Aud., Psalterium] liber unus, Salomonis libri quatuor, Jesu filii Sirach liber unus. Prophetae majores quatuor, id est, Isaias, Jeremias, Ezechiel, Daniel; et minores duodecim, id est, Osee, Joel, Amos, Abdias, Jonas, Michaeas, Nahum, Habacuc, Sophonias, Zacharias, Aggaeus, Malachias. In Epistolis apostolorum viginti una, id est, Pauli apostoli ad Romanos una, ad Corinthios duae, ad Galatas una, ad Ephesios una, ad Philippenses una, ad Thessalonicenses duae, ad Colossenses una, ad Timotheum duae, ad Titum una, ad Philemonem una, ad Hebraeos una; Petri duae, Joannis tres, Judae una, Jacobi una. In Evangeliis quatuor, id est, secundum Matthaeum, secundum Marcum, secundum Lucam, secundum Joannem. In Actibus apostolorum liber unus. In Apocalypsi liber unus. Beatus igitur Augustinus secundum praefatos novem codices, quos sancta meditatur Ecclesia, secundo libro (Cap. 8) de Doctrina Christiana, Scripturas divinas septuaginta unius librorum calculo comprehendit: quibus cum sanctae Trinitatis addideris unitatem, fit totius libri competens et gloriosa perfectio.

Caput XIV. Divisio Scripturae divinae secundum antiquam translationem et secundum Septuaginta. Scriptura sancta secundum antiquam translationem in Testamenta duo ita dividitur, id est, in Vetus et Novum. In Genesim, Exodum, Leviticum, Numerorum, Deuteronomium, Jesu Nave, Judicum, Ruth, Regum libros quatuor, Paralipomenon libros duos, Psalterii librum unum, Salomonis libros quinque, id est, Proverbia, Sapientiam, Ecclesiasticum, Ecclesiasten, Canticum canticorum, Prophetas, id est, Isaiam, Jeremiam, Ezechielem, Danielem, Osee, Amos, Michaeam, Joel, Abdiam, Jonam, Nahum, Habacuc, Sophoniam, Aggaeum, Zachariam, Malachiam qui et Angelus, Job, Tobiam, Esther, Judith, Esdrae duos, Machabaeorum duos. Post haec sequuntur Evangelistae quatuor, id est, Matthaeus, Marcus, Lucas, Joannes, Actus apostolorum, Epistolae Petri ad gentes, Judae, Jacobi ad duodecim tribus, Joannis ad Parthos, Epistolae Pauli ad Romanos una, ad Corinthios duae, ad Galatas una, ad Philippenses una, ad Colossenses una, ad Hebraeos una, ad Thessalonicenses duae, ad Timotheum duae, ad Titum una, ad Philemonem una, Apocalypsis Joannis (M. Aurelii Cassiodori, De Institutione Divinarum Litterarum, Caput XII, XIII, XIV, PL 70:1122D-1125C).

14. Um breve sumário irá mostrar quais livros são aceitos no cânon. Estes são aqueles dos quais você desejará ser lembrado pela voz que você ansiava: os cinco livros de Moisés, ou seja, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio e Josué, um livro dos Juízes, quatro livros dos Reis, também Rute e dezesseis livros dos Profetas, cinco livros de Salomão, o Saltério. Da mesma forma das histórias, um livro de Jó, um de Tobias, um de Esther, um de Judite, dois de Macabeus, dois de Esdras, dois de Crônicas (Epístola VI: Exsuperio: episcopo Tolosano salutem, Cap. VII,13. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Qui vero libri recipiantur in canone, brevis annexus ostendit. Haec sunt quae desiderata moneri voce voluisti: Moysi libri quinque, id est, Genesis, Exodi, Levitici, Numeri, Deuteronomii, et Jesu Nave, Judicum unus, Regnorum libri quatuor, simul et Ruth, Prophetarum libri sexdecim, Salomonis libri quinque, Psalterium. Item historiarum, Job liber unus, Tobi liber unus, Esther unus, Judith unus, Machabaeorum duo, Esdrae duo, Paralipomenon libri duo (Epistola VI: Exsuperio: episcopo Tolosano salutem, Cap. VII,13. PL 20:501-502).

15. A Ordem dos livros do Velho Testamento que a santa e católica Igreja Romana aceita e honra, resumidos pelo abençoado papa Gelásio I com setenta bispos: um livro de Gênesis, um de Êxodo, um de Levítico, um de Números, um de Deuteronômio; um livro de Josué, um de Juízes, um de Rute, quatro de Reis, dois de Crônicas, um livro de 150 Salmos, três de Salomão: Provérbios, Eclesiastes e o Cântico dos cânticos, igualmente um livro de Sabedoria, um de Eclesiástico. A ordem dos profetas: um livro de Isaías, um de Jeremias, Cinoth, ou seja, suas lamentações, um de Ezequiel, um de Daniel, um de Oséias, um de Amós, um de Miqueias, um de Joel, um de Abdias, um de Jonas, um de Naum, um de Habacuque, um de Sofonias, um de Ageu, um de Zacarias, um de Malaquias. Da mesma forma a ordem das histórias: um livro de Jó, um livro de Tobias omitido pelos outros, um de Esdras, outro de Ester, um de Judite, um dos Macabeus (Decretum Gelasianum: De Libris Recipiendis et Non Recipiendis. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Ordo librorum Veteris Testamenti quem sancta et catholica Romana suscipit et veneratur Ecclesia, digestus a beato Gelasio papa I cum septuaginta episcopis: Genesis liber unus. Exodi liber unus. Levitici liber unus. Numeri liber unus. Deuteronomii liber unus. Jesu nave [Josue] liber unus. Judicum liber unus. Ruth liber unus. Regnorum [Regum] libri quatuor. Paralipomenon libri duo. Psalmorum 150 liber unus. Salomonis libri tres: Proverbia, Ecclesiastes, et Cantica canticorum. Item Sapientiae liber unus. Ecclesiasticus liber unus. Item ordo prophetarum: Isaiae liber unus. Jeremiae liber unus. Cinoth, id est, de lamentationibus suis. Ezechielis liber unus. Danielis liber unus. Oseae liber unus. Amos liber unus. Michaeae liber unus. Joel liber unus. Abdiae liber unus. Jonae liber unus. Nahum liber unus. Habacuc liber unus. Sophoniae liber unus. Aggaei liber unus. Zachariae liber unus. Malachiae liber unus. Item ordo historiarum: Job liber unus, ab aliis omissus. Tobiae liber unus. Esdrae liber unus. Esther [Hester] liber unus. Judith liber unus. Machabaeorum liber unus (Decretum Gelasianum: De Libris Recipiendis et Non Recipiendis. PL 59:157).

16. Ordo de Veteri Testamento, quem sancta et catholica Romana suscipit, et honorat Ecclesia, iste est: Geneseos liber I. Exodi liber I. Levitici liber I. Numeri liber I. Deuteronomii liber I. Jesu Nave liber I. Judicum liber I. Ruth liber I. Regum libri IV. Paralipomenon libri II. Psalmorum CL liber I. Salomonis libri III. Proverbia, Ecclesiastes et Cantica Canticorum. Item Sapientiae liber I. Ecclesiastici liber I. Item ordo prophetarum. Isaiae liber I. Jeremiae liber I, cum Cinoth ac Lamentationibus suis. Ezechielis liber I. Danielis liber I. Osee liber I. Amos liber I. Michaeae liber I. Joel liber I. Abdiae liber I. Jonae liber I. Naum liber I. Habacuc liber I. Sophoniae liber I. Aggaei liber I. Zachariae liber I. Malachiae liber I. Item ordo historiarum. Job liber I. Tobiae liber I. Esdrae libri II. Esther liber I. Judith liber I. Machabaeorum libri II (Decretale, In Urbe Roma ab Hormisda Papa. De Scripturis divinis quid universaliter catholica recipiat Ecclesia, vel post haec quid vitare debeat. PL 62:540).

17. 1. Vetus Testamentum ideo dicitur, quia veniente Novo cessavit, de quo Apostolus meminit, dicens: Vetera transierunt et ecce facta sunt omnia nova.

2. Testamentum autem Novum ideo nuncupatur, quia innovat. Non enim illud discunt nisi homines renovati ex vetustate per gratiam, et pertinentes jam ad Testamentum Novum, quod est regnum coelorum.

3. Hebraei autem Veteris Testamenti, Esdra auctore, juxta numerum litterarum suarum, viginti duos libros accipiunt, dividentes eos in tres ordines, Legis scilicet, et Prophetarum, et Hagiographorum.

4. Primus ordo Legis, in quinque libris accipitur, quorum primus est Beresith, quod est Genesis; secundus Veelle Semoth, quod est Exodus; tertius Vaicra, quod est Leviticus; quartus Vajedabber, quod est Numeri; quintus Elleaddebarim, quod est Deuteronomium.

5. Hi sunt quinque lib. Moysi, quos Hebraei thora, Latini legem appellant. Proprie autem Lex appellatur, quae per Moysen data est.

6. Secundus ordo est Prophetarum, in quo continentur libri octo, quorum primus Josue Ben-Nun, qui Latine Jesu Nave dicitur; secundus Sophtin, quod est Judicum; tertius Samuel, qui est Regum primus; quartus Melachim, qui est Regum secundus; quintus Isaias, sextus Jeremias; septimus Ezechiel; octavus Thereazar, qui dicitur Duodecim prophetarum; qui libri, quia sibi pro brevitate adjuncti sunt, pro uno accipiuntur.

7. Tertius est ordo Hagiographorum, id est, sancta scribentium, in quo sunt libri novem, quorum primus Job; secundus Psalterium; tertius Misse, quod est Proverbia Salomonis; quartus Coheleth, quod est Ecclesiastes; quintus Sir hassirim, quod est Cantica canticorum; sextus Daniel; septimus Dibrehajamim, quod est Verba dierum, hoc est Paralipomenon; octavus Esdras; nonus Esther, qui simul omnes V, VIII et IX, fiunt XXII, sicut superius comprehensi sunt.

8. Quidam autem Ruth et Cinoth, quod Latine dicitur Lamentatio Jeremiae, hagiographis adjiciunt, et XXIV volumina Testamenti Veteris faciunt, juxta viginti quatuor seniores, qui ante conspectum Domini assistunt.

9. Quartus est apud nos ordo Veteris Testamenti eorum librorum qui in canone Hebraico non sunt. Quorum primus Sapientiae liber est; secundus Ecclesiasticus; tertius Thobias; quartus Judith; quintus et sextus Machabaeorum, quos licet Judaei inter apocrypha separent, Ecclesia tamen Christi inter divinos libros, et honorat et praedicat (Sancti Isidori Hispalensis Episcopi Etymologiarum Libri XX, Liber Sextus, De Libris Et Officiis Ecclesiasticus, Caput Primum, De Veteri et Novo Testamento. PL 82:229).

18. Tenebit igitur hunc modum in Scripturis canonicis, ut eas quae ab omnibus accipiuntur Ecclesiis catholicis praeponat eis quas quidam non accipiunt, in eis vero quae non accipiuntur ab omnibus, praeponat eas quas plures gravioresque accipiunt, eis quas paucioris minorisque auctoritatis Ecclesiae tenent. Si autem alias invenerit a pluribus, alias a gravioribus haberi, quanquam hoc invenire non possit, aequalis tamen auctoritatis eas habendas puto. Totus autem canon Scripturarum, in quo istam considerationem versandam dicimus his libris continetur (ut breviter dicam) Veteris Testamenti XLV, Novi autem XXVII, qui sunt LXXII. Quorum omnium nomina et seriem, et auctoritatem, quia in superiori libro quantum potui descripsi, non necesse credimus iterare. Notandum tamen quod Hebraei Vetus Testamentum, Esdra auctore juxta numerum litterarum suarum in XXII libros accipiunt, dividentes eos in tres ordines, legis scilicet, prophetarum et hagiographorum. Primus ordo legis in quinque libris accipitur, quorum primus est Bresith, qui est Genesis. Secundus Ellesmot, qui est Exodus. Tertius Vaiicra, qui est Leviticus. Quartus Vaiedabbet, qui est Numerus. Quintus Ellehadabarim, quod est Deuteronomium. Hi sunt quinque libri Moysi, quos Hebraei Thorath, Latini legem appellant, proprie autem lex appellatur, quae per Moysen data est. Secundus ordo prophetarum, in quo continentur libri octo, quorum primus Josue bennun, qui Latine Jesu Nave dicitur. Secundus Sophthim, qui est Judicum. Tertius Samuel, qui est Regum primus. Quartus Malachim, qui est Regum secundus. Quintus Isaias. Sextus Jeremias. Septimus Ezechiel. Octavus Thereasar, qui dicitur duodecim prophetarum, qui libri quia sibi pro parvitate adjuncti sunt, pro uno accipiuntur. Tertius ordo Hagiographorum, id est, sancta scribentium, in quo sunt libri novem, quorum primus Job; secundus Psalterium, qui in quinque incisionibus dividitur; tertius Massoth, quod est Proverbia Salomonis; quartus Coheleth, qui est Ecclesiastes; quintus Sirhasirim, quod est Canticum canticorum; sextus Daniel; septimus Dibrehaiomim, quod est Verba dierum, id est, Paralipomenon; octavus Esdras; nonus est Esther. Qui simul omnes V, et VIII, et IX, fiunt XXII, sicut superius sunt comprehensi. Quidam autem Ruth, et Cinoth, quod Latine dicitur lamentatio Jeremiae, hagiographis adjiciunt, et viginti quatuor volumina Veteris Testamenti faciunt, juxta XXIV seniores, qui ante conspectum Dei assistunt. Isti sunt libri qui apud Hebraeos canonicam auctoritatem habent. Quartus est apud nos ordo Veteris Testamenti, eorum librorum qui in canone Hebraico non sunt, quorum primus Sapientiae liber est, secundus Ecclesiasticus, tertius Tobiae, quartus Judith, quintus et sextus Machabaeorum, quos licet Judaei inter apocrypha separent, Ecclesia tamen Christi inter divinos libros honorat et praedicat (De Clericorum Institutione, Book II, Cap. 6-7. PL 107:383).

19. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). A Enciclopédia pode também ser encontrada online na New Advent em www.newadvent.org.

20. O Velho Testamento é assim chamado porque com a vinda do Novo, ele cessou, ao que o Apóstolo também relembra, dizendo “Algumas coisas cessaram, e eis que todas as coisas foram feitas novas”. Assim o Novo Testamento foi assim chamado porque ele renova. Pois aqueles que fizeram esta declaração são nada mais do que homens chamados da Velha [dispensação] pela graça, e pertencendo agora ao Novo Testamento, que é o Reino dos Céus. Os hebreus aceitam o Velho Testamento como autorizado por Deus em vinte e dois livros, de acordo com o número de suas letras, os dividindo em três ordens, a saber, a Lei, os Profetas e os Escritos Sagrados... Cinco e oito adicionados a nove fazem vinte e dois, como é entendido do que foi dito acima. Alguns também adicionam Rute e Cinoth, que é chamado em latim as Lamentações de Jeremias, aos Hagiógrafos. Estes fazem vinte e quatro volumes do Velho Testamento, da mesma forma que os vinte e quatro anciões que se sentam perante a Face de Deus. A quarta [ordem?] é daqueles livros aceitos por nós na ordem do Velho Testamento que não está no cânon dos hebreus. O primeiro deles é o Livro da Sabedoria, o segundo Eclesiástico, o terceiro Tobias, o quarto Judite, o quinto e sexto são os livros de Macabeus. A Igreja de Cristo proclama estes e os honra como livros divinos, mesmo que os judeus os separem como Apócrifos... O livro de Sabedoria não é encontrado em lugar nenhum entre os hebreus, como resultado estando muito mais impregnado de estilo grego do que eloquência hebraica. Os judeus afirmam que ele é babilônico. Então eles o chamam de Sabedoria, pois nele a vinda de Cristo, que é a Sabedoria do Pai, e Sua Paixão, é evidentemente expressa. Agora o Livro de Eclesiástico foi definitivamente composto por Jesus, filho de Siraque e neto do grande sacerdote (sumo sacerdote) Jesus, que Zacarias também menciona. Este livro é principalmente conhecido entre os latinos por este título em função de sua similaridade com os ditos de Salomão. De fato, a declaração de Eclesiástico é para ser estudada com muito cuidado, pois ela lida com a disciplina de toda a Igreja e do discurso religioso. Este livro é encontrado entre os hebreus, mas como apócrifo. Judite, contudo, Tobias e os livros dos Macabeus que foram escritos por seus autores são os menos estabelecidos. Eles tomam seus nomes daqueles cujos atos eles descrevem... Estes são os escritores dos sagrados livros, que falando pelo Espírito Santo, escreveram em colaboração com ele a regra a ser crida e os preceitos a serem vividos para nossa erudição. Além destes, outros livros são chamados Apócrifos, pois “apócrifos” são ditos, ou seja, ditos secretos, que são duvidosos. Pois a origem deles é secreta, nem aparece aos Pais, de quem a autoridade da verdade das Escrituras é passada a nós na sucessão mais clara e certa. Apesar de alguma verdade ser encontrada nestes Apócrifos, uma grande parte é falsa, nada neles tem tem autoridade canônica e eles são justamente julgados pelos sábios como não estando entre aquelas coisas a serem cridas, pois uma grande parte é colocada por hereges no nome dos Profetas, mais recentemente no nome dos Apóstolos. Tudo que é chamado Apócrifo foi removido seguindo o diligente exame da autoridade canônica (Tractatus Quales sunt. De Divisone Et Scriptoribus Sacrorum Librorum. PL 207:1051B-1056. Tradução de Catherine Kavanaugh, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Vetus Testamentum ideo dicitur quod, veniente Novo, cessavit; de quo et Apostolus meminit dicens: Caetera transierunt, et ecce nova facta sunt. Testamentum autem Novum ideo nuncupavit quia innovat. Non enim illud dicunt nisi homines revocati ex vetustate per gratiam, et pertinentes jam ad Testamentum Novum, quod est regnum coelorum. Hebraei autem Vetus Testamentum a Deo auctore juxta litterarum suarum numerum in XXII libros accipiunt, dividentes eos in tres ordines: legis scilicet, prophetarum et hagiographorum…Qui simul omnes quinque et octo novem fiunt viginti et duo, sicut superius comprehensi sunt. Quidam autem Ruth et Cinoth, quod Latine dicitur tamentationes Jeremiae, hagiographis adjiciunt. Viginti quatuor volumina Testamenti Veteris faciunt juxta viginti quatuor seniores qui ante conspectum Dei assistunt. Quartus est apud nos ordo Veteris Testamenti eorum librorum qui in canone Hebraeorum non sunt. Quorum primus Sapientiae liber est, secundus Ecclesiasticus, tertius Tobias, quartus Judith, quintus et sextus Machabaeorum; quos, licet Judaei inter apocrypha separent, Ecclesia tamen Christi inter divinos libros et honorat et praedicat…Liber Sapientiae apud Hebraeos nusquam est: unde et ipse stylus Graecam magis quam Hebraeam eloquentiam redolet. Hunc Judaei Babylonis esse affirmant; qui proinde Sapientiae nominant, quia in eo Christi adventus, qui est sapientia Patris, et passio ejus evidenter exprimitur. Librum autem Ecclesiasticum certissime Jesus filius Sirach, nepos Jesu sacerdotis magni, composuit; de quo meminit et Zacharias, qui liber apud Latinos propter eloquii similitudinem Salomonis titulo praenotatur. Dictus autem Ecclesiasticus, eo quod de totius Ecclesiae disciplina religiosae conversationis magna cura et ratione sit editus. Hic apud Hebraeos reperitur, sed nunc apocryphus habetur. Judith vero, et Tobiae, sive Machabaeorum libri, quibus auctoribus scripti sunt minime constat. Habent autem vocabula ex eorum nominibus, quorum gesta scribunt…

Hi sunt scriptores sacrorum librorum qui per Spiritum sanctum loquentes, ad eruditionem nostram praecepta vivendi et credendi regulam conscripserunt. Praeter haec alia volumina apocrypha nuncupantur. Apocrypha autem dicta, id est secreta, quia in dubium veniunt. Est enim eorum occulta origo; nec patet Patribus, e quibus usque ad nos auctoritas veritatis Scripturarum certissima et notissima successione pervenit. In his apocryphis etsi invenitur aliqua veritas, tamen propter multa falsa nulla est in eis canonica auctoritas, quae recte a prudentibus judicantur non esse eorum credenda quibus ascribuntur. Nam multa et sub nominibus prophetarum, et recentiora sub nominibus apostolorum ab haereticis proferuntur; quae omnia sub nomine apocryphorum auctoritate canonica diligenti examinatione remota sunt (Tractatus Quales sunt. De Divisone Et Scriptoribus Sacrorum Librorum. PL 207:1051B-1056).

21. Ponit tamen hieronymus 'quartum librorum ordinem, scilicet, apocryphos': et dicuntur apocryphi ab apo, quod est valde et cyphon, quod est obscurum, quia de eorum sententiis vel auctoribus dubitatur. ecclesia vero catholica quosdam libros recepit in numero sanctarum scripturarum, de quorum sententiis non dubitatur, sed de auctoribus (Thomas Aquinas, Principium Biblicum, Opera Omnia (Index Thomisticus), vol. 3, p. 647).

22. Ela (a Igreja Romana) professa que um e o mesmo Deus como o autor do Velho e Novo Testamento – ou seja, a Lei, os Profetas e o Evangelho – já que os santos de ambos testamentos falaram sob a inspiração do mesmo Espírito. Ela aceita e venera seus livros, cujos títulos são como se segue: Cinco livros de Moisés, a saber, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio; Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos Reis, dois de Paralipomenon, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, Jó, Salmos de Davi, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos cânticos, Sabedoria, Eclesiástico, Isaías, Jeremias, Baruque, Ezequiel, Daniel; os doze profetas menores, a saber, Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias; dois livros dos Macabeus; os quatro evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João; quatorze cartas de Paulo, aos Romanos, duas aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, duas aos Tessalonicenses, aos Colossenses, duas a Timóteo, a Tito, a Filemon, aos Hebreus; duas cartas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas; Atos dos Apóstolos; Apocalipse de João (Decrees of the Ecumenical Councils, Norman Tanner, Ed. (Georgetown University: Sheed & Ward, 1990), Volume Um, Council of Basel-Ferrara-Florence-Rome, pág. 573).

23. New Catholic Encyclopedia (New York: McGraw Hill, 1967), Volume V, Florence, pág. 973.

24. New Catholic Encyclopedia, Glossa Ordinaria; Glosses, Biblical, págs. 515-516..

25. Karlfried Froehlich e Margaret Gibson, Biblia Latina Cum Glossa Ordinaria, Introduction to the Facsimile Reprint of the Editio Princeps Adolph Rusch of Strassborg 1480/81 (Brepols-Turnhout, 1992) Karlfried Froehlich, The Printed Gloss, pág. XXVI.

26. Alister McGrath, The Intellectual Origins of the Reformation (Oxford: Blackwell, 1987), pág. 126.

27. Karlfried Froehlich e Margaret Gibson, Biblia Latina Cum Glossa Ordinaria, Introduction to the Facsimile Reprint of the Editio Princeps Adolph Rusch of Strassborg 1480/81 (Brepols-Turnhout, 1992), The Glossed Bible, págs. VIII.

28. Ibid., pp. VIII-IX.

29. Quoniam plerique eo quod non multam operam dant sacrae Scripturae, existimant omnes libros qui in Bibliis continentur, pari veneratione esse reverendos atque adorandos, nescientes distinguere inter libros canonicos, et non canonicos, quos Hebraei a canone separant, et Graeci inter apocrypha computant; unde saepe coram doctis ridiculi videntur, et perturbantur, scandalizanturque cum audiunt aliquem non pari cum caeteris omnibus veneratione prosequi aliquid quod in Bibliis legatur: idcirco hic distinximus, et distincte numeravimus primo libros canonicos, et postea non canonicos, inter quos tantum distat quantum inter certum et dubium. Nam canonici sunt confecti Spiritus sancto dictante non canonici autem sive apocryphi, nescitur quo tempore quibusve auctoribus autoribus sint editi; quia tamen valde boni et utiles sunt, nihilque in eis quod canonicis obviet, invenitur, ideo Ecclesia eos legit, et permittit, ut ad devotionem, et ad morum informationem a fidelibus legantur. Eorum tamen auctoritas ad probandum ea quae veniunt in dubium, aut in contentionem, et ad confirmandam ecclesiasticorum dogmatum auctoritatem, non reputatur idonea, ut ait beatus Hieronymus in prologis super Judith et super libris Salomonis. At libri canonici tantae sunt auctoritatis, ut quidquid ibi continetur, verum teneat firmiter et indiscusse: et per consequens illud quod ex hoc concluditur manifeste; nam sicut in philosophia veritas cognoscitur per reductionem ad prima principia per se nota: ita et in Scripturis a sanctis doctoribus traditis veritas cognoscitur, quantum ad ea quae sunt fide tenenda, per reductionem ad Scripturas canonicas, quae sunt habita divina revelatione cui nullo modo potest falsum subesse. Unde de his dicit Augustinus ad Hieronymum: Ego solis eis scriptoribus qui canonici appellantur, didici hunc timorem honoremque deferre, ut nullum eorum scribendo errasse firmissime teneam; ac si aliquid in eis offendero quod videatur contrarium veritati, nihil aliud existimem quam mendosum esse codicem, vel non esse assecutum interpretem quod dictum est, vel me minime intellexisse, non ambigam. Alios autem ita lego, ut quantalibet sanctitate doctrinave polleant, non ideo verum putem quia ipsi ita senserunt, sed quia mihi per illos auctores canonicos vel probabiles rationes, quod a vero non abhorreat, persuadere potuerunt (Biblia cum glosa ordinaria et expositione Lyre litterali et morali (Basel: Petri & Froben, 1498), British Museum IB.37895, Vol. 1, On the canonical and non-canonical books of the Bible. Translation by Dr. Michael Woodward).

30. Há, então, vinte e dois livros canônicos do Velho Testamento, correspondendo às vinte e duas letras do alfabeto hebraico, como relata Eusébio, no livro seis da História Eclesiástica, que Orígenes escreve no primeiro Salmo. E Jerônimo diz a mesma coisa mais completamente e distintamente em seu Prólogo Galeato ao livro dos Reis: todos os livros são divididos em três partes pelos judeus, na lei que contém cinco livros de Moisés, nos oito profetas e nos nove hagiógrafos. Isto será visto mais claramente em breve. Alguns, contudo, separam o livro de Rute do livro de Juízes e as Lamentações de Jeremias de Jeremias e os contam entre os hagiógrafos para fazê-los vinte e quatro livros, correspondendo aos vinte e quatro anciões que o Apocalipse apresenta adorando o cordeiro. Estes são os livros que estão no cânon como o abençoado Jerônimo escreve em grande medida no Prólogo Galeato do livro dos Reis.

Em primeiro lugar há cinco livros de Moisés, que são chamados a lei, primeiro dos quais é Gênesis, segundo Êxodo, terceiro Levítico, quarto Números, quinto Deuteronômio. Em segundo lugar segue-se os oito livros proféticos, primeiro dos quais é Josué, segundo o livro dos Juízes junto com Rute, terceiro Samuel, ou seja, primeiro e segundo de Reis, quarto Malachim, ou seja, terceiro e quarto dos Reis, quinto Isaías, sexto Jeremias com Lamentações, sétimo Ezequiel, oitavo o livro dos doze profetas, primeiro dos quais é Oseias, segundo Joel, terceiro Amós, quarto Obadias, quinto Jonas, sexto Miqueias, sétimo Naum, oitavo Habacuque, nono Sofonias, décimo Ageu, décimo primeiro Zacarias e décimo segundo Malaquias. Em terceiro lugar segue-se os nove hagiógrafos, primeiro dos quais é Jó, segundo Salmos, terceiro Provérbios de Salomão, quarto é Eclesiastes, quinto seu Cântico dos cânticos, sexto Daniel, sétimo Paralipomenon, que é um livro, não dois, entre os judeus, oitavo Esdras com Neemias (pois são todos um livro) e nono Ester. E o que estiver fora destes (eu digo do Velho Testamento), como Jerônimo diz, deve ser colocado nos apócrifos (Biblia cum glosa ordinaria et expositione Lyre litterali et morali. Basileia: Petri & Froben, 1498. British Museum IB.37895, vol. 1. Tradução de Dr. Michael Woodward. Veja também Walafrid Strabo, Glossa ordinaria, De Canonicis et Non Canonicis Libris. PL 113:19-24).

Referência latina: Sunt igitur libri canonici Veteris Testamenti viginti duo, ad numerum viginti duarum litterarum Hebraeorum, ut scribere Origenem super primum psalmum refert Eusebius libro sexto Ecclesiasticae Historiae, et copiosius distinctiusque dicit beatus Hieronymus in prologo galeato super librum Regum, quod omnes in tres partes ab Hebraeis dividuntur: In Legem, id est quinque libros Moysi; in prophetas octo, et hagiographa novem; ut statim clarius patebit, quamvis nonnulli librum Ruth separent a libro Judicum, et Lamentationes Jeremiae a Jeremia, et inter Hagiographa computent, ut sint viginti quatuor libri. Hanc divisionem probant Hebraei qui Biblia sua ob id appellant , id est, viginti quatuor.] ad numerum viginti quatuor seniorum quos Apocalypsis inducit adorantes Agnum.

Isti sunt libri qui sunt in canone, ut latius scribit beatus Hieronymus in prologo galeato qui est super libros Regum. Et primo quinque libri Moysi, qui appellantur lex, quorum primus est Genesis, secundus Exodus, tertius Leviticus, quartus Numeri, quintus Deuteronomium. Secundo sequuntur octo libri prophetales, quorum primus est Josue, secundus liber Judicum cum Ruth, tertius Samuel, id est, primus et secundus Regum, quartus Malachim, id est, tertius et quartus Regum; quintus Isaias, sextus Jeremias cum Lamentationibus, septimus Ezechiel, octavus liber duodecim prophetarum: quorum primus est Osee, secundus Joel, tertius Amos, quartus Abdias, quintus Jonas, sextus Michaeas, septimus Nahum, octavus Habacuc, nonus Sophonias, decimus Aggaeus, undecimus Zacharias, duodecimus Malachias. Tertio sequuntur Hagiographa novem, quorum primus est Job, secundus Psalterium, tertius Salomonis Proverbia, quartus ejusdem Ecclesiastes, quintus ejusdem Canticorum, sextus Daniel, septimus Paralipomenon, qui apud Hebraeos est unus liber, non duo; octavus Esdras cum Nehemia (est enim totus unus liber), nonus Esther. Quidquid autem extra hos est (de Veteri Testamento loquor) ut dicit Hieronymus, inter apocrypha est ponendum (Biblia cum glosa ordinaria et expositione Lyre litterali et morali. Basileia: Petri & Froben, 1498. British Museum IB.37895, vol. 1. Veja também Walafrid Strabo, Glossa ordinaria, De Canonicis et Non Canonicis Libris. PL 113:19-24).

31. Estes são os livros que não estão no cânon, que as igrejas incluem como bons e úteis para a leitura, mas não canônicos. Entre eles estão alguns de maior, alguns de menor autoridade. Pois Tobias, Judite e o livro dos Macabeus, também o livro de Sabedoria e Eclesiástico são fortemente aprovados por todos. Assim Agostinho, no livro dois do De Doctrina Christiana, conta os primeiros três entre os livros canônicos; a respeito de Sabedoria e Eclesiástico, ele disse que eles merecem ser recebidos como autorizativos e deveriam ser contados entre os livros proféticos; a respeito do livro de Macabeus, no livro 18 do Cidade de Deus, falando dos livros de Esdras, ele diz que, apesar dos judeus não considerá-los canônicos, a Igreja os considera por causa das paixões de certos mártires e poderosos milagres. De menor autoridade são Baruque e a terceira e quarta de Esdras. Pois Agostinho faz nenhuma menção deles no lugar citado acima, enquanto que ele incluiu (como eu disse) outras obras apócrifas entre os canônicos. Rufino também, em sua exposição do credo, e Isidoro no livro 6 de Etimologias, onde eles repetem esta divisão de Jerônimo, não mencionam nada destes outros livros.

E que nós devemos enumerar os livros apócrifos na ordem em que eles aparecem nesta Bíblia, mesmo que eles tenham sido produzidos em uma ordem diferente, primeiro vindo o terceiro e quarto livros de Esdras. Eles são chamados de terceiro e quarto de Esdras porque, antes de Jerônimo, os gregos e latinos costumavam dividir o livro de Esdras em dois livros, chamando o segundo livro de Esdras de as palavras de Neemias. Estes terceiro e quarto livros de Esdra são, como eu disse, de menor autoridade entre todos os livros não canônicos. Disto Jerônimo, em seu prólogo ao livro de Esdras, os chama de sonhos. Eles são encontrados em pouquíssimos manuscritos bíblicos, e em muitas Bíblias impressas somente o terceiro de Esdras é encontrado. Segundo é Tobias, um livro muito devoto e útil. Terceiro é Judite, que Jerônimo diz em seu prólogo ter sido contado pelo Concílio niceno entre as Escrituras Sagradas. Quarto é o livro de Sabedoria, que quase todos defendem que Filo de Alexandria, um judeu bastante letrado, o escreveu. Quinto é o livro de Jesus filho de Siraque, que é chamado de Eclesiástico. Sexto é Baruque, como Jerônimo diz em seu prólogo a Jeremias. O sétimo é o livro dos Macabeus, dividido em primeiro e segundo livros... Além disto, deve-se saber que no livro de Ester só estão no cânon as palavras que nós inserimos: o fim do livro de Ester até onde ele está em hebraico. O que se segue depois não está no cânon. Igualmente em Daniel, somente aquelas palavras que nós inserimos está no cânon: O profeta Daniel termina. O que se segue depois não está no cânon (Biblia cum glosa ordinaria et expositione Lyre litterali et morali (Basileia: Petri & Froben, 1498), British Museum IB.37895, Vol. 1. Tradução de Dr. Michael Woodward. Veja também Walafrid Strabo, Glossa ordinaria, De Canonicis et Non Canonicis Libris. PL 113:19-24).

Referência latina: Isti sunt libri qui non sunt in canone, quos tamen Ecclesia ut bonos et utiles libros admittit, non ut canonicos, inter quos sunt aliqui majoris auctoritatis, aliqui minoris. Nam Tobias, Judith, et Machabaeorum libri, Sapientiae quoque liber atque Ecclesiasticus, valde ab omnibus probantur; ita quod Augustinus libro de doctrina Christiana tres superiores numerat inter canonicos, et de Sapientia atque Ecclesiastico dicit, meruisse illos recipi in auctoritatem, et inter propheticos debere numerari. Et de libris Machabaeorum libro decimo octavo de Civitate Dei loquens, et de Esdrae libris dicit quod quamvis Hebraei non habeant eos pro canonicis, tamen Ecclesia habet illos pro canonicis propter quorumdam martyrum passiones vehementes atque mirabiles. Minoris autem auctoritatis sunt Baruch, et tertius et quartus Esdrae: nam Augustinus in loco supradicto nullam de his facit mentionem, cum tamen, ut dixi, alios apocryphos canonicis annumerat. Rufinus quoque in expositione Symboli, et Isidorus in libro sexto Etymologiarum, ubi hanc Hieronymi divisionem referunt, horum nihil meminerunt. Et ut numeres eos eo ordine quo sunt in Bibliis, quamvis alio ordine fuerint editi, primo sunt tertius et quartus libri Esdrae, qui dicuntur tertius et quartus; quia ante Hieronymum Graeci et Latini librum Esdrae canonicum secabant in duos libros, sermones Nehemiae, secundum librum appellantes. Isti autem tertius et quartus inter omnes, non canonicos minoris, ut dixi, sunt auctoritatis. Unde Hieronymus in prologo Esdrae eos appellat somnia, et in paucissimis Bibliis manuscriptis inveniuntur, et in multis impressis invenitur solum tertius. Secundus est Tobias, liber valde devotus et utilis. Tertius est Judith, quem dicit Hieronymus in prologo fuisse a Nicaena synodo computatum in numero sanctarum Scripturarum. Quartus liber Sapientiae, quem scripsisse Philonem Alexandrinum Judaeum doctissimum, fere omnes tenent. Quintus est liber Jesu filii Sirach, qui Ecclesiasticus dicitur: Sextus est Baruch, ut dicit Hieronymus in prologo Jeremiae. Septimus est Machabaeorum liber, in primum et secundum divisus.

Neque aliquem moveat quod in Judith et Tobiae prologis dicitur quod apud Hebraeos inter hagiographa leguntur, quia manifestus error est, et apocrypha, non hagiographa, est legendum: qui error in omnibus quos viderim codicibus invenitur: et inolevit, ut puto, ex pietate et devotione scribentium, qui devotissimas historias horrebant annumerare inter apocrypha. Nam quod hic error multis retro annis codices occupaverit, ostendit magister in historia Judith, ubi dicit: Hic liber apud Chaldaeos inter historias computatur, et apud Hebraeos inter apocrypha, quod dicit Hieronymus in prologo, qui sic incipit: Viginti et duas litteras. Si ergo alicubi in prologo super Judith legitur inter hagiographa, vitium scriptoris est, quod in ipso titulo deprehendi potest. Ex quo miror quod dictus magister non adverterit eumdem esse errorem in prologo Tobiae, ubi ipse dicit: Hanc historiam Hebraei ponunt inter apocrypha. Hieronymus tamen in prologo suo dicit inter hagiographa: Glossa quoque super dicto prologo Tobiae dicit potius et verius dixisset inter apocrypha: vel large accipit hagiographa, quasi sanctorum scripta, et ita non est de numero illorum novem quae proprie dicuntur hagiographa, quae sunt de catalogo, id est, de numero viginti duorum librorum Biblicorum. Nam cum Hieronymus in prologo Galeato, post enumerationem canonicorum librorum, dicat: Hic prologus Scripturarum quasi galeatum principium, omnibus libris quos de Hebraeo vertimus in Latinum convenire potest, ut scire valeamus quidquid extra hos est, inter apocrypha esse ponendum. Igitur Sapientia, quae vulgo Salomonis inscribitur, et Jesu filii Sirach liber, et Judith, et Tobias, et Pastor, non sunt in canone:" quomodo credendum est, illum postea in illis prologis scripsisse eos inter hagiographa, et sibi ipsi contradicere? Si quis praeterea liberatiori examine Hieronymi verba in dictis prologis perpenderit, animadvertet illum scripsisse apocrypha, non hagiographa. Dicit enim in prologo Tobiae: "Exigitis ut librum Chaldaeo sermone conscriptum ad Latinum stylum traham, librum utique Tobiae, quem Hebraei de catalogo divinarum Scripturarum secantes, his quae apocrypha memorant, manciparunt." In Judith autem ait: Apud Hebraeos liber Judith inter apocrypha legitur, cujus auctoritas ad roboranda illa quae in contentionem veniunt, minus idonea judicatur. Cum itaque dicat Hebraeos secare Tobiam de catalogo divinarum Scripturarum, et Judith auctoritatem minus idoneam judicari, si inter Hagiographa numeraret, et non inter apocrypha, contraria videretur in eodem loco scripsisse. Sed, ut dixi, scriptores hoc nomen apocrypha horrentes, devotione ac pietate quadam rejecto apocrypha, hagiographa scripserunt. Rufinus vero ubi supra, enumeratis libris canonicis, in quibus cum Hieronymo concordat, infert: Haec sunt quae patres intra canonem concluserunt, ex quibus fidei nostrae assertiones constare voluerunt. Sciendum tamen est quod et alii libri sunt qui non canonici, sed ecclesiastici a majoribus appellati sunt, ut Sapientia quae dicitur Salomonis, et alia Sapientia quae dicitur filii Sirach. Et infra: ejusdem ordinis est libellus Tobiae, et Judith, et Machabaeorum libri: quae omnia legi quidem in ecclesiis voluerunt, non tamen proferri ad auctoritatem ex his confirmandam. Caeteras vero scripturas apocryphas nominaverunt, quas in ecclesiis legi noluerunt. Praeterea est sciendum quod in libro Esther illa duntaxat sunt in canone quae scribuntur usque ad eum locum ubi posuimus: Finit liber Esther, prout est in Hebraeo, quae postea sequuntur non sunt in canone. Similiter in Daniele, illa tantum sunt in canone quae sunt usque ad eum locum ubi posuimus: Finit Daniel propheta: quae post ea sequuntur non sunt in canone.

Quamvis autem David, id est, Psalterium apud Hebraeos non ponatur inter prophetas, sed inter hagiographa, tamen ere omnes Latini eum non solum prophetam sed summum prophetarum, vel secundum vocant. Danielem quoque inter prophetas numerant.

Aliter quoque aliqui Latini diviserunt Vetus et Novum Testamentum, scilicet in libros legales, historiales, sapientiales et prophetales. Legales appellant quinque libros Moysi in Veteri Testamento: quibus in Novo faciunt respondere quatuor Evangelia. Historiales, Josue, Judicum, libros Regum, Paralipomenon, Esdra, Esther et Job: quibus in Novo correspondent Acta apostolorum. Sapientiales tres libros Salomonis, scilicet: Proverbia, Ecclesiasten, et Canticum canticorum: quibus in Novo correspondent Epistolae Pauli, et quae canonicae dicuntur. Prophetales faciunt David, id est, Psalterium, Isaiam, Jeremiam, Ezechielem, et duodecim prophetas et Danielem: quibus in Novo respondet liber Apocalypsis (Biblia cum glosa ordinaria et expositione Lyre litterali et morali (Basileia: Petri & Froben, 1498), British Museum IB.37895, Vol. 1. Veja também Walafrid Strabo, Glossa ordinaria, De Canonicis et Non Canonicis Libris. PL 113:19-24).

32. Bruce Metzger, An Introduction to the Apocrypha (New York: Oxford, 1957), pág. 180.

33. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

34. Cardeal Cajetano (Jacob Thomas de Vio), Commentary on all the Authentic Historical Books of the Old Tesdtament, In ult. Cap., Esther. Retirado de A Disputation on Holy Scripture por William Whitaker (Cambridge: University, 1849), pág. 48. Veja também A General Survey of the History of the Canon of the New Testament de B.F. Westcott (Cambridge: MacMillan, 1889), pág. 475.

35. De uma forma, antes e depois, porque a Igreja em todo lugar dando frutos se expande, ela caminha na luz diante da face de Deus e, sua face sendo revelada, contempla a glória de Deus. De outra forma, antes e depois, ele implica que as asas dobradas em seis, cujo número é vinte e quatro, são os livros do Velho Testamento, que nós tomamos como de autoridade canônica de mesmo número, assim como há vinte e quatro anciãos sentados sobre os tronos (Primásio, Comentário sobre o Livro de Apocalipse de João, Livro I, Capítulo IV. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Aliter, ante et retro, quod ubicunque fructificans dilatetur Ecclesia, in lumine vultus Dei ambulat, et revelata facie gloriam Dei speculatur. Aliter, ante et retro alas senas, quae viginti quatuor subsumantur, Veteris Testamenti libros insinuat, quos ejusdem numeri canonica auctoritate suscipimus, tanquam viginti quatuor seniores tribunalia praesidentes. (Primasius, Commentariorum Super Apocalypsim B. Joannis, Book I, Cap. IV. PL 68:818).

36. Library of the Fathers of the Holy Catholic Church (Oxford: Parker, 1845), Gregório o Grande, Morais no Livro de Jó, Volume II, Partes III e IV, Livro XIX.34, pág. 424.

Latin Reference: De qua re non inordinate agimus, si ex libris, licet non canonicis, sed tamen ad aedificationem Ecclesiae editis, testimonium proferamus. Eleazar namque in praelio elephantem feriens stravit, sed sub ipso quem exstinxit occubuit (I Mach. VI, 46) (PL 76.119).

37. William Jurgens, The Faith of the Early Fathers (Collegeville: Liturgical, 1979), Volume III, pág. 313.

38. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

39. Cada um deles tem seis asas. Eles erguem a Igreja às alturas pela perfeição de seu ensino. Pois o número seis é chamado perfeito por esta razão, por ser o primeiro número completado por suas próprias partes. De fato, um que é a sexta parte de seis, dois que é a terça parte e três que é a metade, juntos fazem o próprio seis. De outra forma, seis asas de quatro animais, que resulta em vinte e quatro, sugerem os livros de todo o Velho Testamento, pelos quais a autoridade dos evangelistas é suportada e sua verdade é provada (O Venerável Beda, Comentário sobre Revelação. PL 93:144).

Referência latina: Singula eorum habebant alas senas. Perfectione suae doctrinae Ecclesiam ad alta sublevant. Senarius enim numerus ideo perfectus dicitur, quia primus suis partibus impletur. Unum quippe, quod est sexta senarii pars, et duo, quod est tertia, et tria, quod est dimidium, eumdem senarium faciunt. Aliter. Alae senae quatuor animalium, quae sunt viginti quatuor, totidem veteris instrumenti libros insinuant, quibus evangelistarum et fulcitur auctoritas, et veritas comprobatur (O Venerável Beda, Comentário sobre Revelação. PL 93:144).

40. É uma coisa maravilhosa e excessivamente surpreendente! Todos os levitas que Moisés e Aarão contaram de acordo com a instrução do Senhor segundo suas famílias do lado masculino de um mês para cima, eram vinte e dois mil (assim como os hebreus tinham vinte e duas letras e há vinte e dois livros de divina autoridade no Velho Testamento). Que isto é a mesma coisa que foi escrita em Deuteronômio: Então Moisés escreveu esta lei e a deu para os sacerdotes, os filhos de Levi, que levaram a arca da aliança do Senhor e para todos os anciãos de Israel (Agobardo de Lyons, Ao bispo Bernardo, a respeito dos privilégios e direitos do sacerdócio VI).

Referência latina: Et res mira, et vehementer stupenda! Omnes Levitae quos numeraverunt Moyses et Aaron juxta praeceptum Domini per familias suas in genere masculino a mense uno et supra, fuerunt viginti duo millia, sicut viginti duae litterae apud Hebraeos, et viginti duo libri divinae auctoritatis in Veteri Testamento. Ut id ipsum sit quod in Deuteronomio dicitur: Scripsit itaque Moyses hanc legem et tradidit eam sacerdotibus filiis Levi, qui portabant arcam foederis Domini, et cunctis senioribus Israelis. (Agobardo de Lyons, Ad Bernardum Episcopum, De Privilegio et Jure Sacerdotii VI. PL 107:133C).

41. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

42. XVIII. Enquanto o testemunho apropriado para seu erro frustou sua perversidade aos profetas de Deus, você estabeleceu a si mesmo para falar de um certo novo profeta: tenha misericórdia, Senhor do povo chamado por seu nome e de Israel onde nomeaste seu primogênito! Você também adicionou a esta opinião tal interpretação: a própria igualdade, você diz, não está na divindade, mas só na humanidade e na tomada na carne, que ele recebeu da Virgem. Eis a fraude em nome de um profeta! Eis a perversidade na interpretação desta ideia. E não em vão é apropriado que o novo estudioso encontre para si mesmo um novo profeta. Assim como o Rei Jeroboão se apartando da verdadeira adoração de Deus estabeleceu para si mesmo novos deuses, para que ele, perdido, pudesse desviar o povo sujeito a ele; sobre isto foi previsto muito antes em Deuteronômio: Ele abandonou o Deus que o fez e zombou da Rocha de sua salvação; assim você, apartando-se do verdadeiro Deus e do próprio Filho de Deus, estabeleceu um Deus nominativo e um Filho adotado redentor para si mesmo, a quem nossos pais não conheceram. Mas você abandonou o Deus que te libertou e esqueceu do Deus seu redentor. No livro de Jesus filho de Siraque esta referida ideia é lida, que os abençoados Jerônimo e Isidoro julgaram, sem dúvida, estar entre os apócrifos, ou seja, escrituras duvidosas (Alcuíno, Adversus Elipandum Toletanum, Liber Primus XVIII. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Dum tuae perversitati defecerunt in prophetis Dei testimonia errori tuo convenientia, finxisti tibi novum quemdam prophetam dixisse: Miserere, Domine, plebi tuae, super quam invocatum est nomen tuum, et Israel, quem coaequasti primogenito tuo. Addidisti quoque huic sententiae talem interpretationem: Aequalitas, inquis, ista non est in divinitate, sed in sola humanitate, et in carne adoptiva, quam accepit de Virgine. Ecce falsitas in nomine prophetae! Ecce perversitas in interpretatione sententiae! Et non frustra oportebat novum doctorem, novum sibi invenire prophetam. Sicut Jeroboam rex a veri Dei cultu recedens novos sibi finxit deos, ut perditus subjectum sibi perderet populum; de quo multo ante praedictum est in Cantico Deuteronomii: Dereliquit Deum factorem suum, et recessit a Deo salutari suo; sic tu a vero Deo et proprio Filio Dei recedens, nuncupativum Deum et adoptivum filium redemptorem tibi fingis, quem non noverunt patres nostri. Tu vero Deum qui te liberavit, dereliquisti, et oblitus es Dei Redemptoris tui. In libro Jesu filii Sirac haec praefata sententia legitur, quem librum beatus Hieronymus atque Isidorus inter apocryphas, id est, dubias Scripturas, deputatum esse absque dubitatione testantur (Alcuino, Adversus Elipandum Toletanum, Liber Primus XVIII. PL 101:253C-254A).

43. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

44. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

45. A mesma Igreja poderia também, de acordo com outra interpretação, ser representada nos vinte e quatro anciãos. Pois este número é composto do número seis e do número quatro, porque quatro seis resultam em vinte e quatro. O número seis se refere a obras, porque o Deus Todo Poderoso completou sua obra em seis dias, e no sexto dia, na sexta hora, redimiu o homem. O número quatro, contudo, se refere aos quatro livros dos Evangelhos. Porque, contudo, a Santa Igreja, seja no Velho ou no Novo Testamento, relembra e venera as obras de Deus, e preserva os livros dos Santos Evangelhos, ela [ou seja, a Igreja] é também justamente compreendida nos vinte e quatro anciãos, ou certamente de acordo com os vinte e quatro livros do Velho Testamento, que são usados de acordo com a autoridade canônica, onde o Novo Testamento e aquelas coisas que são trazidas a um cumprimento nele são reconhecidamente preditas. Daí também o Evangelista diz dos dois ladrões que foram crucificados com Cristo: isto foi feito para que as Escrituras fossem cumpridas, que dizem, 'E ele foi contado entre os ímpios...'

E cada um dos quatro animais tem seis asas. As asas dos animais significam os dois Testamentos, pelos quais a Igreja é carregada aos céus. Contudo, enquanto há dois Testamentos, as asas espirituais da mesma Igreja, em respeito a este testamento duplo, que é encontrado nas doze tribos de Israel, ou nos doze apóstolos, estas asas são multiplicadas, dois por doze, e elas geram vinte e quatro asas. Pois dois dozes são vinte e quatro. De outra forma, o número doze consiste nas partes do número sete, ou seja, do número três e o número quatro. Nós podemos dizer ou quatro três ou três quatros fazem doze, que é um número sagrado, o número dos doze Apóstolos. No número três, fé na Santa Trindade é entendida, e no número quatro, as quatro partes do mundo. Doze então é multiplicado por dois e temos vinte e quatro. O número dos eleitos é expresso em termos deste número, por cuja pregação a fé na Santa Trindade é espalhada nos quatro cantos do mundo, e o mundo inteiro é elevado aos céus. Nós também podemos entender estas asas de outra forma. A lei natural é entendida na primeira asa, a Lei de Moisés na segunda asa, na terceira os profetas, na quarta os Evangelhos, na quinta as Epístolas dos Apóstolos, na sexta a autoridade canônica ou a doutrina de homens católicos como Jerônimo, Agostinho e outros santos pais (Haymo de Halberstadt, Exposição do Apocalipse de São João, Livro 7, Livro I, Capítulo IV. PL 117:1007, 1010. Tradução de Catherine Kavanaugh, University of Notre Dame).

Referência latina: Potest et sub alio intellectu eadem Ecclesia figurari in viginti quatuor senioribus. Constat enim hic numerus ex senario et quaternario, quia quater seni viginti quatuor sunt. Senarius refertur ad operationem, quia sex diebus Deus omnipotens omnia opera sua perfecit, et sexto die atque sexta hora hominem redemit. Quaternarius vero ad quatuor libros sancti Evangelii pertinet. Quia ergo sancta Ecclesia sive in Veteri Testamento sive in Novo, Dei operationem recolit, et veneratur, et libros sancti Evangelii custodit, et recte in viginti quatuor senioribus comprehenditur, vel certe propter viginti quatuor libros Veteris Testamenti, quibus utitur secundum canonicam auctoritatem, in quibus Novum Testamentum, et ea quae in eo completa sunt praenuntiata cognoscit. Unde et Evangelista dicit (Marc. XV) de duobus latronibus qui cum Domino sunt crucifixi: ideo hoc factum, ut impleretur Scriptura, quae dicit: Et cum iniquis deputatus est (Isa. LIII). (Haymo de Halberstadt, Expositionis In Apocalypsin B. Joannis, Libri Septem, Livro I, Capítulo IV. PL 117:1007)

Et quatuor animalia singula eorum habebant alas senas. Alae animalium significant duo Testamenta, quibus Ecclesia ad coelestia supportatur: sed cum duo sint Testamenta, ejusdem Ecclesiae spirituales alae, propter geminum testamentum, quod in duodecim tribubus Israel, vel in duodecim apostolis invenitur, ipsae alae per binarium duodecies multiplicantur, et viginti quatuor alas reddunt. Bis enim duodeni viginti quatuor sunt. Aliter duodenarius numerus constat ex partibus septenarii, id est ex tribus et quatuor. Sive etiam dicamus, ter quaterni, sive quater terni duodecim fiunt, qui numerus sacratus est numero duodecim apostolorum. In ternario autem fides sanctae Trinitatis intelligitur. In quaternario autem quatuor mundi partes. Ducatur ergo duodenarius per binarium, et efficiuntur viginti et quatuor. Quo numero summa electorum exprimitur, quibus fidem sanctae Trinitatis per quadripartitum orbem praedicantibus, totus mundus ad coelestia sustollitur. Possumus et has alas senas aliter intelligere. Prima ala intelligitur lex naturalis, secunda lex Moysi, tertia prophetae, quarta Evangelium, quinta Epistolae apostolorum, sexta canonica auctoritas, sive doctrina catholicorum virorum, Hieronymi, Augustini, caeterorumque sanctorum Patrum (Haymo de Halberstadt, Expositionis In Apocalypsin B. Joannis, Libri Septem, Livro I, Capítulo IV. PL 117:1010).

46. A Igreja pode ser representada nos vinte e quatro anciãos sob uma diferente interpretação em relação à perfeição do seis que são completos nos quatro livros do santo Evangelho. Pois o número seis é tido como perfeito, por esta razão que se pensa que Deus completou toda sua obra e na sexta era do mundo é dito que ele reformou o homem. E assim já que a Igreja cumpre as obras dos Pais do Velho e Novo Testamentos completos nas seis eras do mundo, assim como em seis dias, e os quatro livros do santo Evangelho, tudo é corretamente descrito nos vinte e quatro anciãos. Pois quatro vezes seis fazem vinte e quatro. Ou certamente, já que ela usa vinte e quatro livros do Testamento mais velho que ela aceita com autoridade canônica onde ela também reconhece que o Novo Testamento foi revelado, a Igreja é então figurada em vinte e quatro anciãos. Por esta razão, a pregação do Novo Testamento é frutífera já que foi fortalecida do Velho, assim como a Igreja toma o número destes mesmos [livros], pelo qual é aperfeiçoada em santidade. (Ambrósio Autperto, Expositionis in Apocalypsin, Libri III (4, 4). Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Potest autem sub alio intellectu in uigintiquattuor senioribus Ecclesia figurari, propter senariam scilicet perfectionem, quae per quattuor sancti Euangelii libros consummatur. Senarius etenim numerus ideo perfectus habetur, quia in sex diebus cuncta opera sua Deus fecisse perhibetur, atque in sexta mundi aetate hominem reformasse narratur. Quia itaque siue Veteris, siue Noui Testamenti Patrum opera, in sex mundi aetatibus tamquam sex diebus peracta, quattuor sancti Euangelii libros adimplet Ecclesia, recte in uigintiquattuor senioribus tota describitur. Quater enim seni, uigintiquattuor faciunt. Vel certe, quia prioris Testamenti uigintiquattuor libris utitur, quos et auctoritate canonica suscepit, in quibus etiam Nouum Testamentum reuelatum agnoscit, idcirco uigintiquattuor senioribus Ecclesia figuratur. Ideo enim est Noui Testamenti praedicatio fructuosa, quia ex Veteri roborata, tamquam scililicet ab eisdem trahat numerum Ecclesia, quibus in sanctitate perficitur (Ambrosii Autperti, Expositionis in Apocalypsin, Libri III (4, 4), Cura et Studio, Roberti Weber O.S.B., Turnholti, Typographi Brepols Editores Pontifici, MCMLXXV).

47. Nas Sagradas Escrituras há quatro tipos de discurso: histórico, profético, proverbial e simples. História é o relato de eventos passados, como nos cinco livros de Moisés. Apesar das questões a respeito do que está se escrevendo serem cheias de figuras, o legislador declara aquelas coisas ou ordenadas pelo Senhor ou cumpridas por si mesmo ou seu povo. Da mesma forma, os livros de Josué, Juízes, Rute, Reis, Crônicas, Esdras, Ester, os quatro Evangelhos e os Atos dos Apóstolos estão relacionados à história sagrada. Pois Tobias, Judite e Macabeus, apesar de serem lidos para a instrução da Igreja, não possuem completa autoridade. O discurso é profético quando coisas futuras são preditas. Isto se encontra nos Salmos, Isaías, Ezequiel, Daniel e os doze profetas. Este discurso é dito em linguagem clara, como aquele em Isaías “Eis que uma jovem mulher conceberá”. Em que ele faz uso de muitas coisas proverbiais como aquele mesmo autor na mesma questão: “Virá um rebento da raiz de Jessé, e um ramo crescerá de suas raízes”. O tipo proverbial é uma linguagem figurada, algumas vezes ressoante, algumas vezes sentimental e tratando de moral. Pois também os profetas, como dissemos, frequentemente tomam isto para si, mas nunca ele é especialmente atribuído ao ensino moral. Este é recebido nos provérbios de Salomão, no Cântico dos cânticos, na Sabedoria, em Eclesiástico. Jó é também julgado parcialmente histórico, parcialmente profético e parcialmente proverbial. Eclesiastes é também proverbial em parte, mas em boa parte procura a doutrina em uma forma simples. Doutrina é simples quando ensina simplesmente a respeito da fé e moral (Radulfo Falvicêncio, Comentário em Levítico, Prefácio ao livro XIV. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: In sacra Scriptura species dictionis quatuor sunt: historica, prophetica, prouerbialis, & simpliciter docens. Historia est praeteritarum rerum narratio, ut in quinque libris Moysi. In quibus licet res de quibus agitur, plenae sint figuris: historialiter tamen lagislator ea vel à Domino iussa , vel à se & à populo illo completa esse pronunciat. Item Iesu Naue liber, Iudicum, Ruth, Regum , Paralipomenon, Ezras, Esther, quatuor Euangelica , Actus Apostolorum, ad diuinam historiam pertinent. Nam Thobias, Iudith & Machabaeorum, quamuis ad instructionem Ecclesiae legantur, perfectam tamen non habent autoritatem. Prophetica locutio est, cum futura praedicuntur. Ista in Psalmis reperitur; Isaia, Ieremia, Iezechiele, Daniele, duodecim Prophetis. Haec plano sermone nonnulla pronunciat, ut est illud Isaiae: Ecce virgo concipiet, & pariet filium. In quam plurimis prouerbiali utitur, ut idem de eadem re: Exiet virga de radice esse,& flos de radice eius ascendet. Prouerbialis species est figurata locutio, aliud sonans & aliud sentiens, & dt moribus tractans. Nam & prophetiae (ut diximus) hanc sibi saepe assumunt: sed tamen praecipuae morali doctrinae, asscribitur. Haec in prouerbiis Salomonis accipitur, in Canticis Canticorum, in Sapientia, in Ecclesiastico , Iob autem pàrtim hisoricus, partim propheticus, partim vero prouerbialis inuenitur. Ecclesiastes quoq; prouerbialis in parte; sed in maiori simplicê doctrinam prosequitur. Simplex doctrina est, quae de fide ac moribus simpliciter docet (Radulphus Falvicencius, Leuiticum Moysi, Liber Decimusquartus, Praefatio.).

48. George Tavard, Holy Writ or Holy Church (London: Burns & Oates, 1959), pág. 16.

49. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

50. Depois de mostrarmos qual é o tema das divinas Escrituras e como o tema é tratado em um sentido triplo, histórico, alegórico e tropológico, agora é apropriado mostrar em quais livros aquilo que é reconhecido em nome do divino julgamento ser Escritura. Há dois Testamentos que incluem todas as divinas Escrituras em um corpo: o Velho e o Novo. Ambos são divididos em três ordens. O Velho Testamento contém a Lei, os Profetas e os Hagiógrafos, que interpretado significa ou os santos escritores ou as santas coisas escritas. Há cinco volumes na Lei: que são Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Gênesis se origina de geração, Êxodo de 'saída' – saindo – Levítico de levitas, o livro de Números porque nele os filhos de Israel são contabilizados, Deuteronômio por causa da Lei, e em hebraico 'bresith', 'hellesmoth', 'vagetra', 'vegedaber', 'adabarim'.

Há oito volumes na ordem dos Profetas. O primeiro é o livro de Josué, que também é chamado de Jesu Nave e Josue Bennun, isto é, filho de Nun; o segundo livro de Juízes, que é chamado Sophthim, o terceiro livro de Samuel, que é o primeiro e segundo livro dos Reis, o quarto é Malachi, que é entendido como o de Reis, que é o terceiro e quarto de Reis; o quinto Isaías, o sexto Jeremias; o sétimo Ezequiel; o oitavo livro dos doze profetas, que é chamado de 'thareasra'. Eles são chamados proféticos porque eles são 'dos profetas', contudo nem tudo é profecia. Um profeta também é assim chamado por causa de três coisas: o ofício, a graça e a missão. A palavra é também frequentemente encontrada em uso comum para indicar profetas que são profetas ou por causa do ofício de profeta ou por causa de serem claramente enviados como profetas, como no caso aqui. De acordo com esta definição, Davi e Daniel e vários outros não são chamados de profetas, mas hagiógrafos. Há nove livros na ordem dos Hagiógrafos: primeiro Jó, segundo o livro dos Salmos, terceiro os Provérbios de Salomão, que são chamados 'Parabolae' em grego e 'Masloth' em hebraico, o quarto Eclesiastes que é traduzido como 'coeleth' em hebraico e 'concionator' [lit.: o instrutor do povo, palestrante] em latim; o quinto, 'syra syrim', ou seja, o Cântico dos cânticos; o sexto Daniel, o sétimo Paralipomenon, que em latim é chamado As Palavras dos Dias e em hebraico é chamado 'dabreniamin'; o oitavo Esdras e o nono Ester. Todos estes são, cinco, oito e nove, resultando em vinte e dois, assim como o número das letras no alfabeto hebraico, de forma que a vida do justo seja instruída no caminho da salvação por número de livros igual às letras que educam as línguas dos conhecedores em eloquência. Há outros livros além destes no Velho Testamento, que algumas vezes são lidos, mas eles não foram escritos no corpo do texto ou no cânon autorizativo, como os livros de Tobias, Judite e os Macabeus, e o chamado Sabedoria de Salomão e Eclesiástico. O Novo Testamento contém Evangelhos, Apóstolos e Pais. Há quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Igualmente há quatro volumes dos escritos apostólicos: os Atos dos Apóstolos, as Epístolas de São Paulo, as Epístolas Canônicas e o Apocalipse, que adicionados aos vinte e dois livros do Velho Testamento mencionados acima fazem trinta, e as Sagradas Escrituras são completas neste corpo. Os escritos dos Pais não são contados no corpo deste texto, porque eles não adicionam nada a ele, mas eles explicam o que há naqueles mencionados, e eles os estendem mais amplamente e fazem-no mais claro. (Hugo de São Vitor, De sacramentis. Prólogo, Cap. VII. PL 176:185D-186D. Tradução de Catherine Kavanaugh, University of Notre Dame).

Referência latina: Postquam demonstravimus quae sit materia divinarum Scripturarum et qualiter de subjecta sibi materia tractent in triplici sensu, historiae, allegoriae, tropologiae, nunc ostendere convenit in quibus libris ea quae jure divinitatis nomine censetur, scriptura consistat. Duo sunt Testamenta quae omne divinarum Scripturarum corpus concludunt: Vetus scilicet et Novum. Utrumque tribus ordinibus distinguitur. Vetus Testamentum continet legem, prophetas, hagiographos, quod interpretatum sonat sanctos scriptores vel sancta scribentes. In lege continentur quinque volumina; scilicet Genesis, Exodus, Leviticus, Numeri, Deuteronomium. Genesis autem a generatione dicitur; Exodus ab exitu; Leviticus a levitis. Liber numeri, quia in eo numerantur filii Israel. Deuteronomium secunda lex, Hebraice autem, bresith, hellesmoth, vagetra, vegedaber, adabarim: In ordine prophetarum octo sunt volumina. Primus liber Josue, qui et Jesu Nave, et Josue Bennun, id est filius Nun; secundus liber Judicum, qui dicitur Sopthim; tertius liber Samuelis, qui est primus et secundus Regum; quartus Malachim quod interpretatur regum, qui est tertius et quartus Regum; quintus Isaias; sextus Jeremias; septimus Ezechiel; octavus liber duodecim prophetarum qui dicitur, thareasra. Hi prophetici dicuntur eo quod prophetarum sunt, etiamsi non omnes prophetiae sint. Propheta autem tribus modis dicitur: officio, gratia, missione. Vulgo autem usitato vocabulo magis prophetae vocantur, qui vel officio vel aperta missione prophetae sunt; sicut in hoc loco. Secundum quam acceptionem David et Daniel et caeteri complures, prophetae non dicuntur, sed hagiographi. In ordine hagiographorum novem volumina continentur. Primum Job; secundum liber Psalmorum; tertium Proverbia Salomonis quae Graece parabolae, Hebraice, masloth, dicuntur; quartum Ecclesiastes, qui Hebraice, coeleth, Latine concionator interpretatur; quintum, syra syrim, id est Cantica canticorum; sextum Daniel; septimum Paralipomenon, quod Latine sonat verba dierum, Hebraice, dabreniamin, dicitur; octavum Esdras; nonum Esther. Qui omnes, id est quinque octo novem: similiter faciunt viginti duos quot litteras etiam alphabetum continet Hebraicum, ut totidem libris erudiatur vita justorum ad salutem, quot litteris lingua discentium ad eloquentiam instruitur. Sunt praeterea in Veteri Testamento alii quidam libri qui leguntur quidem, sed in corpore textus vel in canone auctoritatis non scribuntur. Ut est liber Tobiae et Judith, et Machabaeorum et qui inscribitur liber Sapientiae Salomonis et Ecclesiasticus. Novum Testamentum continet Evangelia, apostolos, Patres. Evangelia quatuor sunt: Matthaei, Marci, Lucae, Joannis. Apostolica volumina similiter quatuor: Actus apostolorum; Epistolae Pauli; Canonicae Epistolae, Apocalypsis: qui juncti cum superioribus viginti duobus Veteris Testamenti, triginta complent, in quibus corpus divinae paginae consummatur. Scriptura Patrum in corpore textus non computantur; quia non aliud adjiciunt, sed idipsum quod in supradictis continetur explanando et latius manifestiusque tractando extendunt (Hugo de São Vitor, De Sacramentis, Prólogo, Cáp. VII. PL 176:185D-186D.

51. F.F. Bruce, The Canon of Scripture (Downers Grove: Intervarsity, 1988), págs. 99 e 100.

52. As Sagradas Escrituras estão contidas em dois testamentos, a saber, o Velho e o Novo. Cada testamento é dividido em três subseções: o Velho contém a lei, os profetas e os hagiógrafos. O novo contém os evangelhos, os apóstolos e os pais. A primeira subseção do Velho Testamento é a lei, que os hebreus chamam thorath, e contém o Pentateuco, que são os cinco livros de Moisés. Nesta subseção o primeiro é Beresith, que é Gênesis; segundo Hellesmoth, que é Êxodo; terceiro é Vagethra, que é Levítico; quarto Vagedaber, que é Números; quinto Elleaddaberim, que é Deuteronômio. A segunda subseção é dos profetas e contém oito livros. O primeiro é Bennum, ou seja, Filho de Nun, que é chamado Josué e Jesus e Jesus Nave. O segundo é Sathim, que é Juízes; terceiro Samuel, que é o primeiro e segundo de Reis; quarto Malachi, que é terceiro e quarto de Reis; quinto Isaías; sexto Jeremias; sétimo Ezequiel; oitavo Thereasra, que é o dos doze profetas. A terceira subseção tem nove livros. O primeiro é Jó, o segundo Davi, terceiro Masloth, que em grego é Parabolae mas em latim é Provérbios, ou seja, de Salomão; quarto Coeleth, que é Eclesiastes; quinto Sirasirim, que é o Cântico dos cânticos; sexto Daniel, sétimo Dabreiamin, que é Crônicas; oito Esdras; nove Ester. Todos eles se somam até o número vinte e dois. Além do mais, há certos outros livros, como a Sabedoria de Salomão, o livro de Jesus filho de Siraque e o livro de Judite e Tobias, e o livro dos Macabeus que são lidos mas não são considerados no cânon. (Ricardo de São Vitor, Tractatus Exceptionum: Qui continet originem et discretionem artium, situmque terrarum, et summam historiarum; distinctus in quatuor libros. Book II, Cap. IX. De duobus Testamentis. P.L. 177:193. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Omnis divina Scriptura in duobus Testamentis continetur, Veteri videlicet et Novo. Utrumque Testamentum tribus ordinibus distinguitur, Vetus Testamentum continet legem, et prophetas et agiographos. Novum autem: Evangelia, Apostolos, Patres. Primus ordo Veteris Testamenti, id est, lex quam Hebraei Torath nominant, Pentateuchum, id est quinque libros Moysi continet hoc ordine: Primus est Bresith, id est Genesis; secundus Hessesmot, id est Exodus; tertius Vagethra, qui est Leviticus; quartus Vagedaber, qui est Numeri; quintus Adabarim, qui est Deuteronomion. Secundus ordo est Prophetarum. Hic continet octo volumina: Primum, Josue Hennum, id est filium, Num, qui et Josue, et Jesus Nave, et Jesus nuncupatur; secundum, Soptim, qui est liber Judicum; tertium, Samuel, qui est primus et secundus Regum; quartum, Malachim, qui est tertius et quartus Regum; quintum, Isaiam; sextum, Jeremiam; septimum, Ezechielem; octavum, Thareastra, qui est liber duodecim prophetarum. Tertius ordo est agiographorum. Hic continet novem libros. Primus est Job; secundus Psalterium; tertius Maslot, qui Graece Parabolae, Latine Proverbia sonat; quartus Celeth, qui est Ecclesiastes; quintus Sira sirim, id est Cantica canticorum; sextus Daniel; septimus Dabreniamin, qui est Paralipomenon; octavus Esdras; nonus Esther. Omnes vero numero viginti quatuor. Sunt praeterea et alii libri, ut Sapientia Salomonis, liber Jesu filii Sirach, et liber Judith, et Tobias, liber Machabaeorum, qui leguntur quidem, sed non scribuntur in Canone (Ricardo de São Vitor, Tractatus Exceptionum: Qui continet originem et discretionem artium, situmque terrarum, et summam historiarum; distinctus in quatuor libros. Livro II, CAP. IX. De duobus Testamentis. P.L. 177:193).

53. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

54. E então eu fiquei feliz de, para seu bem, tomar as questões propostas e respondê-las, com permissão feita por minhas presentes oportunidades e deveres urgentes, não como eu faria, mas da melhor maneira que eu posso por enquanto. As questões são: o que eu acho ser o número dos livros no Velho e Novo Testamentos e quem são seus autores... Sobre o número de livros eu acho várias e diferentes opiniões dadas pelos pais em minhas leituras; e eu assim sigo a Jerônimo, mestre da Igreja Católica, a quem eu considero ser a testemunha mais certa em estabelecer a base da interpretação literal. Assim como é aceito que há vinte e duas letras no alfabeto hebraico, assim eu acredito sem dúvida que há vinte e dois livros no Velho Testamento, divididos em três categorias. A primeira contém o Pentateuco, que são os cinco livros de Moisés, que são divididos neste número para representar os diferentes sacramentos, apesar do tema histórico ser admissivelmente contínuo. Estes são Gênesis, Êxodo, Levítico, Número e Deuteronômio. A segunda contém profecias e é totalizada em oito livros. A razão porque eles devem ser chamados de profecias e os outros não, apesar de alguns deles parecerem narrar história direta, enquanto outros como Daniel e o livro de Salmos, embora descrevam profecias, não são reconhecidos entre os livros proféticos, não estava entre as questões colocadas para mim; nem minha limitação de tempo ou pergaminho me permitem expor isto agora, nem ainda a impaciência do mensageiro. Entre estes, então, estão contados Josué, Juízes, ao qual Rute está anexado, já que a história contada nele transcorre nos dias dos juízes; também Samuel, cuja história se completa nos primeiros dois livros dos Reis, e Malachim, nos dois seguintes. Estes são seguidos por Isaías, Jeremias, Ezequiel – reconhecido como um livro cada – e o livro dos Doze Profetas. A terceira categoria consiste dos Hagiógrafos, contendo Jó, o Saltério, Provérbios, Eclesiastes, o Cântico dos cânticos, Daniel, Crônicas, Esdras e Ester. E assim o total de vinte e dois livros do Velho Testamento é obtido, apesar de alguns reconhecerem que Rute e as Lamentações de Jeremias deveriam ser adicionados ao número dos Hagiógrafos, e assim o total subiria para vinte e quatro. Tudo isto é encontrado no prólogo ao livro dos Reis, que São Jerônimo chama de frente blindada de todas as escrituras que ele mesmo fez fluir das fontes hebraicas para o entendimento daqueles de idioma latim. O livro de Sabedoria, Eclesiástico, Judite, Tobias e o Pastor não são reconhecidos no cânon, como São Jerônimo afirma, nem o livro de Macabeus, que é dividido em dois, onde o primeiro tem o aroma da eloquência hebraica, o segundo da grega, como seu estilo prova. Se o livro chamado Pastor sobrevive em algum lugar, eu não sei, mas é certo que Jerônimo e Beda dão testemunho que eles o viram e leram.

A estes são adicionados oito livros do Novo Testamento; eles começam com os Evangelhos de Mateus, de Marcos, de Lucas e de João, e as quinze Epístolas de Paulo reunidas em um livro. Apesar de ser opinião comum, de fato quase universal, que há somente quatorze Epístolas de Paulo, dez para igrejas, quatro para indivíduos, se de fato a Epístola aos Hebreus deve ser reconhecida entre elas – e Jerônimo, o mestre dos mestres, parece imputá-la a ele em seu prefácio, quando ele demole os argumentos daqueles que defendem que não é de Paulo. Mas a décima quinta é aquela que é escrita para a igreja dos Laodiceanos, e apesar de ser rejeitada por todas as autoridades, como Jerônimo diz, ainda foi escrita pelo Apóstolo; esta opinião não foi baseada na opinião de outros homens, mas no certo fundamento do próprio testemunho do Apóstolo. Ele lembra na Epístola aos Colossenses nestas palavras: 'E quando esta carta for lida entre vós, faça-a ser lida também na igreja dos Laodiceanos; e busque ler também para vós a carta dos Laodiceanos'. Segue-se sete epístolas canônicas em um livro, então o Ato dos Apóstolos em outro e finalmente o Apocalipse.

É a bem conhecida e indubitável tradição da Igreja que este é o número dos livros que são aceitos no cânon das Escrituras Sagradas; que gozam de tão grande autoridade entre todos os homens, que nenhum lugar resta em mentes sãs para dúvida ou contradição, mas que eles foram escritos pelo dedo de Deus. Um aviso justo e legal e uma condenação como pecador recai sobre aquele que por vias de discurso ou atos, especialmente no fórum dos fiéis, não aceita, abertamente e publicamente, a moeda prateada desta expressão divina, apurada pelo fogo do Santo Espírito, purificada de toda impureza e ferrugem por uma limpeza sétupla. Que a fé encontre um descanso certo nestes fatos e naquelas coisas que encontram seu suporte provado e justificado neles; já é um infiel ou um herege aquele que ousa rejeitá-los. (João de Salisbury, As cartas de João de Salisbury, W.J. Millor S.J. e C.N.L. Brooke, editores (Oxford: Clarendon, 1979), Carta 209, págs. 317, 319, 321, 323, 325).

Referência latina: Mihi itaque pro vobis complacuit, ut propositas exciperem quaestiones, et eis, habita ratione temporis et inevitabilium necessitatum, responderem, etsi non pro voto, certe pro tempore. Quaesitum vero est quem credam numerum esse librorum Veteris et Novi Testamenti, et quos auctores eorum,.. Quia ergo de numero librorum diversas et multiplices Patrum lego sententias, catholicae Ecclesiae doctorem Hieronymum sequens, quem in construendo litterae fundamento probatissimum habeo, sicut constat esse XXII litteras Hebraeorum, sic XXII libros Veteris Testamenti in tribus distinctos ordinibus indubitanter credo. Et primus quidem ordo Pentateuchum continet, quinque scilicet libros Moysi sic pro sacramentorum varietate divisos, et si continuam de historia constet esse materiam. Hi sunt Genesis, Exodus, Leviticus, liber Numerorum, Deuteronomium. Secundus ordo continet prophetias, et octo libris expletur, qui quare prae caeteris dicantur prophetiae, cum aliqui eorum nudam referre videantur historiam, et alii prophetiam texentes, sicut Daniel, liberque Psalmorum, in propheticis non censeantur operibus, nec in quaestione propositum est, nec temporis, aut schedae angustia nunc patitur explicare, sed nec instantia portitoris. In his ergo numerantur, Josue, liber Judicum, cui compingitur et Ruth, quoniam in diebus Judicum, facta narratur historia, itemque Samuel, qui in duobus primis Regum voluminibus, et Malachim, qui in duobus sequentibus expletur, quos sequuntur voluminibus singulis, Isaias, Jeremias, Ezechiel, liber XII prophetarum in hagiographis consistit. Tertius ordo continens Job, Psalterium, Eccles. Cantica canticorum, Danielem, Paralipomenon, Esdram et Esther.

Et sic colliguntur in summa XXII libri Veteris Testamenti, licet nonnulli librum Ruth et Lamentationes Jeremiae, in hagiographorum numero censeant supputandos, ut in XXIV summa omnium dilatetur. Et haec quidem inveniuntur in prologo libri Regum, quem beatus Hieronymus vocat galeatum principem omnium Scripturarum, quae ab ipso de fonte Hebraeorum manaverunt ad intelligentiam Latinorum. Liber vero Sapientiae, et Ecclesiasticus, Judith, Tobias et Pastor, ut idem Pater asserit, non reputantur in Canone, sed neque Machabaeorum liber, qui in duo volumina scinditur, quorum primum Hebraeam redolet eloquentiam, alterum Graecam, quod stylus ipse convincit, ille autem qui Pastor inscribitur, an alicubi sit nescio, sed certum est quod Hieronymus et Beda illum se vidisse et legisse testantur.

His adduntur Novi Testamenti octo volumina, scilicet Evangelium Matthaei, Marci, Lucae, Joannis, Epistolae Pauli XV uno volumine comprehensae, licet sit vulgata, et fere omnium communis opinio non esse nisi XIV, decem ad Ecclesias, quatuor ad personas: si tamen illa quae ad Hebraeos est, connumeranda est Epistolis Pauli, quod in praefatione ejus astruere videtur doctorum doctor Hieronymus, illorum dissolvens argutias, qui eam Pauli non esse contendebant. Caeterum, quinta decima est illa quae Ecclesiae Laodicensium scribitur, et licet, ut ait Hieronymus, ab omnibus explodatur, tamen ab Apostolo scripta est: neque sententia haec de aliorum praesumitur opinione, sed ipsius Apostoli testimonio roboratur. Meminit enim ipsius in Epistola ad Colossenses his verbis: Cum lecta fuerit apud vos haec epistola, facite ut in Laodicensium Ecclesia legatur, et ea quae Laodicensium est legatur vobis. Sequuntur Epistolae Canonicae VII in uno volumine, deinde Actus apostolorum in alio, et tandem Apocalypsis.

Et hunc quidem numerum esse librorum, qui in sacrarum Scripturarum canonem admittuntur, celebris apud Ecclesiam et indubitata traditio est, quae tanta apud omnes vigent auctoritate, ut contradictionis aut dubietatis locum sanis mentibus non relinquant, quia conscriptae sunt digito Dei. Jure ergo et merito cavetur, et condemnatur ut reprobus, qui in morum verborumque commercio, praesertim in foro fidelium, hujus divini eloquii passim et publico non admittit argentum, quod igne Spiritus sancti examinatum est, purgatum ab omni faece terrena et macula purgatur septuplum. Istis ergo secure fides incumbat et illis, quae hinc probatum et debitum accipiunt firmamentum, quoniam infidelis aut haereticus est qui eis ausus fuerit refragari (João de Salisbury, Epístola 143: Ad Henricum Comitem Campaniae (A. D. 1165-66.). PL 199:124-127).

55. E assim, a respeito do ventre de Jesus, onde todos os depósitos de sabedoria e conhecimento estão escondidos, assim como um monte de trigo cercado de lírios, vinte e quatro pães (de acordo com o número de anciãos de pé às vistas do Cordeiro) para refrear toda a fome, curar toda a doença, remover toda a fraqueza, contudo com muito cuidado eu fui capaz de reunir neste pequeno livro ao me separar das linhas de batalha das transbordantes preocupações. Pois este número tanto de filhos de Jacó quanto de apóstolos de Cristo significa duas vezes o número doze. E assim sob este número estão contidos os livros do Velho Testamento. E assim a completa instrução das almas é oferecida deste número de livros e nenhum refresco menor é tomado deste número de pães. E assim correndo do leste e oeste e norte e sul para o sinal de Abraão para que eles não falhem no caminho, eles refrescam a si mesmos com os pães da comparação do Senhor e eles mostram o perpétuo refrigério de suas falhas (Pedro Celense, De Panibus. Cap. 2, PL 202:935-936).

Referência latina: De agro igitur ventris Jesu, in quo sunt omnes thesauri sapientiae et scientiae absconditi, tanquam de acervo tritici vallato liliis, viginti quatuor panes (juxta numerum viginti quatuor seniorum, in conspectu Agni astantium) ad compescendam omnem famem, ad sanandam omnem pestem, et ad removendum omnem languorem; quanta potui sedulitate, interrumpendo curarum exundantium acies, in hoc opusculo collegi. Hic enim numerus, tam filiorum Jacob quam apostolorum Christi, duodenarium numerum duplicatum significat. Sub hoc etiam numero libri continentur Veteris Testamenti. Plenaria igitur instructio animarum praelibatur ex hoc numero librorum, et nihilominus plena refectio apprehenditur ex hoc panum numero. Ab oriente itaque et occidente, a septentrione et meridie ad signum Abrahae concurrentes; ne deficiant in via, de panibus miserationum Domini sese reficiunt, et defectibus suis perpetuam refectionem exhibent (Pedro Celense, De Panibus, Cap 2. PL 202:935-936).

56. Sobre esta (coisa) se algumas vezes por Cristo ela significa misericórdia, através da qual somos salvos e libertados e hoje alguns declaram a respeito disto já que as claras escrituras canônicas nunca mostram que ele sofreu punição. Sobre isto somente o Livro de Sabedoria escreve a respeito, está escrito assim: Sabedoria protegeu o primeiro pai formado do mundo, quando ele foi criado sozinho; ela o livrou de sua transgressão e o deu força para reinar sobre todas as coisas. Mas esta escritura não está no cânon nem tem esta ideia tirada de escrituras canônicas, como as outras coisas que são lembradas dos pais no mesmo livro em honra à sabedoria; por exemplo, ela não abandonou o homem justo que foi vendido (entendendo por José) e o resto... (Rupert de Deutz, Comentário sobre Gênesis, Livro III, Cap. 31).

Referência latina: De quo utrum aliquando per Christum misericordiam consecutus sit, per quam salvati et liberati sumus, hodieque nonnulli dissertant, pro eo quia videlicet nusquam canonica Scriptura testatur illum egisse poenitentiam. In eo duntaxat qui inscribitur liber Sapientiae, de illo sic scriptum est: Haec (subauditur sapientia) illum, qui primus formatus est a Deo, pater orbis terrarum: cum solus esset creatus, custodivit, eduxit illum a delicto suo, et dedit illi virtutem continendi omnia. Verum haec Scriptura neque de canone est; neque de canonica Scriptura sumpta est sententia haec, quomodo caetera quae de patribus in eodem libro cum laude sapientiae commemorantur; verbi gratia, haec venditum justum, subaudis Joseph, non dereliquit, et reliqua (Rupert de Deutz, Commentariorum In Genesim, Livro III, Cap. 31. PL 167:318A-318B).

57. Em volta do trono há vinte e quatro tronos e sentados nos tronos estão vinte e quatro anciãos vestidos com túnicas e coroas douradas em suas cabeças. Assim como no trono do reino de Deus, assim nestes tronos entendemos o poder judicial dos santos, sobre o qual foi escrito, “os santos julgarão as nações”. Mas por que os anciãos sentados nos tronos são vinte e quatro em número? Sobre esta questão as explicações dos Pais divergem. Alguns (de quem São Jerônimo é um e o mais notável) desejam que os anciãos mostrados aqui sejam entendidos como os vinte e quatro livros da velha lei. Alguns outros entendem nestes mesmos anciãos a Igreja nascida dos testamentos gêmeos dos patriarcas e apóstolos, ou certamente aqueles que trouxeram a obra à perfeição, que é louvada seis vezes, através de clara pregação do Evangelho. Pois quatro vezes seis resulta em vinte e quatro. Mas nós julgamos cada interpretação inútil, no entanto ousando trazer algo certo da majestade das escrituras (Comentário de Rupert, Abade de Deutz, Sobre o Apocalipse de João, Livro III, Capítulo IV. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Et in circuitu sedis sedilia viginti quatuor, et super thronos viginti quatuor seniores sedentes circumamicti vestimentis albis, et in capitibus eorum coronae aureae. Sicut in sede regnum Dei, sic in sedilibus judiciariam sanctorum intelligimus potestatem, qua scriptum est: Judicabunt sancti nationes. Quare autem numero viginti quatuor ostenduntur seniores in sedilibus sedentes? Super hoc diversa Patrum expositio est. Nam alii (quorum beatus Hieronymus unus et notissimus) libros priscae legis viginti quatuor hic per totidem seniores figuratos intelligi volunt. Alii nonnulli Ecclesiam per geminum Testamentum de patriarchis et apostolis generatam in eisdem senioribus intelligunt, aut certe illos qui perfectionem operis, quae senario numero commendatur, clara Evangelii praedicatione consummant. Nam quater seni viginti quatuor faciunt. Nos autem et hunc et illum sensum non inutilem approbantes, nihilominus tamen de majestate Scripturarum certum aliquid proferre conemur (Comentário de Rupert, Abade de Deutz, Apocalypsim Joannis Apostoli Commentariorum, Livro III, Cap. IV. PL 169:907C-908A).

58. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

59. A escritura do Velho Testamento é escrita com o Santo Espírito como autor e é dividido em três partes: história, profecia e hagiografia. História dá um relato das coisas passadas, profecia anuncia coisas futuras, hagiografia proclama as alegrias da vida eterna. Este livro (Salmos) toma seu lugar nos hagiógrafos já que ele brilha mais com as joias da eterna terra natal (Honório de Autun, Expositio In Psalmos: De mysterio psalmorum. PL 172.273B. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Scriptura Veteris Testamenti Spiritu sancto auctore scribitur, et in tria, id est in historiam, in prophetiam, in hagiographiam dividitur. Historia est, quae praeterita narrat; prophetia, quae futura nuntiat; hagiographia, quae aeternae vitae gaudia jubilat. Hic liber in hagiographia locum possidet, quia laudibus aeternae patriae plenius refulgent (Honório de Autun, Expositio In Psalmos: De mysterio psalmorum. PL 172.273B).

Em setembro a enfermidade está frequentemente acostumada a acometer os homens por causa da nova produção: e como neste tempo, quando se acostuma a ter grande abundância de coisas, que nós também nos lembramos de que também devemos morrer em tal abundância de coisas e nós pacientemente suportamos as enfermidades daquele tempo. Responsoriais de Jó e Tobias são cantadas, os quais suportaram pesar. Eles não eram reis, por esta razão eles não tinham seus próprios meses, mas são lidos juntos em um mês, através do qual o reino dos assírios é entendido. Aos domingos, onde os responsoriais das histórias de Judite, Esdras e Ester são cantados, e estas mesmas histórias são lidas, o reino dos persas e dos medos é designado. Os livros de Tobias e Judite não estão no cânon entre os hebreus, mas já que eles os aceitam entre seus Hagiógrafos, nós cantamos e lemos deles (Honório de Autun, Operum Pars Tertia.â Liturgica. Sacramentarium, Seu De Causis Et Significatu Mystico Rituum Divini In Ecclesia Officii Liber. Cap. C.â ? De lectionibus in matutinis post Pentecosten. PL 172.800D. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: In Septembri solet saepe infirmitas accidere hominibus propter novos fructus: et ut eo tempore, quo major abundantia rerum esse solet, nos quandoque etiam in tanta rerum abundantia morituros esse recolamus, et infirmitates temporis illius patienter toleremus, canuntur responsoria de Job et de Tobia, qui ambo dolores pertulerunt. Hi non fuerunt reges, ideo non habent singulos menses, sed in uno mense leguntur, per quod regnum Assyriorum intelligitur. Dominicae, in quibus responsoria de historiis Judith, Esdrae et Esther canuntur, et ipsae historiae leguntur, regnum Persarum et Medorum designatur. Liber Tobiae et Judith non sunt in canone apud Hebraeos, sed quia eos in numero Agiographiae [hort. Agiographia, seu Hagiographia] recepit, cantamus et legimus ex eis (Operum Pars Tertia.â 'Liturgica. Sacramentarium, Seu De Causis Et Significatu Mystico Rituum Divini In Ecclesia Officii Liber. Cap. C.â' ? De lectionibus in matutinis post Pentecosten. PL 172.800D).

Sete diáconos estão em serviço ao bispo no lugar dos profetas já que as Escrituras são divididas de sete formas no Novo e Velho Testamentos, que ministram para o Evangelho. O bispo e aqueles que se juntaram a ele estão no meio após o Evangelho, já que ele é um vicário de Cristo, ele segue o Evangelho. O Novo Testamento é dividido em quatro partes, ou seja, os Atos dos Apóstolos, as sete Epístolas canônicas, as quatorze Epístolas paulinas e o Apocalipse; o Velho Testamento em três partes: Lei, Profetas e Salmos. Se houvesse cinco diáconos, eles mostrariam que cinco ministros dos livros ministram para o Evangelho. O bispo no meio, assim como o Evangelho mantém no Novo Testamento o primeiro lugar para os pregadores da história, o segundo para as Epístolas e o terceiro para a profecia, como é no Apocalipse. No Velho Testamento, um é para a lei, e outro para profecia. Se houvesse três, três ministérios de três livros, o Evangelho, a fonte de toda sabedoria no meio, no Novo Testamento dois para a Epístola e Profecia, no Velho um, que é a lei; pois entre os antigos todas as Escrituras são chamadas lei no Novo Testamento. Se houvesse um, ele mostraria um preceito de amor, como é dito: Pois toda a lei é cumprida em uma palavra: 'Amarás seu próximo como a ti mesmo'. O ministério do profeta é demonstrar a verdade do Evangelho a partir dos livros lembrados, e que ele deve ter perante ele a sabedoria dos subdiáconos para que eles possam profetizar em tempo pertinente e iluminar os acólitos, a obra dos doutores, possam terminar expondo livros (Honório de Autun, Operum Pars Tertia.â Liturgica. Sacramentarium, Seu De Causis Et Significatu Mystico Rituum Divini In Ecclesia Officii Liber, cap. xxxiv.â ? De caeremoniis in missa episcopi. PL 172.765A?765B. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Septem diaconi sunt in ministerio episcopi in loco prophetarum, quia Scriptura septempliciter dividitur inter Novum et Vetus Testamentum: quae in Evangelio ministrant. Episcopus et sibi juncti post Evangelium in medio; quia vicarius est Christi, sequitur Evangelium. In Novo Testamento in quatuor, id est actus apostolorum, canonicae Epistolae septem, Epistolae Pauli quatuordecim, Apocalypsis: in Veteri in tria; in legem, in prophetas, in psalmos. Si quinque diaconi fuerint, quinque ministros librorum demonstrant Evangelio ministrare. Episcopus in medio quasi Evangelium habet in Novo Testamento primum ordinem praedicatorum historiae, secundum Epistolae, tertium prophetiae, ut est Apocalypsis: in Veteri unum legis, et alterum prophetiae. Si tres fuerint, tres ministrationes trium librorum; fons omnis sapientiae Evangelium in medio, in Novo Testamento duo Epistolae et prophetiae; in Veteri unum, id est legem; Novo Testamento enim omnis Scriptura apud veteres lex vocatur. Si unus fuerit, unum dilectionis praeceptum ostendit, ut dicitur: Omnis lex in uno sermone impletur, diliges proximum tuum sicut teipsum. Ministerium prophetae est ex memoratis libris evangelicam veritatem approbare, et habeant ante se subdiaconorum sapientiam, ut congruo tempore prophetent: et acolythorum lux doctorum opus expleat exponendo libros (Honório de Autun, Operum Pars Tertia.â Liturgica. Sacramentarium, Seu De Causis Et Significatu Mystico Rituum Divini In Ecclesia Officii Liber, cap. xxxiv.â ? De caeremoniis in missa episcopi. PL 172.765A-765B).

60. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

61. O livro de Josué é assim chamado por causa do nome do autor, que também é chamado Jesus, pois Josué e Jesus são o mesmo nome. Ele também recebe o sobrenome de seu pai Jesus Nave, ou Josué Bennum, ou seja, filho de Nave ou Nun, que são o mesmo. Ele também recebe o sobrenome assim para distingui-lo de Jesu o filho de Siraque, o bisneto de Jesu o grande sacerdote, que escreveu Eclesiástico. Note também que de acordo com os hebreus a segunda ordem do Velho Testamento começa aqui. Eles distinguem o Velho Testamento em três ordens: a primeira eles chamam de Lei, a segunda, os Profetas e a terceira os Hagiógrafos. Eles colocam os cinco livros de Moisés na Lei, oito nos Profetas, Josué, Juízes, Samuel, Malachi, Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas. Nos Hagiógrafos eles colocam nove livros do Velho Testamento, que estão acima. Eles são chamados Hagiografias, ou seja, os escritos de santos homens, e este nome é comum a todos os livros das Sagradas Escrituras, e por causa destes nove serem não mais importantes que os outros eles são listados sob o nome comum como seu nome, assim como a palavra 'confessor' é a palavra geral para todos os santos, e ainda, alguns deles, de acordo com alguma distinção especial que eles possuem, são listados sob outros nomes: alguns são chamados 'apóstolos', outros 'mártires' e assim por diante... (Pedro Comestor, Historia Scholastica, Historia Libri Josue. Incipit praefatio in historiam libri Josue. PL 198:1259. Tradução de Catherine Kavanaugh, University of Notre Dame).

Referência latina: Liber Josue a nomine auctoris censetur, qui et Jesus dictus est. Nam Josue et Jesus idem est nomen. Cognominatus est autem a patre Jesus Nave, vel Josue Bennum, id est filius Nave, vel Nun; quod idem est. Cognominatus est autem sic, ad differentiam Jesu fili Sirach pronepotis Jesu magni sacerdotis, qui scripsit Ecclesiasticum. Et nota quod secundum Hebraeos hic incipit secundus ordo Veteris Testamenti. Qui distinguunt Vetus Testamentum in tres ordines. Primum vocant legem, secundum prophetas, tertium agiographa. In lege ponunt quinque libros Moysi; in prophetis octo Josue, Judicum, Samuel, Malachim, Isaiam, Jeremiam, Ezechielem, duodecim prophetas. In agiographis ponunt novem libros Veteris Testamenti, qui supersunt. Hi dicuntur agiographia, id est sanctorum scripta; quod nomen commune est omnibus sacrae Scripturae libris. Et quia hi novem non habuerunt eminentiam prae caeteris, secundum quam agnominarentur, communi nominecontenti sunt, sicut hoc nomen, confessor, generale est omnium sanctorum: et tamen quidam illorum, secundum eminentiam aliquam quam habent, aliis nominibus censentur, dicuntur alii apostoli, alii martyres, et hujusmodi (Pedro Comestor, Historia Scholastica, Historia Libri Josue. Incipit praefatio in historiam libri Josue. PL 198:1259).

62. Os judeus relegam esta história (Tobias) aos Apócrifos, mas Jerônimo diz em seu Prólogo que ele devia estar nos Hagiógrafos, e a qualquer hora, se ele esteve lá ele estaria na terceira ordem do cânon do Velho Testamento, mas porque não está em qualquer ordem, nós diríamos que é porque Jerônimo aceita muitas coisas como hagiografias, ao ponto de ele também incluir os Apócrifos, e isto é porque as palavras hebraicas são próximas da língua dos caldeus. Jerônimo era fluente em ambos idiomas, assim que qualquer coisa que alguém dissesse em palavras hebraicas, ele explicaria em latim, fazendo uma curta obra disto, quase [a obra de] um dia (Pedro Maurício (Venerabilis), Historia Scholastica, Historia Libri Tobiae. Incipit praefatio in historiam libri Josue. PL 198:1432. Tradução de Catherine Kavanaugh, University of Notre Dame).

Referência latina: Hanc historiam Judaei inter apocrypha ponunt Hieronymus tamen in Prologo suo dicit inter agiographa, quod si esset, tamen esset in tertio ordine canonis Veteris Testamenti; sed, quia de nullo ordine est, dicemus quia Hieronymus diffusius accepit agiographa, ut includeret etiam apocrypha, et quia vicina est lingua Chaldaeorum Hebraico sermoni, utriusque linguae peritum loquacem habens Hieronymus, quidquid ille Hebraeis verbis expressit, Latino sermone exposuit, sub brevi et quasi unius diei labore (Pedro Maurício (Venerabilis), Historia Scholastica, Historia Libri Tobiae. PL 198:1432).

Daniel profetizou na Caldeia, sendo da linha dos reis de Judá, de acordo com Josefo e Epifânio. De acordo com os Setenta [Septuaginta], contudo, ele era da Tribo de Levi, que pôs isto no título da fábula de Bel: 'Havia um homem, um sacerdote, chamado Daniel, o filho de Abdo, o companheiro do Rei de Babilônia; ele foi nascido em Beteroth Superior. E ele era tão casto que parecia aos seus companheiros de tribo que era por por causa de uma espada'. Jerônimo traduziu este livro com grande dificuldade a pedido de Paula e Eutóquio. Foi escrito na língua dos caldeus, mas com letras hebraicas, nem foi lido pela Igreja de acordo com a Septuaginta, cuja edição é bem imprecisa, mas de acordo com [a edição de] Teodócio. Entre os hebreus, ele não tem a história de Susannah, nem o Hino dos três garotos, nem a história de Bel o dragão (Pedro Maurício (Venerabilis), Historia Scholastica, Historia Libri Danielis. Cap. I. PL 198:1447-1448. Tradução de Catherine Kavanaugh, University of Notre Dame).

Referência latina: Prophetavit etiam in Chaldaea Daniel, qui secundum Josephum et Epiphanium, de semine regio Judae fuit; secundum LXX vero de tribu Levi, qui in titulo fabulae Belis ita ponunt: Homo quidam erat sacerdos, nomine Daniel, filius Abdo, conviva regis Babylonis; natus fuit in Beteroth superiore. Et fuit adeo castus, quod a contribulibus suis spado putaretur. Librum ejus transtulit Hieronymus ad petitionem Paulae et Eustochii cum magna difficultate. Scriptus enim erat Hebraicis litteris, sed Chaldaico sermone, nec legebatur ab Ecclesia secundum LXX, quia multum a veritate discordabat eorum editio, sed secundum Theodotionem, qui apud Hebraeos, nec Suzannae habet historiam, nec hymnum trium puerorum, nec Belis draconisque fabulam (Historia Scholastica, Historia Libri Danielis. Cap. I. PL 198:1447-1448).

A história de Susannah segue, que o hebraico não possui no livro de Daniel. E ele a chama de fábula, não que a própria história seja corrupta, mas a parte nela sobre apedrejar os dois sacerdotes é falsa, quem Jerônimo diz serem queimados, e porque nós clamamos que ela foi escrita por Daniel, quando ela foi escrita por algum falante de grego, o que fica evidente de alguns jogos de palavra e dos nomes das árvores, que são: apotou, cymi, cyse, apotoy, primi, prise, pois tais jogos de palavra e nomes de árvores não são encontrados no hebraico (Pedro Maurício (Venerabilis), Historia Scholastica, Historia Libri Danielis, Cap. XIII, De Sussana, PL 198:1466. Tradução de Catherine Kavanaugh, University of Notre Dame).

Referência latina: Sequitur historia Susannae, quam Hebraeus non habet in libro Danielis. Et vocat eam fabulam, non quod inficietur rem gestam, sed quod in ea falsum legitur de sacerdotibus lapidatis, quos Jeremias adustos testatur. Et quia fabulamur eam scriptam a Daniele, cum a quodam Graeco scripta fuerit: quod probatur ex eo quod quaedam allusio verborum facta sit ibi nominibus arborum, videlicet apotoy, cymi, cyse, apotoy, primi, prise. Tales enim allusiones verborum, et arborum nomina, non inveniuntur in Hebraeo (Pedro Maurício (Venerabilis), Historia Scholastica, Historia Libri Danielis, Cap. XIII, De Sussana, PL 198:1466).

Deve-se ver se aqueles que não se rendem a tais mestres mundanos pelo menos estão satisfeitos com Cristo, os profetas ou os apóstolos. Eu digo isto já que relatos tornaram conhecido que você não confia em Cristo ou os profetas ou os apóstolos, e se isto é ainda verdade, eles revelaram que você se desviou da própria majestade do Velho e Novo Testamento, que já da antiguidade reina no mundo inteiro. Mas já que eu não poderia facilmente consentir à demonstração mentirosa de rumores, eu fortemente não quero te acusar de coisas incertas quando certas pessoas juram que você rejeitou o cânon divino e outros contendem que você tirou algumas coisas dele. Mas eu necessariamente estou convencido por autoridades confiáveis que você assumiu o cânon completo assumido pela Igreja (Pedro Maurício (Venerabilis), Adversus Petrobrusianos, Probatio totius Novi Testamenti ex Evangelio. PL 189:730D. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Videndum est, utrum hi, qui tantis orbis terrarum magistris non cedunt, saltem Christo, prophetis, vel apostolis acquiescant. Hoc ideo dico, quoniam nec ipsi Christo, vel prophetis, aut apostolis, vos ex toto credere fama vulgavit, ipsique majestati Veteris ac Novi Testamenti, quae jam ab antiquo totum orbem subdidit, vos detrahere, si tamen verum est, indicavit. Sed, quia fallaci rumorum monstro non facile assensum praebere debeo, maxime cum quidam vos totum divinum Canonem abjecisse affirment, alii quaedam ex ipso vos suscepisse contendant, culpare vos de incertis nolo, sed necessario totum Canonem, qui ab Ecclesia suscipitur, vos suscipere debere certis auctoritatibus probo (Pedro Maurício (Venerabilis), Adversus Petrobrusianos, Probatio totius Novi Testamenti ex Evangelio. PL 189:730D).

Pois o Evangelho dá testemunho do Velho Testamento e em adição a ele confirma por sua autoridade as coisas por ele pregadas. Cristo no Evangelho não afirma a autoridade do Velho Testamento com sua própria autoridade quando aparece para todos os discípulos depois da ressurreição dizendo: “Era apropriado que todas as coisas escritas na lei de Moisés e nos profetas e salmos fossem cumpridas em mim”? Ele não confirmou este mesmo fato com um laço indissolúvel quando ele revelou o significado aos seus discípulos, para que eles pudessem entender as Escrituras? Ele não confirmou isto quando ele disse aos dois discípulos caminhando para Emaús: “Oh, quão tolos sois, e quão lentos de coração para crer em tudo que os profetas declararam”? O que mais você exige? É tanta e tão clara autoridade insuficiente, na qual Cristo oferece testemunho da lei de Moisés, os profetas e os salmos, não em confusão, mas claramente quando ele ensina que era apropriado que os escritos sobre ele, primeiro da lei, então dos profetas, finalmente dos salmos, fossem cumpridos nele? Mas eu relatei acima, apesar de ser completamente suficiente para confirmar a autoridade das velhas escrituras, contudo ofereço deste mesmo Evangelho em que você confia, o quanto você desejar de evidências ornamentadas e superabundantes atestando os livros divinos, que sendo ouvidas, você não somente creria que eles são divinos, mas ficaria envergonhado de duvidar de qualquer coisa a respeito deles.

E eu devo começar com o princípio destes livros sagrados, reflita, se você não se lembra, o Livro de Gênesis... Êxodo... Vindo de lá para Levítico então para o Livro de Números. Chegue ao último livro do Pentateuco, que é a lei mosaica. Você ainda vê que estes livros não devem ser rejeitados, os quais Cristo aprova? Que eles não estão mentindo ou são apócrifos, dando testemunho a respeito da Verdade? Eles não devem ser postos de lado, a respeito dos quais a própria Palavra Eterna, a própria sabedoria de Deus faz de suas palavras certas. Outros livros divinos e proféticos seguem estes, o primeiro dos quais é chamado Josué, que é vizinho de Deuteronômio que recebe autoridade do Evangelho, dá autoridade. O livro de Juízes segue, o qual seus livros posterior e anterior (a respeito do qual já escrevemos) o tornam canônico e que já foi provado ser canônico por testemunho escrito. Porque se o Apóstolo for consultado, a cuja palavra a própria necessidade te compele a dar completa fé, como foi provado acima, você o ouvirá na Carta aos Hebreus entre outros pais, pregando a confiabilidade daqueles Juízes e dando autoridade canônica àquele mesmo livro quando ele diz: “Pois o tempo é insuficiente para falar de Gideão, Baraque, Sansão, Jefté que certamente governaram os judeus antes dos reis, governaram os judeus não com o nome de reis mas de juízes.

Então o pequeno, mas confirmado pelo próprio Evangelho, livro de Rute se segue, assim como é lido na genealogia do Salvador... Boaz, ele diz, gerou Obede de Rute. Como alguém, apesar de gentia, se uniu a um marido judeu, aquele livro explica, o qual, como foi dito, recebe sua autoridade canônica do Evangelho. Então a caneta se apressa para o Livro de Samuel e Reis e igualmente a crentes e descrentes mostra que eles são suportados não somente por autoridade profética, mas também evangélica. Eis que a verdade gerou todas estas coisas do livro de Reis e mostrou que eles são então verdadeiros. Então o discurso se volta para os profetas e o próprio Evangelho dá testemunho primeiro de Isaías, profeta do Evangelho. Jeremias segue, cujo profeta o Evangelho não é silente sobre sua palavra sendo reconhecida como profética... As palavras apostólicas de Paulo tornam Ezequiel canônico, que em sua segunda carta aos Coríntios deste mesmo profeta trazido em Deus dizendo... A frequentemente citada autoridade do Evangelho te compele a aceitar Daniel entre os profetas e negar que seus escritos sejam proféticos: quando Cristo diz no Evangelho, “então quando vocês virem o sacrilégio de desolação dito pelo profeta Daniel, em pé no santo lugar (que o leitor entenda)”. Depois destes grandes, e, como se fossem, grandes profetas, procedemos de uma vez para os doze que são chamados menores, não por menor autoridade, mas pela quantidade de seus escritos, e vamos provar que todos eles são canônicos, não de uma vez ou em confusão, mas individualmente e distintamente: Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias... Último na ordem dos profetas, mas não menor em autoridade, segue-se Malaquias. Então para Jó... já a autoridade dos salmos... e a respeito dos livros de Salomão (ou seja, Provérbios, Eclesiastes, o Cântico, ou seja, o Cântico dos cânticos) para aquele livro que em hebraico é Dabrehaiamin, em grego é Paralipom (Pedro Maurício (Venerabilis), Adversus Petrobrusianos, Probatio totius Veteris Testamenti ex Evangelio. PL 189:741A. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Evangelium enim toti Veteri Instrumento testimonium dat, et ejus insuper auctoritatibus ea ipsa, quae praedicat, confirmat. Nonne Christus in Evangelio auctoritatem Veteris Testamenti sua auctoritate firmavit, quando post resurrectionem discipulis omnibus apparens dixit: Oportebat impleri omnia quae scripta sunt in lege Moysi, et prophetis et psalmis de me? Nonne eamdem indissolubili vinculo confirmavit, quando eisdem discipulis suis aperuit sensum, ut intelligerent Scripturas? Nonne eamdem confirmavit, quando duobus discipulis in Emmaus euntibus dixit: O stulti et tardi corde ad credendum in omnibus quae locuti sunt prophetae! Et quid ultra exigetis? An non sufficit vobis tanta tamque clara auctoritas qua Christus legi Moysi, qua prophetis, qua psalmis, non confuse, sed distincte testimonium perhibuit, quando primo legis, deinde prophetarum, ad ultimum psalmorum scripta de se, et in se impleri oportuisse docuit? Sed licet, quod praemisi, ad Veteris Scripturae auctoritatem confirmandam plene sufficiat, profero tamen de eodem, cui creditis, Evangelio, quamvis ex superabundanti sigillatim testimonia divinis libris attestantia, quibus auditis non solum eos divinos credatis, sed insuper vos de ipsis vel in aliquo dubitasse erubescatis.

Et, ut a capite eorumdem sacrorum librorum incipiam, recolite si non meministis, libro Geneseos...Exodum...Venite dehinc et ad Leviticum...Inde ad librum Numeri...Accedite et ad ultimum Pentateuchi, hoc est legis Mosaicae librum, qui Deuteronomium, id est secunda lex...Videtis adhuc non esse repudiandos libros, quos sic Christus approbat; non esse mendaces vel apocryphos, de quibus Veritas testimonium profert; non esse abjiciendos, de quibus verba sua ipsum Verbum aeternum, ipsa Dei Sapientia communit? Sequantur post hos et alii divini et prophetici libri, quorum primus est ille qui dicitur Jesu Nave, cui auctoritatem dat ipsum et proximum quod ab Evangelio auctoritatem meruit, Deuteronomium...Sequitur hunc Judicum liber, quem canonicum facit proximus, et praecedens eum, de quo egimus, liber, qui supra scriptis testimoniis jam de Canone esse probatus est...Quod si et Apostolus consulatur, cujus verbis omnibus vos fidem integram dare, sicut supra probatum est, necessitas ipsa compellit, audietis eum in Epistola ad Hebraeos inter alios Patres, fidem Judicum istorum praedicantem, et eidem libro auctoritatem canonicam dantem, cum dicit: Et quid adhuc dicam? Deficiet enim me tempus enarrantem de Gedeon, Barach, Samson, Jephte, qui certe, antequam reges Judaeis praeessent, eisdem Judaeis non regum, sed judicum nomine praefuerunt. Dehinc parvus, sed ab ipso Evangelio confirmatus liber Ruth sequitur, sicut in genealogia legitur Salvatoris...Booz inquit, genuit Obeth ex Ruth. Quae cum alienigena esset, qualiter viro Judaeo juncta sit, liber tantum ille exponit, qui, sicut dictum est, canonicam auctoritatem ab Evangelio meruit. Hinc ad Samuelis et Regum libros stylus festinet, et credentibus pariter atque incredulis, eos non tantum prophetica, sed et evangelica auctoritate firmissime subnixos esse demonstret...Ecce ista omnia de libris Regum veritas protulit, et idcirco eos veraces esse ostendit. Currat inde sermo ad prophetas, ac primo evangelico prophetae Isaiae ipsum Evangelium testimonium ferat...Sequitur Jeremias, quem vere prophetam et cujus verba ut prophetica suscipienda esse Evangelium non tacet...Ezechielem etiam canonicum apostolica Pauli verba faciunt, qui in Epistola secunda ad Corinthios ex eodem propheta introducit Deum loquentem...Danielem quoque inter prophetas vos suscipere, ejusque scripta esse prophetica negare, eadem vos et saepe nominata evangelica auctoritas cogit: Cum, inquit Christus in Evangelio, videritis abominationem desolationis quae dicta est a Daniele propheta, stantem in loco sancto, qui legit, intelligat)...Post hos magnos et velut principales prophetas, procedamus simul et ad XII qui minores dicuntur, non inferiori auctoritate, sed librorum quantitate, et universos non simul, neque confuse, sed sigillatim et distincte canonicos esse probemus... Osee... Joel... Amos... Abdia... Jona... Michaeae... Nahum... Habacuc... Sophonia.... Aggaeo... Zachariam... Ultimus in ordine duodecim prophetarum sed auctoritate non inferior, Malachias sequitur...

Hinc ad Job...Jam vero psalmorum auctoritatem...Et de libris Salomonis (Libris vero ejus, hoc est Proverbiis, Ecclesiasti, Carminibus, id est Canticis canticorum)...Libro quoque illi, qui Hebraice Dabrehaiamin, Graece Paralipomenon...Esdrae etiam volumen...Ultimus in agiographis, hoc est sanctae Scripturae libris, sequitur liber Esther, cui auctoritatem aliorum agiographorum auctoritas confert. Si enim illi ab Hebraica veritate originem trahentes hunc socium, et paris auctoritatis in eodem Hebraico Canone habuerunt, sequitur, quia nullo eorum librorum excepto, omnes pari modo suscipi debuerunt. Sed non solum Christianis, sed et ipsis Judaicis litteris attestantibus, omnes juxta suprascriptum ordinem libri, a libro Job usque ad hunc, de quo agitur, librum Esther, eo scilicet non excluso, sed addito, paris auctoritatis sunt.

Igitur absque distinctione aliqua, omnes aequaliter suscipi debuerunt. Quod quia ita est, cum Christus, apostoli et prophetae auctoritatem praecedentibus, et huic libro paribus libris suis testimoniis dederint, indubia ratione cogente, huic quoque libro dignitatem similem contulerunt. Restant post hos authenticos sanctae Scripturae libros, sex non reticendi libri Sapientiae, Jesu filii Sirach, Tobiae, Judith, et uterque Machabaeorum liber. Qui etsi ad illam sublimem praecedentium dignitatem pervenire non potuerunt, propter laudabilem tamen et pernecessariam doctrinam, ab Ecclesia suscipi meruerunt. Super quibus vobis commendandis, me laborare opus non est. Nam si Ecclesia alicujus pretii apud vos est, ejus auctoritate aliquid, saltem parum quid, a vobis suscipiendum est. Quod si (sicut Judaeis de Moyse Christus dixit) ejus Ecclesiae non creditis, quomodo verbis meis credetis? Ecce qui non nisi soli Evangelio vos credere dicebatis, jam rogo ut non nisi soli Evangelio credatis. Nam sicut in primis dixi: Si soli Evangelio creditis, necessario toti huic quod auditis, Veteri Instrumento credetis. Fert enim Evangelium omnibus, quos supradixi, testimonium, eisque auctoritatem canonicam dat, cum sermones suos eorum sermonibus confirmat (Pedro Maurício (Venerabilis), Adversus Petrobrusianos, Probatio totius Veteris Testamenti ex Evangelio. PL 189:741A).

Succedat tamen sacrorum librorum auctoritas, et tam Canonis divini quam aliorum voluminum ei cohaerentium et ab Ecclesia traditorum clarifluus sonus, et erroris tenebras luce sua discutiat, et surdis hominibus aures hactenus obturatas aperiat (Pedro Maurício (Venerabilis), Adversus Petrobrusianos, Probatio totius Veteris Testamenti ex Evangelio. PL 189:829)

63. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

64. A respeito das imagens que estão nas Sagradas Escrituras, elas devem ser entendidas em sentido alegórico. A dignidade das Sagradas Escrituras está nisto: que elas não são apenas palavras com significado, mas também coisas com significado, acima de todos os outros escritos antigos, de onde também eles são subservientes a todas as artes chamadas de 'liberais'. Estes livros, então, sobre os quais estamos falando, e que são tirados das Escrituras, pertencem parcialmente ao Velho Testamento e parcialmente ao Novo. De fato o Velho Testamento é dividido em três ordens: a Lei, composta de cinco livros, os Profetas, compostos de oito livros e os Hagiógrafos, compostos de nove livros, juntos eles fazem vinte e dois, que é também o número de letras no alfabeto hebraico, de forma que a quantidade de livros que homens justos de vida santa são exercitados na sabedoria é a mesma que as letras que eles são instruídos na eloquência desde idade tenra. Então estes quatro, ou seja, o tema da Sagrada Escritura, inteligência [entendimento], dignidade e o número de seus livros significam aqueles quatro passos, (que nós pusemos na mesa que significa as Escrituras das quais falamos, dois guias desta fonte para aquele lugar). Se você quiser saber mais sobre estes, leia a primeira parte do livro do Mestre Hugo, que é intitulado De sacramentis [Sobre os Sacramentos] (Adam Scotus, De Tripartito Tabernaculo, Pars Secunda. De Tabernaculo Christi Quod Est In Fide. Caput VIII. PL 198:697B. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: De picturis quae in Sancta sunt, quomodo secundum sensum allegoricum debeant intelligi. Dignitas quoque sanctae Scripturae in hoc est, quod prae cunctis saecularibus scripturis non solum voces, sed etiam res significativas habet; unde et ei omnes artes, quas liberales appellant, subserviunt. Libri autem, de quibus hic loquimur, et qui de Scriptura tractant, partim ad Vetus Testamentum pertinent, partim ad Novum. Et Vetus quidem in tres ordines dividitur: in legem, cujus libri quinque sunt; in prophetas, quorum libri sunt octo: in hagiographa, ad quos libri novem pertinent: qui simul juncti viginti duos efficiunt, quot etiam elementa in Hebraico alphabeto sunt; ut tot libris sancta viri justi vita exerceatur ad sapientiam, quot litteris aetas tenera instruitur ad eloquentiam. Haec itaque quatuor, scilicet materiam sacrae Scripturae, intelligentiam, dignitatem, et numerum librorum ejus illi quatuor gradus innuunt, quos ad mensam, quae hanc, de qua loquimur, Scripturam designat, posuimus, duos hinc inde ad utrumque ejus caput. Si autem prolixius de his scire volueris, lege primam partem libri Magistri Hugonis, cujus est titulus de Sacramentis (Adam Scotus, De Tripartito Tabernaculo, Pars Secunda. De Tabernaculo Christi Quod Est In Fide. Caput VIII. PL 198:697B).

65. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

66. Josué Bennum foi nomeado a partir de seu pai, ou seja, Filho de Nun ou Filho de Nave, ou por completo, Jesus Filho de Nave. Você o chama por seu sobrenome para distingui-lo de Jesus Filho de Siraque, bisneto de Jesus o sumo sacerdote sob quem o líder Zorobabel e o povo retornou do cativeiro, como é lido em Ageu 1 e Zacarias 3. Jesus Filho de Siraque escreveu Eclesiástico, como tem sido dito. Deve ser conhecido, de acordo com os hebreus a segunda subseção do Velho Testamento começa aqui, pois os hebreus dividem o Velho Testamento em subseções. A primeira eles chamam de Lei, a segunda de Profetas, a terceira de Hagiógrafos. Na Lei eles colocam os cinco livros de Moisés. Nos Profetas eles colocam oito livros, a saber, Josué, Juízes, Samuel, ou seja, os primeiros dois livros de Reis, Malachi, ou seja, os últimos dois livros de Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel, os Doze Profetas. Nos Hagiógrafos eles colocam nove livros do Velho Tesamento, a saber, Jó, Davi, Provérbios, Eclesiastes, Daniel, o Cântico, Crônicas, Esdras, Ester. Eles são chamados Hagiógrafos, que são os escritos dos santos, que é um nome comum a todos os livros das Sagradas Escrituras. Mas já que estes nove livros não tem nenhuma característica preeminente sobre os outros, em relação a qual eles poderiam ser nomeados, eles estão contidos em um nome comum, assim como o nome confessor é comum a todos os santos. Mas alguns são ordenados de acordo com alguma proeminência através de outros nomes: pois alguns são chamados Apóstolos, outros Profetas, outros Patriarcas, outros Mártires, outros Virgens. Aqueles que não possuem nenhuma característica proeminente são chamados de confessores. Neste sentido a última ordem dos anjos é chamada pelo nome comum a todos, ou seja, anjos. De acordo com os gregos, Orígenes colocou sete livros na primeira subseção, adicionando Josué e Juízes ao Pentateuco. Ele chama esta subseção de Heptateuco, de hepta, que é sete e teuchos, que é livro. Seja qual for a ordem deste livro, a verdade da história não é alterada. Conheça as linhas de todos os livros do Velho Testamento. Cinco livros de Moisés, Josué, Juízes, Samuel, Malachi, três distintos e duas vezes seis profetas: os hebreus consideram estes acima dos outros livros. Ele chama os cinco a lei e o restante os profetas. Depois, os Hagiógrafos são Daniel, Davi, Ester e Esdras, Jó, Crônicas e os três livros de Salomão. A antiga lei completa está contida nestes livros. Resta os Apócrifos: Jesus, Sabedoria, Pastor e o livro de Macabeus, Judite e Tobias. Já que estes são duvidosos eles não são contados no cânon. Mas já que eles proclamam coisas verdadeiras, a Igreja os aceita (Hugo de Santa Cher, In Postillam super Librum Iosue: Prologus. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Cognominatus autem est a patre Iosue Bennum, idest fili Num, vel filius Naue, vel Iesus Naue supple filius. Et cognominas, sic ad differentiam, Iesu filii Syrach, pronepotis Iesu, sacerdotis magni, sub quo, & Zorobabel Duce rediit populus de captiuitate, ut legitur Aggei I. & Zach. 3. Iesus aut filius Syrach, scripsit Eccelsiasticum, ut dicitur. Et notandum, secundum Hebraeos incipit hic secundus ordo veteris testamenti. Distinguunt enim Hebrei vetus testamentum in tres ordines. Primum vocant legem: Secundum, prophetas: Tertium, Agiographa. In lege ponunt quinque libros Moysi. In prophetis ponunt octo libros. scilicet Iosue, Iudicum, Samuel id est duos primos Libros Regum Malachim, idest duos ultimos Regum: Esaiam, Hieremiam, Ezechielem, Duodecim prophetas. In Agiographis, ponunt nouem libros, qui supersunt vereris testamenti, scilicet Iob, Dauid, Prouerbia, Ecclesiastem, Daniele, Cantica, Paralipomenon, Esdram, Hester. Hi dicuntur Agiographa id est sanctorum scripta, quod est nomen comune omnibus libris Sacrae Scripturae. Sed quia hi nouem libri, non habuerunt aliquam praeeminetiam prae caeteris, secundum quam agnominarentur, communi nomine sunt contenti. Sicut hoc nomen confessor, commune est sanctis omnibus. Sed aliqui secundum aliquam eminentiam, quam habent, aliis censentur nominibus: Nam alii Apostoli, alii Prophete, alii Patriarche, alii Martyres, alii Virgines dicuntur: Qui autem nullam habent eminentiam, dicuntur confessores. In hunc modem ultimus ordo Angelorum, nomine communi omnium, idest Angeli nuncupantur. Origenes vero secundum Graecos, ponit in primo ordine septem libros, addens Pentateucho Iosue, & Iudicum: Et vocat illum ordinem Heptatichum, ab Hepta, quod est septem & teuchos, quod est volumen. In quocunque vero ordine sit liber hic, historiae veritas non mutatur. Nota versus de omnibus libris veteris testamenti. Quinque libros Moysi: Iosue, Iudicum, Samuelem: Et Malachim, tres praecipuos, bis sexque prophetas: Hebraeus reliquis, censet praecellere libris. Quinque vocat legem, reliquos vult esse prophetas. Post Agriographa sunt Daniel, Dauid, Hester & Esdras. Iob, Paralipomenon & tres libri Salamonis. Lex vetus his libris, perfecte tota tenetur. Restant Apocrypha: Iesus, Sapientia, Pastor: Et Machabeorum Libri, Iudith atque Tobias. Hi quia sunt dubii, sub canone non numerantur. Sed quia vera canunt, ecclesia suscipit illos (Reverendissimi In Christo Patris, Domini Ugonis etc., Cardinalis, In Postillam super Librum Iosue: Prologus).

67. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

68. Segue-se nas páginas: 'Os livros hebraicos dizem que Salomão foi arrastado cinco vezes pelas ruas da cidade como punição. E assim eles dizem que ele chegou ao templo que ele construiu com suas próprias mãos com cinco galhos e ele os deu para os escribas para que eles o batessem com eles. Eles, com sabedoria comumente aceita, disseram que eles não colocariam a mão no ungido do Senhor. Ele então, frustado por eles, deixou de ser rei'. Isto é o que está nas páginas. De fato, Jerônimo traduziu do hebraico para o latim todas as escrituras que eram aceitas pelos hebreus no cânon. Nelas ninguém pode achar que Salomão ofereceu ramos aos escribas para que ele fosse golpeado. Mas seus outros escritos são apócrifos cuja autoridade não é adequada para confirmar aquelas coisas que poderiam vir em disputa. Daí também o livro de Jesus filho de Siraque e Judite e Tobias e o primeiro de Macabeus são contados por eles entre os apócrifos já que eles não são mantidos no seu cânon. Se eles dizem ter quaisquer outros livros que eles clamam conter a punição de Salomão, não se deve crer nestes livros, já que das bocas destes mesmos judeus tal testemunho é oferecido que o que for que não estiver no cânon não é de qualquer forma digno de fé. Josefo, o autor das antiguidades judaicas, clama que ele leu tal coisa e não a aprendeu das Escrituras, canônicas ou apócrifas, que Salomão se arrependeu. Daí conclui-se claramente que não é estranho para os judeus mentirem; mas próprio e costumeiro para eles ou negar o que é verdade ou afirmar o que é falso. Por isto Jerônimo foi instado por Sofrônio a traduzir os Salmos de acordo com a verdade hebraica já que quando Sofrônio ia argumentar com um certo judeu e ia oferecer certa evidência contra ele dos salmos de acordo com a Septuaginta, o judeu, o balbuciando e zombando como a um ignorante das coisas hebraicas praticamente em cada palavra, dizia que em hebraico o que havia não havia e o que não havia, havia.

Segue-se nas páginas: as palavras de Salomão escrevendo Eclesiástico depois que ele subitamente perdeu o reino: Salomão reinou em dias de paz, e Deus o deu descanso em todo lado, para que ele pudesse construir uma casa para seu nome e outras coisas que seguiram no mesmo capítulo. Salomão não escreveu Eclesiástico como Agostinho no décimo livro da Cidade de Deus e, antes de Agostinho, Jerônimo diz em muitos lugares. De fato Jerônimo encontrou este livro hebraico, como ele diz, chamado em hebraico não de Eclesiástico como entre os latinos, mas Parabola. Ao que foram unidos dois outros, Eclesiastes e Cântico dos cânticos, para que ele pudesse comparar a similaridade se seus escritores, de Salomão, não só pelo número de livros, mas pela natureza do material. Sobre esta similaridade de discurso, o costume cresceu entre os iletrados que Eclesiástico foi Salomão e aqueles que são mais sábios dizem que ele foi Jesus filho de Siraque que, como dito acima, viveu no tempo do Sumo Sacerdote Simão (Filipe de Harvengt, Responsio De Damnatione Salamonis. PL 203:659. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Sequitur in foliolis: Aiunt libri Hebraei Salomonem quinquies tractum fuisse per plateas civitatis, poenitentiae causa. Item aiunt eum venisse in templum quod aedificaverat cum quinque virgis, et dedit eas legisperitis ut verberaretur ab illis. Qui communi accepto consilio dixerunt, quod in unctum Domini non mitterent manum. Inde frustratus ab illis, a se ipso est depositus de regno. Haec in foliolis. Omnes quidem Scripturas quae apud Hebraeos in canone continentur, Hieronymus de Hebraeo transtulit in Latinum, in quibus non est invenire quod Salomon poenitentiae causa per plateas civitatis tractus fuerit vel legisperitis virgas ad se verberandum praebuerit. Reliquae autem Scripturae quae apud illos sunt, apocryphae sunt, quarum auctoritas non est idonea ad ea quae in contentionem venerint roboranda. Unde et Jesu filii Syrac liber, et Judith, et Tobiae, et primus Machabaeorum qui apud illos sunt, quia in canone eorum non habentur ab ipsis inter apocrypha computantur. Si quos autem alios libros dicunt se habere quos poenitentiam Salomonis asserant continere, non est his libris credendum, cum ex ipsorum ore Judaeorum tale testimonium proferatur, ut quidquid non est in canone, dignum fide nequaquam habeatur. Denique Josephus Judaicae scriptor antiquitatis tale asserit se legisse, nec didicit ex Scriptura, sive canonica, sive apocrypha Salomonem poenituisse. Unde manifeste colligitur quia non est a Judaeis alienum mentiri; sed peculiare satis, et domesticum est eis vel negare quod verum est, vel affirmare quod falsum est. Propter quod et Hieronymus a Sophronio compulsus est psalmos Davidicos juxta Hebraicam transferre veritatem, quia videlicet cum Sophronius cum quodam Hebraeo disputaret, et quaedam adversus eum testimonia de psalmis juxta Septuaginta interpretes proferret: Hebraeus garriens et illudens illi Hebraicas litteras nescienti per singula pene verba, dicebat in Hebraico vel non haberi quod habebatur, vel haberi quod non habebatur.

Sequitur in foliolis: Verba Salomonis postquam sponte amiserat regnum scribentis Ecclesiasticum (cap. XLVII): Salomon imperavit in diebus pacis cui subjecit Deus omnes hostes ut conderet domum in nomine ipsius, et caetera quae in eodem capitulo subsequuntur. Ecclesiasticum Salomon non scripsit sicut Augustinus in decimo septimo libro De civitate Dei et ante Augustinum multis in locis Hieronymus dixit. Hunc quidem librum Hieronymus, ut ait, Hebraicum reperit, non Ecclesiasticum ut apud Latinos sed Parabolas praenotatum. Cui, ut ait, juncti erant duo alii, Ecclesiastes et Cantica canticorum, ut scriptorum eorum similitudinem, Salomonis, non solum librorum numero sed et materiarum genere coaequaret. Propter hanc itaque eloquii similitudinem, ut Salomonis Ecclesiasticus diceretur, apud imperitos consuetudo obtinuit, sed antiquiores, et sapientiores dicunt eum esse Jesus filii Syrac, qui sicut longe superius dictum est, tempore Simonis summi pontificis fuit (Filipe de Harvengt, Responsio De Damnatione Salamonis. PL 203:659).

69. Vita Benedicti XII prima, editado por Baluge em Vitae Paparum Avenionensium I (1693), col. 207: '... mestre em teologia profundissimus qui totam Bibliam profundissime et subtilissime postillavit.'

70. Margaret Deanesly, A History of the Medieval Church, 590 to 1500 (London: Metheun, 1983), pág. 166.

71. H. Rost, Die Bibel im Mittelalter, Augsburg: Seitz, 1939, pág. 87: 'Von größtem Einfluß das ganze Mittelalter hindurch bis weit in die Reformationszeit herein ist auf diesem Gebiete der berühmte Franziskaner Nikolaus von Lyra gewesen.'

72. Michael Woodward, Nicholas of Lyra on Beatific Vision, A Dissertation Submitted to the Graduate School of the University of Notre Dame in Partial Fulfillment of the Requirements for the Degree of Doctor of Philosophy, Medieval Institute, Notre Dame, Indiana, April, 1992.

73. Aqui começa o comentário de Nicolau de Lira sobre o livro de Tobias, e primeiro o prefácio do livro. 'É correto fazer estas coisas e não omitir aquelas', Mateus 23. Depois que eu, com ajuda de Deus, escrevi sobre os livros canônicos das Santas Escrituras, começando com o princípio de Gênesis e procedendo para o final de Revelação, eu pretendo, confiando novamente na ajuda de Deus, escrever sobre os outros livros que não estão no cânon, a saber, o Livro de Sabedoria, Siraque, Judite, Tobias e o livro de Macabeus, seguindo o que Jerônimo diz no Prólogo Galeato, que está diante do Livro de Reis, e ele diz a mesma coisa sobre o livro de Baruque em seu prólogo e sobre Segundo Esdras em seu prólogo sobre Esdra. É por isto que eu escolhi o verso acima, onde podemos observar dois pontos: primeiro é a necessidade da obra, onde ela começa: 'É correto fazer estas coisas', segundo é a utilidade da obra, onde se continua: 'e não omitir aquelas'. Quanto ao primeiro ponto, deve-se saber que os livros das Santas Escrituras chamados canônicos são de tal autoridade que o que estiver contido neles é considerado verdade, firmemente e sem discussão, assim como o que for demonstrado deles. Pois assim como em escritos filosóficos, onde a verdade é conhecida se retornando para os primeiros princípios, conhecidos em si mesmo, assim também a verdade é conhecida nos escritos legados pelos mestres católicos, a respeito de coisas que devem ser mantidas pela fé, retornando-se para os escritos canônicos das Santas Escrituras, que foram entregues por divina revelação, onde nada falso pode existir. Então um entendimento deles é necessário para a Igreja, e sobre sua interpretação as palavras de Siraque 23 podem ser citadas: 'Todas estas coisas são o livro da vida', ou seja, todos os livros interpretados na obra precedente estão contidas no livro da vida, ou seja, no livro da verdade revelada por Deus, que é a própria vida. Pois assim como a predestinação divina é chamada livro da vida, assim também são estes escritos revelados dos céus chamados de livro da vida, ambos porque procedem essencialmente da vida, como foi dito, e porque eles guiam para a vida abençoada. Quanto ao segundo ponto, deve-se considerar que os livros que não são parte do cânon são recebidos pela Igreja para que possam ser lidos nela para a instrução de moral, ainda que sua autoridade não seja julgada adequada para provar coisas que podem gerar discussão, como diz Jerônimo em seu prólogo ao Livro de Judite e em seu prólogo aos Provérbios de Salomão. Eles são, então, de menor eficácia que os livros canônicos. Assim nós podemos dizer com o Senhor, de quem tudo é bom, o que está escrito em Judite 6: 'Eu pensei nestes depois daqueles'. Enquanto no divino ato de pensar não há o antes e o depois, já que ele é singular e o mais simples, ainda nos efeitos pensados por ele anteriormente há uma ordem de tempo e dignidade; e assim a verdade escrita nos livros canônicos são prioritários em tempo a muitas coisas e prioritário em dignidade a todas as coisas, que a verdade que está escrita nos livros não canônicos. É útil, no entanto, para a direção na vida de moral, como foi dito, por meio do qual nós chegamos ao reino dos céus, o que você pode nos conceder, etc. (Postilla Nicolai de Lyra super librum Tobiae, prefatio. Biblia cum glosa ordinaria et expositione Lyrae litterali et morali (Basileia: Petri & Froben, 1498). British Museum IB.37895, Vol. 2). Tradução de Dr. Michael Woodward).

Referência latina: Incipit postilla Nicolai de Lyra super librum Tobie, et primo eiusdem prefatio. Hec oportuit facere et illa non omittere, Matth. xxiii. Postquam (auxiliante Deo) scripsi super libros sacre scripture canonicos, incipiendo a principio Genesis et procedendo usque ad finem Apocalypsis, de eiusdem confisus auxilio super alios intendo scribere, qui non sunt de canone, scilicet liber Sapientie, Ecclesiasticus, Judith, Tobias, et libri Machabeorum, secundum quod Hieronymus dicit in prologo galeato, qui premittitur libris Regum; et idem dicit de libro Baruch in eius prologo, et de secundo Esdre in prologo super Esdram. Propter quod assumpsi verbum propositum: Hec oportuit, etc., in quo duo possunt notari: primum est necessitas operis: precedentur ibi: hec oportuit facere; secundum est utilitas operis: subsequentur ibi: et illa non omittere. Circa primum sciendum quod libri sacre scripture qui canonici nuncapantur tante sunt auctoritatis quod quicquid ibi continetur verum tenetur firmiter et indiscusse, et per consequens illud quod ex hoc concluditur manifeste. Nam sicut in scripturis philosophicis veritas cognoscitur per reductionem ad prima principia per se nota, sic in scripturis a catholics doctoribus traditis veritas cognoscitur, quantum ad ea que sunt fide tenenda, per reductionem ad scripturas sacre scripture canonicas, que sunt habite revelatione divina, cui nullo modo falsum potest subesse. Propter quod intellectus earum necessaries est ecclesie, et ideo de expositione earum potest dici illud quod scribitur Eccli. xxiiii: Hec omnia liber vite, id est, omnes libri expositi in opere precedenti continentur in libro vite, id est, in libro revelate veritatis a Deo qui est ispa vita. Sicut enim divina predestinatio dicitur liber vite, sic est hec scriptura divinitus revelata liber vite dicitur, tum quia a vita per essentiam procedit, ut dictum est, cum quia ad vitam beatam perducit. Circa secundum considerandum quod libri qui non sunt de canone recepti sunt ab ecclesia ut ad morum informationem in ea legantur, tamen eorum auctoritas ad probandum ea que in contentionem veniunt minus idonea reputantur, ut dicit Hieronymus in prologo super librum Judith et in prologo super parabolas Salomonis; propter quod sunt minoris efficatie quam libri canonici. Et ideo possumus dicere Domino a quo est omne bonum illud quod scribitur Judith viii: Illa post illa cogitasti. Licet enim in actuo cogitandi divino non sit prius aut posterius cum sit unicus et simplicissimus, tamen in effectibus ab eo precogitatis est ordo temporis et dignitatis; et sic veritas scripta in libris canonicis prior est tempore quantum ad plura, et dignitate quantum ad omnia quam sit illa que scribitur in non canonicis. Utilis tamen est ad directione in via morum, ut dictum est, per quam pervenitur ad regnum celorum, quod nobis concedat, etc. (Postilla Nicolai de Lyra super librum Tobiae, prefatio.Biblia cum glosa ordinaria et expositione Lyrae litterali et morali (Basileia:Petri & Froben, 1498). British Museum IB.37895, vol. 2.)

74. Capítulo 1: 'No primeiro ano de Ciro', etc. Este livro, de onde se inicia o governo dos sacerdotes, como foi dito, junto com os livros ligados a ele, pode ser dividido assim: primeiro é tratado a emergência deste governo, segundo o subsequente infortúnio, que é duplo: um considera o exemplo de constância contra Aman, o outro o exemplo de paciência nos livros de Ester e Jó. Mas no presente eu pretendo ignorar os livros de Tobias, Judite e Macabeus, apesar deles serem históricos, porque eles não estão no cânon para os judeus, nem para os cristãos. Mas Jerônimo diz sobre eles no prólogo Galeato que é o prólogo do livro dos Reis, que eles são cantados entre os apócrifos, e no prólogo de Judite ele diz que sua autoridade não é eficaz para provar nada que vier em disputa ou dúvida. E então eu não pretendo me dedicar à exposição deles até, com a ajuda de Deus e vida contínua, eu ter escrito sobre todos os livros canônicos. Agora, se o Senhor me conceder vida, eu serei capaz, Deus queira, de escrever sobre estes livros e outros que são comumente colocados nas Bíblias, apesar deles não estarem no cânon. Este livro, além do mais, é dividido em três partes: primeiro a respeito da liderança na volta do povo sob Jesus filho de Josedeque; segundo a respeito da instrução dos que retornaram por Esdras, mestre da lei – Capítulo 7; terceiro a respeito da reconstrução das muralhas pelo líder Neemias – começando com 'As palavras de Neemias'. E estes três eram sacerdotes, como aparecerá do que se segue. Mas no presente eu não pretendo me ocupar com o segundo livro de Esdras pela razão dada, a saber, que não está no cânon (Postilla Nicolai de Lyra super librum Edsrae, cap.i, Biblia cum glosa ordinaria et expositione Lyre litterali et morali (Basileia: Petri & Froben, 1498). British Museum IB.37895, vol. 1, Lira sobre Esdras. Tradução de Dr. Michael Woodward).

Referência latina: Capitulum I: In anno primo Cyri, etc.. Liber iste, a quo incipit regimen sacerdotum, ut dictum est, cum sibi annexis potest sic dividi: quia primo tangitur huius regiminis processus, secundo incidens casus, qui est duplex. In uno habetur exemplum constantie contra Aman, in altero exemplum patientie in libris Hester et Iob. Libros autem Tobie et Iudith et Machabeorum, licet sint historiales, tamen intendo eos ad presens pertransire, quia non sunt de canone apud Iudeos nec apud Christianos. Immo de ipsis dicit Hieronymus, in prologo galeoto qui est prologus super libros Regnum, quod inter apocrypha cantantur; et in prologo Iudith dicit quod auctoritas eorum non est efficax ad probandum aliquid quod in contentionem vel dubium venit. Et ideo expositionem eorum non intendo insistere donec cum Dei adiutorio et vita comite super omnes libros canonicos scripserim. Si autem Dominus vitam mihi concesserit, super istos libros et alios qui communiter ponuntur in bibliis, quamvis non sint de canone, scribere potero Domino concedente. Liber autem iste dividitur in tres partes, quia primo aditur de reductione populi sub Iesu filio Iosedech; secundo de instructione reducti per Esdram legis doctorem, vii capitulum; tertio de reedificationem muri per Neemiam ducem, ibi: Verba Neemie. Et isti tres fuerunt sacerdotes ut ex sequentibus apparebit. De secundo autem libro Esdre non intendo ad presens me intromittere ratione iam dicta, scilicet quia non est de canone (Postilla Nicolai de Lyra super librum Edsrae, cap.i, Biblia cum glosa ordinaria et expositione Lyre litterali et morali (Basileia: Petri & Froben, 1498). British Museum IB.37895, vol. 1, Lyra sobre Esdras).

75. Incipit liber Tobiae qui tamen non est in canone (Biblia cum glosa ordinaria et expositione Lyre litterali et morali (Basel: Petri & Froben, 1498). British Museum IB.37895, vol. 1).

76. Incipit liber Judith qui tamen non est in canone (Ibid., vol. 1).

77. Incipit liber Sapientiae qui tamen non est in canone (Ibid., vol. 1).

78. Nicholau de Lira, Postilla literalis in librum Edsrae, BIBLIA SACRA (Lyon, 1589) vol. 2, col. 1276: 'Libros autem Tobie et Judith et Machabeorum licet sint historiales, tamen intendo eos ad presens pertransire quia non sunt de canone apud Iudaeos nec apud Christanos.'

79. Secundus per auctoritates sacre scripture canonice (tamen quod dico propter libros Thobie, Iudith, Sapiencie, Ecclesiastici et Machabeorum, quorum auctoritas non est efficax ad probandum aliquid quod uenit in contencionem, sicut dicit Ieronimus in Prologo galeato, qui premittitur libris Regum.

80. Jerome, Prologus in libris Regum, BIBLIA SACRA VULGATA, vol. 1, 3rd ed., Stuttgart, 1983, pág. 365: 'Hoc prologus Scripturarum quasi galeatum principium omnibus libris, quos de hebraeo vertimus in latinum, convenire potest, ut scire valeamus, quicquid extra hos est, inter apocrifa seponendum. Igitur Sapientia, quae vulgo Salomonis inscribitur, et Iesu filii Sirach liber et Iudith et Tobias et Pastor non sunt in canone. Macchabeorum primum librum ebraicum repperi, secundus graecus est, quod et ex ipsa probari potest'.

81. Jerônimo, Prologus Iudith, BIBLIA SACRA VULGATA, vol. 1, pág. 691: 'Apud Hebraeos liber Iudith inter Agiografa legitur; cuius auctoritas ad roboranda illa quae in contentione veniunt, minus idonea iudicatur'.

82. Michael Woodward, Nicholas of Lyra on Beatific Vision, A Dissertation Submitted to the Graduate School of the University of Notre Dame in Partial Fulfillment of the Requirements for the Degree of Doctor of Philosophy, Medieval Institute, Notre Dame, Indiana, April, 1992, p. 177-178, 227-228.

83. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

84. De acordo com Agostinho, como defendido em Distich IX em vários capítulos, as Sagradas Escrituras devem ser colocadas antes das cartas e escritos de todos os bispos e outros. Assim como o temor e honra devem ser oferecidos aos santos escritores da Bíblia, e que não se creia que eles erraram em qualquer coisa, tal temor e honra não deve ser oferecido a ninguém além deles. De acordo com Jerônimo no prólogo aos livros de Provérbios e Gregório na Moralia, os livros de Judite, Tobias e Macabeus, Eclesiástico e Sabedoria não devem ser usados para confirmar qualquer elemento de fé. Pois Jerônimo diz, assim como Gregório: a Igreja lê os livros de Judite, Tobias e Macabeus, mas ela não os aceita entre as escrituras canônicas (Guillelmus de Occam O.F.M., Opera Plurima (Lyon, 1494-1496), Dialogus de Impero et Pontificia Potestate, Liber iii, tractus i, cap. 16. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Secundum Augustinum, ut habetur Dist. Ix in diversis captis, Scriptura divina est litteris et expositionibus omnium episcoporum et aliorum preponenda. Ita ut solis Scriptoribus biblie deferendus sit hic timor et honor, ut non credantur errare in aliquo: quails honor et timor nulli deferendus est post ipsos. Secundum Hieronymum etiam in prologo in libris Proverb. Et Gregorium in Moralibus liber Judith, Tobiae, et Machabeos, Ecclesiasticus, et liber Sapie non sunt recipiendi ad confrimandum aliquid in fide. Dicit enim Hieronymus sicut Gregorius: Judith, (et) Thobie, et Machabeos libros legit quidem eos Ecclesia, sed inter canonicas Scripturas non recipit (Guillelmus de Occam O.F.M., Opera Plurima (Lyon, 1494-1496), Dialogus de Impero et Pontificia Potestate, Liber iii, tractus i, cap. 16).

85. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

86. Os judeus... de acordo com Jerônimo em seu prólogo Galeato... criaram quatro divisões dos livros do Velho Testamento. A primeira eles chamaram a Lei,... a segunda os Profetas,... a terceira os Hagiógrafos,... a quarta (que os judeus não colocam no cânon das Santas Escrituras, mas chamaram Apócrifos) eles fizeram dos outros cinco livros, a saber, Sabedoria, Eclesiástico, Judite, Tobias e Macabeus, que foi dividido em dois livros; (de onde) a respeito destes cinco livros Jerônimo diz em seu prólogo a Judite, que sua autoridade é julgada menos adequada para fortalecer aquelas coisas que vierem em disputa... E Tomás diz a mesma coisa no Secunda secundae, e Nicolau de Lira sobre Tobias, a saber, que eles não são de tal autoridade, que não se pode argumentar de suas palavras sobre o que é da Fé, como dos outros livros das Sagradas Escrituras. Daí, talvez, eles tem tanta autoridade quanto as palavras dos santos Doutores aprovados pela Igreja (Sancti Antonini, Archiepiscopi Florentini, Summa Theologica, In Quattuor Partes Distributa, Pars Tertia, Tit xviii, Cap vi, Sect 2, De Dilatatione Praedicationis, Col 1043-1044. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Notandum secundum Hieronymum in prologo Galeato, qui ponitur super libro Regnum, quod librorum Veteris Testamenti Hebraeiquatuor faciunt partes. Et primum appellant Legem:...secundum Prophetas:....tertiam Hagiographa...quartam partem, quam tamen non ponunt ipsi Hebraei in canone Scripturarum sanctarum, sed appellant apocrypha, faciunt de aliis quinque libris, scilicet, Sapientia…Ecclesiasticus…Judith…Tobias…et Machabaeorum, distinctus in duos libros…Unde et de his quinque libris dicit Hieronymus in prologo super Judith, quod auctoritas horum librorum ad roboranda illa, quae in contentione veniunt, minus idonea judicatur...Et idem etiam dicit Thomas, 2a. 2ae, et Nicloaus de Lyra super Tobiam, scilicet, quod isti non sunt tantae auctoritatis, quod ex dictis eorum posset efficaciter argumentari in his, quae sunt fidei, sicut ex aliis libris Scripturae sacrae. Unde forte habent auctoritatem talem, qualem habent dicta sanctorum doctorum approbata ab ecclesia (Sancti Antonini, Archiepiscopi Florentini, Summa Theologica, In Quattuor Partes Distributa, Pars Tertia, Tit xviii, Cap vi, Sect 2, De Dilatatione Praedicationis, Col 1043-1044).

87. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

88. Questão 1. Primeiro é procurado, quantos livros das Sagradas Escrituras existem e qual é a ordem destes livros em seus cânons. Quanto ao primeiro tema deve-se dizer que nós perguntamos aqui dos livros de qualquer testamento, velho e novo ao mesmo tempo, que são contados de várias formas. Certas pessoas dizem que há cinquenta livros das sagradas escrituras e que eles são indicados através das cinquenta voltas que existiam na borda de cada cortina do tabernáculo de Moisés. Pedro de Aurora mantém este reconhecimento. Mas deve ser dito que isto não é apropriado já que é necessário dividir alguns livros e unificar outros, pois se fosse adicionado de acordo com uma diferente contagem, não se dividindo livros, a menos que feito de acordo com o que é comumente aceito, só se chegaria a quarenta e quatro, faltando seis livros, como se declarará abaixo. Então para este fim, para que se possa suprir estes seis, seria necessário dividir alguns livros que não são normalmente divididos, dos quais há um no Velho Testamento, a saber os doze profetas menores. Mas há dois no Novo Testamento, a saber, as Epístolas de Paulo e as Epístolas Canônicas. Deve-se dizer sobre o livro dos doze profetas menores que é um único livro no Velho Testamento e assim colocado entre os judeus em seu cânon como Jerônimo diz em seu prólogo ao Livro dos Reis que começa: Vinte e duas letras. Apesar de dentro daquele livro, qualquer um dos doze profetas poderia ter seu próprio livro, o que não mereceria o título de 'livro' em si por causa de seu tamanho pequeno. Mas se eles dividirem o livro dos doze profetas, é apropriado que ele seja dividido em doze de acordo com seus profetas e então não será só cinquenta mas cinquenta e cinco livros.

Sobre a divisão dos livros do Velho Testamento, há uma variedade de opiniões já que nós estamos acostumados a contar de uma forma e os judeus de outra. A razão para esta variedade é que alguns livros são mantidos por nós, que nunca são encontrados entre os hebreus, tais como o Livro da Sabedoria, Eclesiástico e segundo de Macabeus, como Jerônimo diz em seu prólogo. A segunda razão para esta variedade é que certos livros, apesar de serem encontrados entre os hebreus, no entanto não são colocados em seu cânon, tais como o livro de Judite e Tobias, como Jerônimo diz em seu prólogo. Nosso reconhecimento é universal, porque todos os livros, quantos a Igreja lê e aceita, são contados seja qual for a subseção ou cânon eles estiverem, mesmo que eles sejam considerados no número dos Apócrifos entre os judeus, e porque aqueles livros são contados de acordo com as divisões que eles comumente mantém entre os latinos e gregos. Desta forma quarenta e quatro livros são encontrados, a saber, trinta e seis do Velho Testamento e oito do Novo. Eles são contados assim: cinco livros de Moisés, um de Josué, um dos Juízes, um de Rute, quatro dos Reis, dois de Crônicas, três livros de Esdras (nós adicionamos lá aquele bem apócrifo, o qual a Igreja não se preocupa muito com ele ou o lê, nem qualquer um dos doutores o mencionam, por esta razão não o colocamos no número de livros), um de Davi (a saber os Salmos), que apesar de ser dividido em muitas partes para o uso da Igreja e é considerado ser dividido em cinco seções entre os hebreus, é no entanto considerado um só livro por ambos, um de Tobias, um de Judite, um de Ester, dois de Macabeus, três de Salomão (a saber, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos cânticos), um de Jó, um de Sabedoria, um de Eclesiástico que é chamado Jesus filho de Siraque, quatro dos Grandes Profetas (a saber, Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel), e um de Lamentações de Jeremias (como se fosse dividido do livro de seu profeta), um de Baruque (que foi um secretário de Jeremias) um dos doze Profetas menores (que são todos contidos em um livro). E assim há trinta e seis. Então os oito livros do Novo Testamento completam o número quarenta e quatro de todas as Sagradas Escrituras. Alguns colocam só trinta livros de todas as escrituras, a saber, vinte e dois livros do Velho e oito do Novo Testamento. Como estes são contados fica claro no prólogo de Jerônimo e será declarado na questão seguinte. Alguns estabelecem trinta e dois livros do Novo e Velho Testamento, a saber, oito do Novo e vinte e quatro do Velho. Jerônimo escreve a respeito disto no já mencionado prólogo e será explicado na seguinte questão.

Questão 2: Há alguns livros que, apesar de mantidos pela Igreja, no entanto não são colocados no cânon, já que a Igreja não associa a fé com eles, nem ordena que eles sejam lidos ou recebidos regularmente, e não julga aqueles que não os aceitam como desobedientes ou sem fé. Isto se deve por dois motivos: primeiro, porque a Igreja não está certa a respeito de seus autores, não, ao contrário, ela não sabe, se [seus escritores] os compôs inspirados pelo Espírito Santo... Mas já que há dúvidas rodeando alguns livros, a respeito de seus autores, se eles foram movidos pelo Espírito Santo, sua autoridade é retirada e a Igreja não os coloca no cânon de seus livros. Em segundo lugar, já que a Igreja não está certa sobre tais livros, se hereges adicionaram ou subtraíram algo além daquilo que eles mantinham de seus próprios autores. Mas tais livros a Igreja aceita, permitindo que indivíduos os leiam: pois ela também os lê em seus escritórios por causa das muitas coisas fiéis que estão contidas neles. Mas ela não obriga ninguém necessariamente a crer no que é contido lá; como é nos livros de Sabedoria, … Eclesiástico,... Macabeus,... Judite,... e Tobias. Pois, apesar daqueles serem recebidos por cristãos e uma ilustração tomada deles pode algumas vezes ser útil, a Igreja mantém aqueles livros; mas eles não são úteis contra hereges ou judeus para provar aquelas coias que podem vir a dúvida: Assim como Jerônimo diz em seu prólogo sobre Judite, a saber, entre os hebreus o livro de Judite é lido como hagiografia, cuja autoridade é julgada menos apropriada para fortalecer aquelas coisas que vierem em disputa. Estas coisas sendo pressupostas, deve-se dizer que no Velho Testamento certos livros são colocados no cânon e certos livros não. Aqueles que não são colocados, tais como Judite, Tobias, os dois livros de Macabeus, Sabedoria e Eclesiástico não tem qualquer subseção ou divisão neles; aqueles que estão no cânon têm. Deve-se saber que os livros colocados no cânon possuem três subseções, a primeira legal, a segunda profética, e a terceira dos livros hagiográficos. Na primeira subseção de livros legais estão colocados os cinco livros de Moisés, que são chamados Thorach entre os Judeus, que significa a lei. Outros chamam eles de humas, que significa os cinco, já que há cinco livros. E a este nome corresponde certo nome grego entre nós, a saber, Pentateuco, que significa os cinco livros da lei. E eles são Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Eles são chamados a lei porque eles contém somente a lei, ou pelo menos principalmente a lei, já que neles certas coisas de sua história são inseridos em relação àqueles para quem a lei foi dada. A segunda subseção de livros é chamada profética ou os Profetas e contém oito livros. O primeiro é o livro de Josué, segundo de Juízes que eles colocam com o livro de Rute, o terceiro é o livro de Samuel, que nós chamamos primeiro e segundo de Reis, quarto de Malachi , que é o Livro dos Reis, ou de acordo com outro Malachoth, ou seja, Reinos. Mas, como Jerônimo diz é melhor chamá-lo de Malachi, ou seja, Reis, que Malachoth, ou seja, Reinos; quinto Isaías, sexto Jeremias, sétimo Ezequiel, oitavo o livro dos Doze Profetas Menores, que entre os hebreus é um único volume. O Livro de Daniel não é colocado entre os livros proféticos mas na terceira subseção, hagiografia. Nesta subseção estão nove livros. Primeiro é o livro de Jó, segundo de Davi, a saber o Saltério, que entre os hebreus é dividido em cinco seções, mas no entanto é reunido em um único volume, terceiro Provérbios, que é o primeiro dos três livros de Salomão e entre os hebreus é chamado de Misle, ou seja, parábolas, quarto Eclesiastes do mesmo Salomão, que entre os hebreus é chamado choeler, entre os gregos Eclesiastes, entre os latinos o Pregador. No entanto, o nome grego é mantido em uso por nós já que os gregos impuseram os nomes destes livros antes deles virem para os latinos. Então muitos dos nomes sempre ficarão entre nós. Quinto é o Cântico dos cânticos, que em hebraico é chamado sirhasim, sexto Daniel, sétimo Crônicas, dividido entre nós em dois que entre os hebreus é chamado Dibreaiamim, ou seja palavras dos dias, entre os gregos Paralipomenon, e é genitivo plural do particípio e significa aquelas coisas omitidas ou deixadas para trás, já que lá é tratado daqueles complementos omitidos nos outros livros. Então Jerônimo o chama de a crônica de todas as divinas escrituras. Oitavo é Esdras que é dividido em dois livros e dentro dele há outro livro de Neemias. Nono é o livro de Ester e assim a terceira subseção, hagiografia, é concluída. Há então três subseções de livros do Velho Testamento e na primeira há cinco livros, na segunda oito, na terceira nove, e assim há vinte e dois livros. Alguns colocam onze livros na terceira subseção, a saber, eles colocam o livro de Rute com os já mencionados, separando-o do outro livro de Juízes, eles também colocam o livro threnorum, ou as Lamentações de Jeremias, aquele que é chamado de Cinoth entre os hebreus que o separam do livro do profeta Jeremias, e assim há vinte e quatro livros no cânon do Velho Testamento. Sobre todas estas coisas Jerônimo escreve em seu prólogo. Resta muitas dúvidas sobre estas coisas, ou seja, porque há três subseções de livros e não mais ou menos e por que há certos livros chamados legais, outros proféticos e outros hagiográficos e por que eles todos não são conhecidos pelo mesmo nome e por que são colocados nesta subseção e não naquela e assim continua sobre muitas outras dúvidas que serão omitidas por agora. Sobre isto nós esclareceremos muito extensivamente na exposição do prólogo de Jerônimo, que é completo sobre este material e é colocado no começo do primeiro de Reis.

Questão 3: Isto deve ser considerado para entender que livros podem ser chamados Apócrifos de duas formas. Uma forma, que ele não é estabelecido sobre seus autores, se eles escreveram com o Santo Espírito compondo, e não é estabelecido sobre tudo que está contido neles, se tudo é verdadeiro. Mas não há algo neles que é demonstravelmente falso ou é muito suspeito de falsidade. Na outra forma eles são chamados Apócrifos, quando não é estabelecido sobre seus autores, se eles foram inspirados por Deus e além do mais muitas coisas que são mantidas [nestes livros] são ou demonstravelmente falsas ou são muito suspeitas de erros. Entendendo na primeira forma que eles livros são Apócrifos, as Escrituras não os coloca no cânon de seus livros, para que a fé deva por necessidade ser aplicada a eles, mas se permite àqueles que desejam fazer assim para ler o que eles leem, já que nada inadequado parece resultar: também a própria Igreja não os lê. Entendendo na segunda forma que estes livros são Apócrifos, não só a Igreja não os coloca no cânon, ela não os coloca junto de seus próprios livros de forma alguma, nem eles favorecem aqueles que os leem; [apesar de ela não proibi-los completamente. Mas ela declara que aqueles livros são muito suspeitos de falsidade, que ela pode advertir as pessoas quando eles os lerem e que eles devem observar ao que eles devem aplicar sua confiança]. Certos livros são Apócrifos no primeiro sentido, que são colocados fora do cânon do Velho Testamento, mas são contados entre os livros das Santas Escrituras, a saber, o livro de Sabedoria, Eclesiástico, Judite, Tobias e Macabeus, pois sobre seus autores, não é estabelecido para a Igreja se eles os escreveram com o Espírito Santo compondo; mas ela não encontrou nada falso neles ou muito suspeito de falsidade; porém ao contrário, há abundante santa e fiel doutrina neles. Por esta razão a Igreja os lê e os conta entre seus livros. Assim Jerônimo diz em seu Prólogo a Judite que o livro de Judite que é dos apócrifos... (Alphonsi Tostati, Episcopi Abulensis, Commentariorum in Sanctum Iesu Christi Euangelium secundum Matthaeum, Praefatio, Quaest. 1, 2, 3. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Quaest. I. Quaeritur ergo primo, quot sunt libri sacrae scripturae, & qui sunt ordines ipsorum librorum in canonibus suis. Ad primum dicendum, quod hic quaerimus de libris utriusque testamenti simul noui & veteris, qui varie computantur. Quidam dicunt quinquaginta libros sacrae scripturae esse: & dicunt eos significatos per quinquaginta ansulas, quae erant in ora cuiuslibet cortinae tabernaculi Moysi. Exod. 26. Et istam computationem tenet Petrus in Aurora. Dicendum tamen; quod non est conueniens: quia necesse est, quod aliquos libros diuidat, & aliquos uniat, Nam si computetur secundum aliam computationem, non diuidendo libros, nisi secundum quod communiter accipitur, non poterit perueniri nisi ad 44. libros, & desic sex. Ut infra declarabitur. Ad hoc ergo, quod suppleat istos sex, necessee est, quod diuidat aliquos libros, qui non consueuerunt diuidi: de quibus est unus in veteri testamento scil. lib. 12. prophetarum minorum. Duo autem sunt in nouo. scil. liber Epistolarum Pauli & liber canonicarum Epistolarum. De libro duodecim prophetarum minorum dicendum, quod unicus est in veteri testamento: & sic ponitur apud Iudaes in canone suo, ut ait Hieronymus in prologo Galeato super libros Regum, qui incipit: Viginti & duas literas: licet intra istum librum quilibet illorum duodecim prophetarum librum proprium habeat: qui propter paruitatem per se nomen voluminis non meretur. Si autem isti diuidant librum duodecim prophetarum, oportet illum diuidi in duodecim iuxta numerum ipsorum prophetarum, & tunc non solum erunt 50. sed 55. libri...

Circa diuisionem librorum veteris testamenti est diuersitas: quia aliter solemus nos communiter computare, & aliter Iudaei. Ratio diuersitatis est: quia aliqui libri apud nos habentur, qui nunquam apud Hebraeos inueniantur, sicut liber Sapient. & Ecclesasticus, & secundus liber Machab. Ut ait Hieron. In prologo Galeato: Secunda diuersitatis ratio est: quia quidam libri, licet apud Hebraeos inueniantur, tamen in suo canone non ponuntur, sicut liber Iudith, & Tobiae, ut ait Hieron. in eodem prologo Galeato. Computatio autem nostra communis est; quod computentur omnes libri quotquot Ecclesia legit, & suscepit, cuiuscunque ordinis, vel canonis sunt: etiamsi apud Iudaeos in apocryphorum numero deputentur, etiam quod isti libri computentur secundum sectiones, quas communiter apud Latinos, & Graecos habent. Et hoc modo inuenientur 44. libri. scil. 30. & sex veteris testamenti, & octo noui testamenti. Et computantur sic. scil. quinque libri, Moysis, unus liber Iousue, unus Iudicum, unus Ruth, quatuor libri Regum, duo libri Paralipomenon. 3. libri Esdrae opponentes ibi unum valdeapocryphum, de quo Ecclesia nunquam curauit, nec legit, nec quisquam doctorum solennium illum unquam allegat: ideo nec nos in numero libroru ponimus: unus liber Dauíd. Scil. Psalmorum, qui licet apud nos in usu Ecclesiae sit in multas partes diuisus, & apud Hebraeos quinque incisionibus habeatur distinctus, utrobique tamen unicus liber dicitur: unus liber Tobiae, unus Iudith, unus Esther, duo libri Machabaeoru, tres libri Salomonis. scil. Parabolae Ecclesiastes, & Cantica Canticorum, unus liber Iob, unus Sapientiae, unus Ecclesiastici, qui vocatur Iesus filius Sirach, quaruor libri Magnorum Prophetarum. scil. Isai. Ierem. Ezech. Daniel. unus liber Threnorum, siue lamentationum Iere. Quasi a libro prophetiae suae distinctus est, unus liber Baruch, qui suit notarius Ierem. unus liber duodecim Prophetarum minorum, qui omnes sub uno clauduntur volumine. Et sic sunt simul 36. Deinde octo libri noui testamenti, & complent numerum 44 librorum totius sacrae scripturae. Alii ponunt solum triginta libros totius scripturae nouae, & veteris. scil. viginti &. Duos libros veteris testamenti, & octo noui testamenti. Qui quomodo computentur, patet per Hieronymo in prologo Galeato, & declarabitur sequenti quaestione. Alii ponunt triginta & duos libros noui & veteris: testamenti, scilicet, octo nouos, & viginti quatuor veteris: de quibus Hieronymus in dicto prologo, & patet sequenti quaestione.

Quaest 2: Alii sunt libri, qui licet ab Ecclesia teneantur, in canone tamen non ponuntur, quia non adhibet illis Ecclesia hanc fidem; nec iubet illos regulariter legi, aut recipi, & non recipientes non judicat inobedientes aut infideles. Hoc autem est propter duo. Primo, quia Ecclesia non est certa de auctoribus eorum; immo nescit, an Spiritu sancto inspirati scriptores eorum dictauerunt eos...

Cum autem dubitatur circa aliquos libros, de scriptoribus eorum, an Scriptu sancto moti sint, adimitur auctoritas illorum, & non ponit illos Ecclesia in canone librorum suorum. Secundo, quia Ecclesia non est certa circa tales libros, an ultra id, quod habuerunt a propriis auctoribus, haeretici aliquid miscuerint, vel subtraxerint. Tales autem libros Ecclesia recipit permittens eos singulis fidelibus legere: ipsa quoque in officiis suis illos legit propter multa devota quae in illis habentur. Neminem tamen obligat ad necessario credendum id, quo ibi habetur; sicut est de libro Sapientiae Salomonis, & de Ecclesiastico, & de libro Machabaeorum, & de Iudith, & de Tobia. Isti enim licet a Christianis recipiantur, & probatio ex eis sumpta sit aliqualiter essicax (efficax ?): quia Ecclesia istos libros tenet; contra haereticos tamen, aut Hebraeos, ad probandum ea, quae in dubium veniunt, non sunt efficacies: sicut ait Hieronymus in prologo super Iudith, scilicet, apud Hebraeos liber Iudith inter agiographa legitur, cuius auctoritas ad roboranda illa, quae in contentione veniunt, minus idonea iudicatur. His praesuppositis dicendum, quod in veteri testamento quidam libri ponuntur in canone, quidam non. Illi qui non ponuntur sicut Iudith, & Tobias, & duo libri Machabaeorum, Sapientia, & Ecclesiasticus non habent inter se aliquem ordinem, vel diuisionem, qui autem ponuntur in canone, habent ordinem. Sciendum autem, quod libri positi in canone habent tres ordiens, primus est legalium, secundus prophetalium, tertius agiographorum. In primo ordine legalium ponuntur soli quinque libri Moysis, qui apud Iudaeos vocantur thorach, id est, lex. Alii vocant eos humas, id est, quinarium, quia quinque libri sunt. Et huic nomini correspondet quoddam nomen Graecum apud nos scil. Pentateuchus, quod interpretatur, id est quinque libri legis. Et isti sunt Genesis, Exodus, Leviticus, Numerus & Deuteronomium. Qui vocantur leges, eo quod solam legem contitinent, vel saltem principaliter legem, cum in eis interdum quaedam ipsoru historiae inserentur pertinentes interdum ad eos, quibus dabatur lex. Ordo secundus librorum vocatur prophetalium, siue Prophetarum, & continet libros octo. Primus est liber Iosue, secundus est liber Iudicum, cum quo ponunt librum Ruth, tertius est liber Samuel, quem nos vocamus primum, & secundum libros Regum: quartus est Melachim, id est, liber Regum. Vel secundum alios Malachoth, id est, regnorum. Sed ut ait Hieronym. melius vocatur liber Melachim, id est Regum, quae Malachoth, id est regnorum: quintus est Isaias: sextus Ierem: septimus Ezechiel: octauus liber duodecim Prophetarum minorum, qui apud Hebraeos unum volumen est. Liber autem Danielis non ponitur inter prophetales, sed inter agiographos in tertio ordine: licet ille Propheta suerit. Causa huius declarata est supra prologum Galeatum. Tertius ordo librorum est agiographorum: & in hoc ordine sunt nouem libri, primus est liber Iob: secundus liber David. scil. Psalterium, quod apud Hebraeos quinque incisionibus diuisum est: uno tame volumine comprehenditur: tertius est liber Proverbiorum, qui est primus de tribus libris Salomonis, & apud Hebraeos vocatur Misle, id est parabolae: quartus liber est Ecclesiastes ipsius Salomon, qui apud Hebraeos vocatur choeler, apud Graecos Eccelsiates, apud Latinos concionator. Manet tamen nobis in usu nomen Graecum: quia Graeci prius imposuerunt nomina istis libris, quam peruenirent ad Latinos: ideo pleraque eorum manent semper apud nos: quintus est Cantica Canticorum, qui Hebraice vocatur sirhasirim: sextus est Daniel: septimus est liber Paralipom. diuisus apud nos in duos, quid apud Hebraeos vocatur Dibreaiamim, id est, verba dierum, apud Graecos vocatur Paralipomenon, & est genitiuus pluralis numeri participii & interpretatur omissorum, vel relictorum: quia ibi agitur de suppletionnibus omissorum in aliis libris: ideo Hieron. vocat eum chronicon totius diuinae scripturae. Octauus est Esdras, qui in duos libros diuisus est, & sub eo continetur alius liber Neemiae. Nonus est liber Esther. Et ita completur tertius ordo agiographum. Sunt ergo tres ordines librorum veteris testamenti: & in primo continentur quinque libri: in secundo octo: in tertio nouem, & ita sunt viginti duo libri. Alii autem ponunt in tertio ordine 11 libros, s.cum praedictis ponunt librum Ruth distinguentes eum ab alio Iudicum, ponunt etiam librum Threnorum, sive lamentationem Ierem. Qui vocatur apud Hebraeos Cinoth, distinguetes eum a libro prophetarium Ierem. & sic sunt 24 libri in canone veteris testamenti. De his omnibus Hieronymus in prologo Galeato. Multa dubia circa haec restabant, scilicet, quare sint tres ordines librorum & non plures, nec pauciores & quare quidam legales, alii prophetales, alii agiographi appellantur, & non omnes eodem niomine, & quare isti ponuntur in isto ordine & non in alio, & sic de multis aliis dubiis, quae in praesenti omittuntur, de quibus latissime declaranimus in expositione prologi Galeati, qui totus est de hac materia, & ponitur in principio primi libri Regum.

Quaest 3: Ad intelligentiam huius considerandum, quod libri dicuntur apocryphi dupliciter. Uno modo, quia non constat de eorum scriptoribus, an Spiritu sancto dictatnte scripserint, & etiam non constat de omnibus, quae in eis habentur, an vera sint. Non est tamen in eis aliquid, quod manifeste falsum sit, vel quod valde suspectum sit de falsitate. Alio modo dicuntur libri apocryphi, de quorum auctoribus non constat, an a Deo sint inspirati, & insuper multa, quae habentur in ipsis libris, vel sunt manifeste falsa, vel de errore valde suspecta. Accipiendo primo modo libros apocryphos, scriptura non ponit illos in canone librorum suorum, ita ut debeat illis fides de necessitate adhiberi; permittit tamen volentibus legere, quod legant, quia non videtur inde sequi aliquod inconveniens: ipsa quoque Ecclesia illos legit. Accipiendo secundo modo apocryphos libros, non solum Ecclesia non ponit illos in canone, immo nec aliquo modo ponit eos cum libris suis, nec legit, nec legentibus favet: licet non omnino prohibeat. Annunciat tamen illos libros esse suspectos valde de falso, ut caveant quando legerint, & videant quibus fidem adhibeant. Primo modo sunt apocryphi libri quidam, qui ponuntur extra canonem veteris testamenti, computantur tamen inter libros sacrae scripturae, scilicet, liber Sapientiae, & Ecclesiasticus, & Iudith, & Tobias, & libri Machabaeorum: de auctoribus enim horum non constat Ecclesiae, an Spiritu sancto dictante scripserint: non tamen reperit in eis aliquod falsum, aut valde suspectum de falsitate; sed potius in eis est doctrina copiosa sacta, & devota: ideo Ecclesia legit illos, & computat inter libros suos. Sic dicit Hieronymus in prologo super Iudith. (Alphonsi Tostati, Eposcopi Abulensis, Commentaiorum in Sanctae Iesu Christi Euangelium secundum Matthaeum, Praefatio, Quaestio I, De numero & diusione librorum sacrae scriptura; Quaestio II, De ordine librorum veteris testamenti; Quaestio III, De ordine librorum noui testamenti).

89. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

90. Em seu prólogo ao livro de Reis, Jerônimo diz que há vinte e dois livros do Velho Testamento. Os Hebreus dividem as Escrituras do Velho Testamento em três partes, que são a lei, profetas e hagiógrafos. Os cinco livros de Moisés eles chamam de lei, os outros oito livros, que são Josué, o Livro de Juízes, onde eles incluem o Livro de Rute, o Livro de Reis, que eles dividem em dois volumes, também Isaías, Jeremias, Ezequias e o livro dos Doze profetas eles chamam de livros proféticos. Aos Hagiógrafos eles dizem que pertencem os últimos nove livros, que são o livro de Jó, os Salmos, os três livros de Salomão, Crônicas, Esdras e Ester. Hagiografia é derivada de hagios, ou seja, santo, e graph, escrito, assim escritos santos. Eles chamam estes livros canônicos e os outros apócrifos (Denis o Cartuxo, Exposição em Gênesis, Cap I, Articulus IV, De Multiplici Distinctione Atque Divisione Totius Divinae Scripturae. Tradução de Benjamin Penciera, University of Notre Dame).

Referência latina: Sicut in prologo super libros Regum sanctus ait Hieronymus, viginti duo sunt libri veteris Testamenti. Hebraei enim dividunt Scripturam veteris Testamenti in tria, hoc est in legem, in Prophetas, et in hagiographa. Itaque quinque libros Moysis vocant legem, alios octo libros, videlicet Josue,et librum Judicum, sub quo comprehendunt et librum Ruth, et libros Regum quos dividunt in duo volumina, Isaiam quoque, Jeremiam, Ezechielem ac librum duodecim Prophetarum, appellant prophetales. Ad hagiographa vero asserunt pertinere alios novem libros, utpote libram Job, Psalterium, tria volumina Salomonis, Paralipomenon, Esdram et Esther. Hagiographon autem dicitur ab agios, quod est sacrum, et grafh, scriptura, quasi scriptura sacra. Hos libros vocant canonicos, alios vero apocryphos (Denis o Cartuxo, Exposição em Gênesis, Cap I, Articulus IV, De Multiplici Distinctione Atque Divisione Totius Divinae Scripturae).

Agora, este livro não é contado entre as escrituras canônicas, no entanto, a Mãe Igreja não tem dúvidas sobre sua verdade: sobre isto ela recebe e estabelece que é para ser lido não para confirmação e prova daquelas coisas que vierem em disputa, ou seja daquelas coias que devem ser cridas, a respeito das quais houver debate entre católicos e não crentes, mas ao invés disto para a instrução de moral. Pois este livro é histórico mas também muito moral e doutrinal (Denis o Cartuxo, Proemium, Judite e Tobias. Tradução de Benjamin Penciera, University of Notre Dame).

Referência latina: Denique liber iste non computatur inter Scripturas canonicas. Tamen de ejus veritate non dubitat mater Ecclesia: propter quod eum recepit, et legendum instituit, non ad confirmationem atque probationem eorum qum veniunt in contintionem, id est credendorum, de quibus inter Catholicos et incredulos exstat disputationis contentio, sed ad morurn informationem. Est namque, hic liber historicus, etiam valde moralis ac doctrinalis (Denis o Cartuxo, Proemium, Judite e Tobias).

Agora este livro não é contado no cânon, ou seja entre as Escrituras canônicas, apesar de não haver dúvida sobre sua verdade. E combina bem com o livro de Provérbios de Salomão em significado e estilo. Sobre isto Jerônimo escreve que ele achou este livro entre os hebreus, não chamado de Eclesiástico, como é por nós, mas chamado Parabola. E como nos livros de Salomão, aqui também sabedoria é recebida de várias formas: algumas vezes como a sabedoria incriada e não nascida, algumas vezes como sabedoria criada, infundida ou adquirida, algumas vezes como alguma sorte de virtude, como ficará claro em seu devido curso (Denis o Cartuxo, Prologus, Ecclesiasticus (Siraque). Tradução de Benjamin Penciera, University of Notre Dame).

Referência latina: Denique liber iste non est de canone, id est, inter Scripturas canonicas computandus; quamvis de ejus veritate non dubitetur. Et convenit multum in sensu. modoque procedendi cum libro Proverbiorum Salomonis. Propter quod scribit Hieronymus, se reperisse hunc librum aptid Hebræos, non tamen vocatum Ecclesiasticum, ut apud nos, sed Parabolas prænotatum seu intitulatum. Et sicut in libris Salomonis, ita et hic sapientia variis rnodis et extense accipitur: quandoque pro sapientia increata atque ingenita, interdum pro Sapientia increata et genita, aliquando pro sapientia creata, infusa aut acquisita, nonumquam pro quacumque virtute, prout in processu patebit (Denis o Cartuxo, Prologus, Ecclesiasticus (Sirach).

91. Catholic Encyclopedia, 16 Volumes (New York: Encyclopedia Press, 1913). Veja também New Advent em www.newadvent.org.

92. No entanto deve-se dizer, assim como acima sobre os livros, que desde que a Igreja já cresceu como um homem perfeito, apesar de ser igualmente forte como antes, mas a ela não é dado crescer como antes, de acordo com sua estatura (a), isto é porque tem três dimensões, comprimento, largura e altura ou profundidade; de acordo com estas três dimensões a Cidade da Igreja, mesmo antes da morte de João o Evangelista, é descrita como sendo medida. E isto igualmente: ele mediu a cidade (ele diz) com seu cajado, doze mil estádios, prefigurando os doze volumes nas Escrituras e a autoridade canônica da futura Igreja, segundo o qual Jerônimo fala em seu prólogo sobre Reis. Assim como (ele diz) há vinte e duas letras pelas quais nós escrevemos em hebraico tudo o que dizemos e a linguagem humana é compreendida em seus princípios, assim há vinte e dois volumes considerados, pelos quais, assim como letras e princípios na doutrina de Deus, a ainda tenra e lactante infância do homem justo deve ser alimentada. O primeiro destes é chamado de Bresith que nós chamamos Gênesis. Estas coisas Jerônimo diz. Mas o comprimento, largura e altura desta cidade são iguais, o texto diz. Então, assim como com respeito à altura que é caridade ela não pode crescer mais do que com Deus e o próximo. Nem com respeito a sua altura ou profundidade, que é esperança no Recompensador de todas as coisas. Como pode ela crescer em comprimento, que é a fé católica, além do número de quatorze artigos contidos no Símbolo, em um livro dispersamente escrito de vinte e dois volumes? O Santo Espírito fala muito fortemente ali na conclusão de todas as Escrituras canônicas, “Deixe aquele que desejar levar a água da vida de graça. Eu aviso qualquer um que escuta as palavras da profecia deste livro: se alguém adicionar algo a elas, Deus irá adicionar a ele as pragas descritas neste livro, e se alguém tirar das palavras do livro desta profecia, Deus irá tirar sua porção da árvore da vida na cidade sagrada, que está descrita neste livro” (Ap 22:17-19) (Thomae Waldensis, Doctrinale Fidei Catholicae, Tomus Primus, Articulus Secundus, cap. 2, pág. col. 353. Publicado primeiramente em Veneza, 1757. Republicado em 1967 por Gregg Press Limited. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Dicendum tamen sicut prius de libris, quod cum Ecclesia jam creverit in perfectum virum, quamuis sit AEQUE POTENS, UT OLIM; non tamen datur ei crescere, ut olim, secundum staturam (a): scilicet, quod tres species habeat, longitudinem, latitudinem, & altitudinem, sive profunditatem; secundum quas tres, etiam ante mortem Joannis Evangelistae, Civitas Ecclesiae describitur esse dimensa. Et hoc aequaliter: & mensus est civitatem (inquit) de arundine aurea per stadia duodecim millia, praefigens scilicet Ecclesiae futurae duodecim volumina in Scriptura & authoritate Canonica, secundum quod recitat super lib. Regum, in prologo galeato, Hieronymus. 'Quomodo (inquit) viginti duo elementa sunt, per quae scribimus hebraice omne quod loquimur, & eorum initiis vox humana comprehenditur; ita viginti duo volumina supputantur, quibus quasi literis & exordiis in Dei doctrina, tenera adhuc & lactens viri justi eruditur infantia. Primus eorum vocatur Bresith, quem nos Genesim dicimus &c.' Haec Hieronymus. Sed hujus Civitatis longitudo, latitudo, & altitudo, aequalia sunt, dicit textus. Ergo sicut secundum latitudinem, quae est charitas, non amplius potest crescere, quam penes Deum & proximum; nec penes altitudinem sive profundum ejus, quae est spes in omnium remuneratorem; quomodo potest augere sibi longitudinem, quae est fides catholica, ultra numerum quatuordecim articulorum contentorum in Symbolo, in uno libro vigintiduorum voluminum sparsim descripto? maxime dicente ibi Spiritu Sancto in conclusione omnis Scripturae Canonicae: 'Qui vult, accipiat aquam vitae gratis. Contestor ego omni audienti verba prophetiae libri hujus: Si quis apposuerit ad haec, apponet Deus super illum plagas scriptas in libro isto, & si quis diminuerit de verbis libri prophetiae hujus, auseret Deus partem ejus de libro vitae' (Thomae Waldensis, Doctrinale Fidei Catholicae, Tomus Primus, Articulus Secundus, cap. 2, col. 353. Primeiro publicado em Veneza, 1757. Republicado em 1967 por Gregg Press Limited).

93. Jerônimo pode se contradizer, ao ensinar em seu prólogo que aqueles livros fora do cânon são reunidos entre os Hagiógrafos. Porque se não agrada o livro ser cheio de erros, que nem mesmo Erasmo emendou, digamos que entre os judeus os Hagiógrafos são duplos assim como dissemos acima que os apócrifos são duplos (ou seja, podem ser entendidos de duas formas). Certas coisas são Hagiografia, ou seja, escritos dos santos, cuja autoridade é adequada para fortalecer aquelas coisas da fé: Hagiografias deste tipo estão no cânon bíblico. Mas há outras hagiografias (ou seja, santos escritos ou escritos dos santos) cuja autoridade não é adequada para fortalecer as declarações da fé, apesar delas serem consideradas verdadeiras e santas, assim como os escritos de Agostinho e Jerônimo são considerados, que são também Hagiografia (santos escritos ou escritos dos santos). Hagiografias deste tipo entre os hebreus são as histórias de Judite e Tobias e Eclesiástico e primeiro de Macabeus, cujos livros, apesar deles mantê-los e lê-los, não os contam entre os livros canônicos mas entre os Apócrifos, não por que são falsos, mas porque sua origem secreta não foi aparente para toda a Sinagoga. Mas o terceiro e quarto de Esdras, segundo de Macabeus, o Hino das três crianças, as histórias de Susanna e Bela e o Dragão ou eles não mantém ou até mesmo rejeitam, e relatam que eles foram inventados. Mas a Igreja Cristã, com relação à autoridade de certos livros antigos que são lidos para fazer uso da evidência de histórias deste tipo, lê estas mesmas escrituras com fé piedosa, e além do mais não rejeita ou os ignora, mesmo que ela não receba estes livros com autoridade igual às Escrituras canônicas (Jean Driedo, De Ecclesiasticis Scripturis et Dogmatibus, Libri quator. fol. XXI?XXII. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Hieronymus potest sibi ipsi esse contrarius, ut doceat in prologo galeato, libros illos extra canonem inter Hagiographa collocari. Quod si non placeat mendosum esse codicem, quem nec Erasmus emendauit, dicemus duplicia esse apud Hebræos Hagiographa, sicut & in superioribus diximus, duplicia esse apocrypha. Hagiographa, id est, sanctorum scripta, quæ dam sunt, quorum auctoritas idonea est ad corro borandum ea, quæ sunt fidei: hujus generis sunt Hagiographa in canone Bibliae. Alia vero sunt Hagiographa quorum auctoritas ad assertiones Fidei corroborandas non est idonea, quamvis habeantur vera et sancta, sicut habentur Hieronymi et Augustini scripta, quae vocantur Hagiographa. Et hujus generis apud Hebr. sunt historiae Judith et Tobiae, etiam Ecclesiasticus, et Maccab. primus: quos sane libros quamvis habeant et legant, non tamen inter canonicos libros connumerant, sed inter Apocrypha, non quod falsi sint, sed quod tales sint, quorum occulta origo non claruit toti eorum Synagogae; 3m autem et 4m. Esdr., 2m. Maccab., trium puerorum Hymnum, Susannae, ac Belis Draconisque historias, aut non habent, ant prorsus rejiciunt, et confictas tradunt....Ecclesia tamen Christiana propter auctoritatem veterum quorundam Sanctorum, qui leguntur usi fuisse testimoniis ex hujusmodi historiis, easdem pia fide legit, et non prorsus rejicit, nec contemnit, tametsi non pari auctoritate recipiat illos libros cum Scripturis canonicis (Jean Driedo, De Ecclesiasticis Scripturis et Dogmatibus Libri quator. fol. XXI-XXII).

94. Quais são os livros do Velho Testamento? Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, quatro livros de Reis, dois livros de Crônicas, quatro livros de Esdras, Tobias, Judite, Ester, Jó, o Saltério, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos cânticos, Sabedoria, Eclesiástico, Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruque, Ezequiel, Daniel, os Doze Profetas, dois livros de Macabeus. Alguns destes livros algumas vezes chamados Apócrifos (ou seja, escondido) porque foi permitido lê-los em privado em casa, cada um segundo sua inclinação. Na Igreja eles não são lidos publicamente, nem é qualquer um deles recompensado com autoridade. Os livros Apócrifos são: terceiro e quarto de Esdras, Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque e os dois de Macabeus. Todos os outros são chamados canônicos, já que eles são de irrefutável autoridade, mesmo entre os judeus. E assim todos os livros do Velho Testamento são trinta e sete, ou seja, vinte e oito canônicos e nove apócrifos (João Fero, Exame Daqueles que estão para se ordenar para o Sagrado Ministério da Igreja. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Quae sunt veteris testamenti volumina? Genesis, Exodus, Leviticus, Numerorum liber, Deuteronomium, Josue, Judicum, Ruth, Regum libri iv., Paralipomenon libri ii., Esdrae libri iv., Tobias, Judith, Hester, Job, Psalterium, Proverbia, Ecclesiastes, Cantica Canticorurn, liber Sapientiae, Ecclesiasticus, Esaias, Hieremias, Threni, Baruch, Ezekiel, Daniel, liber Duodecim Prophetarum, Machabaeorum ii. Horum aliqui olim dicebantur Apocryphi, (id est, occulti,) propterea quod domi quidem et privatim, pro suo cujusque animo, fas esset eos legere: in Ecclesia autem publice non recitabantur, nec quisquam eorum auctoritate premebatur.] Sunt (autem hi libri Apocryphi,): 3 et 4 Esdr., Tobias, Judith, liber Sapientiae, Ecclesiasticus, Baruch, et Macchabaeorum libri duo. Omnes alii dicuntur canonici, quia sunt irrefutabilis auctoritatis etiam apud Judaeos. Omnes (igitur) libri veteris testamenti numero (sunt) xxxvii., (hoc est,) canonicorum xxviii., Apocryphoruum ix. Olim vero in Ecclesia Apocryphi publice non recitabantur, nec quisquam auctoritate eorum premebatur; sed domi quidem et privatim, pro suo cujusque animo, fas erat illos legere (João Fero, In Examine Ordinand.: Censur. Diaconandorum).

95. Eis como Jerônimo liga o Pastor ao livro de Sabedoria, Eclesiástico, Judite e Tobias, concedendo a ele a mesma autoridade já que eles contém o mesmo poder para construir devoção, mas ele também chama todos estes de apócrifos, já que eles não são do cânon e na primeira e mais alta autoridade da Igreja. Mas eles não são apócrifos no outro sentido, sendo abertamente condenados, como o livro de Enoque, mas no primeiro entendimento conhecido de apócrifos, mais digno de honra depois da Santa Eloquência (ou seja, Escrituras) (Jacob Faber Stapulensis, Praef in Libri Trium Virorum et Virg. Spiritual. Tradução de Benjamin Panciera, The Medieval Institute, University of Notre Dame).

Referência latina: Ecce quomodo connectit Hieronymus Pastorem libro Sapientiae, Ecclesiastico, libro Judithae, et Tobiae, eandem tribuens, ei auctoritatem, quia eandem continent ad aedificationem pietatis virtutem, sed et hos omnes solum nominat Apocryphos, quia de canone non sunt, et in prima supremaque Ecclesiae auctoritate in alia tamen apocryphorum plane demnadorum non sunt; sicut nec liber Henoch, sed in prima apocryphorum nota, et laudabilissima post S. Eloquia significacione (Jacob Faber Stapulensis, Praef in Libri Trium Virorum et Virg. Spiritual).

96. Verum quia quibusdam in locis ubi intergra est littera & incorrupta: miru in modum fauet Christianæ religioni: Idcirco reliquos libros totius Veteris testamenti e Chalaica lingua in latinam verti fecimus: & diligentissime cum sua latina traductione conscriptos in publica Complutensis nostræ Universitatis Bibliotheca reponi. At vero libri extra canonê: quos Ecclesia pontius ad ædificationem populi: q~s ad autoritatem ecclesiasticorum dogmatum confirmandam recipit: Græcam tm~ habent scripturam: sed cum duplici latina interpretatione: altera beati Hieronymi: altera interlineari de verbo ad verbû: eo modo quo in cæteris. Hæc autem de numero linguarum huius libri oportuit in vniuersum prælibasse (Prologus, Ximenes' Complutensian Polyglot Bible (1514-1517).

97. B.F. Westcott, A General Survey of the History of the Canon of the New Testament (Cambridge: MacMillan, 1889), págs. 470-471.

98. New Catholic Encyclopedia (New York: McGraw Hill, 1967), The Polyglot Bibles.

99. Bruce Metzger, An Introduction to the Apocrypha (New York: Oxford, 1957), pág. 180.

100. Ibid., pág. 180.

101. B.F. Westcott, A General Survey of the History of the Canon of the New Testament (London: Macmillan, 1889), pág. 478.

102. Bruce Metzger, An Introduction to the Apocrypha (New York: Oxford University, 1957), págs. 50-51.

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Comentários   

-2 #3 Witor 19-06-2018 19:50
Maravilhoso esse post e o trabalho de vocês na busca pela verdade que os católicos tanto fogem, por favor continuem com esse trabalho !
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+1 #2 Gustavo 30-04-2017 18:51
Olá, Hugo!

Antes de sofrermos o ataque no site, tínhamos um feed de notícias. Aos poucos estamos colocando as funcionalidades de volta ao site.
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0 #1 Hugo 30-04-2017 16:30
Obrigado por traduzirem este material bastante valioso.

Gostava de fazer um pedido. Não dá para colocar um feed que atualize as novas publicações no site? Ia ser útil para colocar por exemplo em blogues.
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