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Não devemos preocupar quando os incrédulos dizem que a promessa de galardão faz da vida cristã um negócio mercenário. Há tipos diversos de recompensas. Existe a recompensa que não tem nenhuma relação natural com os atos que se pratica para recebê-la, e é bem estranha aos desejos que necessariamente acompanham esses atos.
Você já chegou a pensar alguma vez, quando ainda era criança, como seria divertido se os seus brinquedos pudessem cobrar vida? Bem, suponhamos que realmente lhe fosse possível trazê-los à vida e transformar um soldadinho de chumbo num homenzinho de verdade. Isso significaria transformar o chumbo em carne. Mas, e se o soldado de chumbo não gostasse disso, se não tivesse o menor interesse em ser carne? Tudo o que conseguiria ver seria que o seu chumbo se estava desfazendo: pensaria que você o estava matando e faria tudo o que pudesse para impedir o seu propósito. Se pudesse evitá-lo, não consentiria de forma alguma que o convertessem num homem.
Algo de semelhante se passa também entre Cristo e nós. Quanto mais nos libertamos de “nós mesmos” e deixamos que seja Ele quem nos dirija, tanto mais verdadeiramente nos tornamos nós mesmos. Cristo é tão imenso que milhões e milhões de “pequenos Cristos”, todos diferentes entre si, ainda são insuficientes para exprimi-lo por inteiro. Se foi Ele quem nos criou a todos! Inventou – tal como um escritor inventa as personagens de uma novela – cada um desses diversíssimos “homens novos” que você e eu estamos destinados a ser. Neste sentido, os nossos verdadeiros “eus” estão todos à nossa espera nEle. De nada nos adianta procurarmos ser “nós mesmos” sem Ele.
Qual é então o problema? O de um universo que contém muitas coisas evidentemente más e aparentemente desprovidas de sentido, mas que contém igualmente criaturas como nós, que sabem que existem coisas más e absurdas. Ora, há apenas dois pontos de vista que levam em consideração todos os dados desse problema. Um deles é o cristão, segundo o qual este mundo é um mundo bom que se corrompeu em boa parte, mas que continua a manter viva a memória do que deveria ter sido. O outro é o do chamado dualismo, segundo o qual há dois poderes iguais e independentes por trás de todas as coisas, um bom e outro mau, e este universo é o campo de batalha em que travam um contra o outro uma guerra sem fim. Pessoalmente, penso que, depois do cristianismo, o dualismo é a ideologia mais nobre e sensata que se encontra à disposição no mercado. Mas padece de um defeito de fabricação.
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