• Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.

    Mateus 5:44,45

  • Disse-lhes ele: Por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível

    .

    Mateus 17:20

  • Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que a encontre?

    Lucas 15:4

  • Então ele te dará chuva para a tua semente, com que semeares a terra, e trigo como produto da terra, o qual será pingue e abundante. Naquele dia o teu gado pastará em largos pastos.

    Isaías 30:23

  • As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem;

    João 10:27

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Verso do dia

Trecho de Mero Cristianismo

Escrito por  C. S. Lewis
Liberdade em Cristo

Algo de semelhante se passa também entre Cristo e nós. Quanto mais nos libertamos de “nós mesmos” e deixamos que seja Ele quem nos dirija, tanto mais verdadeiramente nos tornamos nós mesmos. Cristo é tão imenso que milhões e milhões de “pequenos Cristos”, todos diferentes entre si, ainda são insuficientes para exprimi-lo por inteiro. Se foi Ele quem nos criou a todos! Inventou – tal como um escritor inventa as personagens de uma novela – cada um desses diversíssimos “homens novos” que você e eu estamos destinados a ser. Neste sentido, os nossos verdadeiros “eus” estão todos à nossa espera nEle. De nada nos adianta procurarmos ser “nós mesmos” sem Ele.

Quanto mais eu resistir a Cristo, quanto mais tentar viver por conta própria, mais me verei dominado pela minha hereditariedade, pela minha educação, pelas minhas circunstâncias e pelos meus desejos naturais. Aquilo a que tão orgulhosamente chamo “eu” torna-se simplesmente o ponto de encontro de uma cadeia de acontecimentos que não pus em movimento e que não sou capaz de deter. Aquilo a que chamo “as minhas intenções” reduz-se simplesmente aos desejos do meu organismo físico, aos pensamentos que me foram soprados por outros homens ou mesmo às sugestões dos demônios.

Os testículos, um pouco de álcool e uma noite bem dormida serão a verdadeira origem daquilo que pomposamente considero a minha decisão altamente pessoal e amadurecida de cortejar a moça sentada à minha frente no compartimento do trem. A propaganda será a verdadeira origem daquilo que considero os meus ideais políticos pessoais. No meu estado natural, não sou nem metade da pessoa que imagino ser; praticamente tudo aquilo a que dou o nome de “eu” pode encontrar uma explicação muito fácil. É somente quando me volto para Cristo, quando me entrego à sua personalidade, que começo a ter personalidade própria.

Vimos no começo que há três Pessoas em Deus. Agora vou mais longe. Não há pessoas reais em lugar algum fora de Deus. Enquanto você não tiver abandonado nEle o seu “eu”, não será um “eu” autêntico, não será uma pessoa. A uniformidade encontra-se muito mais entre os homens “naturais” do que entre aqueles que se entregaram a Cristo. Como foram monotamente iguais todos os grandes tiranos e conquistadores! Como são gloriosamente diferentes os santos!

Mas, para isso, tem de haver uma verdadeira entrega do “eu”. Você tem de lançá-lo fora “às cegas”, por assim dizer. Sem sombra de dúvida, Cristo dar-lhe-á uma personalidade real, mas você não deve procurá-lo por isso. Enquanto a sua verdadeira preocupação continuar a ser a sua própria pessoa, você ainda não estará à procura de Cristo. O primeiríssimo passo é tentar esquecer-se inteiramente do seu “eu”. O seu autêntico novo “eu” (que é de Cristo e também seu, e seu unicamente por ser dEle) não aparecerá enquanto você o buscar; surgirá apenas quando você estiver à busca de Cristo.

Isto parece-lhe estranho? Ora, o mesmo princípio se aplica a assuntos muito mais comezinhos. Até na vida social, nunca causaremos uma boa impressão às pessoas enquanto não pararmos de nos preocupar com a impressão que causamos. Mesmo na literatura e na arte, nenhum homem que se preocupe com a originalidade chegará a ser original; ao passo que, se se limitar a dizer a verdade – sem que lhe importe um pepino podre quantas vezes já foi dita antes -, nove em dez vezes ter-se-á tornado originalíssimo sem sequer o perceber.

É um princípio que percorre a vida inteira, do começo ao fim. Entregue-se a si mesmo e encontrará o seu verdadeiro “eu”. Perca a sua vida e salva-la-á. Submeta-se à morte, à morte das suas ambições e dos seus desejos prediletos todos os dias, e à morte de todo o seu corpo no fim: submeta-se a ela com cada fibra do seu ser, e encontrará a eternidade. Não tente reter nada. Nada que você não tenha entregado chegará a ser realmente seu. Nada em você que não tenha morrido ressuscitará jamais dentre os mortos. Busque-se a si mesmo, e a longo prazo só encontrará ódio, solidão, desespero, rancor, ruína e decadência. Busque a Cristo e você o encontrará, e, com Ele, tudo o mais – por acréscimo.

(C. S. Lewis, Mero Cristianismo, Ed. Quadrante, pág. 218-220, 1997)

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