• Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.

    Mateus 5:44,45

  • Disse-lhes ele: Por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível

    .

    Mateus 17:20

  • Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que a encontre?

    Lucas 15:4

  • Então ele te dará chuva para a tua semente, com que semeares a terra, e trigo como produto da terra, o qual será pingue e abundante. Naquele dia o teu gado pastará em largos pastos.

    Isaías 30:23

  • As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem;

    João 10:27

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Verso do dia

Tertuliano - Contra Práxeas

Escrito por  Tertuliano
Trindade

Contra Práxeas7766

Tertuliano

 

Onde ele defende, em todos os pontos essenciais, a doutrina da Sagrada Trindade.7767


7766. O Erro de Práxeas parece ter originado da ansiedade de manter a unidade de Deus; o qual ele pensou que poderia ser feito dizendo que o Pai, Filho e Espírito Santo eram um e o mesmo. Ele contendeu, portanto, de acordo com Tertuliano, que o próprio Pai desceu até a virgem, foi nascido dela, sofreu, e foi simplesmente Jesus Cristo. Das mais chocantes deduções da teoria geral de Práxeas, seus oponentes deram a ele e seus seguidores o nome de patripassionistas; de outro ponto em seu ensino eles eram chamados de Monarquianos [Provavelmente datado não anterior a 208 D.C.]

7767. [Elucidação I.]


Capítulo 1 - Ardis de Satã contra a Verdade. Agora elas tomam a forma da heresia de Práxeas. Descrição da publicação desta heresia.

De várias maneiras o diabo tem rivalizado e resistido à verdade. Algumas vezes seu alvo tem sido destruir a verdade por defendê-la. Ele mantém que só há um Senhor, o Todo-Poderoso Criador do mundo, de forma que a partir desta doutrina da unidade ele possa fabricar uma heresia. Ele diz que o próprio Pai desceu até a virgem, foi Ele mesmo nascido dela, Ele mesmo sofreu, de fato foi Ele mesmo Jesus Cristo. Aqui, a velha serpente se contradiz, pois quando tentou Cristo depois do batismo de João, ela se aproximou d'Ele como "Filho de Deus", certamente indicando que Deus tem um Filho, mesmo com o testemunho das próprias Escrituras, de onde ela estava forjando sua tentação: "Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães." 7768 Novamente: "Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito"7769 - referindo-se sem dúvidas ao Pai - "eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra"7770 Ou talvez ele esteja apenas reprovando os Evangelhos com uma mentira, dizendo de fato: "Fora com Mateus, fora com Lucas! Por que dar atenção às suas palavras? Ao contrário deles, eu declaro que foi Deus mesmo de quem eu aproximei, foi o próprio Todo-Poderoso quem eu tentei face a face, e não foi por outro motivo além de tentá-lO, que me aproximei d'Ele. Se, pelo contrário, foi apenas o Filho de Deus, eu não teria me dignado de me ocupar com Ele". Contudo, ele é um mentiroso desde o início7771, e qualquer homem que ele incitar em seu próprio caminho; como, por exemplo, Práxeas. Pois ele foi o primeiro a importar para Roma, da Ásia, este tipo de corrupção herética, um homem em outros termos de disposição incansável, e sobre tudo inflado com o orgulho da perseguição simples e exclusivamente por que teve que suportar por pouco tempo o incômodo de uma prisão; em cuja ocasião, mesmo "se ele entregasse seu corpo para ser queimado, não seria de proveito algum para ele", não tendo o amor de Deus7772, cujas próprias dádivas ele resistiu e destruiu. Pois depois que o Bispo de Roma7773 concordou com as dádivas proféticas de Montano, Priscila e Maximilla, e em consequência à concordância, tendo concedido sua paz7774 às igrejas da Ásia e Frígia, ele, importunadamente urgindo falsas acusações contra os próprios profetas e suas igrejas, e insistindo na autoridade dos predecessores dos bispos na sé, o compeliu a revogar as cartas pacíficas que ele tinha enviado, bem como desistir de seu propósito de concordar com as ditas dádivas. Assim este Práxeas fez um duplo serviço para o diabo em Roma: ele afugentou a profecia, e introduziu a heresia; ela afastou o Espírito e crucificou o Pai. Além disto o joio de Práxeas foi semeado, e tem produzido seus frutos aqui também7775, enquanto muitos estavam dormindo em sua simplicidade de doutrina; mas este joio realmente parece ter sido erradicado, tendo sido descoberto e exposto por ele, cuja agência Deus se agradou de empregar. De fato, Práxeas deliberadamente continuou sua antiga fé, ensinando-a após a renúncia de seu erro; e existem seus próprios escritos em evidência de sua permanência entre pessoas de mente carnal7776, em cuja sociedade a transação ocorreu, depois nada foi ouvido dele. Nós de fato, de nossa parte, subsequentemente nos afastamos das mentes carnais em nossa concordância e sustento do Paracleto7777. Mas o joio de Práxeas espalhou suas sementes em todo lugar, as quais tendo sido deixadas escondidas por algum tempo, com sua vitalidade oculta por uma máscara, surgiu agora com nova vida. Mas novamente deverá ser colhido, se o Senhor colher, mesmo agora; mas se não agora, no dia que todos os feixes de joio forem juntados, e juntamente com todo conjunto de erros deverá ser queimado com o fogo eterno7778.


7768. Mateus 4:3.

7769. Versículo 6

7770. Salmos 91:11.

7771. João 8:44

7772. 1 Coríntios 13:3

7773. Provavelmete Vítor (Elucidação II.)

7774. As admitiu na comunhão.

7775. "A conecção apresenta muito provavelmente que o hic quoque desta sentença forma uma antítese a Roma, mencionada antes, e que Tertuliano expressa a si mesmo como estivesse no mesmo ponto onde estas coisas aconteceram. Assim somos levados a concluir que era Cartago." - Neander, Antignostikus, ii. 519, note 2, Bohn.

7776. Sobre a designação Psychici veja nosso Contra Marcião, p. 263, nota 5, Edin.

7777. Esta declaração pode somente significar um abandono da comunhão do Bispo de Roma, como aquela de Cipriano mais tarde. Aquele prelado se invalidou e rompeu a fé com Tertuliano, mas isto não necessariamente, como Bp. Bull muito facilmente conclui, define sua última separação de seu próprio bispo e da igreja do Norte da África.

7778. Mateus 13:30.


Capítulo 2 - A doutrina católica da Trindade e Unidade, algumas vezes chamada de Divina Economia, ou Dispensação das Relações Pessoais na Divindade.

No curso do tempo, então, o Pai verdadeiramete nasceu, e o Pai sofreu, o próprio Pai, o Senhor Todo-Poderoso, a quem em suas orações eles declaram ser Jesus Cristo. Nós, contudo, como de fato sempre temos feito (e mais especificamente depois de melhor instruídos pelo Paracleto, que guia os homens realmente para toda a verdade), acreditamos que há somente um Deus, mas sobre a seguinte dispensação, ou οἰκονομία, como é chamado, que este único Deus tem também um Filho, Sua Palavra, que procede7779 d'Ele próprio, por quem todas as coisas foram feitas, e sem quem nada seria feito. É ele quem acreditamos ter sido enviado pelo Pai para a virgem, e ter nascido dela - sendo tanto Homem e Deus, o Filho do Homem e o Filho de Deus, e sendo chamado pelo nome de Jesus Cristo; nós acreditamos que é ele quem sofreu, morreu e foi enterrado, de acordo com as Escrituras, e depois de ser levantado novamente pelo Pai, e levado novamente aos céus, para sentar à mão direita do Pai, e que ele virá para julgar os vivos e os mortos; quem mandou dos céus também do Pai, de acordo com sua própria promessa, o Espírito Santo, o Paracleto7780, o santificador da fé daqueles que acreditam no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Que esta regra de fé veio até nós do início do Evangelho, mesmo antes de qualquer dos antigos hereges, muito antes de Práxeas, um aspirante de ontem, ficará claro tanto pelas datas tardias7781 que marcam todas as heresias quanto pelo caráter original de nosso novo pretensioso Práxeas. Neste princípio também devemos doravante achar uma presunção de força igual contra toda e qualquer heresia - que tudo que é primeiro é verdadeiro, ao passo que é espúrio tudo que for tardio7782. Mas mantendo esta regra prescrita inviolável, alguma oportunidade deve ser dada para rever (as declarações dos hereges), com uma visão para a instrução e proteção de diversas pessoas; para que não possa parecer que cada perversão da verdade esteja sendo condenada sem exame, e simplesmente pré-julgada7783; especialmente no caso desta heresia, que se supõe possuir a pura verdade, pensando que ninguém pode acreditar em Um Só Deus de qualquer outra forma que não dizendo que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são a mesma Pessoa. Como se deste jeito também um não fosse todos, em que todos fossem de Um, por unidade (que é) de substância; enquanto o mistério da dispensação7784 está ainda guardado, o qual distribui a Unidade em uma Trindade, colocando em sua ordem7785 as três Pessoas - O Pai, o Filho e o Espírito Santo: três, contudo não em condição7786, mas em grau7787; não em substância, mas em forma; não em poder, mas em aspecto7788; ainda que em uma substância, uma condição e um poder, enquanto que Ele é um Deus, de onde estes graus, formas e aspectos são reconhecidos, sob o nome de Pai, Filho e Espírito Santo7789. Como eles são susceptíveis a número sem divisões, será mostrado enquanto nosso tratado prossegue.


7779. A igreja mais tarde aplicou este termo exclusivamente ao Espírito Santo. [Ou seja, o Credo Niceno o fez tecnicamente aplicável ao Espírito, fazendo a distinção marcada entre a geração da Palavra e a processão do Espírito Santo.]

7780. O 'Confortador'.

7781. Veja nosso Contra Marcião, p. 119, n. 1. Edin.

7782. Veja seu De Præscript. xxix.

7783. Tertuliano usa precaução similar em seu argument o em outro lugar. Veja nosso Contra Marcião pág. 3 and 119. Edin.

7784. οἰκονομία.

7785. Dirigens.

7786. Statu.

7787. Veja Apologia, cap. xxi.

7788. Specie.

7789. Veja Def. Fid. Nic. de Bull, e a tradução (pelo tradutor deste trabalho), na Oxford Series, p. 202.


Capítulo 3 - Vários temores e preconceitos populares. A doutrina da Trindade em Unidade resgatada destes equívocos

Os simples, de fato (não vou chamá-los de tolos ou ignorantes), que sempre constituem a maioria dos fiéis, estão chocados com a dispensação7790 (dos Três em Um), com base no fato que sua própria regra de fé os retira da pluralidade de deuses para um único verdadeiro Deus; não entendendo que, apesar Dele ser um único Deus, ele deve ser crido em sua própria οἰκονομία. Eles assumem a ordem numérica e a distribuição da Trindade como sendo uma divisão na Unidade; enquanto que a Unidade a qual deriva a Trindade de seu próprio ser está tão longe de ser destruída, que é justamente suportada por ela. Eles estão constantemente nos acusando de que somos pregadores de dois ou três deuses, enquanto eles tomam preeminentemente para si o crédito de serem adoradores de Um Deus, como se a Unidade em si com deduções irracionais não poderia produzir heresias, e a Trindade racionalmente considerada constitui a verdade. Nós, dizem eles, mantemos a Monarquia (ou único governo de Deus)7791. Então, tão quanto o som se propaga, até mesmo latinos (e ignorantes também) pronunciam a palavra de tal forma que você suporia que seu entendimento de μοναρχία (ou Monarquia) é tão completo quanto a pronúncia do termo. Bem, então latinos se dão ao trabalho de pronunciar μοναρχία (ou Monarquia) enquanto gregos justamente se recusam a entender a οἰκονομία, ou Dispensação (dos Três em Um). Quanto a mim, contudo, se tivesse catado algum conhecimento de qualquer linguagem, estaria certo que μοναρχία (ou Monarquia) não teria outro significado além de governo único e individual7792, mas para todos aqueles que esta monarquia não é assim, por ser o governo de um, impedem o governante ou de ter um filho ou de ter-se feito filho para si mesmo7793, ou de ministrar sua própria monarquia por quaisquer agentes que ele desejar. Mais do que isto, eu digo que nenhum domínio assim pertence a somente um, como seu próprio, ou é de alguma forma singular, ou é de alguma forma uma monarquia, como se não fosse também administrado por outras pessoas mais próximas a ela, e que provê a si mesmo com oficiais. Se, além disto, há um filho pertencente ao monarca, ela não se torna imediatamente dividida e cessa de ser uma monarquia, se o filho também for tomado por um compartilhador nela, mas ela é quanto à sua origem igualmente sua, pelo qual é comunicado ao filho, e sendo sua, é muito mais uma monarquia (ou império único), desde que é mantida juntamente por dois que são tão inseparáveis7794. Assim, enquanto a Divina Monarquia é administrada por tantas legiões e hostes de anjos, de acordo com o que é escrito: "Milhares de milhares o serviam, e miríades de miríades assistiam diante dele"7795; e desde que não foi nesta circunstância que deixou de haver o governo de um (e da mesma forma não deixou de ser uma monarquia), por que é administrado por milhares de poderes, como poderia acontecer que Deus sofreria divisão e ruptura no Filho e no Espírito Santo, que tem o segundo e o terceiro lugar designado a eles, e que está tão intimamente ligado com o Pai em Sua substância, quando ele não sofre tal divisão e ruptura com a multidão dos muitos anjos? Você realmente supõe que Aqueles, que são naturalmente membros da própria subs tância do Pai, testemunhas de Seu amor7796, instrumentos de Seu poder, não, Seu próprio poder e o completo sistema de sua monarquia, são a ruína e destruição disso? Você não está certo em pensar assim. Eu preferiria que você ao contrário pensasse no significado da coisa do que no som da palavra. Agora você deve entender que a ruína da monarquia acontece, quando outro domínio, que tem uma armação e um estado peculiar a si mesmo (e portanto um rival) é trazido sobre ele: quando, por exemplo, algum outro deus é introduzido em oposição ao Criador, como nas opiniões de Marcião, ou quando muitos deuses são introduzidos, de acordo com vossos Valentinus e Prodicus. Então isto equivale à ruína da Monarquia, uma vez que involve a destruição do Criador7797.


7790. οἰκονυμία.

7791. Como Bp. Kaye, On Tertullian, p. 499.

7792. Unicum.

7793. Esta era uma noção de Práxeas. Veja capítulo 10.

7794. Tam unicis.

7795. Daniel 7:10

7796. "Pignora" é frequentemente usado com crianças e relacionamentos muito queridos.

7797. A primeira sentença deste capítulo é famosa por uma controvérsia entre Priestly e Bp. Horsley, o último tendo traduzido idiotæ pela palavra idiotas. Veja Kaye, p. 498.


Capítulo 4 - A Unidade de Deus e a Supremacia e Governo Único do Ser Divino. A monarquia não tão enfraquecida pela doutrina católica.

Mas quanto a mim, que deriva o Filho de nenhuma outra fonte que não a substância do Pai, (respresentando Ele) fazendo nada fora do desejo do Pai e tendo recebido todo o poder do Pai, como poderia estar destruindo a Monarquia da fé, quando eu a preservo no Filho assim como foi dada a Ele pelo Pai? A mesma observação (também gostaria de ser formalmente) feita por mim em respeito ao terceiro grau na Divindade, pois eu creio que o Espírito procede de nenhuma outra fonte a não ser do Pai pelo Filho7798. Veja bem então, que não seja você quem esteja destruindo a Monarquia, quando você destrói o arranjo e dispensação dela, que tem sido constituída em quantos nomes quis Deus empregar. Mas permanece tão firme e estável em seu próprio estado, contudo a introdução nela da Trindade, que o Filho realmente tem que restaurar inteiramente ao Pai, igual ao que o apóstolo diz em sua epístola: "Quando ele deverá entregar o reino a Deus, o Pai, pois ele deve reinar até colocar seus inimigos debaixo de seus pés"7799, seguindo a ordem das palavras do Salmo: "Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés"7800. "Quando, contudo, todas as coisas lhe estiverem sujeitas (com excessão Àquele que lhe sujeitou todas as coisas), então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos"7801. Nós então vemos que o Filho não é obstáculo à Monarquia, apesar de agora ser administrada pelo7802 Filho; por que com o Filho ela ainda está em seu próprio estado, e com seu próprio estado ela será restaurada ao Pai pelo Filho. Ninguém, por isso, vai a danificar, por conta de admitir o Filho (nela), desde que é dada ao Filho pelo Pai, e por quem será novamente devolvida ao Pai. Agora, a partir desta epístola do apóstolo inspirado, nós já tivemos a oportunidade de mostrar que o Pai e o Filho são duas Pessoas separadas, não somente pela menção de seus nomes separadamente como Pai e Filho, mas também pelo fato daquele quem entrega o reino, e daquele quem recebe o reino, e de forma semelhante, aquele que sujeita (todas as coisas), e aquele a quem elas são sujeitadas devem ser necessariamente dois seres diferentes.


7798. Compare Cap. 8 infra.

7799. 1 Coríntios 15:24,25

7800. Salmos 110:1.

7801. 1 Coríntios 15:27, 28

7802. Apud.


Capítulo 5 - A Evolução do Filho ou Palavra de Deus por Divina Processão. Ilustrada pela Operação do Pensamento Humano e Consciência.

Mas já que eles consideram os Dois como sendo senão Um, de forma que o Pai seja julgado como sendo o mesmo que o Filho, é justamente certo que toda a questão a respeito do Filho seja examinada, como, se Ele existe, quem Ele é e o modo de sua existência. Assim a própria verdade7803 deveria assegurar sua própria sanção7804 das Escrituras, e as interpretações que as guardam7805. Há alguns que alegam que até Gênesis inicia assim em Hebreu: "No princípio Deus fez para Si mesmo um Filho"7806. Como não há embasamento para isto, eu sou levado a outros argumentos derivados da própria dispensação de Deus7807, onde Ele existiu antes da criação do mundo, até a geração do Filho. Pois antes de todas as coisas Deus estava só - sendo em Si mesmo e para Si mesmo universo, espaço e todas as coisas. Além disto, Ele estava só, porque não havia nada externo a Ele além de Si mesmo. Mas nem mesmo naquele momento Ele estava só, pois Ele tinha consigo aquilo que Ele possuía em Si mesmo, a saber, sua própria Razão. Pois Deus é racional, e a Razão estava no princípio n'Ele, e assim todas as coisas eram d'Ele. Esta Razão é seu próprio Pensamento (ou Consciência)7808 a qual os gregos chamam λόγος, pelo qual nós também designamos Palavra ou Discurso7809 e assim é comum a nosso povo, devido à mera simples interpretação do termo, dizer que a Palavra7810 estava no princípio com Deus; apesar de ser mais apropriado considerar Razão como mais antiga, porque Deus não tinha Palavra7811 do princípio, mas ele tinha Razão mesmo antes do princípio, porque também a própria Palavra é constituída de Razão7812, o que prova assim esta como tendo existência anterior, sendo a própria substância7813 daquela. Não que esta distinção seja no momento prática. Pois apesar de Deus ainda não ter enviado sua Palavra7814, Ele ainda a tem em Si mesmo, ambos em companhia de e inclusa em sua própria Razão, como Ele silenciosamente planejou e organizou em Si mesmo tudo que Ele mais tarde iria pronunciar7815 através de Sua Palavra. Agora, embora Ele estivesse assim planejando e organizando com Sua própria Razão, Ele estava de fato fazendo aquilo se tornar Palavra a qual Ele estava tratando na forma de Palavra ou Discurso7816. E para que você entenda isto mais prontamente, considere antes de tudo, que você mesmo, que é feito "à imagem e semelhança de Deus"7817, para qual propósito você possui também razão em si mesmo, que é criatura racional, como sendo não somente feito por um Artesão racional, mas atualmente animado de Sua substância. Observe, então, que quando você silenciosamente conversa consigo mesmo, este mesmo processo é levado adiante em você por sua razão, que te encontra com uma palavra a cada movimento de seu pensamento, a cada impulso de sua concepção. Seja o que você pensar, há uma palavra, seja o que você conceber, há uma razão. Você precisa falar em sua mente, e enquanto está falando, você admite falar como um interlocutor com você, envolvido naquilo há esta mesma razão, que, enquanto em pensamento você mantendo conversa com sua palavra, você está (com ação recíproca) produzindo pensamentos por meio daquela conversa com sua palavra. Assim, em certo sentido, a palavra é uma segunda pessoa em você, através de quem você pronuncia um diálogo, e por quem também (através de atitude recíproca), em pronunciando diálogo você gera pensamento. A palavra é em si mesma algo diferente de você. Agora quanto mais completo isto é efetuado em Deus, cuja imagem e semelhança você é considerado como ser, enquanto Ele tem razão em Si próprio, mesmo quando está em silêncio, e envolvido naquela Razão Sua Palavra! Eu posso então sem ser precipitado primeiro estabelecer (como princípio fixo) que mesmo antes da criação do universo Deus não estava sozinho, desde que ele tinha em Si próprio tanto Razão e, inerentemente à Razão, Sua Palavra, que Ele fez outro em Si por agitá-la em Si mesmo.


7803. Res ipsa.

7804. Formam, ou forma.

7805. Patrocinantibus.

7806. Veja Quæstt. Hebr. in Genesim, ii. 507. de São Jerônimo.

7807. "Dispositio" significa "relações mútuas na divindade". Veja Def. Fid. Nicen., de Bp. Bull, tradução de Oxford, p. 516.

7808. Sensus ipsius.

7809. Sermonem. Ele sempre chama Logos não de Verbum, mas Sermo, neste tratado. Uma palavra masculina seria apropriada para representar os pensamentos de nosso autor. Assim Erasmo traduziu Logos em seu Novo Testamento, sobre isto veja Kaye, p. 516.

7810. Sermonen.

7811. Sermonalis.

7812. Rationalis.

7813. Por exemplo, Razão é manifestamente anterior à Palavra, que a dita (Bp. Kaye, p. 501).

7814. Sermonem.

7815. Dicturus. Outra leitura seria "daturus", para dar.

7816. Sermone.

7817. Gênesis 1:26


Capítulo 6 - A Palavra de Deus é também a Sabedoria de Deus. O envio da Sabedoria para criar o mundo, segundo o Plano divino.

Este poder e disposição7818 da divina inteligência7819 é definida também pelas Escrituras sob o nome de Σοφία, Sabedoria, pois o que pode ser melhor definido com o nome de Sabedoria7820 do que a Razão ou Palavra de Deus? Escute então a própria Sabedoria, constituída no caráter de uma Segunda Pessoa: "No princípio o Senhor me criou como o começo de seus caminhos, com uma visão para suas próprias obras, antes que ele fizesse a Terra, antes que as montanhas fossem fixadas, além disto, antes de todos outeiros, Ele me gerou"7821, ou seja, Ele me criou e me gerou em Sua própria inteligência. Então, de novo, observe a distinção entre eles implícita na companhia da Sabedoria com o Senhor: "Quando Ele preparou os céus", disse a Sabedoria, "Eu estava presente com Ele, e quando Ele fez o firmamento sobre os ventos, onde estão as nuvens acima, quando ele fixou as fontes (e todas as coisas) que estão abaixo dos céus, eu estava perto, organizando todas as coisas com Ele, eu estava perto, em quem Ele se deleitava, e diariamente também, eu regojizava em Sua presença"7822. Agora, assim como agradou a Deus colocar em suas respectivas substâncias e formas as quais Ele planejou e ordenou em Si mesmo, em conjunto com a Razão de Sua Sabedoria e Palavra, Ele primeiro coloca a própria Palavra, tendo em Si Sua própria Razão e Sabedoria, a fim de que todas as coisas possam ser feitas por Ele, por quem eles foram planejados e dispostos, sim, e concluídos, assim como (eles eram) na mente e inteligência de Deus. Isto, contudo, ainda estava faltando a eles, para que eles pudessem ser também abertamente conhecidos, e mantidos propriamente em suas próprias formas e substâncias.


7818. Relações mútuas na divindade.

7819. Sensus.

7820. Sapientius.

7821. Provérbios 8:22-25.

7822. Provérbios 8:27-30.


Capítulo 7 - O Filho por ser designado Palavra e Sabedoria, (de acordo com a imperfeição da linguagem e pensamento humano) sujeito a ser julgado como um mero atributo. Ele é mostrado como um Ser Pessoal

Então, por consequência, a mesma Palavra assume sua própria forma e gloriosa vestimenta7823, Seu próprio som e expressão vocal, quando Deus diz, "Haja luz."7824 Este é o perfeito nascimento da Palavra, quando Ela procede de Deus - formada7825 por Ele primeiro para idealizar e planejar todas as coisas sob o nome de Sabedoria - "O Senhor me criou ou formou7826 como o princípio de seus caminhos"7827; então mais tarde foi gerada, para levá-las a cargo - "Quando Ele preparou os céus, eu estava presente com Ele"7828. Assim Ele o faz igual a Ele: pois por proceder d'Ele mesmo, Ele se torna seu Filho primogênito, por ser gerado antes de todas as coisas;7829 e Seu Unigênito também, porque foi sozinho gerado por Deus, de uma forma peculiar a Si mesmo, do útero de Seu próprio coração - como o próprio Pai mesmo testifica: "Meu coração", diz Ele, "emitiu minha mais excelente Palavra".7830 O Pai sempre teve prazer n'Ele, que igualmente regojiza com uma alegria recíproca na presença do Pai: "Tu és meu Filho, Eu hoje te gerei"7831; mesmo antes da estrela da manhã eu te gerei. O Filho de forma semelhante confirma o Pai, falando em Sua própria pessoa, sob o nome de Sabedoria: "O Senhor me formou como o princípio de Seus caminhos, com uma visão para suas próprias obras; antes de todos os montes ele me gerou"7832. Pois se de fato Sabedoria nesta passagem parece dizer que Ela foi criada pelo Senhor com uma visão para suas obras, e para cumprir Seus caminhos, ainda prova é dada por outra Escritura que "todas as coisas foram feitas pela Palavra, e sem Ela nada se fez"7833; como, novamente, em outro lugar (é dito), "Por Sua palavra os céus foram estabelecidos, e todos os poderes daí por Seu Espírito"7834-ou seja, pelo Espírito (ou Natureza Divina) que estava na Palavra: assim é evidente que é um e o mesmo poder que está em um lugar descrito sob o nome de Sabedoria, e em outra passagem sob o nome de Palavra, que foi iniciada para os trabalhos de Deus7835 que "estabeleceu os céus"7836; "por quem todas as coisas foram feitas"7837, "e sem quem nada teria sido feito"7838. Nem precisamos alongar-nos mais neste ponto, como se não fosse a própria Palavra, de quem é dito sob o nome de Sabedoria e de Razão, e da inteira Alma e Espírito Divino. Ele se tornou então o Filho de Deus, e foi gerado quando Ele procedeu d'Ele. Você então, (me pergunta,) admite que a Palavra é de uma certa substância, construída pelo Espírito e a comunicação da Sabedoria? Certamente eu admito. Mas você não permitirá que Ele seja realmente um ser substancial, por ter uma substância própria; de tal forma que Ele possa ser considerado como uma coisa objetiva e uma pessoa, e então ser capaz (como sendo constituido segundo ao Deus Pai,) de fazer dois, o Pai e o Filho, Deus e a Palavra. Pois você dirá, o quê é uma palavra, senão uma voz e som da boca, e (como os gramáticos ensinam) ar quando se choca,7839 inteligível aos ouvidos, mas para o resto um tipo nulo, vazio e incorpóreo. Eu, ao contrário, argumento que nada vazio e nulo poderia ter saído de Deus, vendo que não provêm de algo que seja vazio e nulo; nem poderia ser possivelmente desprovido de substância que procedeu de tão grande substância, e foi produzido tão grandes substâncias: pois todas as coisas que são feitas através d'Ele, Ele mesmo (pessoalmente) fez. Como poderia ser, que Ele próprio é nada, sem o que nada foi feito? Como poderia Ele que é vazio fazer coisas que são sólidas, e Ele que é nulo fazer coisas completas, e Ele que é incorpóreo fazer coisas que tem um corpo? Pois apesar de uma coisa algumas vezes ser feita diferente dele pelo qual é feita, ainda assim nada pode ser veito por aquele que é nada e algo vazio. É aquela Palavra de Deus, então, um nada e uma coisa vazia, que é chamada de Filho, que Ele mesmo é designado Deus? "A Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus".7840 Está escrito, "Não deves tomar o nome de Deus em vão".7841 Este é por certo Ele "o qual, subsistindo na forma de Deus, não considerou roubo ser igual a Deus."7842 Em que forma de Deus? Claro que ele diz em alguma forma, e não em nenhuma. Pois quem negará que Deus é um corpo, apesar de "Deus é Espírito"7843. Pois Espírito tem uma substância corpórea de seu próprio tipo, em sua própria forma.7844 Agora, mesmo de coisas invisíveis, seja o que elas forem, tem tanto sua substância e sua forma em Deus, de forma que elas são visíveis a Deus apenas, muito mais deve aquele que foi provido de Sua substância não existir sem substância! Seja o que for, por este motivo a substância da Palavra que eu designei uma Pessoa, eu clamo para ele o nome de Filho; e enquanto eu reconheço o Filho, eu assevero Sua distinção como segundo ao Pai.7845


7823. Ornatum.

7824. Gênesis 1:3

7825. Conditus. [Veja Theophilus para Autolycus, cap. x. nota 1, p. 98, Vol. II. desta série. Também Ibid. p. 103, nota 5. Sobre todo o assunto, Bp. Bull, Defensio Fid. Nicænæ. Vol. V. pp. 585-592.]

7826. Condidit.

7827. Provérbios 8:22.

7828. Versículo 27.

7829. Colossenses 1:15.

7830. Salmos 45:1. Veja esta leitura, e sua aplicação, totalmente discutida em nossa nota 5, página 66, em Anti-Marcião, Edin.

7831. Salmo 2:7.

7832. Provérbios 8:22, 25.

7833. João 1:3.

7834. Salmos 33:6.

7835. Provérbios 8:22.

7836. Versículo 28.

7837. João 1:3.

7838. João 1:3.

7839. Offensus.

7840. João 1:1.

7841. Êxodo 20:7.

7842. Filipenses 2:6.

7843. João 4:24

7844. Esta doutrina da corporeidade da alma é em certo sentido tratado por Tertuliano em seu De Resurr. Carn. 17, e De Anima v. Por Tertuliano, espírito e alma eram consideradas idênticas. Veja nosso Anti-Marcião, p. 451, nota 4, Edin.

7845. [Sobre a ortodoxia de Tertuliano, aqui, veja Kaye, p. 502.]


Capítulo 8 - Apesar do Filho ou Palavra de Deus emanar do Pai, Ele não é como as emanações de Valentinus, separável do Pai. Nem o Espírito Santo é separável também. Ilustrações da natureza.

Se algum homem disto imaginar que eu estou introduzindo uma προβολή - ou seja, alguma prolação7846 de uma coisa para outra, como Valentinus faz quando gera Æon de Æon, um após outro - então esta é minha primeira resposta a você: Verdade não pode se refrear por causa disto de usar tal termo, e sua realidade e seu significado, por que a heresia também a usa. O fato é que a heresia a tomou da Verdade, para moldá-la em sua própria falsificação. A Palavra de Deus foi gerada ou não? Aqui, fique junto comigo, e não hesite. Se Ele foi gerado, então concorde comigo que a verdadeira doutrina tem um prolado7847, e não heresia, quando ela em algum ponto imitar a verdade. A questão agora é em qual sentido cada lado usa um dado termo e a palavra que o expressa. Valentinus divide e separa suas prolações de seu Autor, e os coloca a uma grande distância dele, de forma que o Æon não conhece o Pai: ele anseia conhecê-lo, de fato, mas não pode; não, ele é quase consumido e dissolvido no resto da matéria7848. Para nós, contudo, somente o Filho conhece o Pai7849, e revelou o Seio do Pai7850. Ele também escutou e viu todas as coisas com o Pai; e o que o Pai comanda para Ele fazer, isto Ele também fala7851. E não é sua própria vontade, mas a do Pai, que ele tem cumprido7852, que ele tem conhecido mais intimamente, mesmo do princípio. "Pois qual o homem que conhece as coisas que estão em Deus, senão o Espírito que está n'Ele?"7853. Mas a Palavra foi formada pelo Espírito, e (se eu puder me expressar assim) o Espírito é o corpo da Palavra. A Palavra, por isto, está tanto sempre no Pai, como ele diz, "Eu estou no Pai"7854, e está sempre com Deus, de acordo com o que está escrito, "E a Palavra estava com Deus"7855, e nunca se separou de Deus, ou outro além do Pai, pois "Eu e o Pai somos um"7856. Esta será a prolação, ensinada pela verdade7857, a guardiã da Unidade, em que declaramos que o Filho é uma prolação do Pai, sem se separar d'Ele. Pois o Pai enviou a Palavra, como o Paracleto também declara, assim como a raiz desenvolve a árvore, e a fonte desenvolve o rio, e o sol os raios7858. Pois estes são προβολαί, ou emanações das substâncias das quais eles procedem. Eu não hesitaria, de fato, de chamar a árvore filha ou descendência da raiz, e o rio o mesmo da fonte, e o raio o mesmo do sol; pois cada fonte original é um parente, e tudo que provém da origem é um descendente. Muito mais verdade é isto da Palavra de Deus, que de fato recebeu como Sua designação peculiar o nome de Filho. Mas a árvore ainda não é separada da raiz, nem o rio da fonte, nem o raio do sol; nem, de fato, a Palavra de Deus. Seguindo assim a forma destas analogias, eu confesso que chamo Deus e Sua Palavra - O Pai e o Filho - dois. Pois a raiz e a árvore são duas coisas distintas, mas unidas correlativamente; a fonte e o rio são também duas formas, mas indivisíveis; da mesma forma também o sol e os raios são duas formas, mas coerentes. Tudo que procede de outra coisa precisa ser para aquilo de que procede, sem ser por isto separado. Onde, contudo, há um segundo, deve haver dois; e onde há um terceiro, deve haver três. Agora de fato o Espírito é o terceiro de Deus e do Filho; assim como a fruta da árvore é o terceiro da raiz, ou como o riacho do rio é o terceiro da fonte, ou o ápice do raio é o terceiro do sol. Nada, contudo, é estranho à fonte original de onde deriva suas propriedades. De forma semelhante a Trindade, fluindo do Pai por passos entrelaçados e conectados, não perturba a Monarquia7859, enquanto guardar ao mesmo tempo o estado da Economia7860.


7846. "A palavra προβολή propriamente significa algo que procede ou é gerado da substância de outra, como a fruta de uma árvore ou os raios do sol. Em latim é traduzido por prolatio, emissio, ou editio, ou o que nós hoje expressamos pela palavra desenvolvimento. No tempo de Tertuliano, Valentinus deu ao termo um significado material. Tertuliano, por causa disto, teve que se explicar por usá-lo, quando escrevia para Práxeas, o precursor dos Sabelianos". (Newman's Arians, ii. 4; reprint, p. 101)

7847. προβολή

7848. See Adv. Valentin. cc. xiv. xv.

7849. Mateus 11:27

7850. João 1:18

7851. João 8:26

7852. João 6:38

7853. 1 Coríntios 2:11

7854. João 14:11

7855. João 1:1

7856. João 10:30

7857. Literalmente a προβολή "da verdade".

7858. [Compare com cap. iv. supra.]

7859. Ou unidade do império divino.

7860. Ou dispensação da divina tripersonalidade. Veja capítulo 2 acima.


Capítulo 9 - A Regra Católica da Fé Exposta em Alguns dos Seus Pontos. Especialmente na Distinção Inconfundível das Variadas Pessoas da Bendita Trindade.

Tenha sempre em mente que esta é a regra da fé a qual eu professo; por ela eu testifico que o Pai, e o Filho e o Espírito são inseparáveis uns dos outros, e assim você saberá em que sentido isto é dito. Agora, observe, minha asserção é que o Pai é um, e o Filho um, e o Espírito um, e que Eles são distintos Uns dos Outros. Esta afirmação é tomada em um sentido errado por todos os que têm má educação como também por todas as pessoas que tem uma disposição perversa, como se isto pregasse uma diversidade de tal maneira que implicasse numa separação entre o Pai, e o Filho e o Espírito. Além disso, eu sou obrigado a dizê-lo, quando (exaltando a Monarquia às custas da Economia) eles contendem pela identidade do Pai e Filho e Espírito, e que não é por nenhuma maneira de diversidade que o Filho difere do Pai, a não ser por distribuição: não é por divisão que Ele é diferente, mas por distinção; porque o Pai não é o mesmo que o Filho, já que eles diferem um do outro no modo das sua existência7861. Porque o Pai é a substância inteira, mas o Filho é uma derivação e porção do todo7862, como Ele próprio reconhece: "Meu Pai é maior do que eu"7863. No Salmo, a Sua inferioridade é descrita como sendo "um pouco menor do que os anjos"7864. Então, o Pai é distinto do Filho, sendo maior do que o Filho, devido ao fato de que aquEle que se torna Pai é um, e aquEle que é gerado é outro; também aquEle que envia é um, e aquEle que é enviado é outro; e, de novo, aquEle que faz é um, e aquEle através do qual algo é feito é outro. Felizmente, o próprio Senhor emprega a expressão pessoal do Paráclito, com o fim não de significar uma divisão ou separação, mas uma disposição (de relações mútuas na Entidade Divina); porque Ele diz, "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador, ... a saber, o Espírito da verdade"7865, desta forma, fazendo o Paráclito distinto de Si mesmo, o mesmo que nós dizemos que o Filho é também distinto do Pai; assim Ele mostrou um terceiro grau no Paráclito, se nós cremos que o segundo grau está no Filho, por razão da order observada na Economia. Além disso, não representa o próprio fato de que Eles têm os nomes distintos de Pai e Filho a relevância necessária para uma declaração de que eles são distintos em personalidade7866? Porque, obviamente, todas as coisas serão o que os seus respectivos nomes representam sê-los; e o que elas são e sempre serão, aquilo pelo que serão chamadas; e a distinção indicada pelos nomes não admitem absolutamente qualquer confusão, porque não há nenhuma confusão nas coisas que elas designam. "Sim é sim, e não é não; e tudo aquilo que passa disso, vem do mal"7867.


7861. "Módulo", no sentido de dispensação ou economia. Veja Oehler e Rigault, em The Apology, c. xxi

7862. "Na sua representação da distinção (das Pessoas da Bendita Trindade), Tertuliano algumas vezes usa expressões as quais, posteriormente, quando a controvérsia passou a exigir uma precisão maior da linguagem, foram estudiosamente evitadas pelos ortodoxos. Portanto, ele chama o Pai de substância total, o Filho uma derivação ou uma porção do todo" (Bp. Kaye, On Tertullian, p. 505). Depois de Ário, a linguagem da teologia ganhou uma precisão maior; mas, até então, não há dúvida da ortodoxia da doutrina de Tertuliano, já que ele ensina tão firme e habilmente que a consubstancialidade do Filho com o Pai - igual a Ele e inseparável dEle. [Em outras palavras, Tertuliano não podia empregar uma fraseologia técnica que somente depois foi adotada para conferir precisão às mesmas idéias ortodoxas].

7863. João 14:28

7864. Salmo 8:5

7865. João 14:16

7866. Aliud ab alio

7867. Mateus 5:37


Capítulo 10 - Os próprios nomes de Pai e Filho provam a distinção Pessoal dos dois. Eles não podem ser possivelmente idênticos, nem Sua identidade é necessária para preservar a Divina Monarquia.

Assim é tanto o Pai ou o Filho, e o dia não é como a noite; nem o Pai é como o Filho, de tal forma que ambos deveriam ser Um, e Um ou o Outro deveriam ser Ambos, - uma opinião que os mais conceituados "Monarquistas" mantém. Ele próprio, dizem, se fez um Filho para si mesmo7868. Agora um Pai faz um Filho, e um Filho faz um Pai7869; e aqueles que assim se tornam reciprocamente relacionados de cada um para cada um não podem de forma alguma por si mesmos simplesmente se tornar tão relacionados a si mesmos, de forma que o Pai pode fazer para si um Filho e o Filho pode fazer para si um Pai. E as relações que Deus estabelece, Ele também as guarda. Um pai necessita ter um filho, para que seja um pai; da mesma forma um filho, para ser filho, deve ter um pai. É, contudo, uma coisa ter, e outra coisa ser. Por exemplo, para ser um marido, eu preciso ter uma esposa; eu nunca posso ser minha própria esposa. De forma semelhante, para ser um pai, eu tenho um filho, pois eu nunca posso ser um filho para mim mesmo; e para ser filho, eu tenho um pai, sendo impossível para mim ser meu próprio pai. E é estas relações que me fazem (o que eu sou), quando eu venho a possuí-las: Eu devo ser então um pai, quando eu tenho um filho; e um filho, quando eu tenho um pai. Agora, se eu for ser para mim mesmo qualquer destas relações, eu não mais tenho o que eu mesmo sou: nem um pai, por que eu sou meu próprio pai; nem um filho, por que eu sou meu próprio filho. Além disto, enquanto eu preciso ter um destas relações para ser a outra; então, se eu sou ambas juntas, eu falharei em ser um enquanto eu não possuo o outro. Pois se eu sou um filho para mim mesmo, que também é um pai, eu agora paro de ter um filho, desde que agora eu sou meu próprio filho. Mas por razão de não ter um filho, desde que sou meu próprio filho, como poderia eu ser um pai? Pois eu devo ter um filho, para ser um pai. Assim eu não sou um filho, por que eu não tenho um pai, que faz um filho. De forma semelhante, se eu sou meu próprio pai, que também é um filho, eu não mais tenho um pai, mas sou eu mesmo meu pai. Por não ter um pai, contudo, desde que eu sou meu próprio pai, como poderia eu ter um filho? Pois eu preciso ter um pai, para ser um filho. Eu não posso então ser um pai, porque eu não tenho um filho, que faz um pai. Agora tudo isto deve ser artifício do diabo - esta exclusão e divisão um do outro - desde que por incluir ambos juntos em uma pretensão de Monarquia, ele faz com que nenhum seja mantido e confirmado, de forma que Ele não é o Pai: pois enquanto Ele é o Pai, Ele não será o Filho. Desta forma eles mantém a Monarquia, mas não mantém nem o Pai nem o Filho. Bem, mas "para Deus nada é impossível"7870. Verdade suficiente; quem pode ser ignorante a isto? Quem pode também ser ignorante que "as coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus"7871? "Também as coisas loucas do mundo foram escolhidas por Deus para confundir as coisas que são sábias"7872. Nós lemos tudo isto. Então eles argumentam que não é difícil para Deus fazer a si mesmo tanto um Pai e um Filho, contrário às condições entre homens. Pois uma mulher estéril ter uma criança contra a natureza não foi dificuldade para Deus; nem uma virgem conceber. Claro que nada é "difícil demais para Deus"7873. Mas se nós escolhermos aplicar este princípio de forma tão extravagante e rigorosa em nossas imaginações excêntricas, nós podemos então conceber Deus fazendo qualquer coisa que quizermos, baseando-nos que não é impossível para Ele fazê-lo. Não podemos, contudo, por Ele ser capaz de fazer todas as coisas, supor que Ele de fato fez o que Ele não fez. Mas nós podemos examinar se Ele realmente fez isto. Deus poderia, se Ele quizesse, criar o homem com asas para voar, assim como Ele deu asas a pipas. Não podemos, contudo, chegar à conclusão que Ele fez isto porque Ele era capaz de fazer. Ele podia também extinguir Práxeas e todos outros heréticos de uma só vez; isto não significa, contudo, que Ele fez, simplesmente por que Ele era capaz. Pois era necessário que existissem tanto pipas e heréticos; era necessário também que o Pai fosse crucificado7874. De outra forma haveria uma coisa difícil mesmo para Deus - a saber, que aquilo que Ele não fez - não fez porque Ele não podia, mas porque ele não faria. Pois para Deus, estar disposto é ser capaz, e não estar disposto é não ser capaz; tudo que Ele quiz, contudo, Ele tanto foi capaz de fazer quanto mostrou Sua habilidade. Assim, então, se Deus desejou fazer a Si mesmo um Filho para Si mesmo, Ele teve poder de fazer assim; e desde que Ele teve poder, Ele efetuou Seu propósito, você então fará boa sua prova de Seu poder e Sua vontade (fazendo até isto) quando você provar para nós que Ele realmente fez isto.


7868. [Kaye, p. 507, note 3.]

7869. Como correlativos, um implicando na existência do outro.

7870. Mateus 19:29

7871. Lucas 18:27

7872. 1 Coríntios 1:27

7873. Gênesis 18:14

7874. Uma referência irônica ao grande paradoxo na heresia de Práxeas.


Capítulo 11 - A Identidade do Pai e do Filho, como Práxeas mantém, demonstrado ser completa perplexidade e absurdo. Muitas Escrituras citadas para provar a distinção das Divinas Pessoas da Trindade.

Será sua tarefa, contudo, aduzir suas provas das Escrituras tão claramente como nós fazemos, quando provamos que Ele fez de Sua Palavra um Filho para Si mesmo. Pois se Ele O chama de Filho, e se o Filho é nenhum outro senão Ele que procedeu do próprio Pai, e se a Palavra procedeu do próprio Pai, Ele será então o Filho, e não Ele próprio de quem Ele procedeu. Pois o próprio Pai não procedeu de Si mesmo. Agora, você que diz que o Pai é o mesmo que o Filho, realmente faz a mesma Pessoa tanto enviar de Si (e ao mesmo tempo sair de Si como) aquele Ser que é Deus. Se foi possível para Ele ter feito isto, Ele em todos os eventos não o fez. Você deve trazer as provas que eu peço de você - uma como a minha; ou seja, (você deve provar para mim) que as Escrituras mostram o Filho e o Pai sendo o mesmo, assim como do nosso lado o Pai e o Filho foram demonstrados serem distintos; eu disse distintos, mas não separados:7875 pois de minha parte reproduzo as próprias palavras de Deus, "Meu coração emitiu minha mais excelente Palavra"7876, e você de forma semelhante deve exemplificar em oposição a mim algum texto onde Deus tenha dito, "Meu coração emitiu a Mim mesmo como minha mais excelente Palavra", em tal sentido que Ele é Ele mesmo o Emissor e o Emitido, tanto Ele que envia e Ele que é enviado, desde que Ele seja tanto a Palavra e Deus. Eu também o convido a observar,7877 que de meu lado eu adianto a passagem onde o Pai diz ao Filho, "Tu és meu Filho, Eu hoje te gerei"7878. Se você quer que eu acredite que Ele seja tanto o Pai e o Filho, mostre-me alguma outra passagem onde é declarado, "O Senhor disse para Si mesmo, Eu sou meu próprio Filho, hoje eu me gerei", ou então, "Antes da manhã eu Me gerei"7879; e da mesma forma, "Eu, o Senhor, possuí Eu mesmo o início dos meus caminhos pelas minhas próprias obras; antes de todos os montes, também, Eu me gerei"7880; e quaisquer outras passagens possuem o mesmo efeito. Por que, além disto, poderia Deus o Senhor de todas as coisas, ter hesitado em falar isto de Si mesmo, se de fato fosse assim? Estaria Ele com medo de não ser crido, se Ele em muitas palavras declarou a Si mesmo ser tanto o Pai quanto o Filho? De qualquer maneira haveria uma coisa que Ele estaria com medo - de mentir. De Si mesmo, também, e de Sua própria verdade, estaria Ele com medo. Entretanto acreditando que Ele seja o verdadeiro Deus, eu tenho certeza que Ele declarou que nada existe de qualquer outra forma que não seja de acordo com Sua própria dispensação e arranjo, e que Ele arranjou nada de nenhuma outra forma que não seja de acordo com Sua própria declaração. Contudo de seu lado, você deve fazer dele um mentiroso, um impostor e um falsificador de Sua própria Palavra, se, quando Ele era Ele mesmo Seu próprio Filho, Ele atribuiu a parte de Seu Filho para ser atuada por outro, quando todas as Escrituras atestam a clara existência e distinção (de pessoas) na Trindade, e de fato nos equipa com nossa Regra de fé, que Aquele que fala, Aquele de quem Ele fala e Aquele para quem se fala não poderiam parecer ser Um e o Mesmo. Tal declaração absurda e ilusória não seria digna de Deus, de forma que quando é para si mesmo que Ele fala, Ele fala no entanto para outro, e não para si mesmo. Ouça então outras declarações também do Pai a respeito do Filho pela boca de Isaías: "Eis meu filho, a quem escolhi; meu amado, em quem me comprazo: Eu porei meu Espírito nele, e ele trará justiça aos gentios".7881 Ouça também o que ele diz para o Filho: "É uma grande coisa para ti, que sejas chamado meu Filho para reerguer as tribos de Jacó, e restaurar os dispersos de Israel? Eu te dei como uma luz para os gentios, para que possas ser sua salvação até o fim da terra".7882 Ouça aqui também as declarações do Filho a respeito do Pai:: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para pregar o evangelho aos homens."7883 Ele fala de si mesmo da mesma forma que seu Pai no Salmo: "Não me amaldiçoe até que eu declare o poder de Seu braço a todas as gerações que virão".7884 Também com o mesmo teor em outro Salmo: "Ó Senhor, como os que me causam problemas aumantaram!"7885 Mas quase todos os salmos que profetizam da7886 pessoa de Cristo, representam o Filho conversando com o Pai-ou seja, representam Cristo (como falando) com Deus. Observe também o Espírito falando do Pai e Filho, no caráter de7887 uma terceira Pessoa: "O Senhor disse a meu Senhor, sente-se em minha mão direita, até que Eu faça teus inimigos escabelo de seus pés".7888 Da mesma forma nas palavras de Isaías: "Assim disse o Senhor ao Senhor7889 meu Ungido."7890 Da mesma forma, no mesmo profeta, Ele dis ao Pai a respeito do Filho: "Senhor quem tem crido em nosso relato e para quem é o braço do Senhor revelado? Nós trouxemos um relato a respeito dele, como se Ele fosse uma pequena criança, como se Ele fosse uma raiz em solo seco, que não tinha forma nem beleza".7891 Estes são poucos testemunhos de vários; pois não pretendemos trazer todas as passagens das Escrituras, porque temos um acúmulo toleravelmente grande deles nos vários tópicos de nosso assunto, como nós em nossos vários capítulos os chamamos como nossas testemunhas em sua totalidade de sua dignidade e autoridade.7892 Ainda, nestas poucas citações a distinção de pessoas na Trindade é claramente definida. Pois nelas o próprio Espírito quem fala, e o Pai para quem Ele fala, e do Filho que ele fala. 7893 Da mesma maneira, as outras passagens também estabelecem cada uma das várias pessoas em seu especial caráter-endereçados como eles em alguns casos são para o Pai ou para o Filho a respeito do Filho, em outros casos para o Filho ou para o Pai a respeito do Pai, e de novo em outros casos para o Espírito (Santo).


7875. Distintivo, não diviso.

7876. Para esta versão do Salmo 45:1, veja nosso Anti-Marcião, pág. 66, nota 5, Edin.

7877. Ecce.

7878. Salmo 2:7.

7879. Em alusão ao Salmo 110:3 (Septuaginta)

7880. Em alusão a Provérbios 8:22.

7881. Isaías 42:1.

7882. Isaías 49:6.

7883. Isaías 61:1 e Lucas 4:18.

7884. Ps. lxxi.

7885. Salmo 3:1.

7886. Sustinent.

7887. Ex.

7888. Salmo 110:1.

7889. Tertuliano lê Κυρίῳ ao invés de Κύρῳ, "Cyrus."

7890. Isaías 45:1.

7891. Isaías 53:1,2.

7892. [Veja Elucidação III., and também cap. 25 infra.]

7893. [Veja De Baptismo, cap. 5, pág.344, Ed. Oehler, e nota quão frequente nosso autor cita um texto importante, por meia citação, deixando o resto para a memória do leitor, devendo à impetuosidade de seu gênio e seu estilo: "Monte decurrens velut amnis, imbres quem super notas aluere ripas fervet, etc."]


Capítulo 12 - Outras citações das Escrituras Sagradas aduzidas em prova da pluralidade de pessoas na divindade.

Se o número da Trindade também te ofende, como se este não ligasse à simples Unidade, eu te perguntaria como é possível para um Ser que é meramente e absolutamente Um e Singular, falar no plural, dizendo, "Façamos o homem em nossa própria imagem, segundo nossa aparência"7894; onde Ele deveria dizer, "Deixe-me fazer o homem em minha própria imagem, segundo minha própria aparência", sendo um Ser único e singular? Na seguinte passagem, contudo, "Eis que o homem se tornou como um de nós"7895, Ele está ou enganando ou nos divertindo ao falar no plural, se Ele é só Um e singular. Ou era aos anjos que Ele falou, como os Judeus interpretam a passagem, porque eles também não reconhecem o Filho? Ou era porque Ele era ao mesmo tempo o Pai, o Filho e o Espírito, que Ele falou para si mesmo no plural, se fazendo plural exatamente por causa disto? Não, era porque Ele já tinha Seu Filho bem ao Seu lado, como a Segunda Pessoa, Sua própria Palavra, e uma Terceira Pessoa também, o Espírito na Palavra, que de propósito Ele adotou a frase plural, "Façamos", e "em nossa imagem", e "se tornou como um de nós". Pois com quem Ele fez o homem? E a quem Ele o fez parecer? (A resposta deve ser) o Filho de um lado, que um dia assumiria a natureza humana; e o Espírito de outro, que iria santificar o homem. Com estes que Ele falou então, na Unidade da Trindade, como Seus ministros e testemunhas. No seguinte texto Ele também distingue entre as Pessoas: "Assim Deus criou o homem em sua própria imagem; na imagem de Deus Ele o criou"7896. Por que diz "imagem de Deus"? Por que não "Sua própria imagem" meramente, se somente um que foi o Criador, e se também não era Um de cuja imagem Ele fez o homem? Mas era Um de cuja imagem Deus fazia o homem, a saber, a imagem de Cristo, que, se tornando um dia Homem (mais certamente e mais verdadeiramente assim), já fazia o homem ser chamado de Sua imagem, que seria então formado do barro - à imagem e semelhança do verdadeiro e perfeito Homem. Mas em respeito aos prévios trabalhos do mundo o que diz as Escrituras? Sua primeira declaração é de fato feita, quando o Filho não havia aparecido ainda: "E Deus disse, haja luz, e houve luz"7897. Imediatamente aparece a palavra, "aquela verdadeira luz, que ilumina o homem em sua vinda ao mundo"7898, e através dele também vem a luz ao mundo.7899 A partir deste momento Deus quis que a criação fosse efetuada na Palavra, Cristo sendo presente e ministrando para Ele: e assim Deus criou. E Deus disse, "Haja um firmamento, ...e Deus fez o firmamento"7900; e Deus também disse "Haja luzes (no firmamento); e assim Deus fez uma grande e uma pequena luz"7901. Mas todo o resto das coisas criadas Ele fez da mesma forma, quem fez as anteriores - eu quero dizer a Palavra de Deus, "por quem todas as coisas foram feitas, e sem quem nada foi feito"7902. Agora se Ele também é Deus, de acordo com João, (que diz,) "O Verbo era Deus"7903, então você tem dois Seres - um que comanda que as coisas sejam feitas, e Outro que executa a ordem e cria.. Neste sentido, contudo, você deve entendê-lo como outro, como eu já expliquei, na base da personalidade, não da substância - na forma de distinção, não de divisão7904. Mas embora eu deva manter sempre uma única substância em três coerentes e inseparáveis (Pessoas), ainda sou levado a confirmar, por necessidade do caso, que aquele que comanda é diferente daquele que o executa. Pois, de fato, Ele não comandaria se não fosse Ele mesmo quem faria o trabalho, enquanto ordena que seja feito no mesmo instante.7905 Mas ainda Ele comanda, mesmo que Ele não tivesse a intenção de comandar a Si mesmo se Ele fosse somente um; ou então Ele deve ter trabalhado sem nenhum comando, porque Ele não teria esperado para comandar a Si mesmo.


7894. Gênesis 1:26.

7895. Gênesis 3:22.

7896. Gênesis 3:27.

7897. Gênesis 1:3.

7898. João 1:9.

7899. Mundialis lux.

7900. Gênesis 1:6,7.

7901. Gênesis. 1:14,16.

7902. João 1:3.

7903. João 1:1.

7904. [Kaye acha que o hino Atanasiano (assim chamado) foi composto por alguém que tinha este tratado sempre em mente. Veja pág. 526.]

7905. Per eum.


Capítulo 13 - A força de diversas passagens das Escrituras ilustradas em relação à pluralidade de Pessoas e Unidade de Substância. Não há politeísmo aqui, já que a Unidade é insistida como remédio contra o politeísmo.

Bem então, você responde, se aquele que disse foi Deus, e quem criou também era Deus, nesta altura, um Deus falou e outro criou; (e assim) dois deuses são declarados. Se você é tão arrojado e rigoroso, reflita por um tempo; e para que você possa pensar melhor e mais deliberadamente, ouça o salmo no qual os dois são descritos como Deus: "Teu trono, Ó Deus, é para todo o sempre, o cetro de Teu Reino é um cetro de justiça. Amaste a justiça, e odiaste a iniquidade: por isto Deus, até mesmo Teu Deus, te ungiu ou te fez Seu Cristo."7906 Agora, já que aqui ele fala para Deus, e afirma que Deus é ungido por Deus, Ele deve ter afirmado que Dois são Deus, por causa do poder real do cetro. De acordo com isto, Isaías também diz para a Pessoa de Cristo: "Os sabeus, homens de estatura, passarão para Ti; e eles irão atrás de Ti, virão em grilhões, e eles adorarão a Ti, porque Deus está em Ti: pois Tu és nosso Deus, ainda que nós não soubéssemos; Tu és o Deus de Israel"7907. Pois aqui também, ao dizer, "Deus está em Ti", e "Tu és Deus", ele define Dois que eram Deus: (na primeira expressão em Tu, ele quer dizer) em Cristo, e (na outra ele quer dizer) o Espírito Santo. Há ainda uma declaração mais grandiosa que você encontrará claramente feita no Evangelho: "No princípio era o Verbo, e o Verbo era com Deus, e o Verbo era Deus"7908. Há Um "que era" e há outro "com quem" Ele era. Mas eu acho nas Escrituras o nome Senhor aplicado para ambos: "O Senhor disse a meu Senhor, senta-te à minha mão direita"7909. E Isaías diz assim: "Senhor, quem creu em nossa pregação, e para quem é o braço do Senhor revelado?"7910 Agora ele deveria certamente ter dito Teu braço, se ele não quisesse nos fazer entender que o Pai é Senhor e o Filho é também Senhor. Um testemunho mais antigo também temos em Gênesis: "Então o Senhor fez chover em Sodoma e Gomorra enxofre e fogo do Senhor que está nos céus"7911. Agora, ou negue que isto é Escritura; ou então (deixe-me perguntar) que tipo de homem você é, que não acha que palavras devem ser tomadas e entendidas no sentido que elas são escritas, especialmente quando elas não são expressas em alegorias e parábolas, mas em determinada e simples declarações? Se de fato você segue aqueles que não suportaram naquele tempo o Senhor quando se mostrou ser o Filho de Deus, porque eles não acreditariam que Ele fosse o Senhor, então (eu te peço para que) se lembre junto com eles a passagem onde está escrito, "Eu disse, vós sois deuses, e vós sois filhos do Altíssimo"7912 e de novo, "Deus se levanta na congregação dos deuses"7913 para que, se a Escritura não teve medo de designar seres humanos como deuses, que se tornaram filhos de Deus pela fé, você pode ter certeza que a mesma Escritura tem com maior propriedade conferido o nome de Senhor ao verdadeiro e único Filho de Deus. Muito bem! Você diz, eu te desafio a pregar deste dia em diante (e isto também, com a autoridade destas mesmas Escrituras) dois Deuses e dois Senhores, conforme sua própria visão. Deus proíbe, (é minha resposta). Pois nós, que pela graça de Deus possuem um discernimento sobre os tempos e as ocasiões das Sagradas Escrituras, especialmente nós que somos seguidores do Paracleto, não de mestres humanos, de fato declaramos definitivamente que Dois Seres são Deus, o Pai e o Filho, e com a adição do Espírito Santo, até mesmo Três, de acordo com o princípio da economia divina, que introduz número, para que não se possa crer que o próprio Pai, como vocês perversamente inferem, tenha nascido e sofrido, o que não é permitido crer, desde que não foi nos passado assim. Que haja contudo, Dois Deuses ou Dois Senhores, é uma declaração que em tempo nenhum procede de nossas bocas: não como se fosse falso que o Pai é Deus, e o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus, e cada um é Deus; mas porque em tempos antigos Dois foram realmente referidos como Deus, e dois como Senhor, que quando Cristo devesse vir Ele deveria ser reconhecido tanto como Deus e designado como Senhor, sendo o Filho daquele que é tanto Deus e Senhor. Agora, se fosse econtrado nas Escrituras apenas uma Personalidade daquele que é Deus e Senhor, Cristo seria justamente inadmissível ao título de Deus e Senhor: pois (nas Escrituras) é declarado haver nenhum outro além do Único Deus e Único Senhor, e deve-se seguir que o próprio Pai parece ter descido (à terra), devido ao fato de que somente um Deus e um Senhor tenha sido lido (nas Escrituras), e Sua inteira economia estaria envolvida em obscuridade, o que tem sido planejado e arranjado tão claramente como uma antevisão na Sua dispensação providencial como matéria para a nossa fé. Contudo assim que Cristo veio, e foi reconhecido por nós como o mesmo Ser que tem do princípio7914 causado pluralidade7915 (na Divina Economia), sendo o segundo a partir do Pai, e com o Espírito o terceiro, e Ele próprio declarando e manifestando o Pai mais completamente (do que Ele jamais foi antes), o título daquele que é Deus e Senhor foi de uma vez restaurado à Unidade (da Natureza Divina), mesmo porque os gentios teriam que passar da multidão de seus ídolos para o Único Deus, de maneira que uma diferença poderia ser distintamente estabelecida entre os adoradores do Único Deus e os devotos do politeísmo. Pois era justo que cristãos devessem brilhar no mundo como "filhos da luz", adorando e invocando aquele que é o Único Deus e Senhor como a "luz do mundo". Além disto, se a partir daquele conhecimento perfeito7916, que nos garante que o título de Deus e Senhor é apropriado para tanto o Pai, e o Filho, e o Espírito Santo, fôssemos invocar uma pluralidade de deuses e senhores, nós deveríamos apagar nossas tochas, e nós deveríamos nos tornar menos corajosos de suportar os sofrimentos do martírio, do qual uma fácil escapatória seria para todo lado mentir abertamente para nós, assim que nós jurarmos por uma pluralidade de deuses e senhores, como vários hereges fazem, que mantém mais deuses que Um. Eu então não falarei de deuses, nem de senhores, mas eu devo seguir o apóstolo; assim que, se o Pai e o Filho devem ser juntamente invocados, eu devo chamar o Pai "Deus", e invocar Jesus Cristo como "Senhor" 7917 Mas quando Cristo (é mencionado) sozinho, eu devo ser capaz de chamá-lo "Deus", como o mesmo apóstolo diz "De quem é Cristo, que é sobre todos, Deus abençoado para sempre"7918. Pois eu posso dar o nome de "sol" até mesmo para um raio de sol, considerado em si mesmo; mas se eu for mencionar o sol de onde o raio emana, eu certamente devo imediatamente abandonar o uso do nome de sol para o mero raio. Pois apesar de que eu não esteja criando dois sóis, ainda devo reconhecer tanto o sol e seus raios como duas coisas e duas formas7919 de uma substância indivisa, como Deus e Sua Palavra, como o Pai e o Filho.


7906. Salmos 45:6,7.

7907. Isaías 45:14,15 (Septuaginta).

7908. João 1:1.

7909. Salmos 110:1.

7910. Isaías 53:1.

7911. Gênesis 19:24.

7912. Salmos 82:6.

7913. Versículo 1.

7914. Retro.

7915. Numerum.

7916. Conscientia.

7917. Romanos 1:7.

7918. Romanos 9:5.

7919. Species.


Capítulo 14 - A Invisibilidade natural do Pai, e a Visibilidade do Filho testemunhada em muitas passagens do Velho Testamento. Argumentos da distinção entre Eles, assim suprida.

Além disso, então vem ao nosso auxílio, quando insistimos em que o Pai e o Filho são Dois, aquele princípio regulador que determina que Deus seja invisível. Quando Moisés, no Egito, desejou ver a face do Senhor, dizendo, "Se é verdade que eu tenha achado graça à Tua vista, manifesta-Te a mim, para que eu possa ver-Te e conhecer-Te,"7920 ao que Deus disse, "Tu não podes ver minha face, pois nenhum homem poderá ver-me e viver:"7921 em outras palavras, aquele que me ver morrerá. Agora nós percebemos que Deus tem sido visto por muitas pessoas, entretanto ninguém que o viu morreu (na visão). A verdade é, eles viram Deus de acordo com as faculdades humana, mas não de acordo com a completa glória de Deus Pai. Por isso, se diz que os patriarcas viram a Deus (como Abraão e Jacó), e os profetas (como, por exemplo, Isaías e Ezequiel), e mesmo assim eles não morreram. Como, então, eles deveriam ter morrido, já que eles O viram - pois (conforme diz a condenação), "nenhum homem verá Deus e viverá", ou ainda, se eles viram a Deus e, mesmo assim, não morreram, a Escritura é falsa em afirmar que Deus disse, "Se um homem ver a minha face, ele não viverá". Assim, a Escritura nos engana, quando faz Deus invisível, e quando produz Ele à nossa visão. Agora, então, Ele deve ser um Ser diferente daquele que foi visto, pois de alguém que foi visto não se poderia dizer que Ele é invisível. Do que, portanto, se deduz que pó Aquele que é invisível nós devemos entender como sendo o a inteireza de Sua majestade, enquanto nós reconhecemos o Filho como sendo visível em razão da dispensação da Sua existência derivada; 7922 ainda que não nos seja permitido contemplar o sol, na completa intensidade de sua substância que está nos céus, mas nós podemos somente suportar com os nossos olhos um raio, em razão da condenação temperada desta porção que é projetada dele na Terra. Aqui algum adversário pode se dispor a contender que o Filho é também invisível como sendo o Verbo, e sendo também o Espírito; 7923 e, enquanto defende uma natureza para o Pai e o Filho, afirmar que o Pai é mais propriamente Um e a Mesma Pessoa com o Filho. Mas a Escritura, como dissemos, mantém a diferença entre eles pela distinção que faz entre o Visível e o Invisível. Eles então continuam a disputar com este efeito, que se foi o Filho que falou a Moisés, Ele deve querer dizer isto de Si mesmo, que a Sua face não era visível para ninguém, porque Ele era de fato Ele mesmo, o Pai invisível em nome do Filho. E por esses meios eles terão que o Visível e o Invisível são um e o mesmo, justamente como o Pai e o Filho são os mesmos; (e isso eles mantêm) porque numa passagem precedente, antes dEle ter recusado (a visão da) Sua face a Moisés, a Escritura nos informa que "o Senhor falou face a face com Moisés, como um homem fala com seu amigo."7924, assim como também Jacó diz, "Tenho visto Deus face a face"7925. Portanto, o Visível e o Invisível são um e o mesmo; e sendo ambos o mesmo, daí se segue que Ele é invisível como Pai, e visível como Filho. Como se a Escritura, de acordo com a nossa exposição, fosse inaplicável ao Filho, quando o Pai é deixado de lado em Sua própria invisibilidade. Nós declaramos, entretanto, que o Filho também, considerado em Si mesmo (como o Filho), é invisível, naquilo que Ele é Deus, e o Verbo e o Espírito de Deus; mas que Ele era visível antes dos dias da Sua carne, na forma em que Ele diz a Aarão e Miriam, "E se houver um profeta entre vós, Eu me farei conhecido a ele numa visão, e falarei a ele num sonho; não como Moisés, com quem Eu falarei de boca a boca, mesmo em aparição, o que quer dizer, em verdade, e não por enigma," ou seja, em imagem;7926 como o apóstolo também expressa, "Agora nós vemos através de um espelho, obscuramente (ou enigmaticamente), mas então veremos face a face."7927 Desde, portanto, que Ele reserva para determinado tempo futuro a Sua presença e pregação face a face com Moisés - uma promessa que foi depois cumprida no retiro do monte (da transfiguração), quando nós lemos no Evangelho, "Moisés apareceu conversando com Jesus"7928- é evidente que nos primeiros tempos era sempre num espelho, (como se fosse), e num enigma, em visão e sonho, que Deus, quero dizer o Filho de Deus, aparecia - aos profetas e patriarcas, como também, de fato, ao próprio Moisés. E se o Senhor possivelmente7929 falou com ele face a face, ainda assim não foi como homem que ele pode suportar a Sua face, a não ser que de fato fosse num espelho, (como se fosse,) e por enigma. Além disso, se o Senhor então falou com Moisés, e que Moisés de fato discerniu a Sua face, olho no olho,7930 como pode ser que imediatamente depois, na mesma ocasião, ele deseja ver a Sua face,7931 o que ele não deveria ter desejado, porque ele já a tinha visto? E como, da mesma maneira, pode o Senhor dizer que a Sua face não pode ser vista, porque Ele a tinha mostrado, se de fato Ele tinha feito isso, (como os nossos oponentes supõem). Ou o que é aquela face de Deus, a vista da qual é recusada, se há uma que era visível ao homem? "Eu vi a Deus", diz Jacó, "face a face, e a minha vida foi preservada"7932 Deveria haver uma outra face que mata se tão-somente for vista. Bem, então, era o Filho visível? (Certamente não, 7933) muito embora Ele fosse a face de Deus, exceto somente em visão e sonho, e num espelho e enigma, porque o Verbo e Espírito (de Deus) não pode ser visto a não ser de forma imaginária. Mas, (eles dizem,) Ele chama o Pai invisível Sua face. Logo, quem é o Pai? Não deve ser ele a face do Filho, em razão daquela autoridade que Ele obtém como o unigênito do Pai? Portanto, não há uma propriedade natural em dizer de alguns personagens maiores (que você mesmo), Aquele homem é a minha face; ele me dá sua aparência? "Meu Pai,", diz Cristo, "é maior do que Eu."7934 Portanto, o Pai deve ser a face do Filho. Logo, o que diz a Escritura? "O Espírito de Sua pessoa é Cristo o Senhor."7935 Como, portanto, Cristo é o Espírito da pessoa do Pai, há boa razão pela qual, em virtude de fato da unidade, o Espírito dEle a cuja pessoa Ele pertencia - ou seja, o Pai - pronunciou Ele como sendo Sua "face". Agora isto, certamente, é uma coisa assombrosa, que o Pai possa ser tido como sendo a face do Filho, quando Ele é a Sua cabeça; pois "a cabeça de Cristo é Deus"7936


7920. Êxodo 33:13.

7921. Versículo 20.

7922. Pro modulo derivationis.

7923. Spiritus aquie é a divina natureza de Cristo.

7924. Êxodo 33:11.

7925. Gênesis 32:30.

7926. Números 12:6-8.

7927. 1 Coríntios 13:12.

7928. Marcos 9:4; Mateus 17:3.

7929. Si forte.

7930. Cominus sciret.

7931. Compare versículo 13 com versículo 11 de Êxodo 33.

7932. Gênesis 22:30.

7933. Involvido no nunquid.

7934. João 14:28.

7935. Lamentações 4:20. Tertuliano lê, "Spiritus personæ ejus Christus Dominus." Isto varia somente no pronome da Septuaginta, que se lê, Πνεῦμα προσώπου ἡμῶν Χριστὸς Κύριος. De acordo com nosso A.V., "o fôlego de nossos pulmões, o ungido do Senhor" (ou, "nosso ungido Senhor"), alusão é feita, na destruição de Jerusalém pelos Babilônios, à captura do rei - o último da linhagem de Davi, "como um príncipe ungido". Compare com Jeremias 52:9.

7936. 1 Coríntios 11:3.


Capítulo 15 - Passagens do Novo Testamento citadas. Elas atestam a mesma verdade da Visibilidade do Filho contrastada com a Invisibilidade do Pai.

Se eu falhar em resolver este artigo (de nossa fé) por passagens que posso admitir disputa7937 do Velho Testamento, eu tomarei do Novo Testamento uma confirmação de nossa visão, que você não poderá atribuir imediatamente ao Pai toda possível (relação e condição) que eu imputar ao Filho. Eis, então, que eu acho tanto nos Evangelhos quanto nos (escritos dos) apótolos um visível e um invisível Deus (revelado a nós), sob uma manifesta e pessoal distinção na condição de ambos. Há um certo dito enfático de João: "Nenhum homem jamais viu a Deus"7938; significando, é claro, em qualquer tempo anterior. Mas ele de fato afastou toda questão de tempo, ao dizer que Deus nunca foi visto. O apóstolo confirma esta declaração; pois, falando de Deus, ele diz, "A quem nenhum homem viu, nem pode ver"7939; porque o homem de fato morreria se o visse.7940 Mas aquele mesmo apóstolo testifica que eles tanto viram como "tocaram" Cristo.7941 Agora, se o próprio Cristo é tanto o Pai e o Filho, como Ele pode tanto ser Visível e Invisível? Contudo para reconciliar esta diversidade entre o Visível e o Invisível, não argumentarão alguns por outro lado que as duas declarações estão bem corretas: que Ele era de fato visível na carne, mas era invisível antes de Sua aparição na carne; então que Ele que como o Pai era invisível antes da carne, é o mesmo como Filho que era visível na carne? Se, contudo, Ele é o mesmo que era invisível antes da encarnação, como poderia ser então que Ele tenha realmente sido visto em tempos antigos antes da (vinda na) carne? E por raciocínio similar, se Ele é o mesmo que era visível depois da (vinda na) carne, como poderia ser que Ele é agora declarado invisível pelos apóstolos? Como, eu repito, pode ser isto tudo, a menos que Ele seja um, que antigamente era visível somente em mistério e enígma, e se tornou mais claramente visível pela Sua encarnação, justamente a Palavra que foi também feita carne; enquanto Ele é outro a quem nenhum homem jamais tem visto, sendo ninguém mais que o Pai, justamente Aquele a quem a Palavra pertence? Vamos examinar rapidamente quem é quem na visão dos apóstolos. "Aquele", diz João, "que temos visto com nossos olhos, que nós consideramos, e que nossas mãos tocaram, da Palavra da vida"7942. Agora a Palavra da vida se tornou carne, e foi ouvido, e foi visto, e foi tocado, porque Ele era carne que, antes dele vir em carne, era a "Palavra no princípio com Deus" o Pai,7943 e não o Pai com a Palavra. Pois apesar que a Palavra era Deus, ainda estava com Deus, porque Ele é Deus de Deus; e junto com o Pai, está com o Pai.7944 "E temos visto Sua glória, a glória do Unigênito do Pai;"7945 ou seja, é claro, (a glória) do Filho, justamente Ele que era visível, e foi glorificado pelo Pai invisível. E assim, enquanto ele tem dito que a Palavra de Deus era Deus, para que ele não pudesse dar ajuda à presunção do adversário, (que pretende) que ele tenha vista o próprio Pai e para definir uma distinção entre o Pai invisível e o Filho visível, ele faz a declaração adicional, ex abundanti como aqui citado: "Nenhum homem jamais viu a Deus"7946. Que Deus ele se refere? A Palavra? Mas ele já disse: "Nós o vimos e ouvimos, e nossas mãos tocaram a Palavra da vida". Bem, (eu devo novamente perguntar,) a que Deus ele se refere? É claro que é o Pai, com quem estava a Palavra, o Filho Unigênito, que está no seio do Pai, e Ele próprio O declarou..7947 Ele foi tanto ouvido como visto, e para que não se suposse que Ele era um fantasma, foi realmente tocado. Paulo também viu a Ele; mas ele não viu o Pai. "Não vi" diz ele, "Jesus Cristo nosso Senhor?"7948 Além disto, ele expressamente chama Cristo de Deus, dizendo: "De quem são os pais, e de quem em relação à carne Cristo veio, que é sobre todos, Deus abençoado para sempre."7949 Ele nos mostra também que o Filho de Deus, que é a Palavra de Deus, é visível, porque aquele que se tornou carne foi chamado Cristo. Do Pai, contudo, ele diz a Timóteo: "A quem nenhum entre os homens tem visto, nem de fato pode ver"; e adiciona à descrição em ainda mais amplos termos: "Que é o único que possui imortalidade, e habita na luz que nenhum homem pode se aproximar."7950 Foi d'Ele também que ele disse na passagem anterior: "Agora para o Rei eterno, imortal, invisível, para o único Deus"7951; de forma que nós possamos aplicar justamente as qualidades contrárias ao próprio Filho - mortalidade, acessibilidade - de quem o apóstolo testifica que "Ele morreu de acordo com as Escrituras"7952, e que "Ele foi visto por ele mesmo depois de todos"7953, - por meio, é claro, da luz que era acessível, apesar de que não foi sem arriscar sua visão que ele experimentou aquela luz. 7954 Um perigo similar ao qual também sentiu Pedro, e João e Tiago, (que confrontaram não a mesma luz) sem arriscar a perda de sua razão e mente; e se eles, que eram incapazes de suportar a glória do Filho, 7955 tivessem visto apenas o Pai, eles teriam morrido ali então: "Pois nenhum homem vê Deus e vive."7956 Este sendo o caso, é evidente que aquele que se tornou visível no fim que sempre foi visto do princípio; e que aquele, (pelo contrário,) que nunca foi visível do princípio não foi visto no final, e que consequentemente há dois - o Visível e o Invisível. Foi o Filho, então, que sempre foi visto, e o Filho que sempre conversou com o homem, e o Filho que sempre trabalhou pela autoridade e vontade do Pai; porque "o Filho não pode fazer nada de si mesmo, mas o que Ele vê o Pai fazer"7957 - "fazer" ou seja, em Sua mente e pensamento.7958 Pois o Pai age por mente e pensamento; enquanto o Filho, que está na mente e pensamento do Pai, 7959 dá efeito e forma ao que Ele vê. Assim todas as coisas foram feitas pelo Filho, e sem Ele nada foi feito.7960


7937. Quæstionibus.

7938. João 1:18.

7939. 1 Timóteo 6:16.

7940. Êxodo 33:20; Deuteronômio 5:26; Juízes 13:22.

7941. 1 João 1:1.

7942. 1 João 1:1.

7943. 1 João 1:1,2.

7944. Quia cum Patre apud Patrem.

7945. 1 João 1:14.

7946. 1 João 4:12.

7947. João 1:18.

7948. 1 Coríntios 9:1.

7949. Romanos 9:5.

7950. 1 Timóteo 6:16.

7951. 1 Timóteo 1:17.

7952. 1 Coríntios 15:3.

7953. Versículo. 8.

7954. Atos 22:11.

7955. Mateus. 17:6; Marcos 9:6.

7956. Êxodo 33:20.

7957. João 5:19.

7958. In sensu.

7959. A leitura é, "in Patris sensu;" outra leitura substitui "sinu" por "sensu;" ou seja, "o seio do Pai".

7960. João 1:3.


Capítulo 16 - Primeiras aparições do Filho de Deus, como gravadas no Velho Testamento; ensaios de Sua subsequente encarnação.

Mas você não deve supor que apenas os trabalhos relacionados à (criação do) mundo foram feitos pelo Filho, mas também tudo depois daquele tempo foi feito por Deus. Pois "o Pai amou o Filho, e tem dado todas as coisas em Suas mãos"7961, ama Ele de fato desde o princípio, e bem do começo tem entregado todas as coisas a Ele. Por isso está escrito, "Do princípio a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus"7962; a quem "é dado pelo Pai todo poder no céu e na terra."7963 "O Pai não julga ninguém, mas tem entregado todo julgamento para o Filho"7964 - exatamente do princípio. Pois quando Ele fala de todo o poder e todo julgamento, e diz que todas as coisas foram feitas por Ele, e todas as coisas foram entregadas em Sua mão, Ele não permite nenhuma exceção (a respeito) do tempo, porque elas não seriam todas as coisas a menos que elas fossem as coisas de todos os tempos. É o Filho, entretanto, que tem do princípio administrando julgamento, derrubando a torre orgulhosa, e dividindo as línguas, punindo o mundo inteiro pela violência das águas, fazendo chover fogo e enxofre em Sodoma e Gomorra, como o Senhor vindo do Senhor. Pois era Ele quem todo o tempo veio manter conversa com os homens, de Adão até os patriarcas e os profetas, em visão, em sonho, em espelho, em enigma; ainda do princípio deixando a fundação do curso de Suas dispensações, que Ele pretendia seguir até o último minuto. Assim estava Ele então aprendendo até mesmo como Deus a conversar com homens sobre a terra, sendo nenhum outro senão a Palavra que estava para se tornar carne. Mas Ele estava assim aprendendo (ou treinando), para que nivelasse para nós o caminho da fé, que nós possamos o mais rápido acreditar que o Filho de Deus veio ao mundo, se nós soubéssemos que em tempos passados também algo similar foi feito.7965 Pois como se fosse para nossa causa e nosso aprendizado que estes eventos são descritos nas Escrituras, assim para nosso bem também foram feitos - (precisamente nosso, eu digo), "para quem os fins do mundo são chegados."7966 Desta forma era que mesmo então Ele sabia muito bem o que eram sentimentos e afeições humanas, pretendendo como sempre Ele pretendeu, de tomar para Si as substâncias componentes reais do homem, corpo e alma, fazendo consulta a Adão (como se Ele fosse ignorante),7967 "Onde estás tu, Adão?"7968 - arrependendo de que Ele tenha feito o homem, como se Lhe faltasse presciência;7969 tentando Abraão, como se fosse ignorante ao que há no homem; ofendido com pessoas, e então reconciliando com elas; e qualquer outra (fraqueza e imperfeição) que os hereges usam (em suas suposições) como indignas de Deus, para descreditar o Criador, não considerando que estas circunstâncias são suficientemente apropriadas para o Filho, que um dia experimentaria até mesmo os sofrimentos humanos - fome e sede, e lágrimas, e um nascimento real e uma morte real, e a respeito de tal dispensação "feito pelo Pai um pouco menor que os anjos."7970 Mas os hereges, você pode ter certeza, não permitirão que tais coisas sejam apropriadas até mesmo para o Filho de Deus, o qual você imputa ao próprio Pai, quando você pretende7971 que Ele fez de Si mesmo menor (que os anjos) em nosso benefício; enquanto que as Escrituras nos informam que aquele que foi feito menor foi tão influenciado pelo outro, e não Ele por Ele mesmo. E se, de novo, Ele foi Um que foi "coroado com glória e honra", e Ele Outro por quem Ele foi assim coroado,7972 - o Filho, de fato, pelo Pai? Além disto, como poderia ser que o Todo-Poderoso Invisível Deus, "que nenhum homem tem visto ou pode ver; Aquele que habita na luz inacessível;"7973 "Aquele que não habita em templos feitos por mãos;"7974 "cuja visão faz a terra tremer, e os montes derretem como cera;"7975 que mantém o mundo inteiro em Sua mão "como um ninho;"7976 "cujo trono é o céu, e a terra é escabelo do Seus pés;"7977 em quem está em todo lugar, mas Ele mesmo está em lugar nenhum; que é a ligação mais extrema do universo; - como aconteceu, eu digo, que Ele (que, apesar de ser) o Altíssimo, deveria ainda andar no paraíso contra o frio do anoitecer, a procura de Adão; e deveria ter fechado a arca depois que Noé entrou nela; e na tenda de Abraão se refrescou debaixo de um carvalho; e chamou a Moisés de um arbusto em chamas; e apareceu como "o quarto" na fornalha do monarca babilônico (apesar de ali ser chamado de Filho do homem), - a menos que todos estes eventos aconteceram como uma imagem, como um espelho, como um enigma (da futura encarnação)? Certamente não se poderia crer até mesmo nestas coisas mesmo do Filho de Deus, a menos que elas fossem dadas a nós nas Escrituras; possivelmente também não se poderia crer nelas com relação ao Pai, mesmo se fossem dadas nas Escrituras, desde que estes homens O trazem para o ventre de Maria, e o colocam no banco dos réus perante Pilatos, e O enterram no sepulcro de José. Por isso, então, seu erro se torna manifesto; pois sendo ignorantes que a inteira ordem da divina administração tem desde o princípio seu curso através da agência do Filho, eles acreditam que o próprio Pai foi realmente visto, e conversou com os homens, e trabalhou, e teve sede, e sofreu fome (a despeito do profeta que diz: "O Deus eterno, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nunca terá sede de todo, nem terá fome;"7978 muito mais, nem morrerá em qualquer tempo, nem ser enterrado!), e entretanto que era uniformemente um Deus, mesmo o Pai, que em todos os tempos fez Ele mesmo as coisas que foram realmente feitas por Ele através da agência do Filho.


7961. João 3:35. Tertuliano lê a última cláusula (de acordo com Oehler), "in sinu ejus," ou seja, "a Aquele que está em Seu seio".

7962. João 1:1.

7963. Mateus 28:18.

7964. João 5:22.

7965. Veja nosso Anti-Marcião, página 112, nota 10. Edin.

7966. Compare 1 Coríntios 10:11.

7967. Veja o tratado, Contra Marcião 2.25, supra.

7968. Gênesis 3:9.

7969. Gênesis 6:6.

7970. Salmos 8:6.

7971. Quasi.

7972. Salmos 8:6.

7973. 1 Timóteo 6:16.

7974. Atos 17:24.

7975. Joel 2:10; Salmos 97:5.

7976. Isaías 10:14.

7977. Isaías 66:1.

7978. Isaías 40:28.


Capítulo 17 - Vários títulos majestosos, descritivos da deidade, aplicados ao Filho, não, como Práxeas as teria, somente ao Pai.

Eles mais prontamente suporam que o Pai agiu em nome do Filho, do que o Filho tenha agido em nome do Pai; apesar do Senhor mesmo dizer, "Eu vim em nome de Meu Pai;"7979 e até mesmo ao Pai Ele declara, "Eu tenho manifestado Seu nome para estes homens;"7980 enquanto as Escrituras dizem da mesma maneira, "Abençoado seja Aquele que vem em nome do Senhor,"7981 ou seja, o Filho em nome do Pai. E quanto aos nomes do Pai, Deus Todo-Poderoso, o Altíssimo, o Senhor das hostes, o Rei de Israel, o "Um que é", nós dizemos (pois as Escrituras nos ensinam) que eles pertencem apropriadamente também ao Filho, e que o Filho veio sob estas designações, e tem sempre agido nelas, e tem manifestado elas assim em Si mesmo aos homens. "Todas as coisas," diz Ele, "que o Pai possui são minhas."7982 Então por que não Seus nomes também? Quando, então, você ler do Todo-Poderoso Deus, e o Altíssimo, e o Senhor das hostes, e o Rei de Israel, o "Um que é", considere se o Filho também não pode ser indicado por estas designações, que em Seu próprio direito é Deus Todo-Poderoso, em que Ele é a Palavra do Deus Todo-Poderoso, e recebeu poder sobre tudo; é o Altíssimo, em que Ele é "exaltado à mão direita de Deus", como Pedro declara em Atos;7983 é o Senhor das hostes, porque todas as coisas são pelo Pai sujeitadas a Ele; é o Rei de Israel porque a Ele tem sido especialmente confiado o destino daquela nação; e da mesma forma "o Um que é", porque há vários que se chamam filhos, mas não são. Como o ponto mantido por eles, que o nome de Cristo pertence também ao Pai, eles devem ouvir (o que tenho a dizer) no seu próprio lugar. Enquanto isto, deixemos que esta seja minha resposta imediata ao argumento que eles aduzem da Revelação de João: "Eu sou o Senhor que é, que era, e que virá, o Todo-Poderoso;"7984 e de todas as outras passagens que na opinião deles faz a designação de Deus Todo-Poderoso inaplicável ao Filho. Como se, de fato, Aquele que virá não fosse Todo-Poderoso; ao passo que mesmo o Filho do Todo-Poderoso é tão Todo-Poderoso como o Filho de Deus é Deus.


7979. João 5:43.

7980. João 17:6.

7981. Salmos 118:26.

7982. João 16:15.

7983. Atos 2:22.

7984. Apocalipse 1:8.


Capítulo 18 - A designação de Um Deus nas Escrituras proféticas. Com intenção de protestar contra a idolatria pagã, não exclui a idéia correlativa do Filho de Deus. O Filho está no Pai.

Mas o que impede eles de prontamente perceber esta comunidade dos títulos do Pai no Filho, é a declaração da Escritura, quando determina Deus ser apenas Um; como se a mesma Escritura não tivesse também declarado Dois tanto Deus e Senhor, como mostramos acima.7985 Seu argumento é: desde que encontramos Dois e Um, entretanto ambos são Um e o Mesmo, ambos Pai e Filho. Agora as Escrituras não estão em perigo de requerer a ajuda do argumento de ninguém, a menos que pareça ser auto-contraditória. Elas possuem seu próprio método, tanto quando elas anunciam somente um Deus, e também quando elas mostram que há Dois, Pai e Filho; e são consistentes consigo mesmas. Está claro que o Filho é mencionado por elas. Pois, sem qualquer detrimento ao Filho, é bem possível para elas determinar justamente que Deus é somente Um, a quem o Filho pertence; desde que Aquele que tem um Filho não deixe de existir por causa disto - sendo Ele próprio somente Um, ou seja, em Sua própria descrição, sempre que Ele for nomeado sem o Filho. E Ele é nomeado sem o Filho sempre que Ele é definido como o princípio (da Deidade) no caráter do "sua primeira Pessoa", que tem que ser mencionada antes do nome do Filho; porque é o Pai que é reconhecido em primeiro lugar, e depois do Pai o Filho é nomeado. Então "há um Deus", o Pai, "e sem Ele não há nada mais" 7986 E quando Ele próprio faz esta declaração, Ele não nega o Filho, mas diz que não há outro Deus; e o Filho não é diferente do Pai. De fato, se você olhar atentamente aos contextos que seguem tais declarações como esta, você descobrirá que eles praticamente sempre tem distintas referências aos fabricadores de ídolos e seus adoradores, com uma visão da multidão de falsos deuses sendo expulsos pela unidade da Divindade, que todavia tem um Filho; e enquanto este Filho é didiviso e inseparável do Pai, assim Ele deve ser reconhecido como estando no Pai, mesmo quando Ele não é referido. O fato é que se Ele tivesse O nomeado expressamente, Ele O teria separado, dizendo em muitas palavras: "Fora de mim não há nenhum outro, exceto meu Filho". Em resumo Ele teria feito Seu Filho realmente outro, depois de excluí-lo dos outros. Suponha que o sol diga, "Eu sou o Sol, e não há outro além de mim, exceto meu raio", não te chamaria a atenção para tal declaração desnecessária, como se o raio não fosse ele mesmo reconhecido no sol? Ele diz, então, que não há Deus além dele em respeito à idolatria tanto dos Gentios quanto de Israel; não, até mesmo a respeito de nossos hereges também, que fabricam ídolos com suas palavras, assim como os gentios fazem com suas mãos; isto quer dizer, eles fazem outro Deus e outro Cristo. Quando, então, Ele atestou Sua própria unidade, o Pai tomou conta dos interesses do Filho, para que não se suposse que Cristo tivesse vindo de outro Deus, mas daquele que já tinha dito, "Eu sou Deus e não há outro além de mim,"7987 que nos mostra que Ele é o único Deus, mas acompanhado de Seu Filho, com quem "Ele estendeu os céus sozinho."7988


7985. Veja acima capítulo 13 pág. 607.

7986. Isaías 45:5.

7987. Isaías 45:5,18; 44:6.

7988. Isaías 44:24.


Capítulo 19 - O Filho em união com o Pai na criação de todas as coisas. Esta união dos dois em co-operação não é oposta à verdadeira unidade de Deus. É oposta unicamente à teoria de identificação de Práxeas.

Mas esta mesma declaração dele eles perverterão rapidamente em um argumento de Sua singularidade. "Eu tenho", diz Ele, "estendido os céus sozinho". Sem dúvidas sozinho em respeito a todos outros poderes; e Ele assim dá uma evidência premonitória contra as conjecturas dos hereges, que mantém que o mundo foi construído por vários anjos e poderes, que também fazem o próprio Criador ser ou um anjo ou algum agente subordinado enviado para formar coisas externas, tais como as partes constituintes do mundo, mas que ao mesmo tempo era ignorante do propósito divino. Se agora, é neste sentido que Ele estende os céus sozinho, como é que estes hereges assumem sua posição tão perversamente, ao ponto de tornar inadmissível a singularidade daquela Sabedoria que diz, "Quando Ele preparou os céus, eu estava presente com Ele?"7989 - como contudo até o apóstolo pergunta, "Quem tem conhecido a mente do Senhor, ou quem tem sido Seu conselheiro?"7990 significando, é claro, excetuando aquela sabedoria que estava presente com Ele.7991 Nele, de qualquer maneira, e com Ele, (Sabedoria) construiu o universo, sendo Ela não ignorante de que estava fazendo. "Exceto Sabedoria", contudo, é uma frase do mesmo sentido exatamente como "exceto o Filho", que é Cristo, "a Sabedoria e Poder de Deus"7992, de acordo com o apóstolo, quem somente conhece a mente do Pai. "Pois quem conhece as coisas que estão em Deus, exceto o Espírito que está nele?"7993 Não, observem, sem Ele. Havia então Um que causou Deus não ser sozinho, exceto "sozinho" de todos outros deuses. Mas (se formos seguir os hereges), o próprio Evangelho deve ser rejeitado, porque ele nos diz que todas as coisas foram feitas por Deus através da Palavra, sem quem nada foi feito.7994 E se não estou enganado, há também outra passagem que está escrito: "Pela Palavra do Senhor os céus foram feitos, e todas as hostes deles por Seu Espírito."7995 Agora esta Palavra, o Poder de Deus e a Sabedoria de Deus, deve ser o próprio Filho de Deus. Assim que, se (Ele fez) todas as coisas pelo Filho, Ele deve ter estendido os céus pelo Filho, e não ter estendido eles sozinho, exceto no sentido em que Ele é "sozinho" (e separado) de todos outros deuses. De acordo com isto Ele diz, a respeito do Filho, imediatamente depois: "Quem mais que desfaz os sinais dos mentirosos, e enlouquece os adivinhos, fazendo tornar atrás os sábios, e fazendo seu conhecimento loucura, e confirmando as palavras7996 de Seu Filho?"7997 - como, por exemplo, quando Ele diz, "Este é meu Filho amado, em quem me comprazo; escute Ele."7998 Assim unindo o Filho a Si mesmo, Ele se torna Seu próprio intérprete em que sentido Ele estendeu os céus sozinho, significando sozinho com Seu Filho, já que Ele é um com Seu Filho. A expressão, então, será da mesma forma do Filho, "Eu tenho estendido os céus sozinho,"7999 porque pela Palavra os céus foram estabelecidos.8000 Enquanto, então, o céu era preparado quando a Sabedoria estava presente na Palavra, e assim que todas as coisas foram feitas pela Palavra, é bem correto dizer que até o Filho estendeu os céus sozinho, porque Ele sozinho ministrou os trabalhos do Pai. Deve ser Ele também que diz, "Eu sou o Primeiro, e para todo futuro EU SOU."8001 A Palavra, sem dúvida, era antes de todas as coisas. "No princípio era a Palavra;"8002 e naquele princípio Ele foi enviado8003 pelo Pai. O Pai, contudo, não teve princípio, não procedendo de ninguém; nem pode Ele ser visto, desde que Ele não foi gerado. Aquele que sempre foi sozinho não poderia nunca ter ordem ou nível. Então, se eles determinaram que o Pai e o Filho devem ser considerados como um e o mesmo, pelo expresso propósito de vindicar a unidade de Deus, aquela unidade dele é preservada intacta; pois Ele é um, e ainda Ele tem um Filho, que é igualmente com Ele compreendido nas mesmas Escrituras. Desde que eles não estão dispostos a permitir que o Filho seja uma Pessoa distinta, segunda do Pai, com medo de que sendo então segundo, Ele faça se falar sobre dois Deuses, nós mostramos acima8004 que Dois são realmente descritos nas Escrituras como Deus e Senhor. E para prevenir que sejam ofendidos por este fato, nós damos uma razão porque não se diz que eles sejam dois Deuses e dois Senhores, mas que eles são dois como Pai e Filho; e isto não por separação de sua substância, mas da dispensação em que nós declaramos o Filho ser indiviso e inseparável do Pai, - distinto em grau, não em estado. E apesar de nomeado a parte, Ele é chamado Deus, Ele não se constitui deste modo dois Deuses, mas um; e isto da mesma circunstância que Ele é intitulado para ser chamdo Deus, de sua união com o Pai.


7989. Provérbios 8:27.

7990. Romanos 11:34.

7991. Provérbios 8:30.

7992. 1 Coríntios 1:24.

7993. 1 Coríntios 2:11.

7994. João 1:3.

7995. Salmos 33:6.

7996. Isaías 44:25.

7997. Nesta leitura, veja nosso Anti-Marcião, pág. 207, nota 9. Edin.

7998. Mateus 3:17.

7999. Isaías 44:24.

8000. Salmos 33:6.

8001. Isaías 41:4 (Septuaginta).

8002. João 1:1.

8003. Prolatus.

8004. Veja capítulo 13 pág. 107.


Capítulo 20 - As Escrituras que Práxeas se baseia para suportar sua heresia mas poucas. Elas são mencionadas por Tertuliano.

Mas eu tenho que sofrer mais um pouco para refutar seus argumentos, quando eles fazem seleções das Escrituras em suporte à sua opinião, e recusam-se a considerar outros pontos, que obviamente mantém a regra de fé sem nenhuma infração à unidade da Divindade, e com a completa admissão8005 da Monarquia. Pois como nas Escrituras do Velho Testamento eles perseguem nada mais que, "Eu sou Deus, e além de mim não há Deus;"8006 assim no Evangelho eles simplesmente mantém em vista a resposta do Senhor a Filipe, "Eu e meu Pai são um;"8007 e, "Aquele que me tem visto tem visto o Pai; e eu estou no Pai, e o Pai em mim."8008 Eles teriam submetido a revelação completa de ambos Testamentos a estas três passagens, enquanto que o único curso próprio é entender as poucas declarações à luz das várias. Mas em sua disputa eles somente agem segundo o princípio de todos hereges. Pois, enquanto somente poucos testemunhos são encontrados (dirigindo-se a eles) na massa geral, eles obstinadamente destacam os poucos contra os muitos, e assumem os primeiros contra os posteriores. A regra, contudo, que tem sido estabelecida do princípio para cada caso, dá sua prescição contra as suposições tardias, como de fato também se faz contra as poucas.


8005. Sonitu.

8006. Isaías 45:5.

8007. João 10:30.

8008. João 14:9,10.


Capítulo 21 - Neste e nos quatro próximos capítulos é mostrado, por uma pequena análise do Evangelho de São João, que o Pai e o Filho constantemente são referidos como pessoas distintas.

Considere, então, quantas passagens apresentam a prescritiva autoridade deles a você neste mesmo Evangelho antes desta consulta de Filipe, e antes de qualquer discussão de sua parte. E antes de tudo vem primeiro à mão o preambulo de João a seu Evangelho, que nos mostra o que aquele que se tornou carne previamente era. "No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. Ele estava no princípio com Deus: todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada foi feito."8009 Agora, desde que estas palavras não sejam tomadas em outro sentido diferente do que forma escritas, não há dúvida que é mostrado que é Um que era desde o princípio, e também Um com quem Ele sempre esteve: um a Palavra de Deus, o outro Deus (apesar da Palavra também ser Deus, mas Deus em respeito ao Filho de Deus, não ao Pai); Um através de quem tudo é, Outro por quem todas as coisas eram. Mas em que sentido nós O chamamos de Outro nós já descrevemos várias vezes. No que O chamamos de Outro, nós precisamos indicar que Ele não é idêntico - não idêntico de fato, ainda não como se separado; Outro por dispensação, não por divisão. Ele, então, que se tornou carne não é o mesmo que Aquele de quem a Palavra veio. "Sua glória foi vista - a glória como o Unigênito do Pai;"8010 não, (observe,) como do Pai. Ele "declarou" (o que esta no) "seio do Pai somente;"8011 o Pai não divulga os segredos de seu próprio seio. Pois este é precedido por outra declaração: "Nenhum homem tem visto Deus em qualquer tempo."8012 Então, de novo, quando Ele é designado por João (o Batista) de "o Cordeiro de Deus,"8013 Ele não é descrito como sendo Ele o mesmo com Aquele de quem é o amado Filho. Ele é, sem dúvida, eternamente o Filho de Deus, mas não Aquele mesmo de quem Ele é o Filho. Esta (divina relação) Natanael reconheceu imediatamente nele,8014 até como Pedro fez em outra ocasião: "Tu és o Filho de Deus."8015 E Ele mesmo afirmou que eles estavam bem certos em suas convicções; pois Ele respondeu Natanael: "Porque eu disse: eu te vi debaixo da figueira, então creste?"8016 E da mesma forma Ele pronunciou que Pedro era "abençoado", enquanto que "carne e sangue não o revelou para ele" - que ele percebeu o Pai - "mas o Pai que está no céu."8017 Por afirmar tudo isto, Ele determinou a distinção que existe entre as duas Pessoas: que é, o Filho então na terra, que Pedro confessou ser o Filho de Deus; e o Pai no céu, que revelou a Pedro a descoberta que ele fez, que Cristo era Filho de Deus. Quando Ele entrou no templo, Ele o chamou "a casa de Seu Pai,"8018 falando como Filho. Ao endereçar a Nicodemos Ele diz: "Deus amou o mundo, de forma que Ele deu Seu unigênito Filho, para que quem cresse nele não perecesse, mas tivesse vida eterna."8019 E de novo: "Pois Deus não enviou Seu Filho ao mundo para condená-lo, mas que o mundo através dele pudesse ser salvo. Aquele que acreditar nele não é condenado; mas aquele que não acredita nele já está condenado, porque ele não acreditou no nome do unigênito Filho de Deus."8020 Além disto, quando João (o Batista) foi questionado o que ele poderia saber de Jesus, ele disse: "O Pai ama o Filho, e tem dado todas as coisas em Suas mãos. Aquele que acredita no Filho tem a vida eterna; e aquele que não acredita no Filho não deverá ver a vida, mas a ira de Deus permanece nele."8021 Quem, de fato, Ele revelou à mulher da Samária? Não foi "o Messias que é chamado Cristo?"8022 E então Ele mostrou, é claro, que Ele não era o Pai, mas o Filho; e em outro lugar Ele é expressamente chamado "Cristo, o Filho de Deus" 8023 e não o Pai. Ele diz, então, "Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou, e terminar Sua obra;"8024 enquanto para os Judeus Ele destaca a respeito da cura do homem impotente, "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho."8025 "Meu Pai e eu" - estas são as palavras do Filho. E foi neste mesmo relato que "os Judeus tentavam ainda mais matá-lo, não somente porque Ele violou o Sábado, mas também porque Ele disse que Deus era Seu Pai, assim fazendo-se igual a Deus. Então Ele respondeu e disse para eles, O Filho não pode fazer nada de Si mesmo, mas o que Ele vê o Pai fazer; pois as coisas que Ele faz o Filho faz da mesma maneira. Pois o Pai ama o Filho, e mostra-lhe todas as coisas que Ele mesmo faz; e Ele irá mostrar também a Ele maiores obras que estas, que os maravilharão. Pois como o Pai ressuscita os mortos e os vivifica, da mesma forma o Filho vivifica quem Ele quer. Pois o Pai julga nenhum homem, mas deixou todo julgamento para o Filho, para que todo homem possa honrar o Filho, da mesma forma que eles honram o Pai. Aquele que não honra o Filho, não honra o Pai, que enviou o Filho. Na verdade, na verdade eu vos digo, aquele que ouve minhas palavras, e acredita naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade eu vos digo, que a hora está chegando, quando os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e quando eles a ouvirem, eles viverão. Pois como o Pai tem a vida eterna em Si mesmo, também Ele tem dado ao Filho ter vida eterna em Si mesmo; e Ele tem dado a Ele autoridade para executar também julgamento, porque Ele é o Filho do homem"8026 - ou seja, de acordo com a carne, mesmo que Ele seja também Filho de Deus através de Seu Espírito.8027 Depois Ele continua dizendo: "Mas eu tenho um maior testemunho que aquele de João; pois as obras que o Pai tem me dado para terminar - estas mesmas obras dão testemunho de mim que o Pai me enviou. E o próprio Pai, que me enviou, testemunha a meu favor."8028 Mas Ele imediatamente adiciona, "Vós nunca ouvistes Sua voz, nem Sua forma;"8029 assim afirmando que em tempos anteriores não era o Pai, mas o Filho, que costumava ser visto e ouvido. Então Ele diz por fim: "Eu vim no nome de meu Pai, e vós não me recebestes."8030 Era então sempre o Filho (de quem nós lemos) sob a designação de Todo-Poderoso e Altíssimo, e Rei, e Senhor. Àqueles que também questionaram "o que eles deveriam fazer para fazer as obras de Deus,"8031 Ele respondeu, "Esta é a obra de Deus, que vós creiais naquele quem Ele enviou."8032 Ele também declara a Si mesmo ser "o pão que o Pai enviou dos céus;"8033 e adiciona, que "todos que o Pai dá a Ele deverão vir a Ele, e que Ele mesmo não os rejeitaria,8034 porque Ele tem vindo do céu não para fazer Sua própria vontade, mas a vontade do Pai; e que a vontade do Pai era que cada um que viu o Filho, e acreditou nele, deve obter a vida (eterna), e a ressurreição no último dia. Nenhum homem de fato foi capaz de vir a Ele, exceto se o Paio o atraiu; visto que cada um que ouviu e aprendeu do Pai veio a Ele."8035 Ele continua então expressamente dizendo, "Não que qualquer homem tem visto o Pai;"8036 assim nos mostrando que foi através da Palavra do Pai que homens foram instruídos e ensinados. Então, quando muitos o deixaram,8037 e Ele se voltou aos apóstolos com a pergunta se "eles também o abandonariam,"8038 qual foi a resposta de Simão Pedro? "A quem devemos ir? Tu tens as palavras da vida eterna, e nós acreditamos que Tu és o Cristo."8039 (Diga-me agora, eles acreditaram que) Ele era o Pai, ou o Cristo do Pai?


8009. João 1:1-3.

8010. João 1:14.

8011. Unius sinum Patris. Outra leitura faz: "Ele sozinho (unus) declarou," etc. Veja João 1:18.

8012. João 1:18, primeira cláusula.

8013. João 1:29.

8014. João 1:49.

8015. Mateus 16:16.

8016. João 1:50.

8017. Mateus 16:17.

8018. João 2:16.

8019. João 3:16.

8020. João 3:17,18.

8021. João 3:35,36.

8022. João 4:25.

8023. João 20:31.

8024. João 4:34.

8025. João 5:17.

8026. João 5:19-27.

8027. ou seja, Sua divina natureza.

8028. João 5:36,37.

8029. Versículo 37.

8030. Versículo 43.

8031. João 6:29.

8032. Versículo 30.

8033. Versículo 32.

8034. A expressão está no coletivo neuto, no original.

8035. João 6:37-45.

8036. Versículo 46.

8037. Versículo 66.

8038. Versículo 67.

8039. Versículo 68.


Capítulo 22 - Várias passagens de São João citadas, para mostrar a distinção entre o Pai e o Filho. Mesmo o texto clássico de Práxeas - Eu em meu Pai somos Um - mostrado ser contra ele.

Novamente, a doutrina de quem que Ele anuncia, a qual todos estavam admirados? 8040 Era Sua própria ou do Pai? Então, quando eles estavam em dúvida entre si mesmos se Ele era o Cristo (não como sendo o Pai, é claro, mas como o Filho), Ele diz a eles "Vocês não desconhecem de onde sou; e eu não vim de mim mesmo, mas Ele que me enviou é verdadeiro, a quem vocês não conhecem; mas eu O conheço, porque eu sou dele."8041 Ele não disse, porque eu mesmo sou Ele; e, eu mesmo me enviei: mas Suas palavras são, "Ele me enviou." Quando, da mesma forma, os Fariseus enviaram homens para apreendê-lo, Ele diz: "Ainda um pouco estou com vocês, e (então) eu irei para Aquele que me enviou."8042 Quando, contudo, Ele declara que Ele não está sozinho, e usa estas palavras, "mas eu e o Pai que me enviou,"8043 Ele não mostra que há Dois - Dois, e no entanto inseparáveis? De fato, esta era a soma e substância do que Ele estava ensinando a eles, que eles eram inseparavelmente Dois; desde que, depois de citar a lei quando ela afirma a verdade do testemunho de dois homens,8044 Ele adiciona imediatamente: "Eu sou um que testemunha de mim mesmo; e o Pai (é outro,) que me enviou, e testemunha de mim."8045 Agora, se Ele era um - sendo ao mesmo tempo tanto o Filho e o Pai - Ele certamente não teria citado a sanção da lei, que requere não o testemunho de um, mas de dois. Da mesma forma, quando eles O perguntam onde Seu Pai estava,8046 Ele respondeu a eles que eles não conheceram nem Ele mesmo nem o Pai, e nesta resposta Ele claramente disse a eles dos Dois, de quem eles desconheciam. Confirmou que "se eles tivessem O conhecido, eles teriam conhecido o Pai também,"8047 isto certamente não implica que Ele próprio era tanto Pai como Filho; mas que, por razão da inseparabilidade dos Dois, era impossível para algum deles ser tanto reconhecido ou desconhecido sem o outro. "Aquele que me enviou," diz Ele, "é verdadeiro; e eu estou dizendo ao mundo aquelas coisas que dele eu tenho ouvido."8048 E a narrativa das Escrituras continua explicando de uma maneira esotérica, que "eles não entenderam que Ele falou a eles a respeito do Pai,"8049 apesar de que eles deveriam certamente ter sabido que as palavras do Pai foram proferidas no Filho, porque eles leram em Jeremias, "E o Senhor disse para mim, eis que tenho colocado minhas palavras em sua boca;"8050 e novamente em Isaías, "O Senhor tem me dado a língua erudita para que eu entenda quando falar uma palavra em tempo."8051 De acordo com a qual, Cristo mesmo diz: "Então vós deveis saber que Eu sou Ele e que Eu não estou dizendo nada de mim mesmo; mas aquilo que meu Pai me ensinou, assim falo, porque Aquele que me enviou está comigo."8052 Isto também equivale a uma prova que eles eram Dois, (apesar de) indivisos. Da mesma forma, quando repreendia os Judeus em Suas discussões com eles, porque eles O queriam matar, Ele disse, "Eu falo do que eu tenho visto com meu Pai, e vós fazeis aquilo que vós tendes visto com seu pai;"8053 "mas agora vós procurais me matar, um homem que tem dito a vós a verdade que eu tenho ouvido de Deus;"8054 e novamente, "Se Deus fosse vosso Pai, vós me amaríeis, pois eu procedo e vim de Deus,"8055 (ainda que eles não sejam por isto separados, apesar dele declarar que Ele procedeu do Pai. Algumas pessoas de fato tomam a oportunidade oferecida a eles nestas palavras para propor sua heresia de Sua separação; mas Sua vinda de Deus é como a processão do raio do sol, e do rio da fonte, e da árvore da semente); "Eu não tenho demônio, mas eu honro meu Pai;"8056 novamente, "Se eu honro a mim mesmo, minha honra não é nada: é meu Pai que me honra, de quem vós dizeis que Ele é vosso Deus: ainda que vós não O conheceis, mas eu O conheço; e se eu dissesse que eu não O conheço, eu seria um mentiroso para vós; mas eu O conheço, e mantenho suas palavras."8057 Mas quando Ele continua dizendo, "Vosso pai Abraão se alegrou ao ver meus dias; e ele os viu, e ficou contente,"8058 Ele certamente prova que não foi o Pai que apareceu a Abraão, mas o Filho. De forma semelhante Ele declara, no caso do homem nascido cego, "que Ele deve fazer as obras do Pai que O enviou;"8059 e depois que Ele deu a visão para o homem, Ele disse a ele, "Acreditas no Filho de Deus?" Então, em consequência do questionamento do homem acerca de quem Ele era, Ele continuou revelando a Si mesmo para ele, como aquele Filho de Deus de quem ele anunciou a ele como o correto objeto de sua fé.8060 Em uma passagem posterior Ele declara que Ele é conhecido pelo Pai, e o Pai por Ele;8061 adicionando que Ele era tão amado pelo Pai, que Ele estava entregando Sua vida, porque Ele tinha recebido este mandamento do Pai.8062 Quando Ele foi questionado pelos Judeus se Ele era o próprio Cristo8063 (significando, é claro, o Cristo de Deus; pois até este dia os Judeus esperam não o próprio Pai, mas o Cristo de Deus, não sendo dito em lugar algum que o Pai viria como o Cristo), Ele disse a eles, "Estou dizendo a vós, e ainda não me creiais: as obras que estou fazendo, em nome de meu Pai, estas na verdade dão testemunho de mim."8064 Testemunho de quê? Daquela mesma coisa, para ter certeza, da qual eles estavam questionando - se Ele era o Cristo de Deus. Então, novamente, a respeito de Suas ovelhas, e (a garantia) que nenhum homem poderia tirá-las de Suas mãos,8065 Ele diz, "Meu Pai, que as deu a mim, é maior que todos;"8066 adicionando imediatamente, "Eu sou e meu Pai somos um."8067 Aqui, então, eles tomam sua posição, tão enfeitiçados, não, tão cegos, para ver em primeiro lugar que há nesta passagem uma intimação de Dois Seres - "Eu e meu Pai;" então que há um predicado plural, "somos," inaplicável a uma só pessoa; e finalmente, que (o predicado termina em um abstrato, não um nome pessoal) - "nós somos uma coisa" Unum, não "uma pessoa" Unus. Pois se Ele tivesse dito "uma Pessoa," Ele teria dado alguma assistência à opinião deles. Unus, sem dúvida, indica o número singular; mas (aqui temos um caso onde) "Dois" ainda são o sujeito no gênero masculino. Ele em concordância diz Unum, um termo neutro, que não implica singularidade de número, mas unidade de essência, similaridade, conjunção, afeição da parte do Pai, que ama o Filho, e submissão do Filho, que obedece a vontade do Pai. Quando Ele diz, "Eu e meu Pai somos um" em essência - Unum - Ele mostra que há dois, a quem Ele coloca em igualdade e une em um. Ele então adiciona a esta mesma declaração que Ele "tem mostrado a eles várias obras do Pai," pois por nada do que Ele fez merece ser apedrejado.8068 E para prevenir seu pensamento de que Ele merecia este destino, como se Ele tivesse clamado ser considerado como o próprio Deus, ou seja, o Pai, por ter dito, "Eu em meu Pai somos Um," representando a Si mesmo como o Filho divino do Pai, e não como o próprio Deus, Ele diz, "Se está escrito em sua lei, Eu disse, Vós sois deuses; e se as Escrituras não podem ser anuladas, dizeis vós daquele quem o Pai tem santificado e enviado ao mundo, que Ele blasfema, porque Ele disse, Eu sou o Filho de Deus? Se não faço as obras do meu Pai, não me creiais; mas se faço, mesmo que não creiais em mim, creiais ainda nas obras; e saibais que Eu estou no Pai, e o Pai em mim."8069 Deve ser então pelas obras que o Pai está no Filho, e o Filho no Pai; e então é pelas obras que nós entendemos que o Pai é um com o Filho. Então Ele sempre apontou vigorosamente para esta conclusão, que enquanto eles eram de um poder e essência, eles deveriam ainda ser considerados Dois; pois de outra maneira, a menos que eles fossem considerados Dois, o Filho não poderia ser considerado ter qualquer existência.


8040. Veja João 7 passim.

8041. Versículo 28, 29.

8042. Versículo 33.

8043. João 8:16.

8044. Versículo 17.

8045. Versículo 18.

8046. Versículo 19.

8047. Versículo 19.

8048. João viii. 26.

8049. Versículo 27.

8050. Jeremias 1:9.

8051. Isaías l:4.

8052. João 8:28,29.

8053. Versículo 38.

8054. Versículo 40.

8055. Versículo 42.

8056. Versículo 49.

8057. João 8:54,55.

8058. Versículo 56.

8059. João ix. 4.

8060. Versículos 35-38.

8061. João 10:15.

8062. Versículos 15, 17, 18.

8063. Versículo 24.

8064. Versículo 25.

8065. Versículos 26-28.

8066. Versículo 29.

8067. Versículo 30.

8068. João 10:32.

8069. Versículos 34-38.


Capítulo 23 - Mais passagens do mesmo Evangelho como prova da mesma porção da fé católica. Provocação de Práxeas de adoração de dois Deuses repudiado.

Novamente, quando Marta em uma passagem posterior O confirmou ser o Filho de Deus,8070 ela não fez erro maior que Pedro8071 e Natanael8072 fizeram; e ainda, mesmo que ela tivesse feito um erro, ela teria aprendido imediatamente a verdade: pois, eis que quando estava a ponto de levantar seu irmão dos mortos, o Senhor olhou para o céu e, endereçando o Pai, disse - como o Filho, é claro: "Pai, eu agradeço a ti, quem sempre me ouve; é por causa destas pessoas que estão aqui que eu tenho falado a Ti, para que eles possam crer que Tu tens me enviado."8073 Mas na tribulação de Sua alma, (em uma ocasião posterior,) Ele disse: "O que devo dizer? Pai, salve-me desta hora: mas para esta causa é que Eu vim para esta hora; somente, Ó Pai, que glofirique Teu nome"8074- na qual Ele falou como o Filho. (Em outro tempo) Ele disse: "Eu vim no nome de meu Pai."8075 Conformemente, a voz do Filho sozinha era de fato suficiente, (quando endereçada) ao Pai. Mas eis, com uma ambundância (de evidências) 8076 o Pai do céu responde, pelo propósito de testificar ao Filho: "Este é meu Filho amado, em quem eu comprazo; escute-O."8077 Então, de novo, naquela afirmação, "Eu tenho juntamente glorificado, e glorificarei novamente,"8078 quantas Pessoas você descobre, obstinado Práxeas? Não há tantas quanto há de vozes? Você tem o Filho na terra, você tem o Pai no céu. Agora isto não é uma separação; não é nada além da divina dispensação. Nós sabemos, contudo, que Deus está nas profundezas sem fundo, e existe por todo o lado; mas então é por poder e autoridade. Nós também temos certeza que o Filho, sendo indivisível dele, está em todo lugar com Ele. Todavia, na própria Economia ou Dispensação, o Pai quis que o Filho fosse considerado8079 como estando na terra, e a Si próprio no céu; para onde também o próprio Filho olhou, e orou, e suplicou para o Pai; para onde também Ele nos ensinou a nos levantar, e orar, "Nosso Pai que está no céu," etc.,8080- apesar, de fato, que Ele esteja presente em todo lugar. Este céu o Pai quis ser Seu próprio trono; enquanto Ele fez o Filho ser "um pouco menor que os anjos" 8081, por enviá-lo para a terra, mas pretendendo ao mesmo tempo "coroá-lo com glória e honra"8082, precisamente por levá-lo de volta ao céu. Isto Ele agora faz bem a Ele quando diz: "Eu tenho juntamente glorificado a ti, e glorificarei a ti novamente." O fFilho oferece Sua requisição na terra, o Pai dá Sua promessa do céu. Porque, então, você faz tanto o Pai como o Filho de mentirosos? Se nem o Pai falou do céu ao Filho quando Ele mesmo era o Filho na terra, ou o Filho orou ao Pai quando Ele era o próprio Filho na terra, como poderia ser que o Filho fez uma requisição a Si mesmo, por pedir isto ao Pai, desde que o Filho era o Pai? Ou, de outra forma, como é que o Pai fez uma promessa a Si mesmo, fazendo-a ao Filho, desde que o Pai era o Filho? Fôssemos constantes em manter que eles são dois separados deuses, como você tem tanto prazer de jogar contra nós, seria uma afirmação mais tolerável que a defesa de tão versátil e inconstante Deus seu! Entretanto foi que, na passagem diante de nós, o Senhor declarou ao povo presente: "Não por minha causa que esta voz me endereçou, mas para vosso bem"8083, que estes de forma igual possam acreditar tanto no Pai e no Filho, severamente, em seus próprios nomes e pessoas e posições. "Então de novo, Jesus exclama, e diz, Aquele que acredita em mim, acredita não em mim, mas naquele que me enviou"8084; porque é através do Filho que os homens acreditam no Pai, enquanto o Pai também é a autoridade de onde salta a crença no Filho. "E aquele que me vê, vê Aquele que me enviou."8085 Como assim? Mesmo porque, (como Ele declara depois,) "Eu não falei de mim mesmo, mas o Pai que me enviou: Ele me deu um mandamento de que eu deveria dizer, e o que eu deveria falar."8086 Pois "o Senhor Deus me deu a língua do erudito, para que eu possa conhecer quanto eu deva falar"8087 a palavra que eu realmente falo. "Assim como o Pai tem me dito, assim eu falo."8088 Agora, de que maneira estas coisas foram ditas para Ele, o evangelista e amado discípulo João conhecia melhor que Práxeas; e então ele adiciona a respeito de seu próprio significado: "Agora antes da festa da páscoa, Jesus sabia que o Pai tinha dado todas as coisas em Suas mãos, e que Ele tinha vindo de Deus, e estava indo para Deus."8089 Práxeas, contudo, o teria que foi o Pai que procedeu de Si mesmo, e retornou a Si mesmo; assim que o que o demônio colocou no coração de Judas foi a traição, não do Filho, mas do próprio Pai. Mas por causa disto, as coisas não teriam dado certo nem para o diabo ou o herege; porque, mesmo no caso do Filho, a traição na qual o diabo trabalhou contra Ele não contribuiu em nada para sua vantagem. Foi, então, o Filho de Deus, que estava no Filho do homem, que foi traído, como a Escritura diz depois: "Agora é o Filho do homem glorificado, e Deus é glorificado nele."8090 Quem aqui é referido como "Deus?" Certamente não o Pai, mas a Palavra do Pai, que estava no Filho do homem - que é na carne, na qual Jesus tem sido já glorificado pelo poder e palavra divinos. "E Deus," diz Ele, "deve também glorificar Ele em Si mesmo;"8091 isto quer dizer, o Pai deve glorificar o Filho, porque Ele tem Ele em Si mesmo; e mesmo no entanto prostado na terra, e colocado para a morte, Ele logo O glorificaria pela Sua ressurreição, e fazendo Ele conquistador sobre a morte.


8070. João 11:27.

8071. Mateus 16:16.

8072. João 1:49.

8073. João 11:41,42.

8074. João 12:27,28.

8075. João 5:43.

8076. Ou, "por meio de excesso".

8077. Mateus 17:5.

8078. João 12:28.

8079. Ou, manteve (haberi).

8080. Mateus 6:9.

8081. Salmos 8:5.

8082. Mesmo versículo.

8083. João 12:30.

8084. João 12:44.

8085. Versículo 45.

8086. João 12:49.

8087. Isaías 50:4.

8088. João 12:50.

8089. João 13:1,3.

8090. Versículo 31.

8091. Versículo 32.


Capítulo 24 - Da conversa de Filipe com Cristo. Aquele que me tem visto, tem visto o Pai. Este texto explicado em um sentido anti-Práxeas.

Mas há alguns que mesmo então não entendiam. Pois Tomé, que era há muito incrédulo, disse: "Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? Jesus disse para ele, Eu sou o caminho, a verdade e a vida: nenhum homem vai ao Pai, senão por mim. Se vós tivesseis conhecido a mim, vós terieis conhecido o Pai também: If ye had known me, ye would have known the Father also: mas doravante vós conheceis Ele, e o tens visto."8092 E agora nós vamos a Filipe, que, animado com a expectativa de ver o Pai, e não entendendo em que sentido ele deveria tomar "ver o Pai", diz: "Mostre-nos o Pai, e é suficiente para nós"8093. Então o Senhor o respondeu: "Estou a tanto tempo com você, e ainda não me conhece, Filipe?"8094 Agora quem Ele diz que eles deveriam ter conhecido? - pois este é o único ponto de discussão. Era como o Pai que eles deveriam ter conhecido Ele, ou como o Filho? Se era como o Pai, Práxeas deve nos dizer como Cristo, que estava há muito tempo com eles, poderia possivelmente alguma vez ser (eu não vou dizer entendido, mas mesmo) considerado ser o Pai. Ele é claramente definido a nós em toda a Escritura - no Velho Testamento como o Cristo de Deus, no Novo Testamento como o Filho de Deus. Neste caracter Ele foi antigamente predito, neste foi Ele também declarado até mesmo pelo próprio Cristo; mais que isto, pelo próprio Pai também, que abertamente confessou Ele do céu coo Seu Filho, e como Seu Filho glorifica Ele. "Este é meu Filho amado;" "Eu tenho glorificado Ele, e vou glorificar Ele." Neste caracter, também, foi Ele crido pelos Seus discípulos, e rejeitado pelos judeus. Foi, além disto, neste caracter que Ele desejou ser aceito por eles sempre que Ele chamava o Pai, e deu preferência ao Pai, e honrou o Pai. Este, então, sendo o caso, não foi o Pai quem, depois de seu longo intercurso com eles, era desconhecido por eles, mas foi o Filho; e conformemente o Senhor, enquanto repreendia Filipe por não conhecer Ele próprio, que era o objeto de sua ignorância, desejou Ele mesmo ser reconhecido de fato como aquele Ser a quem Ele os reprovou por desconhecerem depois de longo tempo - em uma palavra, como o Filho. E agora pode ser visto em que sentido foi dito, "Aquele que me tem visto, tem visto o Pai,"8095- exatamente igual ao que foi dito na passagem anterior, "Eu e meu Pai somos um."8096 Para quê? Porque "Eu vim do Pai, e vim para o mundo"8097 e, "Eu sou o caminho: nenhum homem vem ao Pai senão por mim;"8098 e, "Nenhum homem pode vir a mim, a não ser que o Pai o chame;"8099 e, "Todas as coisas são entregues a mim pelo Pai;"8100 e, "Assim como o Pai levanta (os mortos), assim também faz o Filho;"8101 e de novo, "Se vós tivésseis conhecido a mim, vós conheceríeis o Pai também."8102 Pois em todas estas passagens Ele tem mostrado a Si mesmo como sendo o delegado do Pai,8103 através da agência dele mesmo o Pai pode ser visto em Suas obras, e ouvido em Suas palavras, e reconhecido na administração do Filho das palavras e atos do Pai. O Pai de fato era invisível, como Filipe aprendeu da Lei, e deve no momento ter lembrado: "Nenhum homem deve ser a Deus, e viVersículo"8104 Então ele é reprovado por desejar ver o Pai, como se Ele fosse um Ser visível, e é ensinado que Ele somente se torna visível no Filho de suas obras poderosas, e não na manifestação de Sua pessoa. Se, de fato, Ele queria dizer que o Pai deve ser entendido como o mesmo que o Filho, por dizer, "Aquele que me viu, viu o Pai", como é que Ele adiciona imediatamente depois, "Não acreditas que Eu estou no Pai, e o Pai em mim?"8105 Ele deveria ao contrário dizer: "Não acreditas que Eu sou o Pai?" Com qual visão então ele alongou-se tão enfaticamente neste ponto, se não era para clarear aquilo que Ele queria que os homens entendessem - a saber, que Ele era o Filho? E então, de novo, por dizer, "Não acreditas que Eu estou no Pai, e o Pai em mim,"8106 Ele deixou grande ênfase em Sua questão nesta mesma explicação, que Ele não deveria, porque Ele disse, "Aquele que tem me visto, tem visto o Pai," ser considerado ser o Pai; porque Ele nunca desejou que Ele próprio fosse assim considerado, tendo sempre professado ser o Filho, e ter vindo do Pai. E então Ele também estabeleceu a conjunção das duas Pessoas na mais clara luz, para que nenhum desejo possa ser entertido de ver o Pai como se Ele fosse separadamente visível, e que o Filho possa ser considerado como o representante do Pai. E ainda Ele não se omitiu a explicar como o Pai estava no Filho e o Filho no Pai. "As palavras," diz Ele, "que eu falo a vós, não são minhas,"8107 porque de fato elas eram palavras do Pai; "mas o Pai que habita em mim, Ele faz as obras."8108 É então pelas Suas obras poderosas, e pelas palavras da Sua doutrina, que o Pai que habita no Filho faz a Si mesmo visível - mesmo por aquelas palavras e obras por meio de que Ele permanece nele, e também por Ele em quem Ele permanece; as propriedades especiais de Ambas Pessoas sendo aparentes desta mesma circunstância, que Ele diz, "Eu estou no Pai, e o Pai está em mim."8109 Conformemente Ele adiciona: "Acredite -" O quê? Que eu sou o Pai? Eu não acho que está escrito assim, mas pelo contrário, "que eu estou no Pai, e o Pai está em mim; ou então acredite por causa de minhas obras;"8110 querendo dizer aquelas obras pelas quais o Pai manifestou a Si mesmo estando no Filho, não de fato à vista do homem, mas para sua inteligência.


8092. João 14:5-7.

8093. Versículo 8.

8094. Versículo 9.

8095. João 14:9.

8096. João 10:30.

8097. João 16:28.

8098. João 14:6.

8099. João 6:44.

8100. Mateus 11:27.

8101. João 5:21.

8102. João 14:7.

8103. Vicarium.

8104. Êxodo 33:20.

8105. João 14:10.

8106. João 14:11.

8107. João 14:10.

8108. Mesmo versículo.

8109. Mesmo versículo.

8110. Versículo 11.


Capítulo 25 - O Paracleto, ou Espírito Santo. Ele é distinto do Pai e do Filho em relação a sua existência pessoal. Um e inseparável deles quanto a sua divina natureza. Outras citações do Evangelho de São João.

O que segue a questão de Filipe, e todo o tratamento do Senhor dela, até o final do Evangelho de João, continua a nos equipar com declaração da mesma natureza, distinguindo o Pai do Filho, com as propriedades de cada. Então há o Paracleto ou Confortador, também, que Ele promete orar para o Pai, e para enviar do céu depois que Ele subir ao Pai. Ele é chamado de "outro Confortador" de fato;8111 mas de que forma Ele é outro nós já vimos,8112 "Ele deverá receber de mim," diz Cristo,8113 assim como o próprio Cristo recebeu do Pai. Assim a conexão do Pai no Filho, e do Filho no Paracleto, produz três coerentes Pessoas, que no entanto são distintas Uma da Outra. Estes três são uma8114 essência, não uma Pessoa,8115 como é dito, "Eu e meu Pai somos Um,"8116 em respeito à substância não singularidade de número. Leia todo o Evangelho, e você irá descobrir que Aquele que você acredita ser o Pai (descrito como agindo para o Pai, apesar de que você, de sua parte, verdadeiramente supõe que "o Pai, sendo o agricultor"8117, deve certamente ter estado na terra) é mais uma vez reconhecido pelo Filho como no céu, quando, "levantando Seus olhos para lá,"8118 Ele recomendou Seus discípulos a salva-guarda do Pai.8119 Nós temos, além disto, naquele outro Evangelho uma clara revelação da distinção do Filho para o Pai, "Meu Deus, porque me desamparaste?"8120 e novamente, (no terceiro Evangelho,) "Pai, em Suas mãos eu entrego meu espírito."8121 Mas mesmo se (nós não tivéssemos estas passagens, nós encontraríamos com evidência satisfatória) depois de Sua ressurreição e gloriosa vitória sobre a morte. Agora que toda a barreira de Sua humilhação foi retirada, Ele poderia, se possível, ter-se mostrado como o Pai para uma mulher tão fiel (como Maria Madalena) quando ela aproximou para tocá-lo, por amor, não por curiosidade, nem com a incredulidade de Tomé. Mas não foi assim; Jesus disse para ela, "Não me toque, pois eu ainda não subi ao meu Pai; mas vá para meus irmãos" e mesmo nisto Ele prova que Ele mesmo é o Filho; pois se Ele fosse o Pai, Ele os teria chamado de Seus filhos (ao invés de Seus irmãos), "e disse para eles, eu subo para meu Pai e vosso Pai, e para meu Deus e vosso Deus"8122. Agora, isto significa, eu subo como o Pai para o Pai, e como Deus para Deus? Ou como o Filho para o Pai, e como a Palavra para Deus? Por isto também este Evangelho, em seu final, intima que estas coisas foram escritas, se não é, para usar suas próprias palavras, "para que vós podeis crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus?"8123 Quando, então, você tomar qualquer das declarações deste Evangelho, e aplicá-los para demonstrar a identidade do Pai e do Filho, supondo que neste lugar eles servem suas visões, você está contendendo contra o propósito definido do Evangelho. Pois estas coisas certamente não foram escritas para que você possa acreditar que Jesus Cristo é o Pai, mas o Filho.8124


8111. João 14:16.

8112. Veja acima capítulo13.

8113. João 16:14.

8114. Unum. [Sobre esta famosa passagem veja Elucidação III.]

8115. Unus.

8116. João 10:30.

8117. João 15:1.

8118. João 17:1.

8119. João 17:11.

8120. Mateus 27:46.

8121. Lucas 23:46.

8122. João 20:17.

8123. João 20:31.

8124. [Uma curiosa anedota é dada por Carlyle em seu Life of Frederick (Livro 20 capítulo 6), tocando o texto das "Três Testemunhas". Gottsched convenceu o rei que ele não estava no manuscrito de Vienna salvo em uma interpolação da margem "em mãos de Melanchthon". A versão de Lutero não possui este texto.]


Capítulo 26 - Uma breve referência aos evangelhos de São Mateus e São Lucas. Sua concordância com São João, em respeito à distinta personalidade do Pai e do Filho.

Em adição à conversa de Filipe, e à resposta do Senhor a ela, o leitor observará que nós percorremos o evangelho de João para mostrar que muitas outras passagens de clara intenção, tanto antes quanto depois daquele capítulo, são somente em estrito acordo com aquela simples e prominente declaração, a qual deve ser interpretada agradavelmente a todos os outros lugares, ao invés de oposição a eles, e de fato a seu própria e natural sentido. Eu não vou usar largamente aqui o suporte dos outros Evangelhos, que confirmam nossa crença pelo nascimento do Senhor: é suficiente destacar que Aquele que nasceria de uma virgem é anunciado em termos expressos pelo anjo como o Filho de Deus: "O Espírito de Deus deverá vir sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra; então também o Santo que nascerá de ti será chamado de Filho de Deus"8125. Nesta passagem mesmo eles querem levantar um sofisma; mas a verdade prevalescerá. É claro, eles dizem, o Filho de Deus é Deus, e o poder do altíssimo é o Mais Alto. E eles não hesitam em insinuar8126 que, se fosse verdade, estaria escrito. De quem ele8127 temia tanto que não declararia claramente, "Deus deverá vir sobre ti, e o Altíssimo deverá te encobrir com sua sombra?" Agora, por dizer "o Espírito de Deus" (apesar de que o Espírito de Deus é Deus,) e por não nomear diretamente Deus, ele quis que fosse entendida aquela porção8128 de toda a divindade, que estava prestes a se retirar para a designação de "Filho". O Espírito de Deus nesta passagem deve ser o mesmo que a Palavra. Pois assim que, quando João diz, "A Palavra foi feita carne"8129, nós entendemos o Espírito também a respeito da Palavra: então aqui, também, nós confirmamos a Palavra da mesma forma no nome do Espírito. Pois tanto o Espírito é a substância da Palavra, e a Palavra é a operação do Espírito, e os Dois são Um (e o mesmo).8130 Agora João deve querer dizer Um quando ele fala dele como "sendo feito carne", e o anjo Outro quando ele O anuncia como "próximo de nascer", se o Espírito não é a Palavra, e a Palavra o Espírito. Pois assim como a Palavra de Deus não é realmente Aquele de quem Ele é, também o Espírito (apesar de ser chamado de Deus) não é realmente Aquele de quem Ele é dito ser. Nada que pertença a algo mais é realmente a mesma coisa que aquilo a que ela pertença. Claramente, quando alguma coisa procede de um sujeito pessoal,8131 e assim pertence a ele, desde que ele vem dele, possivelmente pode ser de tal qualidade exatamente como próprio sujeito pessoal é de quem ele procede, e a quem ele pertence. E então o Espírito é Deus, e a Palavra é Deus, porque procedendo de Deus, mas ainda não realmente igual àquele de quem Ele procede. Agora, aquele que é Deus de Deus, apesar dele ser um real ser existente,8132 não pode ainda ser Deus8133 (exclusivamente), mas é Deus por Ele ser da mesma substância que o próprio Deus, e por ser um real ser existente, e uma porção do Todo. Muito mais "o poder do Altíssimo" não será o próprio Altíssimo, porque não é um real ser existente, por ser Espírito - da mesma forma que a sabedoria (de Deus) e a providência (de Deus) não é Deus: estes atributos não são substâncias, mas acidentes da particular substância. Poder é incidental ao Espírito, mas não pode ser o Espírito Estas coisas, então, quaisquer que sejam - (Eu quero dizer) o Espírito de Deus, e a Palavra e o Poder - sendo outorgados à Virgem, para que aquele que é nascido dela seja o Filho de Deus. Isto Ele mesmo, naqueles outros evangelhos também, testifica Ele mesmo ser de Sua própria infância: "Não conheceis," diz Ele, "que eu devo fazer os negócios de meu Pai?"8134 Satanás da mesma forma soube que Ele era isto em suas tentações: "Assim que tu és o Filho de Deus"8135. Isto, conformemente, os diabos também confirmaram que Ele era: "nós O conhecemos, quem Tu és, o Sagrado Filho de Deus"8136. Seu "Pai" Ele mesmo adora.8137 Quando reconhecido por Pedro como o "Cristo (o Filho) de Deus"8138, Ele não nega a relação. Ele exulta em espírito quando Ele diz para o Pai, "Eu te agradeço, ó Pai, porque Tu tens escondido estas coisas dos sábios e prudentes"8139. Ele, além disto, afirma também que a nenhum homem o Pai é conhecido, mas a Seu Filho;8140 e promete que , como o Filho do Pai, Ele vai confessar aqueles que O confessam, e negar aqueles que O negam, diante de Seu Pai.8141 Ele também introduz uma parábola da missão à vinha do Filho (não o Pai), que foi enviado depois de muitos servos,8142 e assassinado pelos agricultores, e vingado pelo Pai. Ele também desconhece o último dia e hora, que é conhecido apenas pelo Pai.8143 Ele recompensa o reino a Seus discípulos, enquanto Ele diz ser apontado para Si mesmo pelo Pai.8144 Ele tem pode para pedir, se Ele quiser, legiões de anjos do Pai para Sua ajuda.8145 Ele exclama que Deus O desamparou.8146 Ele entrega Seu espírito nas mãos do Pai.8147 Depois de Sua ressurreição Ele promete em um sinal a Seus discípulos que Ele enviará a promessa de Seu Pai;8148 e finalmente, Ele os comanda a batizar no Pai e no Filho e no Espírito Santo, não em um Deus unipessoal.8149 E de fato não é somente uma vez, mas três vezes, que somos imersos nas Três Pessoas, a cada menção de Seus nomes.


8125. Lucas 1:35.

8126. Inicere.

8127. a saber, o anjo da Anunciação.

8128. Sobre este não estritamente defensível termo de Tertuliano, veja a Defence of the Nicene Creed do Bispo Bull, livro 2, capítulo 7 seção 5, Tradução, páginas 199, 200.

8129. João 1:14.

8130. "A mesma Pessoa é entendida sobre a apelação tanto do Espírito quanto da Palavra, com esta diferença somente, que Ele é chamado ‘o Espírito de Deus', até o ponto que Ele é uma Pessoa Divina,...e ‘a Palavra' até o ponto que Ele é o Espírito em operação, procedendo com som e expressão vocal de Deus para organizar o universo."-Bispo Bull, Def. Nic. Creed, pág. 535, Tradução.

8131. Ex ipso.

8132. Substantiva res.

8133. Ipse Deus: ou seja, Deus tão completo que exclui por identidade cada outra pessoa.

8134. Lucas 2:49.

8135. Mateus 4:3,6.

8136. Marcos 1:24; Mateus 8:29.

8137. Mateus 11:25,26; Lucas 10:21; João 11:41.

8138. Mateus 16:17.

8139. Mateus 11:25.

8140. Mateus 11:27; Lucas 10:22.

8141. Mateus 10:32,33.

8142. Mateus 21:33-41.

8143. Mateus 24:36.

8144. Lucas 22:29.

8145. Mateus 26:53.

8146. Mateus 27:46.

8147. Lucas 23:46.

8148. Lucas 24:49.

8149. Non in unum.


Capítulo 27 - A distinção do Pai e do Filho, assim estabelecida, ele agora prova a distinção das duas naturezas, que eram, sem confusão, unidas na Pessoa do Filho. Os subterfúgios de Práxeas aqui expostos.

Logo, porque eu deveria me demorar mais sobre temas que são tão evidentes, quando eu deveria estar atacando pontos nos quais eles buscam obscurecer a prova mais cristalina? Pois, refutados de todos os lados na distinção entre o Pai e o Filho, que nós mantemos sem destruir a sua união inseparável - como (pelos exemplos) do sol e do raio, e da fonte e do rio - ainda, pela ajuda de (conceito deles) um número indivisível, (que varia) de dois e três, eles se aventuram a interpretar esta distinção de uma maneira na qual, por outro lado, nunca corresponderá às suas próprias opiniões: assim, tudo o que é de uma Pessoa, eles distinguem duas, Pai e Filho, entendendo o Filho como sendo carne, ou seja, homem, que é Jesus; e o Pai como sendo espírito, ou seja, Deus, que é Cristo. Desta forma, eles, enquanto contendem que o Pai e o Filho são uma única a mesma Pessoa, o que eles fazem, de fato, é começar a dividi-los em vez de uni-los. Pois, se Jesus é um, e Cristo outro, então o Filho será diferente do Pai, porque o Filho é Jesus, e o Pai é Cristo. Tal monarquia eles aprenderam, eu suponho, na escola de Valentino, fazendo dois - Jesus e Cristo. Mas esta concepção deles tem sido, de fato, já refutada naquilo que nós já adiantamos previamente, porque a Palavra de Deus e o Espírito de Deus é também chamado de poder do Altíssimo, ao qual eles constituem como Pai; ainda que essas relações não são elas mesmas como Ele, cujasrelações8150 eles dizem existir, mas elas procedem dele e dizem respeito a Ele. Entretanto, uma outra refutação os espera neste ponto de sua heresia. Vejam, dizem eles, foi anunciado pelo anjo: "por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus".8151 Portanto, (eles argumentam,) como foi a carne que nasceu, deve ser carne o Filho de Deus. Não, (eu respondo,) isto é dito com respeito ao Espírito de Deus. Porque foi certamente do Espírito Santo que a virgem concebeu; e aquilo que Ele concebeu, ela carregou no ventre. Aquilo, portanto, que tinha sido concebido e carregado no ventre, tinha que nascer; em outras palavras, o Espírito, cujo "nome deveria ser chamado Emanuel, o qual, sendo interpretado, quer dizer "Deus conosco".8152 Além disto, a carne não é Deus, então que não poderia ser dito a respeito dela, "Aquele Ente Santo deverá ser chamado o Filho de Deus", mas somente aquele Ser Divino que nasceu na carne, de quem o salmo também diz, "Já que Deus se tornou homem no meio deles, e estabeleceu-se pela vontade do Pai"8153 Agora, que Pessoa Divina ali nasceu? O Verbo, e o Espírito que se encarnou no Verbo pela vontade do Pai. O Verbo, portanto, é encarnado; e este deve ser o ponto de nossa investigação como o Verbo se tornou carne, se isso se deu pela sua transfiguração, como foi na carne, ou por ter Ele próprio se revestido na carne. Certamente, foi pelo real revestimento de Si mesmo na carne. Quanto ao demais, nós precisamos necessariamente crer que Deus seja imutável, e incapaz de reduzir-se a uma forma, por ser eterno. Mas a transfiguração é a destruição daquilo que existia previamente. O que quer que seja que se transfigure em alguma outra coisa, cessa de ser aquilo que tinha sido até então, e começa a ser aquilo que previamente não era. Deus, entretanto, não só não cessa de continuar sendo o que Ele já era, como também não pode Ele ser qualquer outra coisa além daquilo que Ele já é. O Verbo é Deus, e "a Palavra de Deus permanece para sempre", mesmo mantendo-se imutavelmente na Sua própria forma. Agora, se Ele não admite ser transfigurado, daí se segue que Ele seja compreendido no sentido de ter-se tornado carne, quando Ele vem a ser carne, e é manifestado, e é visto, e é tocado, sentido, pelos meios da carne; logo todos os outros pontos, da mesma maneira, requerem ser assim compreendidos. Pois se o Verbo se tornou carne por uma transfiguração e mudança de substância, daí se segue que pelo menos uma vez Jesus deve ter sido uma substância composta de8154 duas substâncias - de carne e espírito -, um tipo de mistura, como o electrum, composto de ouro e prata; e que não se torna ouro (quer dizer, espírito) nem prata (quer dizer, carne), um sendo mudado pelo outro, e uma terceira substância sendo produzida. Jesus, portanto, não pode por este critério ser Deus se Ele tiver cessado de ser o Verbo que se tornou carne; nem pode Ele ser Homem encarnado se ele não é propriamente carne, e foi em carne que o Verbo se tornou. Sendo composto, portanto, de ambos, de fato ele não é nenhum; Ele é mais propriamente uma terceira substância, muito diferente das anteriores. Mas a verdade é, nós achamos que Ele é expressamente estabelecido como sendo tanto Deus como Homem; o próprio salmo que nós citamos intimando (da carne), que "Deus se tornou Homem no meio deles, Ele portanto foi estabelecido pela vontade do Pai", certamente em todo diz respeito ao Filho de Deus e Filho do Homem, sendo Deus e Homem, diferindo indubitavelmente de acordo com cada substância na sua mesma propriedade especial, devido ao fato de que o Verbo não é nada mais do que o próprio Deus, e a carne nada mais do que Homem. Por isso o apóstolo também ensina respeitando as Suas duas substâncias, dizendo, "que nasceu da semente de Davi"8155; e nessas palavras Ele será Homem e Filho de Homem. "Que foi declarado como sendo o Filho de Deus, de acordo com o Espírito"8156, e nessas palavras Ele será Deus, e o Verbo - o Filho de Deus. Nós vemos claramente o estado bivalente, que não é confundido, mas reunido em Uma Pessoa - Jesus, Deus e Homem. No que diz respeito a Cristo, de fato, eu concedo o que eu tenho que dizer.8157 (Eu destaco aqui), que a propriedade de cada natureza é tão completamente preservada, que o Espírito8158, por um lado, fez todas as coisas em Jesus plenamente cabíveis a Si mesmo, como milagres, e feitos poderosos, e maravilhas; e a Carne, por outro lado, exibiu os afetos que lhe pertencem. Ficou faminta debaixo da tentação do diabo, sedenta diante da mulher samaritana, chorosa sobre Lázaro, esteve angustiada mesmo diante da morte, e enfim de fato morreu. Se, entretanto, era somente um terço do Ser, alguma essência composta formada a partir das Duas substâncias, como o electrum (que nós já mencionamos), não haveria nenhuma prova distinta aparente de cada natureza. Mas por uma transferência de funções, o Espírito teria feito coisas que deveriam ter sido feitas pela Carne, e a Carne da mesma maneira como foram efetuadas pelo Espírito; ou ainda como não sendo afeitas nem à Carne, nem ao Espírito, mas confusamente de algum terceiro caráter. Não somente isso, mas, nesta suposição, ou o Verbo experimentou a morte, ou a carne não morreu, e assim o Verbo se converteu em carne; porque ou a carne era imortal, ou o Verbo era mortal. Isto porque, a valer este raciocínio, as duas substâncias agem distintivamente, cada um na sua própria característica, e acarretam necessariamente que se considere separadamente suas próprias operações, e seus próprios interesses. Aprenda, então, junto com Nicodemos, que "o que nasce da carne é carne, e aquele que nasce do Espírito é espírito"8159 Nem a carne se torna Espírito, nem o Espírito carne. Em uma Pessoa eles, sem dúvida, são bem capazes de serem coexistentes. Deles Jesus consiste - Homem, da carne; do Espírito, Deus - e o anjo O designou como "o Filho de Deus"8160, em respeito àquela natureza, na qual Ele era Espírito, reservando para a carne a designação "Filho do Homem". Desta maneira, novamente, o apóstolo O chama "o Mediador entre Deus e os Homens"8161, e assim afirmou a Sua participação em ambas as substâncias. Agora, para finalizar o assunto, você, que interpreta o Filho de Deus como sendo carne, será tão bom para mostrar-nos o que é o Filho do Homem? Será Ele, então, eu quero saber, o Espírito? Mas você insiste nisto, em que o próprio Pai é o Espírito, no sentido de que "Deus é um Espírito", como se nós não tivéssemos lido também que há o "Espírito de Deus"; da mesma maneira que nós encontramos que "o Verbo era Deus", também existe o "Verbo de Deus".


8150. Ipsæ.

8151. Lucas 1:35.

8152. Mateus 1:23.

8153. Sua versão de Salmos 87:5.

8154. Ex.

8155. Romanos 1:3.

8156. Versículo 4.

8157. Veja próximo capítulo.

8158. ou seja, a divina natureza de Cristo.

8159. João 3:6.

8160. Lucas 1:35.

8161. 1 Timóteo 2:5.


Capítulo 28 - Cristo não é o Pai, como Práxeas disse. A inconsistência desta opinião, não menos que seu absurdo exposto. A verdadeira doutrina de Jesus Cristo de acordo com São Paulo, que concorda com outros escritores sagrados.

E então, mais tolo herege, você faz Cristo ser o Pai, sem uma vez considerar a real força deste nome, se de fato Cristo é um nome, e não ao contrário um sobrenome, ou designação; pois ele significa "Ungido". Mas Ungido não é um nome mais próprio que Vestido ou Calçado; é apenas um acessório a um nome. Suponha agora que por alguns meios Jesus fosse também chamado Vestitus (Vestido), como se Ele fosse realmente chamado Cristo pelo mistério de Sua unção, você de maneira similar diria que Jesus era o Filho de Deus, e ao mesmo tempo suporia que Vestitus era o Pai? Agora então, a respeito de Cristo, se Cristo é o Pai, o Pai é um Ungido, e recebe a unção, é claro, de alguém. Então se é de Si mesmo que Ele a recebe, então você deve prová-lo para nós. Mas nós não aprendemos tal fato dos Atos dos Apóstolos naquela exclamação da Igreja a Deus, "Na verdade, Senhor, contra Seu Santo Filho Jesus, a quem tens ungido, tanto Herodes quanto Pôncio Pilatos com os Gentios e o povo de Israel se reuníram."8162 Estes então testificaram tanto que Jesus era o Filho de Deus, e que sendo o Filho, Ele foi ungido pelo Pai. Cristo então deve ser o mesmo que Jesus que foi ungido pelo Pai, e não o Pai, que ungiu o Filho. O mesmo efeito tem as palavras de Pedro: "Deixemos toda casa de Israel saber seguramente que Deus tem feito aquele mesmo Jesus, a quem vós crucificastes, tanto Senhor e Cristo", ou seja, Ungido.8163 João, além disto, qualifica aquele homem que "nega que Jesus é o Cristo" como "um mentiroso", enquanto que por outro lado ele declara que "todo aquele que acredita que Jesus é o Cristo é nascido de Deus"8164. Por que ele também nos exorta a acreditar no nome de Seu (o do Pai) Filho Jesus Cristo, para que "nossa comunhão seja com o Pai, e com Seu Filho Jesus Cristo"8165. Paulo, de maneira semelhante, em todo lugar fala do "Deus Pai, e nosso Senhor Jesus Cristo". Quando escrevendo aos Romanos, ele dá graças a Deus através de nosso Senhor Jesus Cristo.8166 Aos Gálatas ele se declara ser "um apóstolo não de homens, nem por homem, mas por Jesus Cristo e Deus o Pai."8167 Você possui de fato todos estes escritos, que testificam claramente o mesmo efeito, e demonstram Dois - Deus o Pai, e nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai. (Eles também testificam) que Jesus é Ele mesmo o Cristo, e sob uma ou outra designação o Filho de Deus. Pois precisamente pelo mesmo direito que ambos nomes pertencem à mesma Pessoa, mesmo o Filho de Deus, qualquer nome sozinho sem o outro pertence à mesma Pessoa. Consequentemente, se é o nome Jesus que ocorre sozinho, Cristo é também entendido, porque Jesus é o Ungido; ou se o nome Cristo é o único fornecido, então Jesus é identificado com Ele, porque o Ungido é Jesus. Agora, destes dois nomes Jesus Cristo, o primeiro é o próprio, que foi dado a Ele pelo anjo; e o último é só um adjunto, predicado dele de sua unção, - assim sugerindo a condição que Cristo deve ser o Filho, não o Pai. Quão cego, para ser certo, é o homem que falha em perceber que pelo nome de Cristo algum outro Deus é sugerido, se ele se referir ao Pai este nome de Cristo! Pois se Cristo é Deus o Pai, quando Ele diz, "Eu subo ao meu Pai e seu Pai, e ao meu Deus e seu Deus"8168, Ele é claro mostra suficientemente claro que há acima de Si mesmo outro Pai e outro Deus. Se, de novo, o Pai é Cristo, Ele deve ser algum outro Ser que "fortaleceu o relâmpago, e criou o vento, e declarou aos homens seu Cristo."8169 E se "os reis da terra se levantam, e os governantes se juntaram contra o Senhor e contra Seu Cristo"8170, aquele Senhor deve ser outro Ser, contra cujo Cristo se juntaram os reis e governantes. E se, para citar outra passagem, "Assim diz o Senho a Meu senhor Cristo"8171, o Senhor que fala aou Pai de Cristo deve ser um Ser distinto. Além do mais, quando o apóstolo em sua espístola ora, "Que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo possa dar a vocês o espírito de sabedoria e conhecimento"8172, Ele deve ser outro (que Cristo), que é o Deus de Jeus Cristo, o doador das dádivas espirituais. E de uma vez por todas, para que não vaguemos por toda passagem, Aquele "que levantou Cristo dos mortos, e também levantará nossos corpos mortais"8173, deve certamente ser, como o vivificador, diferente do Pai morto,8174 ou mesmo do vivificador Pai, se Cristo que morreu é o Pai.


8162. Atos 4:27.

8163. Atos 2:36.

8164. Veja 1 João 2:22, 4:2,3, e versículo 1.

8165. 1 João 1:3.

8166. Romanos 1:8.

8167. Gálatas 1:1.

8168. João 20:17.

8169. Amós 4:13, Septuaginta.

8170. Salmos 2:2.

8171. Aqui Tertuliano lê reads τῷ Χριστῷ μου Κυρίῳ, ao invés de Κύρῳ, "a Cyrus", em Isaías 45:1.

8172. Efésios 1:17.

8173. Romanos 8:11.

8174. Desta desdução da doutrina de Práxeas, que o Pai deve ter sofrido na cruz, seus oponentes chamaram ele e seus seguidores de Patripassianos.


Capítulo 29 - Foi Cristo que morreu. O Pai é incapaz de sofrer ou sozinho ou com outro. Conclusões blasfemas brotam das premissas de Práxeas.

Silêncio! Silêncio a respeito de tal blasfêmia. Nos deixe felizes em dizer que Cristo morreu, o Filho do Pai; e deixe isto ser suficiente, porque as Escrituras nos disseram assim. Pois mesmo o apóstolo, em sua declaração - que ele não faz sem sentir o peso dela - que "Cristo morreu", imediatamente adiciona, "de acordo com as Escrituras"8175, para que ele possa aliviar a dureza da declaração pela autoridade das Escrituras, e assim remover a ofença do leitor. Agora, apesar de que quando se alega duas substâncias estarem em Cristo - a saber, a divina e a humana - claramente se segue que a natureza divina é imortal, e que a humana é mortal, é manifesto no sentido que ele declara "Cristo morreu" - exatamente no sentido em que Ele era carne e Homem e o Filho do Homem, não como sendo o Espírito e a Palavra e o Filho de Deus. Resumindo, desde que ele diz que foi Cristo (ou seja, o Ungido) que morreu, ele nos mostra que aquele que morreu era a natureza que foi ungida; em uma palavra, a carne. Muito bem, diz você; desde que nós de nosso lado afirmamos nossa doutrina nos precisos mesmos termos que você usa de seu lado a respeito do Filho, nós não somos culpados de blasfêmia contra o Senhor Deus, pois nós não mantemos que Ele morreu em sua natureza divina, mas somente na humana. Não, mas você blasfema; porque você alega não somente que o Pai morreu, mas que Ele morreu a morte da cruz. Pois "amaldiçoados são aqueles que são pendurados em uma árvore"8176- uma maldição que, segundo a lei, é compatível com o Filho (na medida que "Cristo foi feito maldição por nós"8177, mas certamente não o Pai); desde que, contudo, você converta Cristo no Pai, você pode ser acusado de blasfêmia contra o Pai. Mas quando nós afirmamos que Cristo foi crucificado, nós não caluniamos Ele com uma maldição, nós apenas reafirmamos8178 a maldição pronunciada pela lei:8179 nem de fato o apóstolo proferiu blasfêmia quando ele disse a mesma coisa que nós.8180 Além disto, como não há blasfêmia em pregar do sujeito aquilo que é bem aplicável a ele; então, do contrário, é blasfêmia quando isto é alegado em respeito ao sujeito que não é aplicável a ele. Neste princípio, também, o Pai não estava associado no sofrimento com o Filho. Os hereges, de fato, temendo incorrer direta blasfêmia contra o Pai, esperam diminuí-la por este proceder: eles concordam conosco até onde o Pai e o Filho são Dois; adicionando que, desde que é o Filho de fato quem sofre, o Pai é apenas seu companheiro de sofrimento.8181 Mas que absurdo eles são mesmo neste conceito! Pois qual é o significado de "companheiro de sofrimento", senão a resistência ao sofrimento juntamente com outro? Agora se o Pai é incapaz de sofre, Ele é incapaz de sofrer em companhia de outro; de outra forma, se Ele pode sofrer com outro, Ele é claro capaz de sofrer. Você, de fato, não concede nada a Ele por este subterfúgio de seus temores. Você tem medo de dizer que Ele é capaz de sofrer, a quem você fez capaz de co-sofrer. Então, de novo, o Pai é tão incapaz de co-sofrer como o Filho mesmo é de sofrer sob as condições de Sua existência como Deus. Pois mesmo se um rio for sujo com lodo e lama, no entanto ele flui da fonte idêntico em natureza com ela, e não é separado da fonte, ainda que a injúria que afeta o rio não alcance a fonte; e apesar de ser a água da fonte que sofre abaixo no rio, ainda, desde que não seja afetada na fonte, mas somente no rio, a fonte não sofre nada, mas somente o rio que escoa da fonte. Então da mesma forma o Espírito de Deus,8182 seja qual for sofrimento que Ele seja capaz no Filho, ainda, enquanto que não sofra no Pai, a fonte da divindade, mas somente no Filho, evidentemente não poderia sofrer8183 como o Pai. Mas é suficiente para mim que o Espírito de Deus não sofreu nada como o Espírito de Deus,8184 desde que tudo que Ele sofreu Ele sofreu no Filho. É bem outro assunto que o Pai sofra com o Filho na carne. Isto da mesma forma foi tratado por nós. Nem ninguém irá negar isto, desde que até nós mesmos somos incapazes de sofrer para Deus, a menos que o Espírito de Deus esteja em nós, que também pronuncia por nossa instrumentalidade8185 o que pertença a nossa própria conduta e sofrimento; não, contudo, que Ele mesmo sofra em nosso sofrimento, somente Ele confere a nós o poder e capacidade de sofrer.


8175. 1 Coríntios 15:3.

8176. Gálatas 3:13.

8177. Mesmo versículo.

8178. Referimus: ou, "Recitar e gravar."

8179. Deuteronômio 21:23.

8180. Gálatas 3:13.

8181. [Esta passagem convenceu Lardner que Práxeas não era um Patripassiano. Credib. Vol. VIII. pág. 607.]

8182. Ou seja, a divina natureza em geral, neste lugar.

8183. Aquilo que estava aberto a sofrer no Filho.

8184. Suo nomine.

8185. De nobis.


Capítulo 30 - Como o Filho foi desamparado pelo Pai na cruz. O verdadeiro significado disto é fatal para Práxeas. Então também, a ressurreição de Cristo, Sua Ascenção, reunião à mão direita do Pai, e missão do Espírito Santo.

Contudo, se você persistir em levar suas visões adiante, eu devo achar meios de te responder com maior severidade, e de te encontrar com a exclamação do próprio Senhor, tanto quanto te desafiar com a questão, Sobre o que seu questionamento e raciocínio se trata? Você O faz exclamar no meio de sua paixão "Meu Deus, meu Deus, porque me desamparastes?"8186 Ou, então, o Filho sofreu, sendo "desamparado" pelo Pai, e o Pai consequentemente sofreu nada, enquanto Ele abandonou o Filho; ou então, se foi o Pai quem sofreu, então a que Deus Ele se endereçou em Seu clamor? Mas esta era a voz da carne e alma, ou seja, do homem - não da Palavra e Espírito, ou seja, não de Deus; e isto foi declarado assim para provar a impassibilidade de Deus, que "abandonou" Seu Filho, até o ponto onde Ele entregou Sua substância humana ao sofrimento da morte. Esta verdade o apóstolo também percebeu, quando ele escreve sobre este feito: "Se o Pai não poupou Seu próprio Filho."8187 Isto percebeu Isaías igualmente, antes dele, quando ele declarou: "E o Senhor O entregou por nossas ofensas."8188 Desta maneira Ele O "abandonou", em não poupá-lo; O "abandonou", ao entregá-lo. Em todos os outros sentidos o Pai não abandonou o Filho, pois foi nas mãos do Seu Pai que o Filho entregou Seu espírito.8189 De fato, depois de entregá-lo assim, Ele imediatamente morreu; e como o Espírito8190 permaneceu com a carne, a carne não pode passar pela morte completamente, ou seja, em corrupção e deteriorização. Para o Filho então morrer, importou que Ele fosse abandonado pelo Pai. O Filho, então tanto morreu como levantou-se de novo, de acordo com as Escrituras.8191 É o Filho, também, que ascende aos altos céus,8192 e também desce às partes mais baixas da terra.8193 "Ele sentou-se à mão direita de Deus"8194- não o Pai à sua própria. Ele é visto por Estêvão, em seu martírio por apedrejamento, ainda sentado à mão direita de Deus8195 onde Ele continuará a sentar, até que o Pai faça Seus inimigos Seu escabelo.8196 Ele virá novamente sobre as nuvens do céu, assim como Ele apareceu ao ascender aos céus.8197 Entretanto Ele recebeu do Pai a dádiva prometida, e a compartilhou, mesmo o Espírito Santo - o Terceiro Nome na divindade, e o Terceiro Grau da Divina Majestade; o Declarador da Monarquia de Deus, mas ao mesmo tempo o Intérprete da Economia, a todo mundo que ouve e recebe as palavras da nova profecia;8198 e "o Líder em toda verdade,"8199 tal qual é no Pai, e no Filho e no Espírito Santo, de acordo com o mistério da doutrina de Cristo.


8186. Mateus 27:46.

8187. Romanos 8:32.

8188. Este é o sentido, ao contrário das palavras, de Isaías 53:5,6.

8189. Lucas 23:46.

8190. ou seja, a divina natureza.

8191. 1 Coríntios 15:3,4.

8192. João 3:13.

8193. Efésios 4:9.

8194. Marcos 16:19; Apocalípse 3:21.

8195. Atos 7:55.

8196. Salmos 110:1.

8197. Atos 1:11; Lucas 21:37.

8198. Tertuliano era agora um [professo] Montanista.

8199. João 16:13.


Capítulo 31 - Caráter retrógrado da heresia de Práxeas. A doutrina da abençoada Trindade constitui a grande diferença entre judaísmo e cristianismo.

Mas, (esta doutrina sua dá testemunho) à fé judaica, na qual esta é a substância - acreditar tanto na Unidade de Deus que recusa a reconhecer o Filho ao lado dele, e depoir do Filho o Espírito. Agora, que diferença haveria entre nós e eles, se não houvesse esta distinção que você tenta derrubar? Que necessidade haveria para o evangelho, que é substância do Novo Pacto, guardando (como ela faz) aquilo que a Lei e os Profetas conservaram até João Batista, se desde então o Pai, o Filho e o Espírito não forem cridos como Três, e como sendo Somente Um Deus? Deus se deleitou em renovar Seu pacto com o homem de tal forma que Sua Unidade seja crida de uma nova forma, através do Filho e do Espírito, de forma que Deus agora possa ser conhecido abertamente,8200 em Seus próprios Nomes e Pessoas, que em tempos antigos não eram claramente entendidos, apesar de declarado através do Filho e o Espírito. Longo então com8201 aqueles "Anticristos que negam o Pai e o Filho". Pois eles negam o Pai, quando dizem que Ele é o mesmo que o Filho; e eles negam o Filho quando eles supõe que Ele seja o mesmo que o Pai, atribuindo a Eles coisas que não são deles, e tomando deles coisas que são deles. Mas "quem confessar que (Jesus) Cristo é o Filho de Deus" (não o Pai), "Deus habita nele, e ele está em Deus"8202. Nós acreditamos no testemunho de Deus onde Ele testifica a nós de Seu Filho. "Aquele que não tem o Filho, não tem a vida."8203 E aquele homem que acredita que Ele seja qualquer outro que não o Filho, não tem o Filho.


8200. Coram.

8201. Viderint.

8202. 1 João 4:15.

8203. 1 João 5:12.


Elucidações

I.

(Várias declarações doutrinais de Tertuliano. Veja página 601 (et seqq.), supra.)

Eu estou feliz por várias razões que o Dr. Holmes tenha colocado em apêndice o seguinte texto do Bispo Kaye sobre os Escritos de Tertuliano:

"Sobre a doutrina da abençoada Trindade, para explicar seu significado Tertuliano pegou emprestado ilustrações de objetos naturais. As três Pessoas da Trindade se relacionam entre si assim como a raiz, o suco e a fruta; assim como a fonte, o rio e o corte no rio; assim como o sol, o raio e o ponto terminal do raio. Para estas ilustrações ele professou estar endividado às Revelações do Paracleto. Em tempos posteriores, divinos ocasionalmente recorreram a ilustrações similares com o propósito de se familiarizar a doutrina da Trindade com a mente; nem pode qualquer perigo surgir deste procedimento, enquanto tivermos em mente que são apenas ilustrações, não argumentos - que não possamos retirar conclusões delas, ou pensar que qualquer coisa que seja verdadeiramente dita das ilustrações, pode ser dita com igual verdade àquilo que foi designado a ilustrar."

"‘Não obstante, contudo, a íntima união que subsiste entre o Pai, Filho e Espírito Santo, devemos ser cautelosos,' diz Tertuliano, ‘em distinguir entre suas Pessoas'. Nestas representações da distinção ele algumas vezes usa expressões em que tempos posteriores, quando a controvérsia foi introduzida com grande precisão de linguagem, foram diligentemente evitadas pelos ortodoxos. Assim ele chama o Pai de toda a substância - o Filho uma derivação da ou porção do todo."8204

"Depois de mostrar que as opiniões de Tertuliano eram geralmente coincidentes com a crença ortodoxa da Igreja Cristã na grande matéria da Trindade em Unidade, Bispo Kaye continua dizendo: ‘Nós estamos longe de declarar que expressões não podem ocasionalmente ser encontradas as quais são capazes de uma diferente interpretação, e que foram cuidadosamente evitadas pelos escritores ortodoxos de tempos posteriores, quando as controvérsias a respeito da Trindade foram introduzidas com maior precisão de linguagem'. Pamelius achou necessário colocar o leitor em defesa contra certas destas expressões; e Semler notou, com um tipo de indústria desnaturada (nós chamamos de desnaturada, porque o verdadeiro modo de averiguar uma opinião de um escritor não é se fixar em particulares expressões, mas pegar o tom geral de sua linguagem), cada passagem no Tratado contra Práxeas onde há qualquer aparência de contradição, ou que gera uma construção favorável à doutrina ariana. Bispo Bull também, que concebe a linguagem de Tertuliano ser explícita e correta a respeito da pré-existência e consubstanciabilidade, admite que ele ocasionalmente usa expressões em discrepância com a co-eternidade de Cristo. Por exemplo, no Tratado contra Hermógenes,8205 nós encontramos uma passagem onde é expressamente declarado que há um tempo que o Filho não era. Talvez, contudo, uma referência à peculiar doutrina de Hermógenes nos permitirá julgar esta declaração. Aquele herege afirmou que matéria era eterna, e argumentou assim: ‘Deus sempre foi Deus, e sempre Senhor; mas a palavra Senhor implica a existência de alguma coisa sobre a qual Ele era Senhor. A menos, então, que nós suponhamos a eternidade de algo distinto de Deus, não é verdade que Ele sempre tenha sido Deus'. Tertuliano audaciosamente respondeu, que Deus não foi sempre Senhor; e que na Escritura não O vemos sendo chamado de Senhor até o trabalho da criação estar completo. Da mesma forma, ele contendeu que os títulos de Juiz e Pai implicam a existência de pecado, e de um Filho. Como, então, houve um tempo que nem pecado nem o Filho existiam, os títulos de Juiz e Pai não eram naquele tempo aplicáveis a Deus. Tertuliano raramente poderia querer afirmar (em direta oposição a suas próprias declarações no Tratado contra Práxeas) que houve um tempo quando o λόγος, ou Razão, ou Sermo Internus não existia. Mas em respeito à Sabedoria e o Filho (Sophia e Filius) o caso é diferente. Tertuliano aponta para ambos um início de existência: Sophia foi criada ou formada para planejar o plano do universo; e o Filho foi gerado para levar adiante aquele plano. Bispo Bull parece ter dado uma acurada representação do tema, quando ele diz que, de acordo com nosso autor, a Razão e Espírito de Deus, sendo substância da Palavra e Filho, eram co-eternas com Deus; mas que os títulos de Palavra e Filho não eram estritamente aplicáveis até que o primeiro fosse emitido para o arranjo e o último ser gerado para executar o trabalho da criação. Sem, então, tentar explicar muito menos defender todas expressões e raciocínios de Tertuliano, estamos dispostos a consentir com a declaração dada pelo Bispo Bull de suas opiniões (Defence of the Nicene Creed, sec. iii. ch. x. (p. 545 of the Oxford translation)): ‘De tudo isto está claro quão temerariamente, como de costume, Petavius pronunciou que, "até agora em relação à eternidade da Palavra, é manifesto que Tertuliano não confirma isto por qualquer meio."' Em minha opinião, de fato, e eu suponho que meu leitor também, depois de vários testemunhos claros que eu exemplificado, o exato oposto é manifesto, a menos que de fato Petavius jogou com o termo, a Palavra, o que eu não suponho. Pois Tertuliano de fato ensina que o Filho de Deus foi feito e foi chamado a Palavra (Verbum ou Sermo) de algum início definido, a saber, o tempo onde Ele deixou o Pai com a voz, ‘Haja luz' para organizar o universo. Mas, para tudo aquilo, que ele realmente acreditou que a mesma hypostasis que é chamada de Palavra e Filho de Deus é eterno, eu tenho, acho, abundantemente demonstrado." (A completa observação do Bispo Bull é digna de se considerar; ela ocorre na tradução referida, páginas 508-545.)-(Páginas 521-525.)

"Ao falar também do Espírito Santo, Tertuliano ocasionalmente usa termos de grande ambiguosidade e caráter equívoco. Ele diz, por exemplo (Adversus Praxean, c. xii.), que em Gênesis 1:26, Deus endereçou o Filho, Sua Palavra (a Segunda Pessoa da Trindade), e o Espírito na Palavra (a Terceira Pessoa da Trindade). Aqui a distinta personalidade do Espírito é expressamente declarada; apesar de que é difícil reconciliar as palavras de Tertuliano, ‘Spiritus in Sermone', com a declaração. É certo, contudo, tanto do tom geral do Tratado contra Práxeas, e de muitas passagens em seus outros escritos (por exemplo, Ad Martyras, iii.), que a distinta personalidade do Espírito Santo formou um artigo no credo de Tertuliano. A ocasional ambiguidade de sua linguagem a respeito do Espírito Santo é talvez em parte traçada até a variedade de sentidos em que o termo ‘Spiritus' é usado. É aplicado geralmente a Deus, pois ‘Deus é um Espírito' (Adv. Marcionem, ii. 9); e pela mesma razão ao Filho, que é frequentemente chamado ‘o Espírito de Deus', e ‘o Espírito do Criador' (De Oratione, i.; Adv. Praxean, xiv., xxvi.; Adv. Marcionem, v. 8; Apolog. xxiii.; Adv. Marcionem, iii. 6, iv. 33). Bispo Bull da mesma forma (Defence of the Nicene Creed, i. 2), seguindo Grotius, mostrou que a palavra ‘Spiritus' é empregada pelos pais para expressar a divina natureza em Cristo."-(Pp. 525, 526.)

 

II.

(O bispo de Roma, cap. i. p. 597.)

Provavelmente Vítor (190 D.C.), que em outro lugar é chamado de Victorinus, como Oehler conjectura, por um desajeitado que adicionou o inus a seu nome, porque ele estava pensando em Zephyrinus, seu sucessor imediato. Este Vítor "admitiu os dons proféticos de Montanus", e manteve comunhão com as igrejas Frígias que os adotaram: mas pior que isto, ele agora parece apadrinhar a heresia patripassionista, sob a compulsão de Práxeas. Isto Tertuliano diz, quem certamente não tinha nenhuma idéia de que o Bispo de Roma era o infalível juiz de controvérsias, quando ele lembrou os fatos desta estranha história. Assim, nós descobrimos o próprio fundador do "Cristianismo Latino", acusando um contemporâneo Bispo de Roma de heresia e apadrinhamento de heresia, em dois particulares. Nossa mais antiga familiaridade com aquela Sé nos apresenta com a autoridade superior de Policarpo, na própria Roma, em manter a doutrina apostólica e suprimindo heresia. "Ele era, que vindo a Roma," diz Ireneu,8206 "no tempo de Aniceto, causou muitos a deixarem os mencionados hereges (a saber, Valentinus e Marcião) para a Igreja de Deus, proclamando que ele recebeu esta única verdade dos Apóstolos". Aniceto era um piedoso prelado que nunca sonhou em declarar um clamor superior como o chefe depositário da ortodoxia Apostólica, e cujo belo exemplo nas questões pascoalinas discutidas entre Policarpo e si mesmo, é uma outra ilustração da independência das igrejas irmãs, naquele período.8207 Nem é indigno de notar, que o próximo evento, na história ocidental, estabelece um princípio similar contra aquele outro menos digno ocupante da Sé Romana, de quem temos falado. Ireneu repreende Vítor por seu dogmatismo sobre a Páscoa, e o reprova partindo do exemplo de seus predecessores na mesma Sé.8208 Com Eleutério ele previamente protestou, apesar de brandamente, por sua tolerância à heresia e seu apadrinhamento do crescente cisma de Montano.8209

 

III.

(Estes três são um, cap. 25. pág. 621. Também pág. 606.)

Porson falando Pontificamente sobre a questão do texto das "Três Testemunhas", cadit quæstio, locutus est Augur Apollo. É de maior importância que Bispo Kaye em sua calma sabedoria, destaca o seguinte;8210 "Em minha opinião, a passagem em Tertuliano, longe de fazer alusão a 1 João 5:7, fornece a mais decisiva prova que ele não conhecia o verso". Depois disto, e do consentimento de eruditos em geral, seria presunção dizer uma palavra sobre a questão de citá-la como Escritura. Na Crítica Textual parece ser um cânon estabelecido que ele não tem lugar no Testamento Grego. Eu me submeto, contudo, que, algo falta ser dito sobre isto, com base na antiga Versão Africana usada e citada por Tertuliano e Cipriano; e eu ouso dizer que enquanto não há nenhum embasamento para inserí-lo em nossa Versão Inglesa, a questão de riscar é uma bem diferente. Seria sacrilégio, em minha modesta opinião, por razões que vão aparecer nas seguintes observações, de nosso autor.

Parece para mim muito claro que Tertuliano está citanto 1 João 5:7 na passagem agora sobre consideração: "Qui tres unum sunt, non unus, quomodo dictum est, Ego et Pater unum sumus, etc." Deixe-me referir a um trabalho contendo uma resposta suficiente a Porson, neste ponto da citação de Tertuliano, que é mais fácil de passar sub-silentio, que refutar. Eu quero me referir ao New Plea de Forster, cujo título completo está situado na margem.8211 O trabalho inteiro é digno de um estudo aprofundado, mas, eu o nomeio em referência a esta importante passagem do autor, exclusivamente. Em conecção com outras considerações as quais não tenho direito de enlarguecer neste local, me satisfaz quanto à origem primitiva do texto na Vulgata, e daqui por seu direito de ficar em nossa Vulgata Inglesa até que possa ser mostrado que a Versão Septuaginta, citada e honrada por nosso Senhor, está livre de leituras similares, e divergências dos manuscritos hebraicos.

Mencionado como uma mera questão quanto à primitiva Igreja Africana,8212 as várias versões conhecidas como a Itala, e o direito das Vulgatas Latina e Inglesa de permanecer como são, toda a questão é uma nova questão. Que me perdôem por dizer: (1) que eu não estou defendendo ele como um texto-prova da Trindade, nunca o tendo citado em tanto tempo de ministério, durante o qual tenho pregado quase cem sermões de domingo da Trindade; (2) que eu o considero praticamente apócrifo, e daí vindo sob a lei de São Jerônimo, e sendo inútil para estabelecer doutrina; e (3) que eu não sinto necessidade dele, devendo à toda Escritura na mesma matéria. Tertuliano mesmo diz que ele cita "somente um pouco de vários textos - não pretendendo trazer todos as passagens da Escritura ...tendo produzido um acúmulo de testemunhas na totalidade de sua dignidade e autoridade."

Para aqueles interessados na questão deixe-me recomendar a dissertação erudita de Grabe no caso textual, como está até o dia de hoje.8213 Eu valorizo sobretudo porque ele prova que o Testamento Grego, em outro lugar diz, separadamente, o que é reunido em 1 João 5:7. É, então, as Escrituras Sagradas em substância, se não na letra. O que parece para mim importante, contudo, é o equilíbrio que ele dá a todo contexto, e o caráter defeituoso da gramática e lógica, se retirado. Na Septuaginta e na Vulgata Latina do Velho Testamento nós temos um caso precisamente similar. Refira ao Salmo 13, igual na Latina e Grega, em comparação com nossa Versão Inglesa.8214 Entre o terceiro e quarto verso, três versos completos são interpolados: Deveríamos riscá-los? Claro, se certas críticas prevalescerem contra São Paulo, pois ele as cita (Romanos 3:10) com a fórmula: "Como está escrito." Agora, então, até nós purificarmos a Versão Inglesa da Espístola aos Romanos, - ou ao contrário o original do próprio São Paulo, eu emprego o argumento de Grabe somente para provar meu ponto, que é isto: que 1 João 5:7 sendo Escritura, deve ser deixado intocável nas versões que o possuem, apesar de não fazer parte do Testamento Grego.


8204. Kaye, páginas 504-596.

8205. Capítulo 3 comparado com capítulo 18.

8206. Vol. I. pág. 416, esta Série.

8207. Vol. I. pág. 569, esta Série.

8208. Eusébio, B.V. capítulo 24. Refira também à nota precedente, e ao Vol. I. pág. 310, esta Série.

8209. Vol. II. páginas 3 e4, esta Série, também, Eusébio, B.V. Capítulo 3.

8210. pág. 516.

8211. "A New Plea for the Authenticity of the text of the Three Heavenly Witnesses: ou, Porson's Letters to Travis eclectically examined, etc. etc. Pelo Reverendo Charles Forster, etc." Cambridge, Deighton, Bell & Co., and London, Bell & Daldy, 1867.

8212. Veja Milman, Hist. Lat. Christ., I. pág. 29.

8213. Veja Bull's Works, Vol. V., pág. 381.

8214. Onde é Salmo 14.

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Comentários   

0 #1 Leandro Barbosa 17-09-2016 07:25
Se o Logos se fez carne entao Deus(O Eterno) se fez Carne!Lembrem-se que o Messias eh Pai da Eternidade!Obs.: Julguemos que nos,naturalmente, soh temos um pai. Assim deve ser o nosso Pai Celestial.Isaias 9,6. Interessante que Quem tomou emprestado o ventre de Maria foi o Espirito Santo Mateus 1,18
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