• Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.

    Mateus 5:44,45

  • Disse-lhes ele: Por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível

    .

    Mateus 17:20

  • Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que a encontre?

    Lucas 15:4

  • Então ele te dará chuva para a tua semente, com que semeares a terra, e trigo como produto da terra, o qual será pingue e abundante. Naquele dia o teu gado pastará em largos pastos.

    Isaías 30:23

  • As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem;

    João 10:27

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Verso do dia

Macrina, a jovem

Escrito por  Justo Gonzalez

Macrina, a jovem

A região da Capadócia ficava no sul da Ásia Menor, em territórios que hoje pertencem à Turquia. Ali despontaram três dirigentes eclesiásticos que merecem ser contados entre os “gigantes” do quarto século. Estes três gigantes são Basílio de Cesaréia, o teólogo que a posteridade conhece como “o Grande”, seu irmão Gregório de Nissa, famoso por suas obras sobre a contemplação mística, e o amigo dos dois, Gregório de Nazianzo, o grande orador e poeta, de cujos hinos muitos são obras clássicas da igreja de fala grega. Mas antes de narrar sua vida e obra devemos nos deter para fazer justiça a outro personagem não menos meritório, se bem que frequentemente esquecido no meio de uma história que reconhece pouco a obra das mulheres. Trata-se de Macrina, a irmã de Basílio e de Gregório de Nissa.

Macrina da Capadócia

A família de Macrina, Basílio e Gregório era profundamente religiosa, e suas raízes cristãs se estendiam pelo menos até duas gerações atrás. Seus avôs maternos, Basílio e Macrina, tinham passado sete anos escondidos nos bosques durante a perseguição de Décio. Vários membros da sua casa os acompanharam neste exílio, e entre estes dois filhos, Gregório e Basílio. Este Gregório – tio dos nossos capadócios – mais tarde chegou a ser bispo. Quanto a Basílio, o pai dos irmãos cuja vida narramos agora, ele chegou a ser um famoso advogado e mestre de retórica, e se casou com uma cristã de nome Emília – que a posteridade conhece como “Santa Emília” - cujo pai também fora cristão, e tinha morrido como mártir. Portanto, os avôs dos nossos capadócios tinham sido cristãos, tanto por linha paterna como materna, e um dos seus tios era bispo.

Basílio e Emília tiveram dez filhos – cinco mulheres e cinco homens. Das primeiras, somente conhecemos o nome de Macrina. Dos homens quatro nomes nos são conhecidos: Basílio, Naucrácio, Gregório e Pedro. Destes dez irmãos, quatro receberam o título de “santos”: Macrina, Basílio, Gregório e Pedro. Ao que parece, todas as mulheres eram mais velhas que os homens; a mais velha de todas era Macrina. Basílio era o mais velho dos homens vivos, pois o outro irmão, cujo nome não conhecemos, tinha morrido ainda criança. Mesmo assim Macrina ainda era dez anos mais velha que Basílio.

Aos doze anos Macrina já era mulher formosa, e seus pais deram os passos que naquela época eram costume, para preparar seu casamento. Entre seus muitos pretendentes escolheram um jovem parente do agrado de Macrina, e que prometia ser advogado. Tudo parecia estar pronto quando o jovem noivo morreu de repente. Depois de um tempo de prudência os pais de Macrina começaram a fazer os arranjos para que sua filha pudesse se casar com algum outro pretendente. Mas a jovem se negou a concordar com estes preparativos, dizendo que seu compromisso era com um matrimônio, e que seu esposo estava esperando por ela no céu. Por fim fez votos de que nunca se casaria, e que se dedicaria à vida religiosa em sua localidade, enquanto acompanhava e ajudava sua mãe.

Dois ou três anos antes do compromisso de Macrina tinha nascido Basílio, um menino doentio por cuja saúde seus pais oraram sem cessar até que uma visão prometeu ao pai Basílio que seu filho viveria. Uma mulher camponesa foi trazida para amamentar o pequeno Basílio, que assim travou uma amizade forte com seu irmão de leite, Doroteu – mais tarde presbítero.

Basílio era o orgulho de um pai que tivera de esperar mais de dez anos por um filho homem. Nele se concentravam suas esperanças de que alguém continuaria seu renome de advogado e orador, e por isto Basílio recebeu a melhor educação possível. Estudou primeiro em Cesaréia, a principal cidade da Capadócia; depois em Antioquia, em Constantinopla, e por último em Atenas. Ali ele estudou junto com o jovem Gregório, que mais tarde viria a ser bispo de Nazianzo, e também junto com Juliano, ainda príncipe, mais tarde conhecido como “o Apóstata”.

Quando Basílio voltou para Cesaréia depois destes estudos, ele vinha inchado da sua própria sabedoria. Todos o respeitavam, tanto por seus conhecimentos como pelo prestígio da sua família. Logo lhe foi oferecida – e ele aceitou – a cátedra de retórica da universidade de Cesaréia.

Então Macrina interveio. Disse-lhe sem rodeios que ele estava envaidecido, como se ele fosse o melhor de todos os habitantes de Cesaréia, e que faria bem em não citar tanto os autores pagãos, e em tentar viver mais o que os cristãos ensinavam e aconselhavam. Basílio tentou se desculpar, e fazia todo o possível para não dar atenção à irmã, que acima de tudo carecia dos conhecimentos que ele tinha adquirido em Constantinopla, Antioquia e Atenas.

As coisas estavam nisto quando chegaram notícias desoladoras. Alguns anos antes Naucrácio, o irmão que em idade seguia Basílio, tinha se retirado para a propriedade campestre que a família possuía em Anesi. Ali ele levava uma vida de contemplação, atendendo às necessidades dos naturais do lugar. Um dia em que ele parecia se encontrar em perfeito estado de saúde ele saiu para pescar, e morreu de repente.

Estas notícias comoveram Basílio. Por causa de sua idade Naucrácio e ele tinham sido muito unidos. Nos últimos anos seus caminhos tinham se separado, pois enquanto Naucrácio tinha se separado da pompa do mundo Basílio tinha se dedicado precisamente a procurar esta pompa – e a tinha encontrado.

O golpe foi tão forte que Basílio decidiu reformar sua vida. Renunciou à sua cátedra e a todas as outras honras, e pediu a Macrina que lhe ensinasse os segredos da vida religiosa. Pouco antes o ancião Basílio tinha falecido, e foi ela quem se encarregou de consolar e fortalecer a família abatida.

A maneira de Macrina buscar esse consolo, todavia, consistia em fazer seus familiares pensar no gozo de vida religiosa. Por que não se retirar para as terras de Anessi, e se dedicar a uma vida de renúncia e contemplação? A verdadeira felicidade não está nas glórias deste mundo, mas em servir a Deus. E servir podemos muito melhor quando nos desembaraçamos de tudo que nos prende ao mundo. A vestimenta e a comida deviam ser simples. O leito, duro. E a oração, constante. Em outras palavras, Macrina propunha uma vida semelhante à que levavam os monges do deserto. Mas a isto se somava ainda outro elemento. Macrina e sua mãe Emília não viveriam sozinhas, mas tentariam recrutar um número reduzido de mulheres que quisessem acompanhá-las nesta nova vida.

Macrina, Emília e várias outras mulheres se retiraram para Anessi, enquanto Basílio, seguindo os sonhos de sua irmã, partia para o Egito e regiões circunvizinhas para aprender mais sobre a vida dos monges. Como mais tarde foi Basílio quem mais fez para difundir e regulamentar a vida monástica na igreja de fala grega, e como foi Macrina quem o inspirou, e que se dedicou a isto antes de seu irmão, podemos dizer que a verdadeira fundadora do monaquismo grego foi Macrina, que passou o restante de seus anos na comunidade monástica de Anessi. Mais adiante veremos como seu impacto foi grande sobre Basílio, que também abraçou a vida monástica.

Por fim, no ano 380, pouco depois da morte de Basílio, seu irmão Gregório de Nissa foi visitá-la. Sua fama era tão grande que ela era conhecida simplesmente como “a Mestra”. Gregório nos transmitiu informações valiosas sobre aquela visita em sua obra Sobre a alma e a ressurreição. Ele começa dizendo que “Basílio, grande entre os santos, tinha partido desta vida, e ido ter com Deus, e todas as igrejas sentiam que deviam lamentar sua morte. Mas sua irmã, a Mestra, ainda vivia, e por isto fui visitá-la”. Gregório, todavia, não encontraria facilmente consolo na presença de sua irmã, que estava sofrendo de um forte ataque de asma, em seu leito de morte. Gregório nos conta que “a presença da Mestra despertou toda minha dor, pois ela também estava prostrada para morrer”.

Macrina o deixou chorar, e depois que ele tinha expressado sua dor ela começou a consolá-lo falando-lhe da esperança cristã da ressurreição. Por fim, depois de tê-lo animado e consolado na fé, Macrina morreu tranquilamente. Gregório fechou seus olhos, pronunciou o ofício fúnebre, e saiu para continuar a obra que ela e seu irmão lhe tinham confiado.



História Ilustrada do Cristianismo - A era dos gigantesGONZALEZ, Justo L., Uma história ilustrada do cristianismo, Vol. 2, páginas 125 a 129, editora Vida Nova.

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