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Motivação do movimento missionário

Escrito por  Justo L. González, Carlos Cardoza Orlandi
Grande Comissão

Nesse ponto, convém voltarmos à tão mencionada “Grande Comissão”. Tal como é frequentemente citada, a passagem começa com as palavras: “Portanto, ide...”. A conjunção “portanto” implica sempre um antecedente, uma razão para o que segue. Nesse caso, esse antecedente são as palavras do próprio Jesus: “Todo poder me foi dado no céu e na terra. Portanto ide...”. Em última instância, a razão pela qual os crentes devem ir a todas as nações não é por termos pena dos que se perdem, ou porque nossa cultura seja superior, ou por termos algo a lhes ensinar. A principal razão é o senhorio universal de Jesus Cristo. Jesus disse que já é o Senhor de toda a terra. Não há lugar onde ele não esteja. Não há lugar para o qual seja necessário que os crentes o leve. O Senhor que era no princípio com Deus, por quem todas as coisas foram feitas, e que é a luz que ilumina todo ser, já está lá. Está atuando nos indivíduos e nas culturas, ainda que não o conheçam, ainda que sua presença seja anônima. Nesse sentido, o que todos crentes fazem, ao dar seu testemunho, é convidar outros a crer, levando-os ao conhecimento do nome de Jesus, de seus ensinamentos e de suas promessa. Mas não levar Jesus.

Se o Senhor Jesus já está ali ao chegarmos, isto quer dizer que, no empreendimento missionário, vamos ao encontro, não só de quem não crê, mas também de Jesus, em quem nós já cremos. Indo a esses lugares, onde ele nos disse que seu senhorio, apesar de desconhecido, é real, conhecemos um pouco mais dele e de seus propósitos. Assim, por exemplo, Pedro aprendeu um pouco mais do Evangelho ao pregá-lo ao pagão Cornélio e a igreja antiga aprendeu um pouco mais ao penetrar a cultura greco-romana.

Tudo isso significa que a história das missões, bem entendida, não é somente a história da expansão do cristianismo, mas também a história de suas muitas conversões - o que a Igreja já tem aprendido e descoberto em diversos tempos, lugares e civilizações.

História do movimento missionárioGONZÁLEZ, Justo L., ORLANDI, Carlos Cardoza, História do Movimento Missionário. São Paulo: Hagnos, 2008,pp. 20,21

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