Imprimir esta página

O Cânon dos Judeus

Escrito por  William Webster

Codex Sinaiticus

É importante determinar o cânon da Bíblia Hebraica antes da era da Igreja porque, como o apóstolo Paulo declara, os Judeus estavam comprometidos com “os oráculos de Deus” (Rm 3:2). Esta é uma declaração importante indicando que havia um corpo de escritos divinamente inspirados e autoritativos unicamente produzidos através da nação judaica. Identificá-los é crítico para o tema da autoridade porque somente estes livros que são verdadeiramente “os oráculos de Deus” são autoritativos para a Igreja. A questão é, o termo “os oráculos de Deus” se refere a um corpo reconhecido de escritos de um número específico ou o cânon estava aberto? Apologistas romanos argumentam que o cânon dos judeus estava aberto e de fato, veio a incluir os Apócrifos. Roma aponta para dois principais eventos históricos para dar suporte a suas declarações. O primeiro é o Concílio de Jamnia que se reuniu entre 75 e 117 d.C. Este concílio incluiu anciãos judeus que eram alegadamente responsáveis por oficialmente fechar o cânon das Escrituras Judaicas. Segundo, Roma aponta para os judeus de Alexandria que usavam a Septuaginta, a tradução grega das Escrituras Hebraicas. É argumentado que eles incluíram os Apócrifos junto com as Escrituras Hebraicas como seu corpo canônico, porque os manuscritos mais antigos que possuímos da Septuaginta contém alguns dos livros Apócrifos.

Protestantes rejeitam estes argumentos porque eles são uma má representação dos fatos. No tempo do Novo Testamento, o cânon da Bíblia Hebraica consistia de um número preciso de livros e foram ordenados de acordo com uma estrutura específica, provando que estava fechado muito tempo antes do tempo de Cristo. Testemunhas para o número e estrutura dos livros do cânon é confirmado por muitas fontes independentes, incluindo:

1. Jesus e o Novo Testamento

2. Os Apócrifos

3. Os Pseudoepígrafos

4. Filo

5. Josefo

6. Os Fariseus e Essênios

7. A tradução grega de Áquila da Bíblia Hebraica

8. Os primeiros Pais da Igreja

9. A Literatura Rabínica

O testemunho de Jesus e do Novo Testamento

Assim como Paulo se referiu às Escrituras do Velho Testamento em um sentido geral como “os oráculos de Deus”, Jesus (e outros escritores do Novo Testamento) também referiram ao Velho Testamento em termos gerais. Isto deixa claro que Jesus e os apóstolos tinham em mente certos livros que poderiam ser incluídos sob estes títulos gerais. Por exemplo, Jesus referiu ao Velho Testamento como a Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos. A “Lei de Moisés” era universalmente entendida como representando o Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Quando Jesus falou com seus discípulos no caminho para Emaús, Lucas registrou estes comentários: “E começando com Moisés e com todos os profetas, Ele explicou a eles as coisas a respeito de si mesmo em todas as Escrituras” (Lc 24:27). Novamente, estas são descrições gerais. Moisés e os Profetas são chamados “as Escrituras”. Mas Moisés e os Profetas compreendiam um específico grupo de livros. Outros títulos usados para representar os livros do Velho Testamento como uma coleção são: “a Lei”, “a Lei e os Profetas”, “as Escrituras” e “a palavra de Deus”. Estes títulos gerais confirmam que certos livros eram recebidos autoritativamente como Escrituras canônicas. Quando um judeu usava o termo “os Profetas”, todo mundo sabia que livros ele queria dizer. Este deve ter sido o caso de Paulo quando ele usou o termo “os oráculos de Deus”. Quando Jesus se referia às Escrituras em termos gerais, ele também frequentemente especificava livros particulares que ele considerava divinamente inspirados. Por exemplo, depois de ler Isaías na Sinagoga no começo de seu ministério, ele disse, “Hoje, esta Escritura foi cumprida aos vossos ouvidos” (Lc 4:21). Em seu conflito com os Saduceus, Jesus citou do Gênesis, prefaciando seus destaques com “Vocês não leram o que Deus disse a vocês?”. E em Marcos 12:10, Jesus cita os Salmos como Escrituras. Era também uma prática comum em Israel prefaciar uma referência às Escrituras canônicas com a declaração “Está escrito”. Em sua tentação por Satã, Jesus citou de Deuteronômio três vezes, cada vez introduzindo seus destaques com “Está escrito” (Mt 4:4,7,10). Nós vemos isto novamente em Lucas 19:46, onde ele cita Isaías e Jeremias, e em Marcos 14:27, onde ele cita Zacarias.

Claramente, então, quando Jesus se referia às Escrituras, ele tinha um conjunto específico de livros em mente. Jesus e os apóstolos aceitavam o cânon autoritativamente estabelecido pelos Judeus. Foi pelos Judeus que Deus produziu as Escrituras e para os Judeus que Deus as confiou. Como F.F. Bruce escreveu:

Nosso Senhor e seus apóstolos poderiam diferir dos líderes religiosos de Israel quanto ao significado das Escrituras. Todavia, não há qualquer sugestão de que eles divergissem sobre seus limites. As “Escrituras” sobre cujo significado eles diferiam não eram uma coleção amorfa: quando eles falavam das “Escrituras” sabiam que escritos tinham em mente e podiam distingui-los de outros que não estavam incluídos nas “Escrituras”1.

Se nós conhecermos o cânon que Jesus adotou então nós saberemos quais livros fazem parte dos “oráculos de Deus”. Roger Beckwith aponta o significado disto:

Para os cristãos, contudo, o ensino de Jesus, seus apóstolos e outros escritores do Novo Testamento também possui um significado teológico; pois se eles ensinarem o que era seu cânon do Velho Testamento, eles não ensinariam também para nós o que, para os cristãos, o cânon do Velho Testamento deveria ser?2

Jesus não nos deixou uma lista de livros inspirados do Velho Testamento. Contudo, seguindo a visão tradicional judaica do cânon, ele se referiu às Escrituras pela divisão tríplice da Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos. O termo Salmos era outra forma de se referir à terceira maior categoria de dos escritos canônicos hebraicos, comumente chamados de Hagiógrafos, dos quais os Salmos tinham o lugar mais proeminente. Assim, se nós pudermos determinar quais livros compunham cada uma destas categorias para os Hebreus, nós iremos então saber quais livros Jesus acreditava ser inspirados.

A estrutura do cânon hebraico

Historicamente, o cânon do Velho Testamento era dividido em três categorias maiores sob os títulos gerais de: a Lei, os Profetas e os Hagiógrafos. Como mencionado acima, esta classificação tríplice é referida por Jesus, mas há muitas testemunhas adicionais também, provando que isto não era apenas uma visão pessoal de Jesus, mas a tradição da nação Judaica como um todo. Antes de Jesus, há validações históricas para esta classificação tríplice, mais notavelmente do livro apócrifo de Eclesiástico; do historiador Judaico, Josefo; do filósofo judeu alexandrino, Filo; do Pai da Igreja, Jerônimo e da literatura rabínica. O prólogo da tradução grega de Eclesiástico, escrito por volta de 130 A.C. pelo neto de Jesus ben Sirah, declara:

Muitas e excelentes coisas foram entregues para nós pela Lei e os Profetas e por outros que seguiram seus passos, por quais coisas Israel deveria ser elogiado pelo aprendizado e sabedoria. E enquanto não somente os leitores precisam se tornar hábeis, mas também aqueles que desejam aprender sejam hábeis em ajudar os de fora, tanto pelo falar quanto pelo dizer, meu avô, Jesus, depois de se dedicar com afinco à leitura da Lei, dos Profetas e de outros livros de nossos pais, e de ter ganhado com eles excelente julgamento, se propôs a escrever algo a respeito do aprendizado e sabedoria; com o propósito de que aqueles que são desejosos de aprender e amam estas coisas, possam progredir muito mais em viver de acordo com a lei. Portanto deixem-me convidá-los a lê-lo com favor e atenção, e nos perdoar ali onde pareça, apesar de nossos esforços de interpretação, que não tenhamos acertado em alguma expressão. Pois aquilo traduzido para outra língua não tem a mesma força que as mesmas coisas expressas em hebraico. E não somente estas coisas, mas a própria Lei, os Profetas e o resto dos livros não apresentam pequena diferença quando são ditos em sua própria língua.3

Roger Beckwith comenta sobre estas declarações:

Parece, então, que para este escritor há três grupos de livros que possuem uma autoridade única, e que seu avô escreveu somente depois de ganhar grande familiaridade com eles, como seu intérprete, não como seu rival. O tradutor explicitamente distingue “estas coisas” (ou seja, Eclesiástico, ou composições hebraicas não canônicas tais como Eclesiástico) da “própria Lei e os Profetas e o resto dos Livros”. Além disto, ele considera até mesmo os Hagiógrafos como livros “ancestrais” (patrivwn), há muito tempo estimados por serem traduzidos para o grego, e seu número como completo (“os outros que seguiram seus passos”, “os outros Livros dos pais”, “o resto dos Livros”). E não somente ele declara que em seu próprio tempo havia este cânon tríplice, distinto de todos os outros escritos, nos quais até mesmo os Hagiógrafos formavam uma coleção fechada de livros antigos, mas ele implica que tal era o caso no tempo de seu avô também.4

É significante, como Beckwith aponta, que o autor separa o livro de Eclesiástico das Escrituras canônicas e não o inclui com elas.

Outra testemunha para a divisão tripartite do cânon do Velho Testamento é Josefo, um sacerdote, fariseu e historiador judeu que testemunhou a queda de Jerusalém em 70 A.C. Ele escreveu:

...nós não possuímos miríades de livros inconsistentes, conflitando uns com os outros, [como os gregos possuem]; mas nossos livros, aqueles que são justamente cridos, são somente 22... Destes, cinco são os livros de Moisés... os profetas depois de Moisés escreveram os eventos de seu próprio tempo em treze livros. Os quatro livros restantes contém hinos a Deus e preceitos para a conduta da vida humana.5

Josefo dividiu os livros em três seções: a Lei de Moisés, os Profetas e o que ele chamou de “hinos a Deus e preceitos para a vida humana”, também referidos como os Escritos ou os Hagiógrafos. Filo, um judeu alexandrino do primeiro século, em seu trabalho, De Vita Contemplativa, também testemunhou a divisão tripartite do cânon do Velho Testamento. Beckwith dá o seguinte pano de fundo e explicação para os comentários de Filo:

O De Vita Contemplativa dá um relato significativo das coisas que cada um dos Terapeutas leva consigo em sua oratória. Ele não leva nada das coisas comuns da vida, senão (as) Leis, e (os) Oráculos dados por inspiração através (dos) Profetas, e (dos) Salmos (u{mnou~), e os outros livros onde o conhecimento e a piedade são aumentados e completos... (De Vit. Cont. 25).

Os primeiros três grupos de livros aqui listados (sem o artigo, como é comum em títulos) parece corresponder bastante daqueles referidos pelo neto de Ben Sira e especialmente por Jesus, em Lucas 24. {Umnoi como Conybeare destaca, é o nome comum de Filo para os Salmos; e que aqui novamente ele não se refere simplesmente ao Saltério mas aos Hagiógrafos em geral é sugerido pelos apelos de Filo a Jó e Provérbios como Escrituras, e pelo apelo da comunidade de Qumran aos Provérbios e Daniel como Escritura... Os Terapeutas, com seu monasticismo, suas peculiaridades relativas ao calendário e seus livros e hinos sectários estavam claramente relacionados à comunidade de Qumran, e a declaração de Filo pode indicar que não somente ele, com suas inclinações farisaicas, mas também os Terapeutas, com suas inclinações essênicas, estavam acostumados a dividir o cânon em três seções. O único problema é o que significa “os outros livros (ou coisas) onde o conhecimento e piedade são aumentados e completos”. Estes são evidentemente também livros, tanto por causa do contexto quanto por eles “aumentarem o conhecimento”. A explicação mais provável é que eles são os livros fora do cânon aos quais os Terapeutas atribuíam quase igual autoridade. Filo não necessariamente compartilhava sua visão, não mais do que em outros pontos onde ele registra os pontos distintivos dos Terapeutas.6

É altamente significativo que Filo, vindo de Alexandria, onde a Septuaginta se originou, nunca citou dos Apócrifos. Herbert Edward Ryle faz estas observações sobre Filo e sua relação com os Apócrifos:

Os escritos de Filo, que morreu por volta de 50 D.C., não jogam muita luz positiva sobre a história do Cânon. Para ele, como outros judeus alexandrinos, a Lei apenas era no sentido mais alto o Cânon das Escrituras, e sozinha compartilhou da inspiração divina no grau mais absoluto. Os escritos de Filo, contudo, mostram que ele estava bem consciente de muitos outros livros do Velho Testamento além do Pentateuco. Ele cita de Josué, Juízes, Samuel, Reis, Isaías, Jeremias, os Profetas menores, Salmos, Provérbios, Jó e Esdras. De acordo com alguns estudiosos se diz que ele demonstra familiaridade com os livros dos Apócrifos. Mas isto é muito duvidoso; e, mesmo que isto seja reconhecido, ele certamente nunca apela a eles para dar suporte aos seus ensinos da forma que ele faz com os livros incluídos no Cânon hebraico, e nunca aplica a eles as fórmulas de citação que ele emprega ao se referir a livros reconhecidos das Escrituras Judaicas. Por comparações com suas citações do Pentateuco, suas citações de outros livros sagrados são muito raros; mas é observável que mesmo nestes poucos extratos ele atribui uma origem inspirada a Josué, Samuel, Reis, Esdras, Salmos, Provérbios, Isaías, Jeremias, Oseias e Zacarias. O valor negativo de seu testemunho é forte, apesar de não conclusivo, contra a canonicidade de qualquer livro dos Apócrifos, ou qualquer outro trabalho eventualmente incluído no Cânon hebraico.7

F.F. Bruce adiciona isto:

Filo de Alexandria (c. 20 a.C.- 50 d.C.) evidentemente só conhecia as Escrituras em sua versão grega. Ele foi um ilustre representante do judaísmo alexandrino e se o judaísmo alexandrino de fato confessou um cânon mais abrangente que o judaísmo palestino, deve-se esperar esperar encontrar algum sinal disso nos extensos escritos de Filo. Mas, na verdade, embora Filo não tenha deixado uma declaração formal dos limites do cânon como temos em Josefo, os livros que ele reconheceu como Escritura Sagrada eram muito certamente os livros incluídos na Bíblia hebraica tradicional... Ele não demonstra sinal de aceitação da autoridade de nenhum dos livros conhecidos como a Apócrifa.8

Jerônimo foi um estudioso de hebraico com professores judaicos que viveu por muitos anos na Palestina e escreveu no final do quarto e começo do quinto século. No prefácio de sua tradução Vulgata Latina dos livros de Samuel e Reis, Jerônimo deixou claro sua aceitação do cânon judaico da estrutura tríplice da Lei, Profetas e Hagiógrafos:

O primeiro destes livros é chamado Bresith, ao qual nós damos o nome de Gênesis. O segundo, Elle Smoth, que tem o nome de Êxodo; o terceiro, Vaiecra, que é Levítico; o quarto, Vaiedabber, que nós chamamos de Números; o quinto, Elle Addabarim, que é intitulado Deuteronômio. Estes são os cinco livros de Moisés, que eles propriamente chamam Thorath, que é lei. A segunda classe é composta dos Profetas... À terceira classe pertencem os Hagiógrafos...9

Em adição, a literatura rabínica dos primeiros séculos cristãos também fala de uma divisão tríplice do Velho Testamento. O Talmude babilônico em Baba Bathra 14 se referiu a esta divisão, documentando os livros de fato e sua ordem:

Nossos Rabis ensinaram: a ordem dos Profetas é Josué, Juízes, Samuel, Reis, Jeremias, Ezequiel, Isaías, os doze profetas menores...[Nossos Rabis ensinaram:] A ordem dos Hagiógrafos é Rute, o livro dos Salmos, Jó, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Lamentações, Daniel e o rolo de Ester, Esdras e Crônicas.10

F.F. Bruce nota que esta era uma tradição judaica de longo tempo, possivelmente do começo do primeiro século:

Uma das afirmações mais claras e antigas sobre essas três divisões e seus respectivos conteúdos aparece numa baraitha (uma tradição do período entre 70-200 d.C.) citada no Talmude Babilônico, no tratado Baba Bathra.11

McDonald explica a importância deste escrito:

Apesar de preservado no Talmude babilônico, esta passagem é geralmente entendida como uma baraita, ou seja, uma tradição do período tanaíta, 70 D.C.-200 D.C... É uma referência muito importante porque ela claramente identifica os escritos que constituíam a coleção de vinte e quatro livros dos escritos sagrados para os judeus e assume uma divisão tríplice do cânon bíblico.12

O número de livros no Cânon hebraico

A Bíblia hebraica não estava apenas estruturada de uma forma definida mas os livros que compunham o cânon estavam limitados a um número específico de ou vinte e dois ou vinte e quatro dependendo de como os livros estivessem organizados. Algumas vezes Rute era anexado a Juízes e Lamentações a Jeremias, fazendo o número ser vinte e dois. Quando listados separadamente o número aumentava para vinte e quatro. Esta numeração é encontrada em vários escritos históricos. Uma das testemunhas mais antigas do número vinte e dois é Josefo:

Pois não temos uma multidão incontável de livros entre nós, discordando de e contradizendo uns aos outros, [como os gregos possuem,] mas somente vinte e dois livros.13

Josefo não somente deu o número preciso de livros canônicos mas declarou que a nação judaica reconhecia só estes vinte e dois como canônicos. O que é importante sobre seu testemunho é que ele usou a versão da Septuaginta do Velho Testamento. Assim, mesmo que ele tivesse usado a versão grega, ele citou o cânon limitado dos hebreus. E como mencionado antes, Filo também usou a Septuaginta e não incluiu os Apócrifos como Escrituras canônicas autoritativas. Estes casos demonstram que não se segue que aqueles que usaram a Septuaginta aceitaram um cânon expandido, em particular, Jesus e os apóstolos. Ryle comenta sobre a importância do testemunho de Josefo:

Nós devemos lembrar que Josefo escreve como o porta-voz de seu povo, para defender a exatidão e suficiência de suas Escrituras, em comparação com as recentes e contraditórias histórias dos escritores gregos... Nesta controvérsia ele defende o julgamento de seu povo. Ele não expressa meramente uma opinião pessoal, ele afirma representar seus conterrâneos... Como então ele descreve os Livros Sagrados? Ele menciona seu número; ele fala deles como consistindo de vinte e dois livros. Ele os considera como uma coleção nacional bem definida. Ou seja, Josefo e seus conterrâneos, no início do segundo século D.C. Reconheciam uma coleção do que ele, pelo menos, chamava de vinte e dois livros, e não mais do que o Cânon das Escrituras Sagradas. Seria profanação pensar em aumentar, diminuir ou alterar este Cânon de qualquer forma.14

Alguns Pais da Igreja também testificaram a numeração tradicional judaica do cânon. Orígenes, que teve contato com judeus, escreveu que o número dos livros canônicos passados por eles era de vinte e dois15. Outros pais que listaram o número de livros como vinte e dois foram Hilário de Poitiers16, Cirilo de Jerusalém17, Atanásio18, Epifânio19, que era nativo da Palestina, Gregório de Nazianzo20, Basílio o Grande21, e Rufino22, enquanto que Jerônimo23 deu numerações de tanto vinte e dois quanto vinte e quatro. O trabalho pseudoepígrafo, Jubileus, encontrado entre a comunidade de Essênios em Qumran, também numerou os livros do Velho Testamento e foi provavelmente a testemunha mais antiga a numerar os livros que constituíam o cânon hebraico, predatando Josefo. Lee McDonald explica a importância desta obra:

Em uma edição posterior do antigo livro conhecido como Jubileus, há uma referência a uma coleção de vinte e dois livros das Escrituras assim como vários grupos importantes de vinte e dois nas tradições judaicas... O texto em questão lê:

Havia vinte e dois cabeças de Adão até Jacó, e vinte e dois tipos de trabalhos foram feitos antes do sétimo dia. O primeiro foi abençoado e santificado, e o último também foi abençoado e santificado. Um era como o outro com respeito à santificação e benção. E foi conferido ao primeiro que eles deveriam sempre ser os abençoados e santificados pelo testemunho e a primeira lei assim como ele santificou e abençoou o dia de Sábado no sétimo dia (Jubileus 2:23).

O texto de Symeon Logothetes é similar ao texto acima, exceto que ele lê no meio “portanto também havia vinte e duas letras e o mesmo número de livros entre os hebreus” e ao invés de “ele diz” este texto lê “Moisés diz”. Beckwith nota outra forma deste texto ocorrendo em Georgius Syncellus (cerca de 800 D.C.) que lê: “todas as obras são juntas vinte e duas, igual em número com os vinte e dois pais fundadores de Adão a Jacó”. Qual destas três tradições textuais é a mais antiga é debatível, mas se elas puderem ser datadas do primeiro século A.C., ou mesmo D.C., elas todas proveem evidência que a primeira instância do cânon de vinte e dois livros deve ser encontrada no livro de Jubileus que foi descoberto nos fragmentos de Qumran.24

A literatura rabínica talmúdica em Baba Bathra deu a lista de vinte e quatro. Como notado, este escrito foi considerado uma antiga tradição entre os judeus e, como iremos ver, ela dá uma identidade precisa daqueles vinte e quatro livros. Ela não inclui os Apócrifos.

Áquila, o prosélito judeu, é outra importante, senão indireta, testemunha do primeiro século para o número de livros. Ele traduziu o Velho Testamento hebraico para o grego, substituindo a Septuaginta por volta de 128-129 D.C. Os judeus se tornaram desencantados com a Septuaginta por causa de seu uso pelos cristãos. Áquila trabalhou para produzir uma tradução bastante literal sobre os auspícios dos judeus palestinos. Ele então teria seguido o cânon hebraico tradicional de vinte e dois ou vinte e quatro livros, excluindo os Apócrifos. Swete dá seu pano de fundo sobre Áquila:

Áquila, o tradutor, era do Ponto, da famosa cidade porto de Sinope... mas ele era de origem gentílica. Ele viveu no reino de Adriano (117-138 D.C.), e era uma conexão do Imperador... Adriano empregou seu pai para supervisar a construção da Aelia Capitolina na área de Jerusalém, e enquanto esteve ali, Áquila se converteu ao Cristianismo pelos cristãos que tinham retornado de Pela. Recusando-se, contudo, a abandonar a prática pagã da astrologia, ele foi excomungado; ao qual mostrou seu ressentimento ao submeter-se à circuncisão e se ligar aos Rabis judaicos. O propósito de sua tradução era colocar de lado a interpretação da LXX, por ela parecer dar suporte às visões da Igreja Cristã... Depois de sua conversão ao Judaísmo, Áquila se tornou um pupilo de R. Elezer e R. Joshua... ou, de acordo com outra autoridade, de R. Akiba... Era natural que a versão de Áquila seria recebida com alegria pelos seus correligionários. Seus professores o parabenizaram nas palavras do Salmo xlv.3. O Talmude cita ou se refere a sua tradução em não poucas passagens... Nos tempos de Orígenes ele era confiado implicitamente em círculos judaicos, e usado por todos os judeus que não entendiam hebraico... e a mesma preferência por Áquila parece ter sido característica dos judeus no quarto e quinto séculos.25

Swete nota que Áquila foi aprovado pelo Talmude, e desde que o Talmude aprovava apenas a visão tradicional de livros do cânon hebraico, parece claro que o número de livros que Áquila traduziu teria sido vinte e dois ou vinte e quatro.

A identidade dos Livros Canônicos Hebraicos

O cânon judaico não apenas incluiu uma clara divisão tríplice de um número específicos de livros, mas sua identidade foi também bem estabelecida. Obviamente, se Josefo e outros pudessem dizer que o cânon consistia de vinte e dois ou vinte e quatro livros, eles sabiam quais livros eles eram. A questão é, permitiria um cânon limitado a vinte e dois ou vinte e quatro livros incluir qualquer uma das obras dos Apócrifos? Os fatos históricos revelam que a resposta é não.

Para começar, os livros específicos que faziam parte do cânon do Velho Testamento podem ser deduzidos dos comentários de Josefo. Esta é a evidência existente mais antiga que temos dos livros do cânon:

Pois não temos uma multidão incontável de livros entre nós, discordando de e contradizendo uns aos outros, [como os gregos possuem,] mas somente vinte e dois livros, que contém os registros de todos os tempos passados; que corretamente se crê serem divinos; e destes cinco pertencem a Moisés, que contém suas leis e as tradições das origens da humanidade até sua morte. Este intervalo de tempo foi um pouco menor que três mil anos; mas do tempo entre a morte de Moisés até o reino de Artaxerxes, rei da Pérsia, que reinou depois de Xerxes, os profetas, que foram depois de Moisés, escreveram o que foi feito em seu tempo em treze livros. Os quatro livros restantes contém hinos a Deus, e preceitos para a conduta da vida humana. É verdade, nossa história foi escrita desde Artaxerxes bem particularmente, mas não foi estimada com a mesma autoridade que a anterior [escrita] pelos nossos pais, porque não houve uma exata sucessão de profetas desde aquele tempo; e quão firmemente nós temos dado crédito a estes livros de nossa própria nação é evidente pelo que fazemos; pois durante tantas eras como já se passaram, ninguém foi tão ousado em adicionar qualquer coisa a eles, tirar alguma coisa deles ou fazer alguma modificação neles; mas se tornou natural para todos os judeus imediatamente, e desde seu próprio nascimento, considerar que estes livros contém doutrinas Divinas, e persistir neles, se a ocasião for necessária, morrer por eles.26

Josefo escreve que o cânon consistia de cinco livros de Moisés, treze dos Profetas e quatro do que ele se referiu como hinos a Deus e preceitos para a vida humana. Está claro que esta perspectiva era uma mantida pelos judeus por longo tempo, que considerava estes vinte e dois livros apenas como de origem divina e eram cuidadosos em preservar a integridade e número deles. De fato, tão grande era a sua veneração destes livros, que eles eram capazes de morrer por eles. Certamente, tal compromisso implica uma convicção de que só estes livros eram verdadeiramente canônicos. Em adição, está claro que o cânon referido por Josefo não inclui os livros dos Apócrifos e que ele considerou o cânon estar fechado. Ele declara que vinte e dois livros foram escritos no espaço de tempo específico de Moisés a Artaxerxes e nenhum livro escrito depois deste tempo foi considerado inspirado. Ele menciona outros livros escritos depois dos profetas, que não eram considerados pelos judeus carregados de mesma autoridade, ou seja, eles não eram inspirados e não eram, então, canônicos. Esta é uma referência clara a um número de livros Apócrifos. John Wenham resume a importância de Josefo e seus escritos:

Josefo, nascido cerca de 37 D.C., foi talvez o mais distinto e erudito judeu de seus dias. Seu pai foi um sacerdote e sua mãe foi descendente dos reis Macabeus. Recebendo a melhor educação possível, ele provou ser algo como um prodígio... O que é particularmente interessante sobre a declaração de Josefo é a clara distinção entre livros canônicos que estavam completos no tempo de Artaxerxes e aqueles escritos depois que não eram considerados dignos de igual crédito “porque a exata sucessão de profetas terminou”. A ideia evidentemente é que os livros canônicos foram escritos (ou creditados) pelos profetas, mas que quando a era profética terminou, nenhum livro apropriado para o cânon foi escrito... Josefo se compromete com uma data bem precisa para o fechamento do Cânon. Artaxerxes Longimanus reinou por quarenta anos, de 465 to 425 A.C. Esdras veio a Jerusalém no sétimo e Neemias no vigésimo ano de seu reinado (Ed 7:1,8; Ne 2:1). Em adição a Josefo há várias outras testemunhas que apontam para o tempo de Esdras e Neemias, com ocasionais referências ao ministério de Ageu, Zacarias e Malaquias, como o tempo de reunião, término e reconhecimento do Velho Testamento.27

F.F. Bruce explica como os livros precisos podem ser inferidos das declarações de Josefo:

Quando Josefo fala de 22 livros, provavelmente refere-se exatamente aos mesmos documentos contidos na contagem tradicional judaica de 24 livros, tendo Rute como um apêndice a Juizes e Lamentações na mesma situação para com Jeremias. Suas três divisões poderiam ser chamadas de Lei, Profetas e Escritos. Sua primeira divisão compreende os mesmos cinco livros da primeira divisão no arranjo tradicional. Sua segunda divisão, no entanto, tem treze livros, não oito, sendo os cinco adicionais, provavelmente, Jó, Ester, Daniel, Crônicas e Esdras-Neemias. Os quatro livros da terceira divisão seriam então Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos. É impossível termos certeza, porque não são especificados individualmente os livros de cada uma das três divisões.

É pouco provável que a classificação apresentada por Josefo tenha sido originada por ele ou seja exclusivamente sua. Ele provavelmente reproduz uma tradição que lhe era familiar havia algum tempo, que teria aprendido no círculo sacerdotal no qual nascera, ou entre os fariseus com os quais se associara na juventude.28

Ryle oferece esta observação adicional:

Ele registra um teste de sua canonicidade. Ele menciona o padrão que, aparentemente, na opinião judaica corrente, todos os livros que estavam inclusos no Cânon satisfaziam. Nenhum escrito histórico, parece, pertenceu a ele, já que foram considerados compostos depois do reinado de Assuero. A menção deste limite particular parece ser feito expressamente com referência ao livro de Ester, somente onde o Artaxerxes de Josefo (o Assuero do livro hebraico de Ester) figura. Assim, nós aprendemos que um teste popularmente aceito, o da data de composição, embora erroneamente aplicado, determinou a questão da canonicidade. No primeiro século D.C., a impressão prevaleceu que os livros do Cânon eram todos antigos, que nenhum era mais recente que Assuero, e que todos há muito tempo haviam sido considerados como canônicos. O mesmo limite de data, apesar de não tão claramente aplicado aos livros poéticos, deveria, com toda probabilidade, ser aplicado igualmente a eles, já que eles combinavam com os livros dos profetas em jogar luz sobre a mesmo período da história. Que tal padrão de canonicidade de antiguidade fosse afirmado, de forma tão crua como possa parecer, deveria ser suficiente para nos convencer que os limites do Cânon ficaram por um longo tempo indisputados.29

Jerônimo, famoso por traduzir o Velho Testamento hebraico para o latim, tinha a intenção de traduzir apenas aqueles livros considerados canônicos pelos judeus. Ele não apenas testemunha a classificação tríplice tradicional da Bíblia hebraica, mas também quais livros compunham cada categoria. Sua lista é essencialmente a mesma que é inferida dos escritos de Josefo. Os livros específicos que ele lista são:

1) A Lei de Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

2) Os Profetas: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores.

3) Os Hagiógrafos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico de Salomão, Daniel, Crônicas, Esdras-Neemias e Ester.30

Obviamente, se o número de livros canônicos é vinte e dois isto excluiria os Apócrifos. Jerônimo declara claramente que os Judeus não recebem os livros dos Apócrifos como canônicos.31 Agostinho concorda, escrevendo:

Durante o mesmo tempo também aquelas coisas que estão escritas no Livro de Judite foram feitas, o qual, de fato, os judeus dizem que não foi recebido no cânon das Escrituras... E o reconhecimento de suas datas é encontrado; não nas Sagradas Escrituras que são chamadas canônicas, mas em outros, entre os quais estão também os livros dos Macabeus. Estes são tidos como canônicos, não pelos judeus, mas pela Igreja, com base no extremo e “maravilhoso” sofrimento de certos mártires... Os judeus não possuem esta Escritura que é chamada Macabeus, como eles possuem a lei e os profetas, aos quais o Senhor dá testemunho como sua testemunha. Mas é recebido pela Igreja não sem vantagem, se for lido e ouvido de forma sóbria, especialmente por causa da história dos Macabeus, que sofreram tanto pelas mãos dos perseguidores para o bem da lei de Deus.32

Orígenes e Epifânio também testificam que os judeus rejeitavam certos Apócrifos. Orígenes escreveu que os judeus tinham uma consideração inferior por Judite e Tobias, nunca os aceitando como canônicos33, e Epifânio declarou que eles rejeitavam Eclesiástico, Sabedoria, Baruque e a Epístola de Jeremias. Isto é confirmado por Beckwith em seus comentários sobre a lista canônica do Velho Testamento dada por Epifânio:

Os conteúdos das listas parecem ser exatamente idênticos com os conteúdos das listas de Jerônimo. Os únicos apêndices a livros são Rute adicionado a Juízes e Lamentações adicionado a Jeremias. Eclesiástico e Sabedoria são firmemente declarados fora do cânon judaico... no capítulo 5 ele fala das epístolas de Baruque (tradução siríaca, “de Jeremias e Baruque”) sendo reconhecidas com Jeremias. Mas último lugar citado ele adiciona que as duas epístolas não são incluídas pelos judeus... 34

Outro pedaço de evidência histórica para o número de livros canônicos do Velho Testamento é a obra apocalíptica pseudoepígrafe de 2 Esdras, depois conhecida como 4 Esdras, composta por volta do ano 100 D.C. Ela numera os livros do cânon hebraico em vinte e quatro, implicando que como uma coleção, estes livros foram aceitos como canônicos desde os dias de Esdras e Neemias. Beckwith provê o seguinte pano de fundo sobre esta obra e seu significado sobre a questão do cânon:

No capítulo 14 de 2 Esdras, é declarado que Moisés publicasse abertamente algumas coisas reveladas para ele e algumas coisas deveriam ser escondidas (vv. 4-6), mas que quando os babilônios conquistassem Judá, as Leis de Deus seriam queimadas (v. 21). Esdras é então representado como sendo inspirado pelo Espírito Santo para ditar as Leis de Deus todas novamente para os escribas, e como recebendo o comando “quando você terminar, algumas coisas você deverá publicar abertamente, e algumas coisas você deverá entregar em segredo para os sábios” (vv. 22-26). Tudo isto foi feito no espaço de quarenta dias (vv. 36-43).

Então em quarenta dias foram escritos oitenta e quatorze livros. E aconteceu que, quando os quarenta dias foram cumpridos, que o Altíssimo falou comigo, dizendo, “Os primeiros que você escreveu publique abertamente, e que os dignos e indignos o leiam. Mas mantenha os últimos setenta, para que você possa mandá-los para os que forem sábios entre o povo, pois neles estão as fontes do entendimento, a fonte da sabedoria, e os rios de conhecimento”. E eu fiz assim (vv. 44-8).

Destes 94 livros, os setenta que Esdras é instado a manter para os poucos especialmente privilegiados são sem dúvida os numerosos apocalipses pseudônimos dos quais 2 Esdras é ele mesmo um exemplo, livros apreciados em círculos limitados, enquanto que os 24 que podem ser publicados abertamente para os dignos e indignos poderem ler mesma forma devem ser os livros do cânon.35

Outra testemunha para os livros precisos do cânon vem do Talmude judaico, escritos rabínicos datados de 200 a 500 D.C. No Talmude Babilônico, Baba Bathra 14b, datado do final do quinto século, há uma declaração explícita dos livros que compunham a estrutura tripartite do cânon:

Nossos Rabis ensinaram: a ordem dos Profetas é Josué, Juízes, Samuel, Reis, Jeremias, Ezequiel, Isaías, os doze Profetas Menores...[Nossos Rabis ensinaram:] A ordem dos Hagiógrafos é Rute, o livro de Salmos, Jó, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Lamentações, Daniel e o rolo de Ester, Esdras e Crônicas…Quem escreveu as Escrituras? - Moisés escreveu seu próprio livro e a porção de Balaão e Jó. Josué escreveu o livro que tem seu nome e [os últimos] oito versos do Pentateuco. Samuel escreveu o livro que tem seu nome e o livro de Juízes e Rute. Davi escreveu o livro de Salmos, incluindo ele na obra dos dez anciãos, a saber, Adão, Melquisedeque, Abraão, Moisés, Hemã, Yeduthun, Asafe e três filhos de Corá, Jeremias escreveu o livro que tem seu nome, o livro de Reis e Lamentações. Ezequias e seus colegas escreveram (mnemônico YMSHQ) Isaías, Provérbios, Cântico dos Cânticos e Eclesiastes. Os Homens da Grande Congregação escreveram (mnemônico QNDG) Ezequiel, os Doze Profetas Menores, Daniel e o rolo de Ester. Esdras escreveu o livro que tem seu nome e as genealogias do livro de Crônicas até seu próprio tempo. Isto confirma a opinião de Rab (220~450), já que Rab Judah (250-290) disse em nome de Rab: Esdras não deixou a Babilônia para ir a Eretz Yisrael até que tivesse escrito sua própria genealogia. Quem então o terminou [o livro de Crônicas]? - Neemias o filho de Hacalias36.

Como observamos antes, esta lista foi apresentada como uma tradição antiga, como algo passado pelos rabis. Os comentários de McDonald merecem repetição:

Apesar de preservado no Talmude babilônico, esta passagem é geralmente entendida como uma baraita, ou seja, uma tradição do período tanaíta, 70 D.C.-200 D.C... É uma referência muito importante porque ela claramente identifica os escritos que constituíam a coleção de vinte e quatro livros dos escritos sagrados para os judeus e assume uma divisão tríplice do cânon bíblico.37

Ao listar os livros canônicos, o Talmude exclui os Apócrifos e é precisamente igual em conteúdo ao que foi dado por Jerônimo e é inferido pelos escritos de Josefo no primeiro século. Isto nos traz de volta a Áquila, que, como vimos, traduziu a Bíblia Hebraica para o grego sob os auspícios do Judaísmo palestino. Então ele teria seguido o cânon tradicional dos judeus de vinte e dois ou vinte e quatro livros, como expresso por Jerônimo e a baraita dos escritos Talmúdicos, excluindo com isto os Apócrifos. Adicionalmente, havia outras versões gregas das Escrituras que não incluíam os Apócrifos, como a produzida por Teodócio.

Outro ponto a ser notado é que dois dos livros Apócrifos se eliminam da consideração canônica por causa de seu testemunho interno. O autor de 1 Macabeus escreveu que ao tempo da escrita de sua obra não havia profeta em Israel (1Mc 4:46). Ao fazer isto ele estava admitindo que não era um profeta e então não era inspirado. McDonald explica:

O autor de 1 Macabeus 9 (cerca de 100 A.C.), escrevendo sobre os tempos difíceis em Israel depois da morte de Judas Macabeu, achava que os profetas em Israel assim como o espírito de profecia havia ido embora e que literatura inspirada então havia cessado. Depois que Judas Macabeu retomou o templo dos Selêucidas, que o profanaram, ele designou sacerdotes para purificá-lo, e nós lemos que os sacerdotes destruíram o altar do templo “e guardaram as pedras em um lugar conveniente no morro do templo até que viesse um profeta e dissesse o que fazer com elas” (1 Mc 4:46 RSV). A visão de que não havia profeta na terra era parte do pensamento do escritor de 1 Macabeus (1Mc 9:27; 14:41).38

O neto do autor de Eclesiástico deixou claro que o cânon estava estabelecido bem antes de seu avô escrever somente como intérprete e comentarista, não como profeta. Estes livros nunca foram recebidos como canônicos pelos judeus. Claramente, o cânon Protestante é consistente com o cânon hebraico. A Nova Enciclopédia Católica afirma:

Pois o Velho Testamento que os Protestantes seguem é o cânon judaico; eles possuem apenas os livros que estão na Bíblia Hebraica. Católicos possuem, em adição, sete livros deuterocanônicos do Velho Testamento.39

Apologistas Católicos Romanos objetam a estas conclusões a respeito da estrutura e número de livros no cânon com três pontos fundamentais. Primeiramente, eles afirmam que o uso da Septuaginta por alguns judeus sugere que os judeus não tinham um cânon fixo. Eles contendem que apesar dos judeus da Palestina serem mais conservadores, os judeus de Alexandria abraçavam um cânon mais amplo que incluía os Apócrifos. Isto é visto, dizem eles, pelo fato de que a Septuaginta, que originou-se em Alexandria, incluía os Apócrifos e era a Bíblia comumente usada por Jesus e os escritores do Novo Testamento. Consequentemente, eles mantêm que já que eles usaram a Septuaginta, eles deveriam ter aceito os Apócrifos igualmente. Em segundo lugar, Católicos Romanos argumentam que o Concílio de Jamnia, composto de anciãos judeus depois da queda de Jerusalém em 70 D.C., debateu o status canônico de alguns livros, provando que o cânon palestino não estava fechado ou era um tema estabelecido. Em terceiro lugar, Católicos Romanos clamam que os essênios mantinham um cânon mais amplo do que o mantido tradicionalmente na Palestina. Nós iremo endereçar cada uma destas objeções.

A Septuaginta e a Teoria do Cânon Duplo

A Septuaginta é a tradução grega do Velho Testamento Hebraico. No tempo de Cristo era a Bíblia usada pelos judeus de fala grega em em alguma extensão até para os judeus na Palestina. É citada por Jesus e os escritores do Novo Testamento, apesar de não exclusivamente. Nos tempos do Novo Testamento, acreditava-se que a Septuaginta era inspirada por causa de uma lenda sobre sua origem. Esta lenda era amplamente crida pelos primeiros Pais da Igreja que influenciou enormemente sua veneração pela Septuaginta. F.F. Bruce dá o seguinte pano de fundo:

Com o decorrer do tempo, uma lenda foi vinculada a essa versão grega da Lei, que dizia que foi o trabalho de setenta ou talvez 72 anciãos de Israel, trazidos a Alexandria para este fim. É por causa dessa lenda que se vinculou a essa versão o termo Septuaginta (do latim septuaginta, “setenta”). Com o tempo, o termo veio a ser vinculado a todo Antigo Testamento em grego e a lenda original sobre os setenta foi incrementada. A lenda foi originalmente registrada em um documento chamado Carta de Aristeas, que conta como os anciãos completaram a tradução do Pentateuco em 72 dias, obtendo uma versão concordante como resultado de constante consulta e comparação. Incrementos posteriores não somente estenderam a obra para que cobrisse todo o Antigo Testamento, mas falaram da forma como os anciãos foram separados em câmaras individuais por todo o tempo de trabalho e produziram 72 versões idênticas – prova conclusiva, diziam, da inspiração divina da obra!40

Uma das razões que os Católicos Romanos argumentam por um cânon mais amplo é que os manuscritos mais antigos existentes da Septuaginta contém alguns livros Apócrifos. Estes manuscritos são: Vaticanus (começo do quarto século), Sinaiticus (começo do quarto século) e Alexandrinus (começo do quinto século). Os livros Apócrifos de Sabedoria, Eclesiástico, Judite e Tobias estão incluídos em todos os três, mas há também diferenças. O Vaticanus não inclui qualquer dos livros de Macabeus, enquanto que o Sinaiticus inclui 1 e 4 Macabeus e o Alexandrinus inclui 1, 2, 3 e 4 Macabeus e uma obra chamada Salmos de Salomão. Se a inclusão de um livro no manuscrito prova sua canonicidade, como Católicos Romanos declaram, então 3 e 4 Macabeus eram canônicos. Contudo, nós sabemos com certeza que este não era o caso. É também verdade que a Septuaginta incluiu alguns apêndices aos livros canônicos do Velho Testamento, tais como Ester, 1 Esdras, as adições a Daniel (Canção das Três Crianças, Bel e o Dragão e Susanna), e as adições a Jeremias (Baruque e a Epístola de Jeremias). Mas como Henry Swete aponta, nenhum destes livros, ou o resto dos Apócrifos, eram parte do cânon hebraico:

Os manuscritos e muitas das listas do Velho Testamento grego incluíam certos livros que não acham lugar no cânon hebraico. O número destes livros varia... mas as coleções mais completas contém o seguinte: I Esdras, Sabedoria de Salomão, Sabedoria de Siraque, Judite, Tobias, Baruque e a Epístola de Jeremias, 1-4 Macabeus. Nós podemos adicionar os Salmos de Salomão, um livro que foi algumas vezes incluído nos Manuscritos de livros salomônicos, ou, em Bíblias completas, no final do Cânon...41

Além disto, devemos contar com o testemunho de Josefo. Ele usava a Septuaginta mas sua citação do cânon hebraico não inclui os Apócrifos. Há vários problemas com as pressuposições Católicas Romanas. Primeiro de tudo, os manuscritos da Septuaginta são todos de origem cristã do quarto e quinto séculos ao contrário de Alexandria no Egito. Nós não sabemos com certeza se a própria Septuaginta incluía os livros dos Apócrifos como Escrituras canônicas. Segundo, como já mencionado, havia livros nestes manuscritos que nunca foram considerados canônicos pelos judeus ou pela Igreja, em particular 3 e 4 Macabeus. Então, só porque um livro estava listado nos manuscritos não significa que ele era canônico. Isto simplesmente significa que estes livros eram lidos na Igreja. Isto provavelmente tem paralelo na perspectiva geral dos pais da Igreja primitiva. Durante a era da Igreja, certos livros foram designados canônicos enquanto outros foram chamados eclesiásticos, mas foram todos agrupados sem distinção. Os livros eclesiásticos foram úteis para leitura e edificação mas não eram autoritativos para o estabelecimento de doutrina. Esta posição foi mantida por tanto Atanásio quanto Cirilo de Jerusalém, que usaram a Septuaginta, mas foram cuidadosos em excluir os livros Apócrifos do status de Escrituras canônicas. Isto era também a prática dos judeus da Palestina. Enquanto rejeitavam Tobias e Judite como canônicos, eles ainda os liam. Isto é visto das declarações de Josefo que usava a Septuaginta mas excluía os livros Apócrifos do status de canônico. Uma situação similar existiu entre os judeus de fala grega que podem ter incluído eles na Septuaginta. Filo que morava em Alexandria e usou a Septuaginta, não cita os Apócrifos como canônicos, mas referiu a uma quarta classe de livros que eram muito estimados mas não considerados canônicos. Como Lee McDonald escreve, não há evidência que os judeus de Alexandria mantinham um cânon mais amplo do que aqueles da Palestina:

O maior problema com a teoria do cânon alexandrino é que não há listas ou coleções que alguém pode olhar para ver quais livros o compunham. O próprio Pfeiffer reconheceu que ninguém sabe qual era o cânon dos alexandrinos e outros judeus da Diáspora antes da LXX ser condenada na Palestina, cerca de 130 D.C. Há muito tempo atrás E. Reuss concluiu que nós sabemos nada sobre a LXX antes do tempo que a igreja fez uso extensivo dela. Isto inclui a condição do texto e sua forma assim como sua extensão. Outro problema com a teoria do cânon alexandrino é que não se demonstrou conclusivamente que os judeus alexandrinos ou outros judeus da Dispersão tinham mais probabilidade de adotar outros escritos como escrituras sagradas do que os judeus da Palestina nos dois séculos A.C. e no primeiro século D.C. Além disto, não há evidência ainda que mostre a existência de um diferente cânon de escrituras em Alexandria em comparação à Palestina do século segundo A.C. até o segundo século D.C... Já que as comunicações entre Jerusalém e Alexandria eram consideradas boas durante o primeiro século A.C. e D.C., não é certo que tanto a noção quanto a extensão das divinas escrituras seriam visivelmente diferentes entre os dois locais durante o período antes de 70 D.C... Apesar dos judeus da Dispersão serem mais afetados pelo helenismo do que os judeus da Palestina, há pouca evidência para demonstrar que esta influência também afetou sua noção de escrituras ou de limites à suas escrituras.42

F.F. Bruce confirma estas conclusões quando diz:

Frequentemente sugere-se que, enquanto o cânon dos judeus da Palestina limitava-se aos 24 livros da Lei, Profetas e Escritos, o cânon dos judeus de Alexandria era mais abrangente. Não há evidência de que tenha sido assim: de fato, não há evidências de que os judeus de Alexandria tenham um dia promulgado um cânon das Escrituras.43

John Wenham provê estes criteriosos comentários sobre o cânon judaico e a popularidade da Septuaginta:

A verdade parece ser que os judeus eram perfeitamente claros quanto aos limites do Cânon apesar do fato de que eles liam e estimavam grandemente vários outros livros. Os escritos apocalípticos tinham particular popularidade em uma Palestina fervendo com a esperança messiânica, e os livros apócrifos que buscaram reconciliar o judaísmo com a filosofia grega tinham particular popularidade no judaísmo helenístico, especialmente em centros culturais como Alexandria. Mas, como Josefo e Filo mostram por suas citações assim como por seus comentários diretos sobre o assunto, conhecimento e uso da tradução da Septuaginta da Lei, Profetas e Hagiógrafos não implicam no reconhecimento da canonicidade dos livros apócrifos que foram incorporados nos códices tardios.44

O concílio de Jamnia

Frequentemente se argumenta que por o Concílio de Jamnia ter debatido o status canônico de vários livros do Velho Testamento, os rabis envolvidos tinham a autoridade de fazer uma decisão final sobre a extensão do cânon. Historicamente, havia alguns livros do cânon hebraico que eram fonte de debate no judaísmo sobre sua inspiração. Tradicionalmente estes eram Ezequiel, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos e Ester. Mas só porque havia debate, não se segue que havia sérias dúvidas entre a maioria de seu status canônico ou que ele estava em aberto. Este é certamente o caso com Jamnia. O fato é, a discussão dos livros não estava concluída sobre se certos livros, previamente considerados não canônicos, deveriam receber o status canônico, mas se aqueles tradicionalmente considerados canônicos, deveriam se manter assim. Nunca houve a discussão de aceitar qualquer dos livros Apócrifos no cânon. Roger Beckwith deixa isto claro:

A teoria de que um cânon aberto foi fechado no Sínodo de Jamnia por volta de 90 D.C. é traçado até Heinrich Graetz em 1871, que propôs (bem mais cautelosamente do que tem sido o costume depois) que o Sínodo de Jamnia conduziu ao fechamento do cânon. Apesar de outros terem ultimamente expressado hesitações sobre a teoria, sua completa refutação foi obra de J.P. Lewis e S.Z. Leiman. O resultado combinado de suas investigações é o seguinte:

(a) O termo “sínodo” ou “concílio” é inapropriado. A academia de Jamnia estabelecida pelo Rabi Johanan ben Zakkai pouco antes da queda de Jerusalém em 70 D.C., era tanto um colégio como um corpo legislativo, e a ocasião em questão era uma sessão dos anciões ali.

(b) A data da sessão deve ter sido tão antigo quanto 75 D.C. ou tão tarde quanto 117 D.C.

(c) A respeito dos livros disputados, a discussão foi confinada à questão de se Eclesiastes e Cântico dos Cânticos (ou possivelmente Eclesiastes apenas) faz as mãos impuras, ou seja, são divinamente inspiradas.

(d) A decisão alcançada não foi considerada autoritativa, já que opiniões contrárias continuaram a ser expressas através do segundo século.45

Como Bruce confirma, o Concílio de Jamnia não mudou nada relativo ao status canônico de qualquer livro do Velho Testamento:

No que dizia respeito às Escrituras, os rabinos de Jamnia não introduziram inovações. Examinaram a tradição que tinham recebido e a deixaram mais ou menos intacta. Provavelmente não é sábio falar de um Concílio ou Sínodo de Jamnia que tenha estabelecido os limites do cânon do Antigo Testamento.46

A teoria de Jamnia não tem suporte porque os Apócrifos nunca foram considerados para o cânon. Eles nunca foram discutidos. Mesmo que Jamnia tivesse fechado o cânon (sugerindo que ele estivesse aberto), os Apócrifos nunca foram parte da discussão. E a história do judaísmo depois de Jamnia demonstra que os Apócrifos nunca foram aceitos pelos judeus. Novamente, nós observamos isto no testemunho de Áquila, que traduziu a Bíblia Hebraica para o grego depois de Jamnia. Seu cânon concorda com os escritos talmúdicos, que era o cânon catalogado por Jerônimo e Josefo. A obra de Áquila prova que a Bíblia judaica aceita incluía os cinco livros disputados, como no tempo de Josefo, mas não os Apócrifos. Jamnia não mudou nada com respeito ao cânon. Como Beckwith aponta:

Nós temos evidências nos fragmentos que sobreviveram da tradução de Áquila que (apesar de não haver qualquer indício dele incluir qualquer livro apócrifo) ela incluía todos os cinco livros disputados... As credenciais rabínicas de Áquila são incontestáveis, e seu trabalho mostra que, o que rabis individualmente disseram antes de 128-129 D.C. ou depois, a Bíblia judaica aceita naquela data incluía os livros disputados, assim como era feito no tempo de Josefo, trinta ou mais anos antes.47

Isto nos leva à conclusão de Ryle:

A Mishnah registra como disputas surgiram entre rabis judeus sobre a canonicidade de certos livros, e, em particular, dos livros dos Hagiógrafos, e como dúvidas foram aliviadas através da influência de homens como Rabi Johanan ben Zaccai e Rabi Akiba, que morreram por volta de 135 D.C. (Yadaim, iii.5). A linguagem que se diz terem usado mostra, acima de qualquer dúvida, que eles aceitavam a divisão tripartite do cânon, e que, mesmo enquanto eles discutiam a qualidade dos livros cujo direito de ter uma posição no Cânon das Escrituras foi questionado por alguns, eles nunca duvidaram que o conteúdo do Cânon tinha sido determinado.48

Os Essênios

Os essenos eram um grupo judeu extremista que se separou do judaísmo majoritário durante o segundo século A.C. Seus escritos foram descobertos nos Rolos do Mar Morto em Qumran. Eles parecem ter aprovado uma categoria mais ampla de livros que os tradicionais vinte e dois ou vinte e quatro do cânon hebraico, sugerindo a alguns que o cânon não estava fechado no Judaísmo palestino. As descobertas dos Rolos do Mar Morto demonstram que havia muitos escritos adicionais às Escrituras canônicas do Velho Testamento Hebraico na comunidade dos essênios. Contudo, isto não significa que eles mantinham um cânon mais amplo. Os essênios produziram um corpo significativo de literatura apocalíptica pseudoepígrafe, mas eles não consideravam estes serem inspirados. Eles foram enormemente estimados como interpretações autoritativas dos livros canônicos, mas não se cria ser Escrituras canônicas. A obra pseudoepígrafe Jubileus se originou com os essênios e diz que o número dos livros canônicos é de vinte e dois, o mesmo que foi dado por Josefo o fariseu. Este fato mina a teoria de um cânon dos essênios mais amplo e leva à conclusão de que o cânon dos essênios era o mesmo do judaísmo em geral. F.F. Bruce enfatiza que não havia desacordo essencial entre os fariseus, essênios e saduceus sobre a natureza do cânon:

É provável, sem dúvida, que por volta do início da era cristã, os essênios (inclusive a comunidade de Qumran) estivessem em acordo substancial com os fariseus e saduceus com respeito aos limites das Escrituras hebraicas. Pode ter havido diferença de opinião e prática com respeito a um ou dois dos “Escritos”, mas os desacordos entre os partidos religiosos relembrados na tradição judaica têm muito pouco a ver com os limites do cânon. A ideia de que os saduceus (como os samaritanos) reconheciam apenas o Pentateuco como Escritura Sagrada é baseada em uma compreensão errônea: quando Josefo, por exemplo, diz que os saduceus não “admitiam qualquer observância à parte das leis”, não quer dizer o Pentateuco, mas não os Profetas e os Escritos, mas indica a lei escrita (do Pentateuco), e não a lei oral (as interpretações e aplicações farisaicas da lei escrita, que como a própria lei escrita, eram consideradas como recebidas e transmitidas por Moisés).49

Como Beckwith nota, desde que a estrutura tríplice e o número preciso de livros é suportado por tantas fontes, a evidência sugere fortemente que esta estrutura e número estavam fixos no tempo do Novo Testamento. Então, Jesus e seus apóstolos estavam familiarizados com um cânon fechado das Escrituras do Velho Testamento que sozinhos eram inspirados – os oráculos de Deus entregues aos judeus:

É difícil conceber o cânon sendo organizado de acordo com um princípio racional, ou seus livros sendo arranjados em uma ordem definida, a menos que a identidade destes livros já estivesse estabelecida e o cânon fechado, ainda mais difícil e conceber estes livros sendo contados, e o número sendo geralmente aceito e bem conhecido, se o cânon se manteve aberto e a identidade de seus livros incerto. Mesmo se não houvesse (como de fato há) evidência para mostrar quais os livros que foram contados, algumas vezes alfabeticamente como 22, algumas vezes simplesmente 24, a pressuposição de que a identidade dos livros deve ter sido decidida antes que eles fossem contados ainda se manteria boa, e que a concordância sobre seu número implica concordância sobre sua identidade. E tal concordância, como nós agora temos visto, provavelmente foi alcançada pelo segundo século A.C... O fato de que o cânon do Velho Testamento, ao qual o Novo Testamento em várias outras formas se refere, tinha um número definido de livros nos tempos do Novo Testamento é uma indicação a mais de que Jesus e seus primeiros seguidores estavam familiarizados com um cânon fechado, e recomendaram um cânon fechado à Igreja Cristã.50

Alguns objetam a estas conclusões dizendo que há muitas referências dos escritores do Novo Testamento aos Apócrifos e, então, nós não podemos legitimamente manter a visão de que Jesus e os apóstolos adotaram o cânon limitado dos judeus palestinos. As provas oferecidas para isto são as citações listadas na edição de Nestle-Aland do Novo Testamento Grego que inclui um apêndice de supostas referências e alusões aos Apócrifos e outros escritos usados pelos escritores do Novo Testamento. Contudo, a ilegitimidade deste apêndice se torna aparente ao se examinar algumas das alusões dadas. Por exemplo, nos é dito que Mateus 4:4 é uma alusão à Sabedoria de Salomão 16:26. Na verdade, é uma direta citação de Deuteronômio 8:3 Nos é dito também que Mateus 4:15 é uma alusão a 1 Macabeus 5:15, mas o verso é uma citação direta de Isaías 9:1. F.F. Bruce dá esta crítica à compilação de Nestle-Aland:

A edição do Novo Testamento grego de Nestle-Aland (1979) possui um índice de textos do Antigo Testamento citados ou aludidos no Novo Testamento, acompanhado de um índice de alusões não somente à “adição da Septuaginta”, mas também a outras obras não incluídas na Septuaginta. Muitas dessas últimas são mais analogias que alusões. Somente uma é citação direta explicitamente atribuída à fonte. É a citação de “Enoque, o sétimo depois de Adão” em Judas 14s. Reconhecidamente, isso vem do livro apocalíptico de Enoque (1Enoque 1.9).51

A citação direta de 1 Enoque não significa que Judas considerou o trabalho canônico ou inspirado mais do que a citação de poetas pagãos por Paulo daria credencial a qualquer ideia de que ele os considerou inspirados. O livro de 1 Enoque nunca foi considerado canônico ou inspirado pelos judeus então está completamente fora dos limites da presente consideração dos Apócrifos e do cânon dos judeus. Os fatos revelam que não há um simples apelo por Jesus ou os escritores do Novo Testamento aos Apócrifos. Roger Nicole faz este comentário:

Deve ser notado que todo o Novo Testamento não contém uma citação explícita de qualquer Apócrifo do Velho Testamento que é considerado canônico pela Igreja Católica Romana. Esta omissão dificilmente pode ser vista como acidental.52

G. Douglas Young dá uma confirmação similar:

O Novo Testamento cita os Apócrifos? A resposta é um categórico não. Não há uma simples citação de qualquer dos 14 ou 15 livros. Sem dúvida os escritores do Novo Testamento sabiam da existência destes livros. Contudo, nem em uma simples instância é algum deles citado, tanto como Escritura inspirada, ou autoridade, ou em qualquer forma. Nem em um simples caso é um deles citado de qualquer forma ou propósito. O professor C. C. Torrey, que, em seu The Apocryphal Literature, lista um grande número de alegadas citações ou alusões apócrifas, é forçado a admitir do Novo Testamento que “em geral, as Escrituras Apócrifas foram deixadas despercebidas” (pág. 18). As alegadas citações são de livros fora daqueles sob consideração aqui, os Apócrifos. Um exemplo é a citação de Enoque em Judas. Tudo que pode ser dito é que os autores do Novo Testamento possuem algum conhecimento de antigos materiais escritos, aos quais no máximo eles aludem indiretamente, ou de fatos que eventualmente parecem em documentos tanto bíblicos como não bíblicos.53

Bruce Metzger confirma a conclusão de Nicole e Young:

Ao discutir o tema de paralelos e alusões aos Apócrifos encontrados no Novo Testamento, é algumas vezes declarado que nenhuma passagem dos Apócrifos é jamais expressamente citada por um autor do Novo Testamento como procedendo de uma autoridade sagrada. Isto é sem dúvida verdade.54

Uma objeção frequentemente levantada é que este é um argumento do silêncio. Alguns argumentam que nós poderíamos legitimamente questionar a atitude de Jesus e dos apóstolos para com algumas das Escrituras Hebraicas que nunca foram referenciadas por eles com base neste argumento. Bruce Metzger declara esta preocupação com estas declarações imediatamente seguindo as palavras citadas acima:

Por outro lado, contudo, é também verdade que em nenhum lugar no Novo Testamento há uma citação direta dos livros canônicos de Josué, Juízes, Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Obadias, Sofonias e Naum; e as alusões do Novo Testamento a eles são poucas em número.55

A lógica não se mantém. Não há paralelo real entre a falta de alusão a certos livros do Velho Testamento e a falta de alusão aos Apócrifos. Como temos visto, o cânon do Velho Testamento foi bem estabelecido no tempo de Jesus. Ele mesmo menciona esta divisão tríplice e Josefo nos diz que aquelas três divisões era compostas de vinte e dois livros, um número confirmado por muitas outras fontes históricas judaicas. Além do mais, não há absolutamente nenhuma evidência que algum dos escritos dos Apócrifos onde foram jamais recebidos como canônicos pelos judeus. Fontes históricas consistentemente testificam o contrário. Alguns dos livros Apócrifos se eliminam do status canônico com base em seu próprio testemunho. Os Pais da Igreja primitiva consistentemente testificam que os judeus não recebiam os Apócrifos. Então, a falta de alusão a certos livros do Velho Testamento não tem qualquer influência sobre se Jesus e os autores do Novo Testamento os aceitava como parte do cânon porque eles foram todos parte da coleção de vinte e dois livros que foi aceita por Jesus sob os títulos gerais de Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos. A falta de alusões aos Apócrifos, contudo, é significante porque ela confirma o fato de que o cânon judaico e o cânon aceito por Jesus e os apóstolos não incluía os Apócrifos. Nos é dito pelo apóstolo Paulo que aos judeus foram confiados os “oráculos de Deus” (Rm 3:2) por Deus. Apesar deles antes rejeitarem Cristo, isto de forma alguma minimiza o fato de que as Escrituras autoritativas do Velho Testamento foram confiadas unicamente a eles e a eles somente.

A documentação acima revelou os livros que foram autoritativamente comunicados ao povo judeu. É o cânon de vinte e dois ou vinte e quatro livros do judaísmo palestino referido como “a Lei”, “a Lei e os Profetas”, ou pela designação tríplice dada por Jesus de “a Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos”. É este cânon que é aderido pela Igreja Protestante mas repudiada pela Igreja de Roma. Nós concluímos esta seção com a questão colocada por Beckwith:

Para os cristãos, contudo, o ensino de Jesus, seus apóstolos e outros escritores do Novo Testamento também possui um significado teológico; pois se eles ensinarem o que era seu cânon do Velho Testamento, eles não ensinariam também para nós o que, para os cristãos, o cânon do Velho Testamento deveria ser?56

Fonte: http://www.christiantruth.com/articles/Apocryphapart1.html

Notas

1. F.F. Bruce, O Cânon das Escrituras (Editora Hagnos, 1a Edição, 2011), pág. 28.

2. Roger Beckwith, The Old Testament Canon of the New Testament Church (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), pág. 10.

3. Prólogo a Eclesiástico. Citado em The Septuagint with Apocrypha: Greek and English, Sir Lancelot Charles Lee Brenton, Tradutor (Peabody: Hendrickson, 1990), The Apocrypha, pág. 74.

4. Roger Beckwith, The Old Testament Canon of the New Testament Church (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), pág. 111.

5. ontra Ápion 1.8. Citado por Roger Beckwith, The Old Testament Canon of the New Testament Church (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), págs. 118-119.

6. Roger Beckwith, The Old Testament Canon of the New Testament Church (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), pág. 117.

7. Herbert Edward Ryle, The Canon of the Old Testament (London: MacMillan, 1904), págs. 159-160.

8. F.F. Bruce, O Cânon das Escrituras (Editora Hagnos, 1a Edição, 2011), págs. 43-44

9. NPNF2, Vol. 6, Prefácio de Jerônimo à versão Vulgata de Samuel e Reis, Prólogo Galeato (Prologus Galeatus).

10. Citado por Lee M. McDonald, The Formation of the Christian Biblical Canon (Peabody: Hendrickson, 1995), pág. 76. Tradução e datas são fornecidos por Leiman, Canonization, 52-53.

11. F.F. Bruce, O Cânon das Escrituras (Editora Hagnos, 1a Edição, 2011), pág. 29.

12. Lee M. McDonald, The Formation of the Christian Biblical Canon (Peabody: Hendrickson, 1995), pág. 76.

13. Contra Ápion 1.8.

14. Herbert Edward Ryle, The Canon of the Old Testament (London: MacMillan, 1904), págs. 173-174.

15. Mas deve-se observar que os livros canônicos, conforme transmitidos pelos hebreus, são vinte e dois... (Eusébio, História Eclesiástica, Livro 6, Capítulo 25, 1-2, 1a Edição, 1999, Editora CAPD).

16. A lei do Velho Testamento é reconhecida em vinte e dois livros, para que eles possam se ajustar às letras hebraicas. Eles são contados de acordo com a tradição dos antigos pais (Comentário aos Salmos, Prólogo, Dr. Michael Woodward, Tradutor).

17. Agora estas Escrituras divinamente inspiradas do Velho e Novo Testamento nos ensina... Leia as Divinas Escrituras, os vinte e dois livros do Velho Testamento, estes que foram traduzidos pelos setenta e dois intérpretes (NPNF2, Vol. 7, Cirilo de Jerusalém, Catechetical Lectures IV.33-36).

18. Há então, do Velho Testamento, vinte e dois livros em número; pois, como eu ouvi, é passado que este é o número de letras entre os hebreus; em sua respectiva ordem e nomes sendo como se segue (NPNF2, Vol. 4, Atanásio, Carta 39.2-7).

19. Estes são os vinte e sete livros dados aos judeus por Deus. Eles são contados como vinte e dois, contudo, como as letras de seu alfabeto hebraico, porque dez livros que os judeus reconhecem como cinco são duplicados (The Panarion of Epiphanius of Salamis, Nag Hammadi Studies, Editado por Martin Krause, James Robinson, Frederik Wisse, (Leiden: Brill, 1987), Livro I, Seção I.6,1).

20. Receba o número e nomes dos livros sagrados... Estes vinte e dois livros do Velho Testamento são contados de acordo com as vinte e duas letras dos judeus (Dogmatica Carmina, Livro I, Seção I, Carmen XII, PG 37:471-474).

21. Por que 22 livros divinamente inspirados? Eu respondo que em lugar dos números... Pois não se deve ignorar que 22 livros os judeus entregaram, que correspondem ao número de letras hebraicas, e não sem razão 22. Assim como as 22 letras são a introdução à sabedoria, etc., assim também os 22 livros das Escrituras são a fundação e introdução à sabedoria de Deus e o conhecimento das coisas (Philocalia, c. 3, edição de Paris 1618, pág. 63).

22. E então parece apropriado neste lugar enumerar, como nós temos aprendido da tradição dos Pais, os livros do Novo e Velho Testamento, que de acordo com a tradição de nossos pais, se crê terem sido inspirados pelo Espírito Santo, e foram entregues às igrejas de Cristo. Do Velho Testamento, então, antes de tudo tem sido entregue cinco livros de Moisés, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio; então Jesus Nave, (Josué filho de Nun), o Livro de Juízes junto com Rute; então quatro livros dos Reis (Reinos), que os Hebreus reconhecem dois; o livro das Omissões, que é intitulado o Livro dos Dias (Crônicas), e dois livros de Esdras (Esdras e Neemias), que os hebreus reconhecem um, e Ester; dos Profetas, Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel; além disto dos doze profetas menores, um livro; Jó também e os Salmos de Davi, cada um, um livro. Salomão deu três livros para as Igrejas, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos. Estes compõe os livros do Velho Testamento (NPNF2, Vol. 3, Rufino, Comentário sobre o Credo dos Apóstolos 36).

23. E então há também vinte e dois livros do Velho Testamento; ou seja, cinco de Moisés, oito dos profetas, nove dos Hagiógrafos, apesar de alguns incluírem Rute e Kinoth (Lamentações) entre os Hagiógrafos, e acham que estes livros devem ser reconhecidos separadamente; nós devemos então ter vinte e quatro livros da velha lei (NPNF2, Vol. 6, São Jerônimo, Prefácio à versão Vulgata de Samuel e Reis, (Prologus Galeatus).

24. Lee M. McDonald, The Formation of the Christian Biblical Canon (Peabody: Hendrickson, 1995), págs. 61-62.

25. Henry Barclay Swete, An Introduction to the Old Testament in Greek (New York: Ktav, 1968), págs. 31-33.

26. Contra Ápion 1.8. Citado por Roger Beckwith, The Old Testament Canon of the New Testament Church (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), págs. 118-119.

27. John Wenham, Christ & the Bible (Grand Rapids: Baker, 1994), págs. 134-136.

28. F.F. Bruce, O Cânon das Escrituras (Editora Hagnos, 1a Edição, 2011), págs. 32-33.

29. Herbert Edward Ryle, The Canon of the Old Testament (London: MacMillan, 1904), págs. 174-175.

30. O primeiro destes livros é chamado Bresith, ao qual nós damos o nome de Gênesis. O segundo, Elle Smoth, que tem o nome de Êxodo; o terceiro, Vaiecra, que é Levítico; o quarto, Vaiedabber, que nós chamamos de Números; o quinto, Elle Addabarim, que é intitulado Deuteronômio. Estes são os cinco livros de Moisés, que eles propriamente chamam Thorath, que é lei.

A segunda classe é composta pelos Profetas, e eles começam com Jesus o filho de Nave, que entre eles é chamado de Joshua o filho de Nun. Depois na série é Spohtim, que é o livro de Juízes; e no mesmo livro eles incluem Rute, porque os eventos narrados ocorreram nos dias dos Juízes. Então vem Samuel, que nós chamamos Primeira e Segunda Reis. O quarto é Malachim, que é, Reis, que é contido no terceiro e quarto volume de Reis. E é bem melhor dizer Malachim, que é Reis, do que Malachoth, que é Reinos. Pois o autor não descreve os Reinos de muitas nações, mas de um povo, o povo de Israel, que é composto de doze tribos. O quinto é Isaías, o sexto Jeremias, o sétimo Ezequiel, o oitavo é o livro dos Doze Profetas, que é chamado entre os judeus Thare Asra.

A segunda classe pertence aos Hagiógrafos, dos quais o primeiro livro começa com Jó, o segundo com Davi, cujos escritos eles dividem em cinco partes e compõe um volume de Salmos; o terceiro é Salomão, em três livros, Provérbios, que eles chamam Parábolas, que é Masaloth, Eclesiastes, que é Coeleth, o Cântico dos Cânticos, que eles chamam pelo título de Sir Assirim; o sexto é Daniel; o sétimo, Dabre Aiamim, que significa, Palavras dos Dias, que nós podemos mais expressivamente chamar uma crônica de toda a história sagrada, o livro que entre nós é chamado de Primeira e Segunda Crônicas; o oitavo, Esdras, que ele mesmo é dividido entre os gregos e latinos em dois livros; o nono é Ester.

E então há também vinte e dois livros do Velho Testamento; ou seja, cinco de Moisés, oito dos profetas, nove dos Hagiógrafos, apesar de alguns incluírem Rute e Kinoth (Lamentações) entre os Hagiógrafos, e acham que estes livros devem ser reconhecidos separadamente; nós devemos então ter vinte e quatro livros da velha lei (NPNF2, Vol. 6, São Jerônimo, Prefácio à versão Vulgata de Samuel e Reis, [Prologus Galeatus]).

31. Eu digo isto para mostrar a vocês quão difícil é dominar o livro de Daniel, que em hebraico não contém nem a história de Susanna, nem o hino dos três joven, nem a fábula de Bel e o Dragão...(Ibid., Volume 6, Jerônimo, Prefácios às obras de Jerônimo, Provérbios, Eclesiastes e o Cântico dos Cânticos; Daniel, págs. 492-493).

32. Contra Epistolam Gaudentii Donatistae, cap. 23. Citado por William Henry Greene, General Introduction to the Old Testament, The Canon (London: Muray, 1899), pág. 172.

33. De onde você tomou seu “perdido e ganhado no jogo e jogado sem enterrar nas ruas”, eu não sei, a menos que seja de Tobias; e Tobias (como também Judite), nós devemos notar, que os judeus não usam. Eles nem mesmo são encontrados nos Apócrifos hebraicos, como eu aprendi dos próprios judeus (ANF, Vol. 4, Orígenes, Uma carta de Orígenes a Africano 13, pág. 391).

34. Roger Beckwith, The Old Testament Canon of the New Testament Church (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), pág. 253.

35. Ibid., págs. 240-241.

36. Citado por Lee M. McDonald, The Formation of the Christian Biblical Canon (Peabody: Hendrickson, 1995), págs. 76. Tradução e datas fornecidos por Leiman, Canonization, 52-53.

37. Lee M. McDonald, The Formation of the Christian Biblical Canon (Peabody: Hendrickson, 1995), pág. 76.

38. Ibid., pág. 50.

39. New Catholic Encyclopedia, Volume III, Canon, Biblical, pág. 29.

40. F.F. Bruce, O Cânon das Escrituras (Editora Hagnos, 1a Edição, 2011), págs. 41-42. Veja também Roger Beckwith, The Old Testament Canon of the New Testament Church (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), pág. 46.

41. Henry Barclay Swete, An Introduction to the Old Testament in Greek (New York: Ktav, 1968), pág. 265.

42. Lee M. McDonald, The Formation of the Christian Biblical Canon (Peabody: Hendrickson, 1995), pág. 91.

43. F.F. Bruce, O Cânon das Escrituras (Editora Hagnos, 1a Edição, 2011), pág. 42. Veja também Roger Beckwith, The Old Testament Canon of the New Testament Church (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), págs. 382-386.

44. Lee M. McDonald, The Formation of the Christian Biblical Canon (Peabody: Hendrickson, 1995), pág. 149.

45. Roger Beckwith, The Old Testament Canon of the New Testament Church (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), pág. 276.

46. F.F. Bruce, O Cânon das Escrituras (Editora Hagnos, 1a Edição, 2011), pág. 33.

47. Roger Beckwith, The Old Testament Canon of the New Testament Church (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), pág. 277.

48. Herbert Edward Ryle, The Canon of the Old Testament (London: MacMillan, 1904), págs. 174-175.

49. F.F. Bruce, O Cânon das Escrituras (Editora Hagnos, 1a Edição, 2011), pág. 39.

50. Roger Beckwith, The Old Testament Canon of the New Testament Church (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), págs. 262-263.

51. F.F. Bruce, O Cânon das Escrituras (Editora Hagnos, 1a Edição, 2011), pág. 48.

52. Roger Nicole, 'New Testament Use of the Old Testament' em Carl F.H. Henry, ed., Revelation and the Bible: Contemporary Evangelical Thought (Grand Rapids: Baker, 1958), pág. 138.

53. G. Douglas Young, 'The Apocrypha' em Carl F.H. Henry, ed., Revelation and the Bible: Contemporary Evangelical Thought (Grand Rapids: Baker, 1958), pág. 175.

54. Bruce Metzger, An Introduction to the Apocrypha (New York: Oxford University, 1963), pág. 171.

55. Bruce Metzger, An Introduction to the Apocrypha (New York: Oxford University, 1963), pág. 171.

56. Roger Beckwith, The Old Testament Canon of the New Testament Church (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), pág. 10.

Ler 21868 vezes
Avalie este item
(2 votos)

Itens relacionados (por marcador)