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O Cânon do Velho Testamento da era da Igreja a Jerônimo

Escrito por  William Webster

Jerônimo e a Bíblia

A Bíblia da maioria da Igreja primitiva era a Septuaginta grega. Mesmo a versão Velha Latina usada pela Igreja Ocidental era uma tradução da Septuaginta. Como temos visto, é provável que ela incluía adições aos livros do Velho Testamento Hebraico que não eram recebidos como canônicos pelos judeus. Alguns dos pais, especialmente aqueles no Oeste, geralmente aceitavam estes trabalhos porque se assumiu que eles eram parte do legítimo corpo canônico. Fica claro dos escritos dos pais da Igreja que havia muita confusão sobre o que era o verdadeiro cânon hebraico. O Leste e Oeste geralmente mantinham diferentes perspectivas. Quando a versão da Septuaginta foi apropriada pela Igreja, os manuscritos não foram diferenciados uns dos outros, de forma que as cópias dos livros canônicos foram espalhados indiscriminadamente com aqueles dos Apócrifos. Com a vasta maioria dos pais da Igreja tendo nenhum contato com os judeus, eles simplesmente assumiram que todos os livros da Septuaginta eram parte do cânon original hebraico, especialmente já que muitos deles consideravam a Septuaginta inspirada. Bruce Metzger dá o seguinte pano de fundo sobre a recepção da Septuaginta na primitiva comunidade cristã:


A Igreja Cristã primitiva, que nasceu no seio do judaísmo palestino, recebeu suas primeiras Escrituras (os Livros do Velho Testamento) da Sinagoga Judaica. Já que, contudo, os convertidos gentios não podiam ler hebraico, a tradução grega do Velho Testamento (chamada a Septuaginta), que muitos judeus também vieram a usar, era amplamente empregada pela Igreja. Por causa do antagonismo que se desenvolveu entre a Sinagoga e a Igreja, os judeus abandonaram o uso da Septuaginta grega, e esta circulou daí em diante somente entre os cristãos. Praticamente as únicas cópias de manuscritos da Septuaginta que chegaram a nós hoje foram escritas por escribas cristãos... As cópias da Septuaginta contém uma dúzia ou mais de outros livros espalhados entre os livros do cânon hebraico. A maioria destes são idênticos aos tradicionais Apócrifos... Deve-se entender que estes vários livros estão nas cópias da Septuaginta com nenhuma indicação de que eles não estão incluídos no cânon hebraico... Fica a questão, contudo, de como tais livros vieram a ficar tão intimamente relacionados com os livros canônicos como eles estão nos manuscritos da Septuaginta. Na tentativa de encontrar pelo menos uma resposta parcial para este problema, não se deve ignorar que a mudança na produção de manuscritos na forma de rolos para o códex ou forma de páginas deve ter uma parte importante na atribuição de autoridade a certos livros na periferia do cânon. O fato de que houve uma controvérsia nos tempos Talmúdicos sobre se era legítimo incluir a Lei, os Profetas e os Escritos todos em um único rolo indica que o costume prevalecente entre os judeus era a produção de volumes separados para cada parte da Bíblia hebraica. Alguns Rabis foram longe ao ponto de insistir que cada livro das Escrituras deveria formar um volume separado. A recente descoberta de vários rolos nas cavernas próximas ao Mar Morto, cada um contendo uma cópia de um único livro bíblico, atesta a predominância deste sentimento entre os judeus.

Quando a produção de códex ou de livros na forma de páginas foi adotado, contudo, se tornou possível pela primeira vez incluir um grande número de livros separados dentro das mesmas duas capas. De toda evidência recentemente acumulada dos papiros, parece que foram os primeiros cristãos que mudaram de rolos para códices como formato de seus livros sagrados, talvez em direta oposição ao uso de rolos nas Sinagogas. Pois seja qual for a razão para instituir a mudança, agora era possível para livros canônicos e apócrifos serem fisicamente justapostos com proximidade. Livros que até aquele momento nunca foram considerados pelos judeus como tendo mais do que um significado edificante eram agora colocados pelos escribas cristãos em um códex lado a lado com os livros reconhecidos do cânon hebraico. Assim aconteceu que, o que a princípio foi uma questão de conveniência, disponibilizar livros de status secundário aos cristãos, se tornou um fator que dava a impressão de que todos os livros em tal códex deveriam ser considerados autoritativos. Além disto, à medida que o número de cristãos gentios crescia, dos quais quase nenhum tinha conhecimento exato da extensão do cânon hebraico original, se tornou mais e mais natural citações serem feitas indiscriminadamente de todos os livros incluídos no códex grego1.

A versão Septuaginta recebida pela Igreja era, no essencial, verdadeira ao texto hebraico, mas ainda assim continha muitos erros. Jerônimo, em particular, apontou as discrepâncias e a necessidade de uma tradução acurada do hebraico para o latim. Assim como os pais eram algumas vezes enganados em sua exegese das Escrituras por causa do texto defeituoso da Septuaginta, alguns também foram enganados pela adição dos livros Apócrifos aos manuscritos da Septuaginta. Tudo que podemos dizer com respeito a sua prática é que onde eles se desviaram do cânon de Jesus e dos judeus, eles estavam em erro. Alguns católicos romanos, é claro, vigorosamente objetam. Católicos romanos prontamente admitem que baseados no cânon decretado pelos Concílios Norte-africanos de Hipona e Cartago, pais como Atanásio e Cirilo de Jerusalém, que não concordavam com o cânon Norte-africano, estavam enganados e em erro. Nós concordamos que os pais poderiam errar com respeito ao cânon, mas nosso padrão não é Hipona e Cartago, mas sim o cânon hebraico que representa os 'oráculos de Deus' (Rm 3:2). As diferenças entre a Igreja Norte-africana ocidental e os pais orientais, Atanásio e Cirilo, enfatizam a realidade geral que existiu na Igreja na era patrística, que havia diferenças significantes entre os pais do Leste e Oeste sobre a extensão do cânon do Velho Testamento.

A igreja oriental

A igreja oriental tendia a ser mais conservadora em sua abordagem ao cânon do Velho Testamento, em grande parte porque ela se beneficiou dos pais que viveram próximos da Palestina e tiveram contato com os judeus. A lista cristã mais antiga do cânon do Velho Testamente foi aquele de Melito de Sardis na metade do segundo século. Ele foi para a Palestina para determinar o número preciso de livros canônicos do Velho Testamento. O número que ele deu foi de vinte e dois, o mesmo que Josefo, apesar dele omitir o livro de Ester:

Melito envia saudações a seu irmão Onésimo. Uma vez que com frequência tens desejado em teu zelo pelas Escrituras que eu te fizesse uma seleção da lei e dos profetas a respeito de nosso Salvador e de toda nossa fé, e desejavas, além disso, uma declaração exata do Antigo Testamento, quantos em número e em que ordem os livros foram escritos, propus-me a fazer isso. Pois conheço teu zelo na fé e teu grande desejo de adquirir conhecimento e que especialmente pelo amor de Deus, preferes esses assuntos a todos os outros, lutanto assim por ganhar a vida eterna. Quando, pois, fui para o Oriente e cheguei ao lugar em que tais coisas foram proclamadas e feitas, verifiquei com precisão os livros do Antigo Testamento e os envio a ti, conforme abaixo. Os nomes são os seguintes: de Moisés, cinco livros, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. Jesus, filho de Num, Juízes, Rute. Quatro de Reis. Dois de Paralipômenos (Crônicas), Salmos de Davi, Provérbios de Salomão, também chamado Sabedoria, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Jó. Dos profetas, Isaías, Jeremias. Dos doze profetas, um livro. Daniel, Ezequiel, Esdras. Desses fiz, portanto, a seleção que dividi em seis livros2.

Ele aparentemente recebeu esta lista da Igreja Cristã próxima à Palestina de forma que seu cânon refletia uma perspectiva cristã e uma consciência da numeração e do cânon hebraico. Ela claramente não inclui os Apócrifos. Alguns ficam confusos pela referência de Melito à Sabedoria, acreditando ser o livro apócrifo, a Sabedoria de Salomão. Mas, como F. F. Bruce aponta, esta era outra forma de se referir ao livro de Provérbios:

Nenhum dos livros “adicionais” da Septuaginta é listado: a Sabedoria mencionada não é o livro grego da Sabedoria, mas um nome alternativo para Provérbios. De acordo com Eusébio, Heguesipo e Ireneu e muitos outros escritores de sua época, chamava-se Provérbios de Salomão, “a plenivirtuosa Sabedoria”3.

Orígenes foi o maior erudito bíblico no princípio da era patrística e que teve contato com os judeus. Eusébio preservou o catálogo de livros canônicos judaicos que Orígenes diz ter recebido deles:

Mas deve-se observar que os livros canônicos, conforme transmitidos pelos hebreus, são vinte e dois... Esses vinte e dois livros, de acordo com os hebreus, são os seguintes: Gênesis... Êxodo… Levítico... Números... Deuteronômio... Jesus, o filho de Nave... Juízes e Rute... Dos Reis, o primeiro e o segundo...o terceiro e quarto de Reis... O primeiro e o segundo livro de Paralipomena... O primeiro e o segundo de Esdras, em um... O livro de Salmos... os Provérbios de Salomão... Eclesiastes... O Cântico dos cânticos... Isaías... Jeremias, com Lamentações e sua Epístola... Daniel... Ezequiel... Jó... Ester... Além desses há também Macabeus...4

A lista de Orígenes corresponde substancialmente à de Josefo e inclui Ester. O livro dos profetas menores está faltando mas isto deve ter sido um engano da parte de Orígenes ou um erro de copista. Ele coloca Macabeus à parte das Escrituras canônicas. Uma área de divergência com a lista de livros verdadeiramente canônicos dos judeus é que ele inclui a Epístola da Jeremias juntamente com o livro canônico do profeta Jeremias. Isto os judeus não fazem. Orígenes simplesmente declarou sua própria opinião, acreditando que a epístola deveria ser adicionada a Jeremias. Ele também incluiu o livro Apócrifo de 1 Esdras juntamente com 2 Esdras como um só livro, ainda que somente 2 Esdras era reconhecido como canônico pelos judeus. Deveria ser notado que na citação acima de Eusébio, Orígenes especificamente relaciona os limites do cânon judaico. Isto não significa que ele pessoalmente concordava com ele ou que ele o adotou. Ele pessoalmente aceitou a Septuaginta e as adições dos Apócrifos que ela continha. Isto fica claro pela sua carta a Júlio Africano5.

Júlio o escreveu, questionando a sabedoria de Orígenes ao citar a obra A História de Susana, como se fosse uma parte legítima do livro de Daniel. Ele também era crítico das outras adições a Daniel: Bel e o Dragão e a canção dos três jovens. Orígenes respondeu dizendo que apesar dos judeus rejeitarem estas obras, ele acreditava que eram legítimas porque elas eram usadas nas Igrejas. Além do mais, ele escreveu que só porque havia muitas variações entre o texto hebraico e a Septuaginta, isto não significava que a Igreja deveria abandonar a Septuaginta. Ela era peculiarmente a Bíblia da Igreja. Por este tempo, os judeus haviam completamente abandonado a Septuaginta em troca da tradução grega de Áquila. Através de sua carta, Orígenes contrastou o que ele chamou de Escrituras deles (dos judeus) e nossas (dos cristãos). Orígenes acreditava que a Septuaginta era a Escritura recebida pela Igreja e onde uma variação existia entre o hebraico e a Septuaginta, a Septuaginta tomava preferência porque ela era as Escrituras da Igreja. Ele acreditava que a Septuaginta foi dada providencialmente à Igreja de Deus. Ao lidar com os judeus, ele limitou-se as Escrituras hebraicas, sabendo que ele eles não aceitariam argumentos tirados de livros considerados fora dos limites de seu cânon. Contudo, ele não estava desejoso de desistir daqueles livros que ele sentia ser parte da Septuaginta e usados nas Igrejas, apesar de não encontrados nas Escrituras hebraicas.

Está claro que Orígenes teve a Septuaginta em alta consideração e sentia que alguns livros dos Apócrifos eram parte da revelação dada por Deus. Ele acreditava que a Septuaginta era inspirada. Obviamente, ele estava errado. Mesmo a Igreja Católica Romana admite isto. A evidência para isto pode ser visto no fato de que a Bíblia Católica Romana oficial é a Vulgata Latina produzida por Jerônimo que destacou os erros no texto da Septuaginta e foi baseado em uma tradução do hebraico. Roma oficialmente repudiou a Septuaginta. Assim, a veneração dos primeiros pais da Igreja (como Orígenes) pela Septuaginta e certos livros apócrifos e a crença em sua inspiração, foi desviado.

Antes de Orígenes, Clemente de Alexandria não apenas citou vários dos livros Apócrifos como Escritura, especificamente Sabedoria, Tobias e Eclesiástico, mas também certos trabalhos pseudoepígrafos. Beckwith documenta seu uso destas obras:

No fim do segundo e início do terceiro século, Clemente de Alexandria inclui em suas Seleções dos Profetas 2.1; 53.4, duas passagens 1 En 19.3 e 7.1-8.3; cita 2 Esdras (4 Esdras) 5.35 como 'Esdras o profeta' (Stromata 3.16, ou 3.100.3); cita o apocalipse perdido de Sofonias como 'Sofonias o profeta' (Stromata5.11 ou 5.77.2) e o que pode ter sido o Apocalipse perdido de Elias como 'Escritura' (Exortação 10.94.4); e faz várias outras referências a tais livros, incluindo duas à Assunção de Moisés6...

Os maiores pais orientais que seguiram Clemente e Orígenes eram de fato mais conservadores em sua opinião sobre o que constituía o cânon do Velho Testamento. Por exemplo, Cirilo de Jerusalém na metade do quarto século, deu um catálogo completo dos livros canônicos do Velho Testamento recebidos pela Igreja de seus dias em suas Palestras Catequéticas. Como apontado anteriormente, ele mencionou a numeração judaica dos vinte e dois livros e deu uma lista dos livros específicos que compunham o cânon7. Há vários fatos importantes a se notar nos comentários de Cirilo. Antes de tudo, ele declara que esta listagem é o cânon autoritativo que foi passado pela Igreja. Segundo, ele declara que o cânon que ele deu veio da Septuaginta, mas exclui a maioria dos livros dos Apócrifos. Os únicos livros apócrifos que ele listou foram Baruque e a Epístola de Jeremias que ele erroneamente achou ser parte do original Jeremias canônico. É provavelmente verdade dizer que ele também incluiu as adições ao profeta Daniel de Bel e o Dragão, a Canção das Três Crianças e Susana já que estes eram comumente associados com Daniel. Ele não os menciona mas ele os cita em suas Palestras Catequéticas.

Atanásio de Alexandria também deu uma lista do cânon do Velho Testamento. Como Cirilo, ele listou o número de livros como vinte e dois e citou sua identidade. Ele menciona que os livros que ele listou eram aqueles que foram passados pela tradição na Igreja8. Atanásio fez algumas declarações muito significativas em seus comentários. Ele deu o mesmo cânon que Cirilo de Jerusalém mas ele omitiu Ester. Ele da mesma forma incluiu Baruque e a Epístola de Jeremias como adições ao Jeremias canônico e provavelmente teria incluído as adições ao livro de Daniel. Ele disse que somente estes, juntamente com o cânon do Novo Testamento que ele também catalogou, eram as Escrituras divinamente inspiradas de onde a Igreja deveria retirar sua doutrina de salvação. Ele chegou ao extremo de dizer que nenhum homem deveria adicionar a estes livros e foi cuidadoso ao distinguir entre aqueles que eram verdadeiramente autoritativos e canônicos e aqueles que eram úteis para leitura somente. Ele listou vários livros dos Apócrifos nesta última categoria assim como Ester.

Apologistas católicos romanos são inconsistentes em seu apelo à autoridade da Igreja no que se relaciona ao tema do cânon. Foi apontado que Joe Gallegos exaltou a autoridade da Igreja ao apelar para Cirilo de Jerusalém e Atanásio em um sentido geral onde eles declararam que eles receberam o cânon da Igreja. No entanto Gallegos rejeita o próprio cânon que Cirilo e Atanásio sustentavam. Ele fala em termos gerais sobre a autoridade da Igreja mas usa ilustrações que são auto-contraditórias, como evidenciado das seguintes declarações sobre Cirilo, Atanásio e o Papa Dâmaso:

Foi a Igreja que decidiu quais livros foram ou não incluídos no cânon das Escrituras... Cirilo de Jerusalém discute onde alguém encontra o cânon autêntico da Bíblia em suas palestras sobre a fé: 'Aprenda também diligentemente, e da Igreja, quais são os livros do Velho Testamento, e quais aqueles do Novo'. Da mesma forma, Atanásio entrega o cânon como dado a ele pela Igreja e seus pais na fé... Papa Dâmaso e o Concílio de Roma no quarto século aceitaram apenas o cânon que foi recebido pela Igreja Católica: 'Da mesma forma foi dito: Agora de fato nós devemos tratar das divinas Escrituras, o que a universal Igreja Católica aceita e o que ela deve evitar'9.

A implicação destas declarações, é claro, é que assim como estes pais se submeteram à autoridade da Igreja, assim crentes hoje devem se submeter à autoridade de Roma representada por Dâmaso e o Concílio de Roma. Ele leva o leitor a acreditar que Cirilo, Atanásio e Dâmaso concordaram um com o outro. Contudo, eles não concordaram. Gallegos falha em dar citações completas de Cirilo, Atanásio e o Concílio de Roma. Ele os cita foram de contexto, omitindo propositalmente os cânons que eles listaram. As citações completas de Cirilo e Atanásio foram citadas acima, assim como os livros que eles clamaram ter sido entregues pela Igreja. O cânon do Velho Testamento citado por Dâmaso e o Concílio de Roma se segue:

A ordem do Velho Testamento começa aqui: Gênesis um livro, Êxodo um livro, Levítico um livro, Números um livro, Deuteronômio um livro, Josué Nave um livro, Juízes um livro, Rute um livro, Reis quatro livros, Paralipomenon dois livros, Salmos um livro, Salomão três livros, Provérbios um livro, Eclesiastes um livro, Cântico dos cânticos um livro, da mesma forma Sabedoria um livro, Eclesiástico um livro.

Da mesma forma a ordem dos escritos dos Profetas. Isaías um livro, Jeremias um livro, com Ginoth, ou seja, com suas lamentações, Ezequiel um livro, Daniel um livro, Oséias um livro, Miqueias um livro, Joel um livro, Abdias um livro, Jonas um livro, Naum um livro, Habacuque um livro, Sofonias um livro, Ageu um livro, Zacarias um livro, Malaquias um livro.

Da mesma forma a ordem das histórias. Jó um livro, Tobias um livro, Esdras dois livros, Ester um livro, Judite um livro, Macabeus dois livros10.

Note que o cânon dado pelo Concílio de Roma difere daquele dado por Atanásio e Cirilo. Os dois pais declararam que a Igreja entregou um cânon que rejeitava os maiores livros dos Apócrifos. O Concílio de Roma e Dâmaso, por outro lado, ensinou que o cânon entregue a eles incluía os Apócrifos. Gallegos nos adverte a olhar para a Igreja como uma autoridade para nosso cânon. Qual Igreja? Ele deixa seus leitores com a impressão de que ele concorda com Cirilo e Atanásio, mas seu apelo a Atanásio e Cirilo é sem sentido porque ele rejeita o cânon que eles acreditavam ser autoritativamente entregue a eles pela Igreja. Além disto, é óbvio que de Cirilo e Atanásio, contrário às declarações do Concílio de Roma, o cânon que ele lista não era universalmente recebido pela Igreja. Isto também é claro a partir do ensino de outros pais orientais como Gregório de Nazianzo11, Basílio o Grande12, Epifânio13e Anfilóquio14. Cada um destes pais listou o cânon como consistindo de vinte e dois livros nos quais os maiores livros dos Apócrifos eram excluídos. Deve ser notado, no entanto, que seguindo a Septuaginta, muitos incluíam 1 Esdras da Septuaginta com Esdras-Neemias, a Epístolas de Jeremias e Baruque com Jeremias e Bel e o Dragão, a Canção das três crianças e Susana como adições ao livro de Daniel. Assim, o cânon que refletia mais a Igreja Oriental é o expresso por Atanásio e Cirilo de Jerusalém. Swete explica a posição da Igreja Oriental com estas palavras:

A próxima lista vem de Orígenes. Ela pertence ao seu comentário no primeiro Salmo, que foi escrito em Alexandria, ou seja, antes de 231 d.C. Os livros incluídos nela são expressamente ditos serem vinte e dois do cânon hebraico... Ainda entre eles estão o primeiro livro de Esdras e a Epístola de Jeremias, que os judeus nunca reconheceram. Com a adição de Baruque, a lista de Orígenes é repetida por Atanásio, Cirilo, Epifânio e no cânon de Laodicéia; Anfilóquio menciona dois livros de Esdras e é pelo menos possível que o Esdras de Gregório de Nazianzo tem a intenção de incluir ambos livros, e que a Epístola, ou Baruque e a Epístola, devem ser entendidos como formando parte de Jeremias nas listas de Gregório e Anfilóquio. Assim parece que uma expansão do cânon hebraico, que envolveu nenhuma adição ao número de livros, era predominante no Leste durante o quarto século. As listas orientais incluíam outros livros, mas eles são definitivamente colocados fora do cânon. Esta prática parece ter começado com Orígenes, que depois de numerar os vinte e dois livros, adiciona, 'além desses há também Macabeus'. Atanásio toma a expressão, mas nomeia outros livros – as duas Sabedorias, Ester, Judite e Tobias. A Palestina era talvez naturalmente conservadora nesta questão; Cirilo não permitia seus catecúmenos a ir além do cânon e Epifânio menciona somente, e isto com alguma hesitação, os dois livros da Sabedoria... E esta era a atitude predominante no Leste até mesmo em um tempo tardio15.

J.N.D. Kelly confirma isto:

O ponto de vista agora recomendado na igreja oriental em geral, representado por Atanásio, Cirilo de Jerusalém, Gregório de Nazianzo e Epifânio, era de que os livros deuterocanônicos deveriam ser relegados a uma posição secundária, fora do cânon propriamente dito16.

A igreja ocidental

No ocidente, especialmente na Igreja do Norte da África, havia uma tendência de aceitar um cânon mais amplo do que aquele sustentado no Leste. Como Kelly escreve:

O Ocidente, em geral, tendia a fazer uma avaliação bem mais favorável dos apócrifos17.

Da metade para o final do segundo século d.C., as Escrituras da Igreja Ocidental eram a Velha Latina. Esta era a tradução da Septuaginta Grega que incluía muitos dos livros Apócrifos. Assim, os pais ocidentais, muitos dos quais desconheciam o hebraico e não tinham contato com os judeus, aceitavam sem críticas as adições ao cânon hebraico, erroneamente achando que eles tinham originalmente sido parte dele. F.F. Bruce escreve:

Até que Jerônimo produzisse uma nova tradução do Antigo Testamento a partir do hebraico, no final do século IV, o Antigo Testamento latino era uma tradução da Septuaginta, incluindo as suas adições. Pouco havia, se houvesse, que indicasse aos leitores da Ítala (a velha versão latina) que as adições à Septuaginta estivessem num patamar diferente do restante do Antigo Testamento18.

Swete dá a seguinte documentação dos livros apócrifos encontrados nos manuscritos existentes da Velha Latina:

Os Códices B, y e A contém as duas Sabedorias, Tobias e Judite; 1 e 2 Macabeus são adicionados em y, e 1 a 4 Macabeus em A; códex C exibe as duas Sabedorias e quando completa poderia conter outros livros da mesma classe19.

Nós encontramos referências aos Apócrifos começando com a primeira epístola de Clemente de Roma no primeiro século. Ele alude ao livro de Sabedoria e citou o livro de Judite apesar de não os citar como Escrituras. A Didaquê cita Eclesiástico e Cipriano também faz várias referências a ele. Irineu citou de Eclesiástico, Sabedoria e Susana, enquanto que Tertuliano citou de Sabedoria, 1 Macabeus e Judite. Mas ele também citou de 1 Enoque, o citando como Escritura20. Ambrósio referenciou um grande número de Apócrifos incluindo 2 Esdras, Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, Susana, Bel e o Dragão e 1 e 2 Macabeus. Contudo, nem todos os pais ocidentais aceitaram esta visão ampla do cânon. Hilário de Poitiers se manteve na visão tradicional judaica da numeração de vinte e dois livros, apesar dele adicionar a Epístola de Jeremias a Jeremias. Ele escreveu que a numeração e o conteúdo do cânon era dado por uma tradição antiga dos pais:

A lei do Velho Testamento é reconhecida em vinte e dois livros, de forma que eles se enquadram no número de letras hebraicas. Eles são contados de acordo com a tradição dos antigos pais, de forma que aqueles de Moisés são cinco livros; o sexto de Josué; o sétimo de Juízes e Rute; o oitavo do primeiro e segundo de Reis; o décimo dos dois livros chamados Crônicas; o décimo primeiro de Esdras (onde Neemias estava compreendido); o livro de Salmos fazendo o décimo segundo; os Provérbios de Salomão, Eclesiastes e o Cântico dos Cânticos, fazendo o décimo terceiro, décimo quarto e décimo quinto; os doze profetas fazendo o décimo sexto; então Isaías e Jeremias, juntos com suas Lamentações e sua Epístola, (agora o vigésimo nono capítulo de sua profecia) Daniel, e Ezequiel, e Jó, e Ester, fazendo o número completo de vinte e dois livros21.

A distinção que Atanásio fez entre as Escrituras canônicas e outros escritos que não eram canônicos, mas no entanto usados para a edificação da Igreja, foi posteriormente expressado por Rufino no começo do quinto século. Ele foi enormemente influenciado por Orígenes e da mesma forma listou os livros canônicos de acordo com a numeração judaica. Ele clamava que o cânon que ele deu era o que havia sido transmitido pela tradição através dos pais como autoritativo e que somente os livros específicos que ele numera eram para ser usados para estabelecer as doutrinas da fé22. Ele citou as maiores obras dos apócrifos, especificamente a Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Tobias, Judite e os Macabeus como livros que não eram canônicos mas eclesiásticos. Estes eram apropriados para ler nas Igrejas mas não eram autoritativos para a confirmação de doutrina. Esta, diz Rufino, era a tradição transmitida pelos pais. Significativamente, Rufino expressou esta visão após os concílios de Hipona e Cartago, demonstrando que eles não possuíam autoridade universal para a Igreja.

Uma perspectiva parecida com a de Rufino foi mantida por Jerônimo. Ele e Orígenes são os únicos pais considerados serem verdadeiros eruditos bíblicos na igreja primitiva, e Jerônimo, sozinho entre todos os pais, é considerado um estudioso do hebraico. Dado a quantidade de erros na tradução encontrada na Septuaginta, Jerônimo se responsabilizou em prover uma tradução nova diretamente do hebraico para a Igreja Latina. Ele recebeu grande quantidade de críticas porque muitos sentiram que, quando tomou esta tarefa, ele estava difamando a Septuaginta que eles consideraram inspirada. Sua tradução se tornou conhecida como a Vulgata Latina e se tornou a tradução Bíblica padrão usada pela Igreja ocidental através da idade média e a Igreja Católica Romana pós-tridentina. Jerônimo viveu na Palestina e consultou os judeus. Como resultado ele recusou traduzir os Apócrifos porque os livros não eram parte do cânon hebraico. Sua posição era a de Rufino e Atanásio. Ele deixou claro que a Igreja de seus dias não reconheciam status canônico aos escritos dos Apócrifos como sendo inspirados. Ao comentar sobre a Sabedoria de Salomão e Eclesiástico, Jerônimo fez as seguintes declarações sobre os livros de Judite, Tobias e Macabeus:

Como, então, a Igreja lê Judite, Tobias e os livros dos Macabeus, mas não os admitem entre as Escrituras canônicas, assim também permite ler estes dois volumes (Sabedoria de Salomão e Eclesiástico) para a edificação do povo, não para dar autoridade a doutrinas da Igreja (ênfase minha)23.

As convicções de Jerônimo sobre o cânon foram claramente expressas em vários lugares em seus escritos, em particular, nos prefácios que ele escreveu aos livros do Velho Testamento. Nestes ele enumerou os livros canônicos de acordo com o cânon hebraico, assim rejeitando os Apócrifos24.

Alguns sugerem que Jerônimo depois mudou sua opinião e incluiu os Apócrifos no cânon da Vulgata. Contudo, não há evidência para dar suporte a isto. Jerônimo continuou a escrever comentários sobre os livros do Velho Testamento até sua morte. Não há registro de que ele tenha rejeitado suas declarações originais sobre os Apócrifos. Em sua obra, Contra Rufino, escrito em 401-402 d.C., ele reitera e defende sua antiga posição sobre os Apócrifos. Novamente, seus comentários vieram após os concílios Norte-africanos. Apesar dele não considerar os livros Apócrifos serem canônicos no sentido estrito, Jerônimo citou eles de acordo com suas próprias convicções, com o propósito de edificação. Novamente, esta é a mesma distinção obtida (entre livros canônicos e eclesiásticos) de Atanásio e Rufino. Como veremos, os pontos de vista de Jerônimo tiveram enorme influência na Igreja de anos subsequentes até mesmo até nossa época.

Pareceria, então, que certos elementos da Igreja mantinham pontos de vista diferentes sobre a canonicidade, um amplo, o outro restrito. O ponto de vista amplo incluiu tanto os livros canônicos quanto os eclesiásticos sob o título geral de livros recebidos pela Igreja – canônicos no sentido geral de que era permitido para todos para serem lidos na Igreja. O ponto de vista restrito limitou a canonicidade somente aos vinte e dois livros do Velho Testamento. Os livros apócrifos e certos livros escritos durante a era da Igreja, tais quais 1 Clemente e o Pastor de Hermas, eram classificados sob a designação geral de eclesiásticos.

Ao mesmo tempo que Jerônimo estava engajado em seu trabalho de tradução e escrevendo seus prefácios, os concílios norte-africanos de Hipona e Cartago se reuniram em 393 d.C. e 397 d.C. respectivamente e lançaram um decreto sobre o cânon que incluía as obras dos Apócrifos. Nós não possuímos os decretos originais de Hipona e Cartago mas eles foram posteriormente ratificados por um subsequente concílio de Cartago em 419 d.C. O decreto sobre o Velho Testamento se lê como segue:

Além das Escrituras canônicas, nada deve ser lido, na igreja, sob o título de 'divinas escrituras'. Os livros canônicos são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, os quatro livros de Reis, os dois livros de Paraleipomena(Crônicas), Jó, os Salmos de Davi, os cinco livros de Salomão, os doze livros dos Profetas (Menores), Isaías, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, os dois livros de Esdras, dois livros dos Macabeus25.

Este decreto termina com a declaração de que seria submetido ao Bispo de Roma, assim como outros bispos da Igreja Ocidental para confirmação. Ele afirma o fato de que os livros listados são aqueles que receberam a sanção dos pais das igrejas norte-africanas para serem lidos nas Igrejas:

Que isto seja enviado ao nosso irmão e companheiro bispo, Bonifácio, e aos outros bispos daquelas partes, para que eles possam confirmar este cânon, pois estas são as coisas que nós recebemos de nossos pais para serem lidas na igreja26.

Os decretos foram submetidos à igreja romana para confirmação que viria depois. É o ensino comum entre apologistas católicos romanos que estes concílios oficialmente estabeleceram o cânon para a igreja toda. Os fatos, contudo, não dão suporte a esta alegação por duas razões principais. A primeira é a natureza dos concílios norte-africanos e os livros que eles decretaram ser canônicos. A segunda é a história e prática da Igreja com respeito aos Apócrifos após estes concílios e até o tempo do Concílio de Trento no século 16.

Agostinho e os Concílios norte-africanos

O primeiro ponto a se notar a respeito dos concílios de Hipona e Cartago é que eles eram concílios de província, que não tinham autoridade para regulamentar sobre o cânon para a Igreja como um todo. Agostinho, que estava guiando o espírito destes concílios, admitiu isto:

Agora, a respeito das Escrituras canônicas, deve-se seguir o julgamento do maior número de igrejas católicas; e entre estas, é claro, um lugar de destaque deve ser dado ao que se achar digno de ser a sede de um apóstolo ou receber epístolas. Consequentemente, entre as Escrituras canônicas deve-se julgar de acordo com a seguinte regra: preferir aqueles que são recebidos por todas as igrejas católicas do que aqueles que alguns não recebem. Entre aqueles, novamente, que não são recebidos por todos, deve-se preferir aqueles que têm a sanção do maior número e daqueles de maior autoridade, do que aqueles que são recebidos pelo menor número e os de menos autoridade. Se, contudo, se achar que alguns livros são tidos pelo maior número de igrejas e outros pelas igrejas de maior autoridade (apesar de isto não ser algo muito provável de acontecer), eu acho que em tal caso a autoridade dos dois lados deve ser considerada igual27.

Agostinho reconheceu a falta de unanimidade nas igrejas a respeito do cânon e deu conselho sobre como determinar quais livros eram verdadeiramente canônico. Na verdade ele disse que se deveria seguir o julgamento da maioria das igrejas. Assim, se pudesse ser demonstrado que alguns dos livros sancionados por Hipona e Cartago não eram aceitos como canônicos pela maioria das igrejas então as igrejas norte-africanas deveriam recuar neste ponto. Obviamente, então, ao promulgar o decreto sobre o cânon, Hipona e Cartago não estavam estabelecendo uma lei para a Igreja universal mas expressando a opinião e prática de sua região particular. Já que a Bíblia usada pela Igreja Norte-africana era a Velha Latina, uma tradução da Septuaginta que incluía vários livros dos Apócrifos, estes concílios estavam simplesmente confirmando o cânon tradicional para a Igreja Norte-africana baseado na Septuaginta. Philip Schaff confirma o fato de que a Igreja Norte-africana seguiu a Septuaginta:

Agostinho... firmemente seguiu o cânon alexandrino da Septuaginta, e a tradição preponderante em referência às Epístolas Católicas e a Revelação...28

A veneração que esta Igreja tinha pela Septuaginta, baseado na crença implícita de sua inspiração, é bem representada em Agostinho. Ele acreditava no mito dos setenta e dois tradutores judeus que, sob Ptolomeu, foram colocados individualmente em isolamento e fizeram a mesma tradução do Velho Testamento hebraico29. A aceitação de Agostinho e da Igreja Norte-africana da Septuaginta teve significantes implicações para toda a questão do estabelecimento do cânon. Novamente, apologistas católicos romanos argumentam que o cânon foi autoritativamente estabelecidos para a Igreja universal nos concílios de Hipona e Cartago. Contudo, o cânon decretado pelos concílios norte-africanos diferiam daquele decretado pelo Concílio de Trento no século 16 em um ponto importante. Hipona e Cartago declararam que 1 Esdras e 2 Esdras eram canônicos, se referindo à versão da Septuaginta de 1 e 2 Esdras, a Bíblia que sua versão latina era baseada. Naquela versão, 1 Esdras fazia parte das adições apócrifas a Esdras e Neemias que não era encontrado na Bíblia hebraica, enquanto que 2 Esdras era a versão canônica judaica de Esdras-Neemias. Os judeus só reconheciam Esdras e Neemias que eles combinavam em um livro. Este era 2 Esdras na versão da Septuaginta. Foi Jerônimo (em sua Vulgata Latina) que separou Esdras de Neemias em dois livros, os chamando de 1 Esdras e 2 Esdras respectivamente. Isto se tornou o padrão para a Vulgata e a base sobre a qual Trento declarou que o 1 Esdras da Septuaginta era não-canônico. 1 Esdras na Septuaginta então se tornou 3 Esdras na Vulgata e a outra obra apocalíptica apócrifa de 3 Esdras se tornou 4 Esdras na Vulgata. Nos manuscritos da Septuaginta mais antigos, o Codex Vaticanus (começo do quarto século) e Codex Alexandrinus (começo do quinto século), 1 Esdras é listado como um livro e Esdras-Neemias é listado separadamente como um segundo livro. A New Catholic Encyclopedia confirma estes dados:

Quatro livros são atribuídos a Esdras (Ezra na escrita hebraica). A distinção entre estes livros é confusa por causa de diferenças entre manuscritos e denominações:

Vulgata (Católica)

Septuaginta

Texto hebraico

Protestante e judeu

1 Esdras (Ezra)*

-

Esdras*

Esdras*

2 Esdras (Neemias)*

2 Esdras (Esdras/Neemias)*

Neemias*

Neemias*

3 Esdras

1 Esdras

faltando

1 Esdras

4 Esdras

3 Esdras

faltando

1 Esdras

* Livros canônicos

III Esdras (I Esdras na Septuaginta) foi certamente compilado antes de 90 d.C., pois o historiador judeu Josefo o citou (Ant. 11); mas sua preocupação exclusiva com interesses judaicos coloca sua composição antes da era cristã, perto de 100 a.C. Até o quinto século, cristãos muito frequentemente colocaram 3 Esdras com os livros canônicos; é encontrado em muitos manuscritos da LXX (manuscritos da Septuaginta) e na Vulgata Latina de São Jerônimo. Protestantes então incluem 3 Esdras com outros livros apócrifos (deuterocanônicos) tais como Tobias ou Judite. O concílio de Trento definitivamente o removeu do cânon30.

Ryle dá a seguinte história das diferenças nos livros de Esdras como representados na Septuaginta e na Vulgata:

Nas listas do Velho Testamento que incluem os livros apócrifos, um elemento de confusão é causado pelo 'Esdras' apócrifo, nosso Primeiro Livro de Esdras. Na versão LXX, a Velha Latina e o Siríaco, este livro apócrifo grego foi colocado, com respeito provavelmente à cronologia, antes do Esdras hebraico, e foi chamado de Primeiro de Esdras... enquanto que nosso Esdras e Neemias apareciam como um livro, com o título de Segundo de Esdras. Em sua tradução da Vulgata, Jerônimo não reconheceu a canonicidade dos livros Apócrifo. Ele traduziu o Esdras hebraico (nosso Esdras e Neemias) como um livro com o título de Esdras; mas ele se submeteu à divisão do canônico Esdras em dois livros, pois ele fala dos livros apócrifos como terceiro e quarto de Esdras... Na Vulgata, consequentemente, Esdras e Neemias foram chamados de Primeiro e Segundo de Esdras; o apócrifo grego Esdras foi chamado de Terceiro de Esdras; a obra apocalíptica, o Quarto de Esdras... A influência da Vulgata fez os nomes aplicados aos livros naquela versão serem geralmente adotados no Oeste. No concílio de Trento, Esdras e Neemias foram chamados 'o primeiro livro de Esdras e o segundo de Esdras que é chamado de Neemias'31.

Estas referências deixam claro que a versão da Septuaginta de 1 e 2 Esdras era diferente daquela decretada por Trento. A New Catholic Encyclopedia(citada acima) declara que pelos primeiros cinco séculos muitos pais da Igreja consideraram 1 Esdras da Septuaginta como canônico porque eles seguiam a Septuaginta. Jerônimo foi o primeiro a separar Esdras de Neemias em livros separados e atribuir a eles o título de 1 Esdras a Esdras e 2 Esdras a Neemias para se conformar ao cânon hebraico. A versão da Septuaginta de 1 Esdras é citada, por exemplo, por Justino Mártir, Orígenes, Clemente de Alexandria, Eusébio, Atanásio, Gregório de Nazianzo, Éfrem o Sírio, Basílio o Grande, Crisóstomo, Cipriano, Ambrósio, Teófilo de Antioquia, Dionísio de Alexandria, Agostinho e Próspero de Aquaitaine32. Agostinho citou do livro de 3 Esdras (1 Esdras da Septuaginta) em sua obra A Cidade de Deus33. Assim, quando o Concílio de Cartago deu sua lista de livros canônicos para o Velho Testamento ele seguiu a tradução da Septuaginta. Ao se referir a Esdras como composto de dois livros, eles estavam se referindo a 1 e 2 Esdras da Septuaginta. E quando Cartago enviou estes decretos para Roma para confirmação, eram estes livros que foram confirmados como canônicos. Inocente I afirmou isto em sua carta a Exupério34 e eles foram depois incluídos nos decretos dos Papas Gelásio e Hormisdas. B.F. Westcott confirma estes fatos:

O cânon amplo de Agostinho, que estava, como veremos, completamente sem suporte de qualquer autoridade grega, foi adotado no Concílio de Cartago (397? d.C.), apesar de com uma reserva (Cânone 47, De confirmando ist Canone transmarine ecclesia consulatur), e depois publicado nos decretos que sustentam o nome de Inocêncio, Dâmaso e Gelásio... e ele recorre em muitos escritores posteriores35.

Isto contradiz o decreto passado por Trento que seguiu Jerônimo ao atribuir 1 e 2 Esdras aos livros canônicos hebraicos de Esdras e Neemias respectivamente. Então, Trento declarou não-canônico o que Cartago e os bispos de Roma, no quarto, quinto e sexto séculos, declararam ser canônico. Claramente, então, Cartago não estabeleceu autoritativamente o cânon da Igreja universalmente. Os clamores de apologistas católicos romanos são espúrios. De fato, a New Catholic Encyclopedia declara que o cânon não foi oficialmente estabelecido para a Igreja Ocidental como um todo até o Concílio de Trento no século 16:

São Jerônimo distinguiu entre livros canônicos e livros eclesiásticos. Os últimos ele julgou circularem pela Igreja como uma boa leitura espiritual mas não foram reconhecidos como ?Escrituras autoritativas. A situação continuou duvidosa nos séculos seguintes... por exemplo, João de Damasco, Gregório o Grande, Walarid, Nícolas de Lira e Tostado continuaram a duvidar da canonicidade dos livros deuterocanônicos... De acordo com a doutrina católica, o critério mais próximo de canonicidade bíblica é a decisão infalível da Igreja. Esta decisão não foi dada até mais tarde na história da Igreja no Concílio de Trento... O Concílio de Trento definitivamente estabeleceu a questão do Cânon do Velho Testamento. Que isto não foi feito antes é aparente pela incerteza que persistiu até os dias de Trento36.

Isto também é confirmado por Yves Congar:

... uma oficial e definitiva lista de escritos inspirados não existiu na Igreja Católica até o Concílio de Trento...37

De acordo com Congar e a New Catholic Encylopedia a primeira decisão infalível sobre a declaração autoritativa do cânon, de uma perspectiva Católica Romana, foi o Concílio de Trento, não Hipona e Cartago. O tradutor inglês do Concílio de Trento, H.J. Schroeder, O.P., escreveu:

A lista tridentina ou decreto foi a primeira infalível e efetivamente promulgada declaração sobre o Cânon das Escrituras Sagradas38.

A New Catholic Encyclopedia declara que a razão do cânon não ser definitivamente estabelecido para a Igreja até o Concílio de Trento é que o tema se manteve duvidoso nos séculos subsequentes a Jerônimo; significando que muitos teólogos proeminentes, cardeais e bispos, não aceitaram os Apócrifos como canônicos. Isto nos leva a uma consideração de nossa terceira maior seção, a história do cânon de Jerônimo à Reforma.

Notas

1. Bruce Metzger, An Introduction to the Apocrypha (New York: Oxford University: 1957), págs. 175-178.

2. Eusébio, História Eclesiástica, Livro 4, Capítulo 26, 1a Edição, 1999, Editora CAPD.

3. F.F. Bruce, O Cânon das Escrituras (Editora Hagnos, 1a Edição, 2011), pág. 65.

4. Eusébio, História Eclesiástica, Livro 6, Capítulo 25, 1a Edição, 1999, Editora CAPD

5. Orígenes a Africano, um amado irmão em Deus o Pai, através de Jesus Cristo, Seu santo Filho, paz. Sua carta, de onde aprendi o que você pensa de Susana no livro de Daniel, que é usado nas Igrejas, apesar de curto, apresenta em suas poucas palavras muitos problemas, cada um dos quais exige não tratamento comum, mas um que excede o caráter de uma carta, e alcança os limites de um discurso... Você começa dizendo que quando, em minha discussão com nosso amigo Basso, eu usei a Escritura que contém a profecia de Daniel quando ainda jovem enamorado de Susana, eu fiz isto como se ignorasse que esta parte do livro era espúria. Você diz que louva esta passagem como elegantemente escrita, mas encontra problemas nela por ser uma composição mais recente, e uma falsificação... Em resposta a isto, eu tenho que te dizer que o que nos cabe fazer nos casos não somente da História de Susana, que é encontrada em cada Igreja de Cristo naquela cópia grega que os gregos usam, mas não no hebraico, ou das duas outras passagens que você menciona no fim do livro contendo a história de Bel e o Dragão, que da mesma forma não são encontrados na cópia hebraica de Daniel, mas de milhares de outras passagens que eu também encontrei em muitos lugares quando com minha pouca força estava comparando as cópias hebraicas com as nossas... E em muitos outros dos livros sagrados eu encontrei algumas vezes mais em nossas cópias do que no hebraico, algumas vezes menos... E, certamente, quando notamos tais coisas, nós imediatamente devemos rejeitar como espúrias as cópias em uso em nossas Igrejas, e impor aos irmãos que abandonem os livros sagrados entre eles, e coagir os judeus, os persuadindo a nos dar cópias que devem estar intocadas e livres de falsificações! Devemos supor que aquela Providência que nas Sagradas Escrituras foi ministrada para a edificação de todas as Igrejas de Cristo, não pensou naqueles que foram comprados por um preço, por quem Cristo morreu, quem, apesar de Seu Filho, Deus que é amor não poupou, mas nos entregou por todos, para que com Ele Deus pudesse dar livremente para nós todas as coisas?

Em todos estes casos considere se não seria bom lembrar das palavras, 'Não deves remover as antigas marcas que teus pais estabeleceram'... E eu farei meu esforço para não ser ignorante de suas várias leituras, para que em minhas controvérsias com os judeus eu não cite a eles o que não se encontra em suas cópias, e que eu possa fazer algum uso do que é encontrado ali, mesmo que não esteja em nossas Escrituras. Pois se nós estivermos tão preparados para eles em nossas discussões, eles não estarão, já que é seu costume, rir com desdém de crentes gentios por sua ignorância da verdadeira leitura como a que eles possuem. Ao ponto da História de Susana não ser encontrada no hebraico (ANF, Volume 4, Orígenes, Orígenes a Africano 1-2, 4-5).

6. Roger Beckwith, The Old Testament Canon of the New Testament Church (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), pág. 397.

7. Agora estas divinamente inspiradas Escrituras do Velho e Novo Testamento nos ensinam... Aprenda também diligentemente, e da Igreja, quais são os livros do Velho Testamento, e quais aqueles do Novo... Leia as Divinas Escrituras, os vinte e dois livros do Velho Testamento, estes que foram traduzidos pelos setenta e dois intérpretes... Destes leia os dois e vinte livros, mas não tenha nada com os livros apócrifos. Estude seriamente estes apenas, os quais nós lemos abertamente na Igreja. Mais sábio e mais piedoso que a ti mesmo foram os apóstolos, e os bispos dos tempos antigos, os presidentes da Igreja, que nos transmitiram estes livros. Sendo então um filho da Igreja, não falsifique seus estatutos. E do Velho Testamento, como temos dito, estude os dois e vinte livros, que se for desejoso de aprender, se esforce em lembrar pelo nome, como eu os cito.

Pois a Lei, os livros de Moisés, são os cinco primeiros, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. E depois Josué, o filho de Num, e o livro de Juízes, incluindo Rute, contado como sete. E dos outros livros históricos, o primeiro e segundo livro dos Reis são entre os Hebreus um livro; também o terceiro e quarto um livro. E da mesma forma, o primeiro e segundo de Crônicas são para eles um livro e o primeiro e segundo de Esdras são contados como um. Ester é o décimo segundo livro, estes são os escritos históricos. Mas aqueles que são escritos em versos são cinco, Jó, o livro de Salmos, Provérbios, Eclesiastes e o Cântico dos Cânticos, que é o décimo sétimo livro. E depois destes veem os cinco livros Proféticos: dos doze Profetas um livro, de Isaías um, de Jeremias um, incluindo Baruque e Lamentações e a Epístola, então Ezequiel e o livro de Daniel, o vigésimo segundo do Velho Testamento (NPNF2,, Vol. 7, Cirilo de Jerusalém, Catechetical Lectures IV.33-36).

8. Mas já que nós fizemos menção aos heréticos como mortos, mas nós como possuindo as Escrituras Divinas para a salvação, e já que eu temo para que, como Paulo escreveu aos Coríntios, alguns poucos dos simples não sejam desviados de sua simplicidade e pureza, pela sutileza de certos homens, e leiam daqui para frente outros livros – aqueles chamados apócrifos – desviados pela similaridade de seus nomes com os livros verdadeiros... Continuando a fazer menção destas coisas, eu devo adotar, ao sugerir minha tarefa, o padrão de Lucas o Evangelista, dizendo em minha própria consideração: 'Visto que muitos têm empreendido' reduzir em ordem para si os livros chamados apócrifos e os misturar com as divinamente inspiradas Escrituras, a respeito das quais estamos completamente persuadidos de como elas do princípio foram testemunhas e ministras da Palavra, entregues aos pais; me pareceu bem também, sendo encorajado a isto por verdadeiros irmãos e tendo aprendido do princípio, estabelecer perante vocês os livros incluídos no cânon e transmitidos, considerados Divinos, para o fim de que qualquer um que tenha caído em erro possa condenar aqueles que os desviaram e para que aquele que continua firme em pureza possa novamente se regozijar, tendo estas coisas trazidas à suas lembranças.

Há, então, do Velho Testamento, vinte e dois livros em número; pois, como eu ouvi, é transmitido que este é o número das letras entre os hebreus, em sua respectiva ordem e nomes sendo como se segue. O primeiro é Gênesis, então Êxodo, depois Levíticos, depois aquele Números e então Deuteronômio. Seguindo esses há Josué, o filho de Num, então Juízes, então Rute. E novamente, depois destes, quatro livros de Reis, o primeiro e o segundo sendo reconhecidos como um livro, da mesma forma o terceiro e quarto como um livro. E novamente, o primeiro e segundo de Crônicas são reconhecidos como um livro. Novamente Esdras, o primeiro e segundo são similarmente um livro. Depois destes há o livro de Salmos, então o de Provérbios, depois Eclesiastes e o Cântico dos Cânticos. Segue-se Jó, então os Profetas, os doze sendo reconhecidos como um livro. Então Isaías, um livro, então Jeremias com Baruque, Lamentações e a epístola, um livro, depois disto Ezequiel e Daniel, um livro cada. Assim se constitui o Velho Testamento...

Estas são as fontes de salvação, para que aqueles que tenham sede sejam satisfeitos com as palavras vivas que elas contém. Nestes apenas são proclamadas as doutrinas celestiais. Que nenhum homem adicione a estes, nem se deixe retirar deles...

Mas para maior exatidão eu adiciono isto também, escrevendo por necessidade, que há outros livros além destes que não estão incluídos no Cânon, mas apontados pelos Pais para serem lidos por aqueles que acabaram de se juntar a nós, e que desejam instrução na palavra celestial. A Sabedoria de Salomão, a Sabedoria de Siraque, Ester, Judite, Tobias, aquele que é chamado de o Ensino dos Apóstolos e o Pastor. Mas os primeiros, meus irmãos, são incluídos no Cânon, sendo os últimos meramente para leitura (NPNF2, Vol. 4, Atanásio, Carta 39.2-7).

9. NBSA, Joe Gallegos, What Did the Church Fathers Teach?, págs. 459-460.

10. Concílio de Roma – Decreto do Papa Dâmaso, O Cânon da Escritura (382 d.C.) como citado por Henry Denzinger, The Sources of Catholic Dogma, Roy J. Deferrari, tradução (St. Louis: Herder, 1957), pág. 34.

11. Receba o número e nome dos livros sagrados. Primeiro os doze livros históricos em ordem: primeiro é Gênesis, então Êxodo, Levítico, Números e o testamento da lei repetido de novo; Josué, Juízes e Rute a moabita seguem estes; depois disto os famosos feitos dos Reis possuem o nono e décimo lugar; as Crônicas veem no décimo primeiro lugar e Esdras é o último. Há também cinco livros proféticos, primeiro dos quais é Jó, o próximo é o do Rei Davi, e três de Salomão, a saber, Eclesiastes, Provérbios e seu Cântico. Depois deste vem cinco livros dos santos profetas, dos quais doze estão contidos em um volume: Oseias... Malaquias, estes estão no primeiro livro; o segundo contém Isaías. Depois destes está Jeremias, chamado do ventre de sua mãe, então Ezequiel, força do Senhor e Daniel por último. Estes vinte e dois livros do Velho Testamento são contados de acordo com as vinte e duas letras dos judeus... Que sua mente não seja enganada sobre livros estranhos (pois várias Let not your mind be deceived about extraneous books (pois várias falsas atribuições estão circulando), mas você deve manter este número legítimo de mim, querido leitor (Gregório de Nazianzo, Carmina Dogmatica, Livro I, Seção I, Carmen XII. PG 37:471-474. Tradução de Dr. Michael Woodward, Associate Library Director, Arcebispo Vehr Theological Library. Ver também William Jurgens, The Faith of the Early Fathers, Volume 2, pág. 42).

12. Como estamos lidando com números e cada número entre reais existências, um certo significado do qual o Criador do universo fez uso completo tanto no esquema geral como no arranjo dos detalhes, nós devemos dar boa atenção e com a ajuda das Escrituras traçar seu significado e o significado de cada um deles. Nem devemos falhar em observar que sem razão os livros canônicos são vinte e dois, de acordo com a tradição hebraica, o mesmo número das letras do alfabeto hebraico. Pois como as vinte e duas letras podem ser consideradas uma introdução à sabedoria e às divinas doutrinas dadas aos homens naquelas letras, assim os vinte e dois livros inspirados são o alfabeto da sabedoria de Deus e uma introdução ao conhecimento das realidades (Basílio o Grande, Philocalia, Capítulo III, Por que os livros inspirados são vinte e dois em número. Do mesmo volume no primeiro Salmo. George Lewis, tradutor, The Philocalia of Origen: A Compilation of Selected Passages from Origen's Works made by St. Gregory of Nazianzus and St. Basil of Caesarea (Edinburgh: T. & T. Clark, 1911), pág. 34. Veja também Orígenes, Philocalie, cap. 3, editado por Marguerite Harl, Sources Christiennes 302 (Paris: Cerf, 1983), pág. 260).

13. Pelo tempo do retorno dos cativos da Babilônia estes judeus adquiriram os seguintes livros e profetas e os seguintes livros dos profetas: 1. Gênesis. 2. Êxodo. 3. Levítico. 4. Números. 5. Deuteronômio. 6. O Livro de Josué o filho de Num. 7. O Livro dos Juízes. 8. Rute. 9. Jó. 10. O Saltério. 11. Os Provérbios de Salomão. 12. Eclesiastes. 13. O Cântico dos Cânticos. 14. O primeiro livro dos Reis. 15. O segundo livro dos Reis. 16. O terceiro livro dos Reis. 17. O quarto livro dos Reis. 18. O primeiro livro de Crônicas. 19. O segundo livro de Crônicas. 20. O livro dos Doze Profetas. 21. O Profeta Isaías. 22. O Profeta Jeremias, com as Lamentações e as Epístolas de Jeremias e Baruque. 23. O Profeta Ezequiel. 24. O Profeta Danie. 25. 1 Esdras. 26. 2 Esdras. 27. Ester. Estes são os vinte e sete livros dados aos judeus por Deus. Eles contudo são contados como vinte e dois, porque dez livros que os judeus reconhecem como cinco são duplos... E eles possuem mais dois livros de canonicidade disputada, a Sabedoria de Siraque e a Sabedoria de Salomão, fora de certos outros apócrifos (The Panarion of Epiphanius of Salamis, Nag Hammadi Studies, Editado por Martin Krause, James Robinson, Frederik Wisse, (Leiden: Brill, 1987), Livro I, Seção I.6,1).

14. Além disto, é mais importante que você saiba disto também: nem tudo que se oferece como venerável Escritura deve ser considerado certo. Pois há aqueles escritos por falsos homens – como é algumas vezes feito. A respeito dos livros, há vários que são intermediários e próximos da doutrina da verdade, por assim dizer, mas há outros contudo, que são espúrios e extremamente perigosos, como selos falsos e moedas espúrias, que de fato possuem a inscrição do rei, mas que são falsificações, e feitos de material básico. Com relação a isto, então, eu devo enumerar para você os livros individuais inspirados pelo Espírito Santo e para que você saiba claramente, eu irei começar com os livros do Velho Testamento. O Pentateuco contém Gênesis, então Êxodo, Levítico, que é o livro do meio, depois disto Números e finalmente Deuteronômio. A estes adicione Josué e Juízes, depois destes Rute e os quatro livros de Reis, Paralipomenon igual a um livro, seguindo estes o primeiro e segundo de Esdras. Depois eu te lembro de cinco livros: o livro de Jó, coroado pela luta contra várias calamidades, também do livro de Salmos, o remédio musical da alma, os três livros da Sabedorias de Salomão, Provérbios, Eclesiastes e o Cântico dos Cânticos. Eu adiciono a estes os doze profetas, primeiro Oseias, então Amós, depois Miqueias, Joel, Abdias, Jonas, o tipo dos três dias da Paixão, depois destes não, Habacuque então o nono Sofonias, Ageu, Zacarias e o anjo com dois nomes, Malaquias. Depois destes, conheça os outros profetas, chegando a quatro: o grande e destemido Isaías, Jeremias, inclinado à misericórdia, o místico Ezequiel e Daniel, mais sábio nos acontecimentos das Últimas Coisas, e alguns adicionam Ester a estes (Carta a Seleuco. ap. Gregório de Nazianzo, Carminum II.vii, PG 37.1593-1595. Tradução de Catherine Kavanaugh, Universidade de Notre Dame).

Referência latina: Praeterae autem istud scire maxime tibi convenit: non omnis liber pro certo habendus, qui venerandum Scripturae nomen praefert. Sunt enim, sunt (ut nonnunquam fit) inscripti falsis hominibus. Libri: nonnulli quidem intermedii sunt ac vicini, ut ita dixerim, veritatis doctrinae; alii vero spurii et magnopere pericuiosi, velut falso signata et spuria numismata, quae regis quidem inscriptionem habent, sed tamen notha sunt, et vitiosa materie confecta. Propterea tibi divino afflatos Spiritu recensebo singulos libros: atque ut rem perspicue noveris, libros Veteris Testamenti primum referam. Pentateuchus continet, Genesim, deinde Exodum, Levitictum, qui medius est liber, post quem Numerus, postremo Deuteronomium. His adde Josue et Judices; postea Ruth, et Regum quatuor libros, Paralipomenon, par unum; secundum hos, Esdras primus et secundus. Exinde versu couditos quinque tibi libros commemorabo: coronati certaminibus variarum calamitatum librurn Jobi; Psalmorum etiam librum, modulatum animae remedium tres libros sapientis Salomonis, Proverbia, Ecclesiastem, et Canticum canticorum. his jungito duodecim prophetas, Osee primum, deinde Amos secundum, Michaeam, Joel, Abdiam, et Jonam, typum trium dierum passionis; Nahum post ipsos, Abacuc, deinde nonum, Sophoniam, Aggaeum, et Zachariam, Binominemque angelum Malachiam. Post hos disce prophetas adhuc esse alios quatuor, intrepidum magnum Isaiam, Jeremiam ad misericordiam propensum, et mysticum Ezechielem, postremum Danielem, eumdem factis sapientissimum, his addunt Esther nonnulli (Carta a Seleuco, ap. Gregório de Nazianzo, Carminum II.vii, PG 37:1593-1595).

15. Henry Barclay Swete, An Introduction to the Old Testament in Greek (New York: KTAV, 1968), p. 222.

16. J. N. D. Kelly, Patrística, Origem e Desenvolvimento das doutrinas centrais da fé cristã (Editora Vida Nova, 1994), pág. 40.

17. Ibid.

18. F.F. Bruce, O Cânon das Escrituras (Editora Hagnos, 1a Edição, 2011), pág. 76.

19. Henry Barclay Swete, An Introduction to the Old Testament in Greek (New York: KTAV, 1968), p. 224.

20. ANF, Vol. 4, Tertuliano, On Women's Dress 1.3.

21. Et ea causa est, ut in viginti duos libros lex Testamenti Veteris deputetur: ut cum litterarum numero convenirent. Qui ita secundum traditiones veterum deputantur, ut Moysi sint libri quinque, Jesu Nave sextus, Judicum et Ruth septimus, primus et secundus Regnorum in octavum, tertius et quartus in nonum, Paralipomenon duo in decimum sint sermones dierum Esdrae in undecimum, liber Psalmorum in duodecimum, Salomonis Proverbia, Ecclesiastes, Canticum canticorum in tertium decimum, et quartum decimum, et quintum decimum, duodecim Prophetae in sextum decimum, Esaias deinde et Jeremias cum lamentatione et epistola, sed et Daniel, et Ezechiel, et Job, et Hester, viginti et duum librorum numerum consumment. Quibusdam autem visum est, additis Tobia et Judith 11 viginti quatuor libros secundum numerum graecarum litterarum connumerare, Romana quoque lingua media inter Hebraeos Graecosque collecta (Sancti Hilarii Pictaviensis Episcopi Tractatus Super Psalmos, Prologue 15, Testamenti Veteris libri XXII, aut 24. Tres linguae praecipuae. PL 9:241. Tradução por Dr. Michael Woodward, Associate Library Director, Arcebispo Vehr Theological Library).

22. E então parece apropriado neste lugar enumerar, como nós temos aprendido da tradição dos Pais, os livros do Novo e do Velho Testamento, que de acordo com a tradição de nossos pais, se acredita serem inspirados pelo Espírito Santo, sendo transmitido para as igrejas de Cristo. Do Velho Testamento, então, antes de tudo foram transmitidos cinco livros de Moisés, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio; então Josué Nave, (Josué filho de Num), o Livro dos Juízes junto com Rute; então quatro livros dos Reis (Reinos), que os hebreus reconhecem como dois; o livro das Omissões, que é intitulado o Livro dos Dias (Crônicas) e dois livros de Esdras (Esdras e Neemias), que os hebreus reconhecem como um, e Ester; dos Profetas, Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel; além do mais dos doze Profetas menores, um livro; Jó e também os Salmos de Davi, cada um um livro. Salomão deu três livros às igrejas, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos. Estes compõe os livros do Velho Testamento.

Do Novo há quatro Evangelhos, Mateus, Marcos, Lucas, João; os Atos dos Apóstolos, escritos por Lucas; quatorze Epístolas do apóstolo Paulo, duas do apóstolo Pedro, uma de Tiago, irmão do Senhor e Apóstolo, um de Judas, três de João, a Revelação de João. Estes são os livros que os Pais incluíram no Cânon e de onde eles nos fizeram deduzir as provas de nossa fé.

Mas deve-se saber que há também outros livros que nossos pais chamam não de 'Canônicos', mas de 'Eclesiásticos': a saber, Sabedoria, chamada Sabedoria de Salomão, e outra Sabedoria, chamada de Sabedoria do Filho de Siraque, o último sendo chamado pelos latinos com o título geral de Eclesiástico, designando não o autor do livro, mas o caráter da obra. À mesma classe pertence o Livro de Tobias, o Livro de Judite e os Livros dos Macabeus. No Novo Testamento o pequeno livro chamado de Pastor de Hermas (e aquele) que é chamado Os Dois Caminhos, ou o Julgamento de Pedro; todos os quais podem ser lidos nas igrejas, mas não recorridos para a confirmação de doutrina. Os outros escritos eles chamam 'Apócrifos'. Estes eles não podem ler nas igrejas. Estes são tradições que os pais nos transmitiram, as quais, como eu disse, eu achei oportuno estabelecer neste lugar, para a instrução daqueles que estão sendo ensinados nos primeiros elementos da Igreja e da Fé, para que eles saibam de quais fontes da Palavra de Deus suas aspirações devem ser tomadas. (NPNF2, Vol. 3, Rufino, Comentário ao Credo dos Apóstolos 36).

23. NPNF2, Vol. 6, São Jerônimo, Prefácios às obras de Jerônimo, Provérbios, Eclesiastes e o Cântico dos Cânticos; Daniel.

24.

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O primeiro destes livros é chamado Bresith, ao qual nós damos o nome de Gênesis. O segundo, Elle Smoth, que tem o nome de Êxodo; o terceiro, Vaiecra, que é Levítico; o quarto, Vaiedabber, que nós chamamos de Números; o quinto, Elle Addabarim, que é intitulado Deuteronômio. Estes são os cinco livros de Moisés, que eles apropriadamente chamam de Thorath, que é lei.

A segunda classe é composta dos Profetas, e eles começam com Jesus o filho de Nave, que entre eles é chamado Josué o filho de Num. Depois na série é Spohtim, que é o livro dos Juízes; e no mesmo livro eles incluem Rute, porque os eventos narrados ocorreram nos dias dos Juízes. Então vem Samuel, que nós chamamos Primeiro e Segundo de Reis. O quarto é Malachim, que é, Reis, que é contido no terceiro e quarto volumes de Reis. E é bem melhor dizer Malachim, que é Reis, que Malachoth, que é Reinos. Pois o autor não descreve Reinos de várias nações, mas de um povo, o povo de Israel, que é composto de doze tribos. O quinto é Isaías, o sexto Jeremias, o sétimo Ezequiel, o oitavo é o livro dos Doze Profetas, que é chamado entre os judeus de Thare Asra.

À terceira classe pertentem os Hariographa, dos quais o primeiro livro começa com Jó, o segundo com Davi, cujos escritos eles dividem em cinco partes e compõe um volume de Salmos; o terceiro é Salomão, em três livros, Provérbios que eles chamam de Parábolas, que é Masaloth, Eclesiastes, que é Coeleth, o Cântico dos Cânticos, que eles chamam pelo título de Sir Assirim; o sexto é Daniel; o sétimo, Dabre Aiamim, que é, Palavras dos Dias, que nós podemos mais expressivamente chamar uma crônica de toda a história sagrada, o livro que entre nós é chamado Primeiro e Segundo de Crônicas; o oitavo Esdras, que ele mesmo é da mesma forma dividido entre gregos e latinos em dois livros; o nono é Ester.

E assim há também vinte e dois livros do Velho Testamento; ou seja, cinco de Moisés, oito dos profetas, nove dos Hagiographa, apesar de alguns incluírem Rute e Kinoth (Lamentações) entre os Hagiographa, e achar que estes livros devem ser reconhecidos separadamente; nós deveríamos assim ter vinte e quatro livros da velha lei. E estes o Apocalipse de João representa pelos vinte e quatro anciãos, que adoram o Cordeiro, e com aparência humilde oferecem suas coroas, enquanto que em sua presença estão as quatro criaturas viventes com os olhos na frente e atrás, ou seja, olhando para o passado e para o futuro, e com voz infatigável clamando, Santo, Santo, Santo, Senhor Deus Todo-poderoso, que foi, e era, e será.

Este prefácio às Escrituras pode servir como uma introdução 'protegida com capacete' a todos os livros que nós traduzimos do hebreu para o latim, de forma que nós podemos garantir que o que não é encontrado em nossa lista deve ser colocado entre os escritos Apócrifos. Sabedoria, então, que finalmente tem o nome de Salomão, e o livro de Jesus, o filho de Siraque, Judite, Tobias e o Pastor não estão no cânon. O primeiro livro dos Macabeus eu não encontrei em hebreu, o segundo é grego, como pode ser provado de seu próprio estilo. Vendo que tudo isto é assim, eu lhe rogo, meu leitor, a não achar que meus labores são em algum sentido com a intenção de depreciar os velhos tradutores. Para o serviço do tabernáculo de Deus cada um oferece o que pode; alguns ouro e prata e pedras preciosas, outros linho azul, púrpura e escarlata; nós fazemos bem se ofertarmos peles e pelos de cabras (NPNF2, Vol. 6, São Jerônimo, Prefácios às Obras de Jerônimo, Os Livros de Samuel e Reis, págs. 489,490).

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Comentários adicionais de Jerônimo: 'Estas instâncias têm sido tocadas por mim (os limites de uma carta proíbem um tratamento mais discursivo deles) para convencer você de que nas Escrituras Sagradas você não pode fazer progresso a menos que você tenha um guia para mostrar a você o caminho... Gênesis ... Êxodo ... Levítico ... Números ... Deuteronômio ... Jó ... Jesus o filho de Nave ... Juízes ... Rute ... Samuel ... O terceiro e quarto livros de Reis ... Os doze profetas cujos escritos estão comprimidos nos limites de um simples volume: Oseias ... Joel ... Amós ... Obadias ... Jonas ... Miquéias ... Naum ... Habacuque ... Sofonias ... Ageu ... Zacarias ... Malaquias ... Isaias, Jeremias, Ezequiel e Daniel ... Jeremias também vai quatro vezes através do alfabeto em diferentes metros (Lamentações)... Davi... canta de Cristo em sua lira; e em um saltério com dez cordas (Salmos) ... Salomão, um amante da paz e do Senhor, corrige moral, ensina natureza (Provérbios e Eclesiastes), une Cristo e a igreja, e canda uma doce canção de matrimônio para celebrar aquele santo casamento (Cântico dos Cânticos) ... Ester ... Esdras e Neemias.

Você vê como, levado por meu amor pelas Escrituras, eu excedi os limites de uma carta... Eu irei lidar brevemente com o Novo Testamento. Mateus, Marcos, Lucas e João ... O apóstolo Paulo escreve para sete igrejas (pois a oitava epístola – aquela para os Hebreus – não é geralmente contada com as outras) ... Os Atos dos Apóstolos ... Os apóstolos Tiago, Pedro, João e Judas publicaram sete epístolas ... O apocalipse de João...

Eu te suplico, meu caro irmão, a viver entre estes livros, a meditar neles, a saber nada mais, não buscar nada mais (NPNF2, Volume 6, São Jerônimo, Carta LIII.6-10).

25. Charles Joseph von Hefele, A History of the Councils of the Church (Edinburgh: Clark, 1896), Sínodo em Hipona, Cânon 36, p. 400.

26. NPNF2, Volume 14, The Seven Ecumenical Councils, African Code A.D. 419, Cânon XXIV, págs. 453-454.

27. NPNF1, Vol. 2, Agostinho, On Christian Doctrine, Livro II, Capítulo 8.

28. Philip Schaff, History of the Christian Church (Grand Rapids: Eerdmans, 1910), Volume III, §118 Fontes de Teologia. Escritura e Tradição, pág. 609.

29. as outro Ptolomeu, chamado Filadelfo, que o sucedeu, permitiu todos que ele trouxe sob o jugo a retornarem livres; e, além disto, enviou presentes reais ao templo de Deus, e suplicou a Eleazar, que era o sumo sacerdote, a dar a ele as Escrituras, que ele ouviu de um relatório que eram verdadeiramente divinos, e então grandemente desejou ter naquela mais nobre biblioteca que ele tinha. Quando o sumo sacerdote os enviou em hebraico, ele depois pediu intérpretes dele, e se enviou a ele setenta e dois, dos quais das doze tribos, seis homens, mais letrados em ambas as línguas, para testemunhar, o hebreu e o grego; e sua tradução é agora por costume chamada Septuaginta. É relatado, de fato, que havia uma concordância em suas palavras são maravilhosa, estupenda e claramente divina, que quando foram colocados neste trabalho, cada um separadamente (pois pareceu bem a Ptolomeu testar sua fidelidade), eles divergiram de cada um em nenhuma palavra que tinha o mesmo significado e força, ou, na ordem das palavras. Mas, como se os tradutores fossem um, de forma que tudo que foi traduzido foi um, porque no próprio ato o Único Espírito esteve em todos eles. E eles receberam uma dádiva tão maravilhosa de Deus, para que a autoridade destas Escrituras pudessem ser consideradas não como humana mas divina, como de fato foi, para o benefício das nações que deveriam em algum tempo crer, como nós vemos agora elas fazendo.

Pois enquanto havia outros intérpretes que traduziram estes oráculos sagrados do idioma hebraico para o grego, como Áquila, Símaco e Teodócio, e também aquela tradução que, como o nome do autor é desconhecido, é referido por a quinta edição, mas a Igreja recebeu esta tradução Septuaginta como se ela fosse a única; e ela tem sido usada pelo povo cristão grego, a maioria dos quais não está ciente de que há qualquer outra. Desta tradução foi feita também uma tradução para o idioma latino, que as igrejas latinas usam. Nossos tempos, contudo, gozam da vantagem de ter o presbítero Jerônimo, um homem bem letrado e hábil em todas as três línguas, que traduziu as mesmas Escrituras para o idioma latino, não do grego, mas do hebraico. Mas apesar dos judeus reconhecerem este esforço bastante erudito dele ser bem fiel, enquanto eles disputam que os tradutores da Septuaginta erraram em muitos lugares, as igrejas de Cristo ainda julgam que ninguém deveria ser preferido à autoridade de tantos homens, escolhidos para esta grande obra por Eleazar, que era o sumo sacerdote. Pois mesmo que não tivesse aparecido neles um espírito, sem dúvida divino, os setenta homens letrados, segundo o costume dos homens, compararam as palavras de suas traduções, para que o que os agradou pudesse se manter para todos, nenhum simples tradutor deve ser preferido a eles. Mas já que tão grande sinal de divindade apareceu neles, certamente, qualquer outro tradutor de suas Escrituras do hebraico para qualquer outro idioma é fiel no caso de ele concordar com estes setenta tradutores, e se achar que ele não concorda com eles, então nós devemos acreditar que a dádiva profética está com eles. Pois o mesmo Espírito que estava nos profetas quando eles falaram estas coisas estava também nos setenta homens quando eles traduziram eles, então que seguramente eles poderiam também dizer algo mais, assim como se o próprio profeta tivesse dito ambos, porque seria o mesmo Espírito que disse ambos. E poderia dizer a mesma coisa diferentemente, de forma que, embora as palavras não fosse as mesmas, ainda o mesmo significado deveria brilhar para aqueles de bom entendimento. E poderia omitir ou adicionar algo, de forma que mesmo assim poderia se mostrar que havia naquela obra não uma ligação humana, que o tradutor devia às palavras, mas no entanto poder divino, que preenchia e governava a mente do tradutor (NPNF1, Volume 2, Agostinho, A Cidade de Deus 18.42-43).

30. New Catholic Encyclopedia (New York: McGraw Hill, 1967), Volume II, Bible, III, pp. 396-397.

31. Herbert Edward Ryle, Ezra and Nehemiah (Cambridge: Cambridge University, 1907), págs. xiii-xiv. Estas visões são depois confirmadas por estas autoridades adicionais:

Henry Barclay Swete: O 'Esdras Grego' consiste de uma versão independente e de alguma forma livre de porções de 2 Crônicas e Esdras-Neemias, quebrados por um longo contexto que não tem paralelo na Bíblia Hebraica... Na igreja primitiva o Esdras Grego era aceito sem suspeita... Jerônimo, contudo (prefácio em Esdras), descartou o livro, e modernas edições da Vulgata o relegou a um apêndice onde ele aparece como 3 Esdras, os títulos de 1 e 2 Esdras sendo dados às duas partes do livro canônico de Esdras-Neemias' (Henry Barclay Swete, An Introduction to the Old Testament in Greek (New York: Ktav Publishing, 1968), págs. 265-267).

The Oxford Dictionary of the Christian Church: 'Esdras' é a forma grega e latina de Ezra. Na Septuaginta há dois livros com este título – Esdras A, um livro grego baseado em partes de 2 Crônicas, Esdras e Neemias, com uma história interpolada não existente em hebraico; e Esdras B, uma tradução direta do hebraico Esdras-Neemias (tratado como um livro). Na forma atual da Vulgata estes são aumentados para quatro, a saber: I e II Esdras, ou seja, a tradução de São Jerônimo de Esdras e Neemias, tratados como livros separados; III Esdras, a versão Latina Antiga de Esdras A; e IV Esdras, outro livro não existente em grego. Pois a Vulgata original foi deliberadamente confinada por Jerônimo aos primeiros dois destes, rejeitando os outros dois como não canônicos (Prefácio em Esdras, c. Vigílio 7); mas todos quatro livros são comumente incluídos (com alguma confusão na numeração) em manuscritos bíblicos latinos. Em 1546, o Concílio de Trento (sessão 4) finalmente rejeitou III Esdras e IV Esdras do cânon da Igreja Católica, e em subsequentes edições da Vulgata eles aparecem (com a oração de Manassés) como um Apêndice seguindo o Novo Testamento. (The Oxford Dictionary of the Christian Church (Oxford: Oxford University, 1997), pág. 560).

Jacob Myers: I Esdras deve seu nome à Bíblia grega onde Esdras A=I Esdras e Esdras B=Esdras e Neemias... A Vulgata (Bíblia latina de Jerônimo) tem Esdras 1 (=Esdras), Esdras 2 (=Neemias), Esdras 3 (=1 Esdras) e Esdras 4 (=2 Esdras)' (Jacob Myers, I and II Esdras (Garden City: Doubleday, 1982), pág. 1).

32. Veja Jacob Myers, I and II Esdras (Garden City: Doubleday, 1982), pág. 1 e The Encyclopedia of the Early Church (New York: Oxford University, 1992), pág. 57, Coluna 1.

33. NPNF1, Vol. 2, Agostinho, Cidade de Deus, Livro XVIII. 36.

34. Os específicos livros listados por Inocente em sua carta a Exupério são os seguintes: Uma breve adição mostra quais livros são realmente recebidos no cânon. Estes são os desideratos dos quais você desejava ser informado verbalmente: de Moisés cinco livros, que são, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômios, e Josué, de Juízes um livro, dos Reis quatro livros, e também Rute, dos Profetas dezesseis livros, de Salomão cinco livros, os Salmos. Da mesma forma das histórias, Jó um livro, de Tobias um livro, Ester um, Judite um, dos Macabeus dois, de Esdras dois, Paralipomenon dois livros (Da epístolas Consulenti tibi para Exupério, Bispo de Toulouse, 405. Henry Denzinger, The Sources of Catholic Dogma (London: Herder, 1954), pág. 42. Veja também Swete, An Introduction to the Old Testament in Greek, pág. 211).

35. B.F. Westcott, The Canon of Scripture. Encontrado no Dictionary of the Bible de Dr. William Smith (Grand Rapids: Baker, 1981), Volume I, Cânon, pág. 363.

36. New Catholic Encyclopedia, Vol. II, Bible, III (Canon), pág. 390; Cânon, Bíblico, pág. 29; Bíblia, III (Cânon), pág. 390.

37. Yves Congar, Tradition and Traditions (New York: Macmillan, 1966), pág. 38.

38. The Canons and Decrees of the Council of Trent (Rockford: Tan, 1978), Quarta Sessão, Nota de rodapé #4, pág. 17.

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