• Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.

    Mateus 5:44,45

  • Disse-lhes ele: Por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível

    .

    Mateus 17:20

  • Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que a encontre?

    Lucas 15:4

  • Então ele te dará chuva para a tua semente, com que semeares a terra, e trigo como produto da terra, o qual será pingue e abundante. Naquele dia o teu gado pastará em largos pastos.

    Isaías 30:23

  • As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem;

    João 10:27

prev next

Bem vindos!!

Sejam bem-vindos ao novo site e-cristianismo!! Nosso site foi recentemente invadido, então estamos trabalhando para recuperar o conteúdo. Esperamos terminar esta tarefa em breve.

Verso do dia

A genealogia de Mateus

Escrito por  Gustavo
Jesus

É curioso como muitos problemas de interpretação bíblica se resumem conceitos e palavras não entendidos, por causa do contexto cultural e histórico em que foram empregados. Grant R. Osborne mesmo, em seu livro A Espiral Hermenêutica, chama a atenção para isto em seu capítulo introdutório:


Se já é difícil entender uma conversa, que dirá entender um texto escrito? Fui criado na cidade, mas minha mulher cresceu numa fazenda que ficava a apenas uma hora da minha casa. Mesmo não sendo dois lugares tão distantes assim, muitas vezes temos a dificuldade de compreender um ao outro por causa das diferenças em nossa educação (urbana/rural). Isso se torna mais complicado quando duas pessoas são de regiões diferentes do país. E mais complicado ainda quando pertencem a culturas distintas. No seminário em que leciono, há alunos que vieram de mais ou menos quarenta países. Para a maior parte deles, o inglês é a segunda ou até a terceira língua. A distância entre nossas culturas constitui uma enorme barreira à clareza na comunicação. Agora multiplique isso por dois mil anos e acrescente uma cultura que deixou de existir em 70 d.C., quando o judaísmo do segundo templo foi destruído e teve que se reerguer sozinho1.

Se isto acontece até mesmo dentro de uma mesma cultura, o que dizer com relação a culturas diferentes e tempos diferentes? Some a isto a intenção de apresentar as Escrituras como contraditórias, e temos um prato cheio!

É neste ponto que frequentemente se ataca a genealogia de Mateus, por ela divergir da genealogia apresentada por Lucas. Muitos tentam explicar as diferenças de várias formas, como por exemplo apontando que uma genealogia é de Maria e outra de José, mas provavelmente um entendimento melhor sobre a cultura judaica esclareceria qualquer problema encontrado no Evangelho de Mateus, que reflete bastante esta cultura.

Sobre isto, é importante observar o que foi escrito por A. Lukyn Williams em seu livro A manual of Christian evidences for Jewish people, escrito em 1919, para responder alguns argumentos judeus contra o cristianismo. Williams trata ali da questão das genealogias, como se segue:

9] (i). Vamos tomar primeiro a segunda objeção, a falta de confiabilidade na evidência da genealogia de José.

O Rabi Isaac encontra três dificuldades:

A. De acordo com Mateus, o pai de José é Jacó e sua linhagem vem através de Salomão; de acordo com Lucas, o pai de José é Eli e sua linhagem vem através de Natã, o filho de Davi.

B. De acordo com Mateus há quarenta e duas gerações de Abraão a Jesus; de acordo com Lucas cinquenta e seis.

C. Mateus comete um erro evidente (טעות מפורסמת) ao dizer que Jorão gerou Uzias, pois ele assim omite Acazias, Joás e Amazias (cf. 1Cr. 3:12).

10] (i). Agora candidamente, eu não pensarei muito sobre as dificuldades levantadas em B e C. De fato, se a verdade deve ser dita, elas me parecem mais adequadas a um gentio do que a um Rabi bem informado. O Rabi Isaac nunca ouviu falar dos mnemônicos e Midrash? Ele nunca notou que Mateus divide suas séries em três vezes de quatorze, presumivelmente para o bem da memorização, e que quatorze equivale por Gematria a דוד, sendo que três é o próprio número de letras naquela palavra? Mas, se Mateus propositadamente arranjou seus nomes assim, não era quase necessário que ele deveria deixar alguns nomes fora? “O quê!”, é dito, “em uma Genealogia?” Sim, mesmo assim. Esdras não deixa de fora nomes em uma Genealogia? Veja Esdras 7:1-5 onde os nomes de Amarias a Joanã, seis ao todo, são omitidos; compare com 1Cr 6:7-11 (=Heb. v. 33-37). O erudito Dr. Schechter, agora presidente do Jewish Theological Seminary of America, é um homem mais sábio que o Rabi Isaac, ao dizer (Jewish Quarterly Review, xii. Abril, 1900, p. 418): “a impressão transmitida para o estudante rabínico pelo exame do Novo Testamento é em muitas partes como aquela adquirida pela leitura de uma antiga homília rabínica”. E então ele continua a destacar o perfeito caráter rabínico da genealogia contida em Mateus. Compare também com Pirqe Aboth, v. 2 e 3, onde nos é dito, primeiro, que há dez gerações de Adão a Noé, onde Adão é incluído, e segundo, que há dez de Noé a Abraão, onde Noé é excluído. Mera exatidão em números facilmente dá lugar em escritos judaicos a mnemônicos e instruções encorajadoras. Nenhum judeu verdadeiramente entendido sonhará acusar a genealogia no primeiro Evangelho por isto.

11] (ii). Sua primeira dificuldade (A) com respeito à genealogia de José é contudo mais digna de consideração.

(a). Eu livremente reconheço que a dificuldade não pode ser resolvida ao dizer que a forma de Lucas não é a genealogia de José, mas de Maria. Pois Lucas não dá um traço de evidência de que este é o caso. Nós devemos assumir que ambas são de José.

(b). Eu reconheço também que todas as explicações como as que se seguem não extremamente improváveis: (1) Judeus de posição tinham mais de um nome. (2) Os dois filhos de Matã eram Jacó, o mais velho, e Eli, o mais jovem; José era o filho de Jacó e Maria a única filha de Eli; então por se casar com sua prima Maria, José se tornou o filho de Eli assim como de Jacó. Esta explicação é engenhosa por explicar as duas genealogias como de José e ainda mostrar que de fato a de Lucas é também a genealogia de Maria. Mas é muito engenhoso para ser admitida sem provas. (3) Jacó morreu sem filho e Eli, por se casar com sua viúva, de acordo com o costume judaico, se tornou através dela o pai de José, que daí deveria ser chamado de filho de Jacó, para que a linhagem do irmão mais velho não acabe. Isto também parece ser altamente conjectural.

(c). Mas há uma outra explicação que é possível, e, em vista das declarações feitas, até mesmo provável: a saber, que Lucas dá a verdadeira descendência através de pessoas específicas, e Mateus a linhagem de sucessão de herança, extensivamente através de reis. Em favor desta explicação está o fato de que ele coloca Jeoiaquim, que, como ele muito bem sabia através de Jeremias 22:30, não deveria ter seus próprios filhos dignos do nome, entre os ancestrais do Messias.

O resultado então de nossa consideração desta primeira questão referente à genealogia é que ambas se referem a José, e que não há razão suficiente para duvidar da confiabilidade geral de ambas, cada uma de sua forma.

Certamente estas descrições da genealogia de Cristo nos dois evangelhos concordam com o que comentaristas dizem a respeito destes dois livros. Mateus geralmente mostra Jesus como o Rei da linhagem de Davi, e uma genealogia real se enquadra bem com este tema. Já Lucas, mais preocupado com detalhes históricos, é o que nos dá a genealogia natural, como nós estamos acostumados.

É interessante observar que Williams não está sozinho ao defender este argumento. O próprio João Calvino nos diz que Mateus escolheu criar 3 grupos de 14 pessoas, e que Mateus nos dá uma linhagem real, enquanto Lucas nos dá a linhagem natural. O comentário Mateus 1:1 nos diz:

Minha opinião é esta. Os evangelistas tinham em seus olhos boas pessoas, que não entraram em nenhuma disputa obstinada, mas na pessoa de José reconheceram a descendência de Maria; particularmente já que, como temos dito, nenhuma dúvida foi levantada naquela época. Algo, contudo, poderia aparecer incrível, que este tão pobre e desprezado casal pertenciam à posteridade de Davi, e àquela semente real, de onde o Redentor nasceria. Se alguém indagar se ou não a genealogia traçada por Mateus e Lucas prova claramente e acima de qualquer controvérsia que Maria era descendente da família de Davi, eu concedo que isto não pode ser inferido com certeza; mas como a relação entre Maria e José era naquele tempo bem conhecida, os evangelistas estavam mais à vontade sobre este tema. Entretanto, foi o desígnio de ambos evangelistas remover a pedra de tropeço que se levanta do fato, que ambos José e Maria eram desconhecidos, desprezados, pobres, não dando a menor indicação de realeza.

Novamente, a suposição de que Lucas passa pela descendência de José e relaciona aquela de Maria, é facilmente refutada; pois ele expressamente diz que se supunha que Jesus era o filho de José, etc. Certamente, nem o pai nem o avô de Cristo é mencionado, mas a descendência do próprio José é cuidadosamente explicada. Estou bem ciente da maneira que eles tentam resolver esta dificuldade. A palavra filho, eles alegam, é usada para genro, e a interpretação que eles dão para José ser chamado o filho de Heli é que ele casou-se com a filha de Heli. Mas isto não concorda com a ordem de natureza, e não é apoiado por nenhum exemplo nas Escrituras.

Se Salomão é deixado fora da genealogia de Maria, Cristo não mais será Cristo; pois toda investigação sobre sua descendência está fundamentada naquela solene promessa, “Eu estabelecerei tua descendência após ti; eu estabelecerei o trono de seu reino para sempre, Eu serei seu pai e ele será meu filho” (2Sm 7:12), “O Senhor jurou em verdade para Davi; Ele não se desviará dela; do fruto de seu corpo eu estabelecerei sobre teu trono” (Sl 132:11). Salomão era, acima de qualquer controvérsia, o tipo deste Rei eterno que foi prometido a Davi; não pode a promessa ser aplicada a Cristo, exceto na medida que sua verdade fosse espelhada em Salomão (1Cr 28:5). Agora se a descendência não é traçada a ele, como, ou por qual argumento, deveria ele ser provado ser “o filho de Davi”? Quem quer que risca Salomão da genealogia de Cristo ao mesmo tempo oblitera e destrói aquelas promessas pelas quais ele deve ser reconhecido como o filho de Davi. Neste sentido Lucas, traçando a linha de descendência de Natã, não exclui Salomão, será visto depois no lugar apropriado.

Para não ser muito tedioso, aquelas duas genealogias concordam substancialmente entre si, mas nós devemos nos atentar para quatro pontos de diferença. O primeiro é: Lucas sobre por uma ordem regressiva, do último ao primeiro, enquanto Mateus começa com a fonte da genealogia. A segunda é: Mateus não leva sua narrativa além da santa e eleita raça de Abraão, enquanto Lucas segue até Adão. O terceiro é: Mateus trata de sua descendência legal e se permite fazer algumas omissões na linha de ancestrais, escolhendo ajudar a memória do leitor por arranjá-los em três grupos de quatorze, enquanto Lucas segue a descendência natural com grande exatidão. O quarto e último é que, quando eles estão falando das mesmas pessoas, eles algumas vezes dão nomes diferentes.

Seria supérfluo dizer mais sobre o primeiro ponto de diferença, pois ele não apresenta dificuldade. O segundo ponto não existe sem uma boa razão: pois, como Deus escolheu para si mesmo a família de Abraão, de onde o Redentor do mundo nasceria, e como a promessa de salvação foi, de certa maneira, ligada àquela família até a vinda de Cristo, Mateus não passa além dos limites que Deus prescreveu. Nós devemos nos atentar ao que Paulo diz, “que Jesus Cristo foi um ministro da circuncisão para a verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos pais” (Rm 15:8), com o que concorda aquele dito de Cristo, “Salvação vem dos judeus” (Jo 4:22). Mateus, então, o apresenta para nossa contemplação como pertencendo àquela raça sagrada, a qual ele foi expressamente apontado. No catálogo de Mateus nós devemos olhar para a aliança de Deus, pela qual ele adotou a semente de Abraão como seu povo, os separando com uma “parede de separação no meio” (Ef 2:14) do resto das nações. Lucas direcionou sua visão para um ponto mais alto, pois apesar de que no tempo que Deus fez sua aliança com Abraão, um Redentor foi prometido, de uma forma peculiar, à sua semente, nos no entanto sabemos que, desde a transgressão do primeiro homem, todos precisam de um Redentor, e ele foi consequentemente apontado para todo o mundo. Foi para um propósito maravilhoso de Deus que Lucas nos mostra Cristo como o filho de Adão, enquanto Mateus o confinou à única família de Abraão. Pois não seria vantagem para nós que Cristo fosse dado pelo Pai como o “autor da salvação eterna” (Hb 5:9), a menos que fosse dado indiscriminadamente a todos. Além disto, aquele dito do Apóstolo não seria verdadeiro, que “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre” (Hb 13:8), se seu poder e graça não alcançasse todas as eras desde a própria criação do mundo. Saibamos então que para toda a raça humana foi manifestada e exibida a salvação através de Cristo, pois não sem razão ele é chamado o filho de Noé, e o filho de Adão. Mas como nós devemos buscá-lo na palavra de Deus, o Espírito sabiamente nos direciona, através de outro evangelista, à sagrada raça de Abraão, a cujas mãos o tesouro da vida eterna, juntamente com Cristo, foi confiada por algum tempo (Rm 3:1).

Nós chegamos agora ao terceiro ponto de diferença. Mateus e Lucas inquestionavelmente não observam a mesma ordem, pois imediatamente depois de Davi um coloca Salomão e o outro, Natã, o que deixa perfeitamente claro que eles seguem linhagens diferentes. Este tipo de contradição é reconciliada por bons e eruditos intérpretes da seguinte maneira: Mateus, se afastando da linhagem natural, que é seguida por Lucas, reconhece a genealogia legal. Eu a chamo de genealogia legal, porque o direito ao trono passou para as mãos de Salatiel. Eusébio, no primeiro livro de sua História Eclesiástica, adotando a opinião de Africano, prefere aplicar o epiteto legal à genealogia que é traçada por Lucas. Mas isto tem o mesmo resultado, pois ele não quer dizer nada mais do que isto: que o reino que foi estabelecido na pessoa de Salomão, passou de uma forma legal a Salatiel. Mas é mais correto e apropriado dizer que Mateus exibiu a ordem legal, porque ao nomear Salomão imediatamente depois de Davi, ele atende, não às pessoas de cuja linhagem regular, segundo a carne, Cristo derivou seu nascimento, mas à maneira na qual ele descende de Salomão e outros reis, de forma a ser seu sucessor legal, em cujas mãos Deus “estabeleceria o trono de seu reino para sempre” (2Sm 7:13).

Há probabilidade na opinião que, na morte de Acazias, a linhagem de Salomão foi encerrada. Quanto ao comando dado por Davi – pelo qual algumas pessoas citam a autoridade de comentaristas judeus – que se a linhagem de Salomão falhar, o poder real deveria passar aos descendentes de Natã, eu o deixo indeterminado; tendo apenas por certeza que a sucessão do reino não foi confundida, mas regulada por decretos fixos de parentesco. Agora, como a história sagrada o relaciona, depois do assassinato de Acazias, o trono foi ocupado, e toda a descendência real destruída “por sua mãe Atalia” (2Re 11:1), é mais do que provável que esta mulher, com um ávido desejo por poder, perpetrou aqueles perversos e horríveis assassinatos para que ela não pudesse ser reduzida a um nível privado, e visse o trono transferido a outro. Se houvesse um filho de Acazias ainda vivo, a avó seria permitida de bom grado reinar em paz, sem a inveja ou perigo, sob a máscara de ser sua tutora. Quando ela procede a tais grandes crimes ao ponto de recair sobre si mesma infâmia e ódio, é uma prova de desespero surgindo do fato de que ela não é mais capaz de manter a autoridade real em sua casa.

Quanto a Joás ser chamado de “filho de Acazias” (2Cr 22:11), a razão é que ele era o parente mais próximo, e foi de forma justa considerado ser o verdadeiro e direto herdeiro da coroa. Para não mencionar que Atalia (se nós formos supor que ela seja sua avó) alegremente teria se beneficiado de seu relacionamento com a criança, caso qualquer pessoa de pensamento comum achasse provável que um verdadeiro filho do rei pudesse ser tão escondido por “Jeoiada, o sacerdote”, de forma a não incentivar a avó a uma busca mais diligente? Se tudo for cuidadosamente pesado, não haverá hesitação em concluir que o próximo herdeiro da coroa pertencia a uma linhagem diferente. E este é o significado das palavras de Jeoiada, “Eis que o filho do rei deverá reinar, como o Senhor disse dos filhos de Davi” (2Cr 23:3). Ele considerou vergonhoso e intolerável que uma mulher, que era estranha por sangue, violentamente tome o cetro, que Deus ordenou ficar na família de Davi.

Não há absurdo em supor que Lucas traça a descendência de Cristo de Natã: pois é possível que a linhagem de Salomão, até onde se relaciona à sucessão do trono, pode ter sido interrompida. Pode-se objetar que Jesus não pode ser reconhecido como o Messias prometido, se ele não é um descendente de Salomão, que foi um indiscutível tipo de Cristo. Mas a resposta é fácil. Apesar dele naturalmente não descender de Salomão, ele ainda foi reconhecido como seu filho por sucessão legal, porque ele foi descendente de reis.

O quarto ponto de diferença é a grande diversidade de nomes. Muitos olham para isto com grande dificuldade: pois de Davi a José, com exceção de Salatiel e Zorobabel, nenhum dos nomes são iguais nos dois Evangelistas. A explicação geralmente oferecida, que a diversidade surge de ser muito comum entre os judeus ter dois nomes, parece a muitas pessoas não ser bastante satisfatório. Mas como nós agora não estamos familiarizados com o método que foi seguido por Mateus em extrair e arranjar a genealogia, não há razão para admirar-se, se nós somos incapazes de determinar até onde ambos concordam ou divergem sobre nomes individuais. Não pode-se duvidar que, depois do Cativeiro Babilônico, as mesmas pessoas são mencionadas sob diferentes nomes. No caso de Salatiel e Zorobabel, os mesmos nomes, eu acho, foram propositalmente mantidos, em consideração à mudança que ocorreu na nação: porque a autoridade real foi extinta. Mesmo enquanto uma fraca sombra de poder se manteve, uma mudança drástica era visível, o que adverte os crentes que eles devem esperar outro e mais excelente reino do que o de Salomão, que floresceu mas por pouco tempo.

É também digno de destacar que o número adicional no catálogo de Lucas em relação ao de Mateus não é nada estranho. Pois o número de pessoas na linhagem natural de descendência é geralmente maior que na linhagem legal. Além disto, Mateus escolheu dividir a genealogia de Cristo em três departamentos, e fez cada departamento conter quatorze pessoas. Desta forma, ele se sentiu na liberdade de deixar alguns nomes, o que Lucas não poderia com propriedade omitir, não se restringindo por aquela regra.

Assim eu discuti a genealogia de Cristo, até onde parece ser geralmente útil. Se alguém sentir cócegas de uma curiosidade aguçada, eu lembro da admoestação de Paulo, e prefiro sobriedade e modéstia à insignificantes e inúteis disputas. É uma passagem conhecida, que ele nos admoesta a evitar excessiva paixão ao disputar sobre “genealogias, como inúteis e vãs” (Tito 3:9).

Agora resta perguntar, finalmente, porque Mateus incluiu toda a genealogia de Cristo em três classes, e atribuiu a cada classe quatorze pessoas. Aqueles que acham que ele fez assim para ajudar a memória de seus leitores, declara parte da razão, mas não toda ela. É verdade, de fato, que um catálogo, dividido em três números iguais, é mais facilmente memorizado. Mas é também evidente que esta divisão pretende apontar uma condição tríplice da nação, do tempo que Cristo foi prometido a Abraão até “a plenitude dos tempos” (Gl 4:4) quando ele foi “manifesto na carne” (1Tm 3:16). Antes do tempo de Davi, a tribo de Judá, apesar de ocupar um nível superior do que outras tribos, não tinha poder. Em Davi a autoridade real salta aos olhos de todos com esplendor inesperado, e se mantém até o tempo de Jeconias. Depois daquele período, ainda se manteve na tribo de Judá uma porção do nível e governo, que manteve expectativas dos justo até a vinda do Messias.

Notas

1. Grant R. Osborne, A Espiral Hermenêutica, Ed. Vida Nova, págs. 29 e 30.

Ler 10077 vezes
Avalie este item
(1 Votar)

Comentários   

+1 #3 Gustavo 19-02-2017 18:54
Olá, Laercio.

Você entendeu que os autores bíblicos escreviam segundo seu contexto cultural e histórico? Você entendeu que Mateus emprega em seu livro um estilo muito comum entre os judeus de sua época (então ele não decidiu como quis, mas seguiu os padrões reconhecidos pelos judeus) para falar aos judeus?

Interpretar a Bíblia não é impor sua cultura sobre os textos. Interpretar a Bíblia é entender como sua audiência entendia o texto, e resgatar este significado para nossos dias.
Mateus escreve como um judeu para sua audiência judaica e seu texto deve ser visto assim.
Abraços.
Citar
0 #2 LAERCIO DA COSTA 27-12-2016 16:20
Mateus decidiu e fez como quis fazer! Resolveu escrever apenas 14 gerações e pronto!! Onde fica o E. Santo neste história? Não é Ele o autor do NT? Lucas também faz como quer, resolveu escrever e pronto!! Lc 1:3 ...Eu mesmo decidi assim escrever... Bom. Se Mt decidi escrever apenas 14 gerações, sabendo que são mais que 14, ´porque ele afirma categoricamente que são apenas 14 gerações? Mt 1:17 "Assim, ao TODO são 14 gerações... Seria isso honesto para quem não conhece as genealogias? Se a intenção de MT era corresponder ao numero cabalistico do nome Davi, para tentar provar que JC descende de Davi, isso não iria adiantar de nada, pois José não sendo pai biologico de JC não transmitiu a JC os genes nem o DNA de Davi a JC. Um pai adotivo sempre será um pai adotivo. Assim sendo, JC não cumpre a profecia de II SM 7:12-16, onde o profeta afirma que o Mesias será descendete direto de Davi. Sairá de suas entranhas. e José não passou para Jesus os genes nem o DNA de Davi.
Citar
0 #1 LAERCIO DA COSTA 27-12-2016 15:59
SE MATEUS DECIDE, DELIBERADAMENTE, DIVIDIR EM 3 GERAÇÕES DE 14, E DEIXA 5 NOMES DE REIS FORA DA GENEALOGIA, PORQUE MATEUS AFIRMA QUE SÃO 14 GERAÇÕES?

MT 1:17 - ASSIM, AO TODO HOUVE 14 GERAÇÕES.... ( ISSO NÃO É VERDADE).

CREIO QUE O CERTO SERIA: DEIXEI ALGUNS NOMES FORA, PARA SE ADEQUAR AO NUMERO 14 QUE REPRESENTA O NOME DE DAVI.

MAS MESMO ASSIM, SE JOSÉ NÃO É PAI BIOLOGICO DE JESUS, QUAL A FINALIDADE DESTA GENEALOGIA DE MATEUS? DE ACORDO COM II SM 7:12-16, O MESSIAS VIRÁ DAS ENTRANHAS, OU SEJA, SERÁ UM DESCENDETE DIRETO DE DAVI. E JOSÉ NÃO SENDO PAI BIOLOGICO DE JESUS, ELE NÃO PASSOU PARA JESUS O GENES E NEM O DNA DE DAVI.
Citar

Últimos artigos

Assuntos principais

Últimos comentários