Imprimir esta página

Reação cristã contra a pobreza gerada na Revolução industrial

Escrito por  André Biéler
social

O fim agitado do século XIX leva muitos cristãos a reconhecer a validade das interrogações dos pioneiros do Cristianismo social e a importância de um empenho comum dos crentes para ajustar ao Evangelho seu comportamento na sociedade. Falar-se-á mais minuciosamente sobre os grandes movimentos ecumênicos do século XX, frutos da vontade de muitos cristãos de recuperar a unidade perdida da Igreja de Cristo e maior fidelidade à ética social que decorre do Evangelho.

Antes de mencionar-lhes as diferentes etapas, importa notar que os diversos movimentos do Cristianismo social, graças à influência direta de seus membros engajados, impregnaram intensamente a evolução da sociedade industrial com mais justiça, ressalta P. Jaccard1. "Nos países protestantes", escreve esse sociólogo, "é o salário que se quer decente, porque o trabalhador nutre aversão pela autoridade patronal, quer de participantes, quer do Estado. Essa atitude é tipicamente calvinista". "Efetivamente, para os protestantes, a autoridade é a Bíblia toda, mas somente a Bíblia". Ora, essa Bíblia fala linguagem que o trabalhador entende bem, quando é educado no seu conhecimento. Clement Attlee, primeiro ministro inglês, bem o assinalou quando escrevia: "O socialismo britânico deve infinitamente menos a Marx do que à Bíblia, que é o mais revolucionário de todos os livros". E P. Jaccard acrescenta: "Tudo o que foi feito de válido, em matéria social, no mundo da língua inglesa, na Suíça, nos Países Baixos, na Escandinávia e na Alemanha, foi inspirado pelo pensamento bíblico".

É interessante constatar que, recentemente, sociólogos, pesquisando sobre a abertura das populações para problemas ecológicos, fizeram observações análogas. Estudo, realizado em 1993 em 28 países pelo grupo de consultores Research International, procurava responder à questão: quais são hoje as populações que se interessam pelos problemas do meio ambiente, que conhecem o assunto e como os enfrentam? Dando a essas perguntas respostas profundas e matizadas, esses pesquisadores constatam, antes de tudo, que a inquietude referente à poluição da água potável ou do ar, por exemplo, "é bagagem comum em todas as regiões do mundo". Todavia, o grau de responsabilidade é muitas vezes ligado, "cabe sublinhar, à cultura social e religiosa". Assim, "a responsabilidade individual é muito importante nos países protestantes (países nórdicos). Noutros termos, descobrem-se diferenças de comportamento entre os países latinos e os do Norte, ainda quando o nível de informação das populações é equivalente"2.


Notas

1. Histoire sociale du travail, Paris, 1960, p. 308.

2. "Mon corps et son environnement", estudo de Research International Observer (1993), apresentado pelo Journal de Genève, 10 de fevereiro de 1994.

A força oculta dos protestantesAndré Biéler, A força oculta dos protestantes, Editora Cultura Cristã, págs.182 a 183.

Ler 3084 vezes
Avalie este item
(0 votos)