• Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.

    Mateus 5:44,45

  • Disse-lhes ele: Por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível

    .

    Mateus 17:20

  • Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que a encontre?

    Lucas 15:4

  • Então ele te dará chuva para a tua semente, com que semeares a terra, e trigo como produto da terra, o qual será pingue e abundante. Naquele dia o teu gado pastará em largos pastos.

    Isaías 30:23

  • As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem;

    João 10:27

prev next

Bem vindos!!

Sejam bem-vindos ao novo site e-cristianismo!! Nosso site foi recentemente invadido, então estamos trabalhando para recuperar o conteúdo. Esperamos terminar esta tarefa em breve.

Verso do dia

A conversão de Agostinho

Escrito por  Agostinho de Hipona
Agostinho refletindo antes de sua conversão

6. Descoberta a beleza da vida monástica

Contarei agora como me arrancaste da escravidão dos desejos carnais que tão fortemente me subjugavam, e da servidão dos negócios deste mundo, “e glorificarei o teu nome, Senhor, meu apoio e meu redentor”. Eu desenvolvia as atividades de costume, porém numa ansiedade sempre crescente, desejando-te cada vez mais. Quando estava livre dos negócios, sob cujo peso eu arfava, frequentava a tua igreja. Comigo estava Alípio que, depois de desempenhar por três vezes a função de assessor, agora livre dos trabalhos de jurisconsulto, esperava a ocasião de vender seus conselhos, assim como eu vendia a eloquência, se é que tal arte pode ser transmitida pelo ensino na escola. Nebrídio, cedendo às solicitações dos amigos, tornara-se assistente de Verecundo, professor milanês, íntimo de todos nós. Verecundo desejava ardentemente, e o pediu em nome da amizade, receber do nosso grupo uma ajuda fiel, de que muito necessitava. Não foi a ambição de bem-estar que atraiu Nebrídio; poderia ter obtido maiores vantagens, se tivesse querido ensinar letras. Foi, portanto, apenas por dever de amizade que não quis recusar nosso pedido. Era de fato um amigo dedicado e amável. Desempenhou o ofício, evitando prudentemente tornar-se conhecido dos grandes deste mundo, evitando assim qualquer inquietação do espírito, que queria conservar livre, a fim de ter mais tempo disponível para indagar, ler e ouvir alguma coisa sobre a sabedoria.

Um dia – Nebrídio estava ausente, não me lembro por quê – recebemos, Alípio e eu, a visita de um dignitário da corte imperial, cidadão africano como nós, chamado Ponticiano. Eu não sabia o que desejava de nós. Sentamo-nos para conversar. Por acaso, viu um livro sobre a mesa de jogo diante de nós. Abriu-o, e viu com surpresa que se tratava das epístolas de Paulo. Não esperava ver aí senão livros usados na minha profissão de professor. Sorriu e congratulou-se comigo, dizendo-se surpreso ao ver-me com essa obra, e somente essa, ao alcance da mão. Ele era cristão praticante e, muitas vezes, em tua igreja, prostava-se diante de ti, Senhor, em longas e frequentes orações. Eu lhe disse do meu grande interesse por esses escritos. Nasceu então a conversa de Ponticiano a respeito de Antão, monge egípcio, famoso entre teus servos. Para nós, até esse momento, o nome de Antão era desconhecido. Quando percebeu isso, Ponticiano admirou-se de nossa ignorância, e isto foi para ele motivo para insistir sobre o assunto e fazer-nos conhecer tão grande homem. Estávamos admirados ao ouvir as tuas maravilhas validamente atestadas por fatos tão recentes, quase em nossos dias, ocorridos na verdadeira fé da Igreja católica. Estávamos todos maravilhados, nós pela grandiosidade dos fatos, e ele porque não os conhecíamos.

Daqui, a conversa passou aos inúmeros monges, a seus costumes tão agradáveis a ti, à fecunda solidão do deserto. E tudo isso era por nós ignorado. Até em Milão havia, fora dos muros da cidade, um mosteiro cheio de santos monges, sob a direção de Ambrósio, e nós nada sabíamos. Continuava a falar, e nós o ouvíamos em silêncio. Contou-nos que, estando em Tréveros, não sei em que época, ele e mais três amigos, aproveitando a circunstância de o imperador ter ido assistir aos jogos vespertinos do circo, saíram a passear pelos jardins que circundavam os muros da cidade. Aconteceu que, caminhando dois a dois, um com ele no primeiro grupo, e os outros dois no segundo grupo, tomaram direções diferentes. Estes últimos entraram por acaso numa cabana, onde habitavam alguns servos teus, daqueles “pobres de espírito” aos quais “pertence o reino dos céus”. Aí encontraram um livro, onde estava escrita a vida de Antão. E começaram a lê-la. Arrebatado e impressionado por essa leitura, um deles resolveu abraçar a mesma vida e abandonar o serviço do mundo, para dedicar-se ao teu. E, no entanto, eram eles investidos de altas funções públicas. De repente, tomado de amor sobrenatural e honesta vergonha, irado consigo mesmo, fixou nos olhos o amigo e perguntou-lhe: “Diga-me, onde pretendemos chegar com nossos trabalhos? O que buscamos? A que causa servimos? Podemos esperar mais, no palácio, do que figurar no rol dos amigos do imperador? E mesmo para isso, existe algo que não seja precário e perigoso? E há necessidade de passarmos tantos perigos para chegarmos a um perigo ainda maior? E quando lá chegarmos? Mas, se quiser ser amigo de Deus, eu posso ser imediatamente”. Disse essas palavras e, exaltado, como se estivesse a gerar uma nova vida, lançou de novo os olhos ao livro. Lia, e no seu íntimo realizava-se uma tranformação que só tu notavas; e seu espírito despojava-se deste mundo, o que desde logo se tornou evidente. Enquanto lia, e trazia no E decidiu-se por tomar esse partido, e já, todo teu, disse ao amigo: “Rompi com todos aqueles nossos sonhos e decidi servir a Deus a partir deste momento, no lugar onde me encontro. Se recusas imitar-me, ao menos não te oponhas aos meus desejos”. O outro respondeu que queria ser companheiro em tão nobre missão, com tão grande recompensa. E ambos, agora teus, e a tudo renunciando para te servir, começaram a contruir a torre de salvação com capital suficiente. Então, Ponticiano e o outro, que com ele passeava no jardim, foram procurá-los e os chamaram para voltar à casa, pois já declinava o dia. Eles, porém, relataram sua resolução e plano, e como tal desejo nascera e se enraizara neles. Pediram que, se não quisessem unir-se a eles, pelo menos não os molestassem. Ponticiano e o amigo – como ele mesmo conta – embora não mudassem de vida, lamentaram-se a si mesmos e, congratulando-se com os amigos, recomendaram-se as suas orações e, com o coração preso à terra, retornaram ao palácio, enquanto eles permaneceram na cabana com o coração voltado para o céu. Ambos eram noivos. E as noivas, ao saberem do ocorrido, também elas consagraram a ti a sua virgindade.

7. Reações no espírito de Agostinho

Foi isso que nos contou Ponticiano. E tu, Senhor, enquanto ele falava, me fazias refletir sobre mim mesmo, tirando-me da posição de costas, em que eu me havia colocado para não me enxergar a mim mesmo, e me colocavas diante de minha própria face, para que eu visse quanto era indigno, disforme e sórdido, coberto de manchas e chagas.

[...]

Assim, eu me roía interiormente e sentia enorme vergonha, enquanto Ponticiano falava. E ele, ao terminar o seu relato e a tarefa para que viera, partiu; e eu voltei-me para dentro de mim. Que coisas não proferi contra mim mesmo! Com que açoites de pensamentos não flagelei a minha alma, para que me seguisse nos esforços que fazia para ir atrás de ti! Mas ela, renitente ao mesmo tempo recusava e não se desculpava. Os argumentos estavam todos esgotados, todos refutados; restava apenas uma perturbação muda. E ela temia, como à morte, sofrer restrições aos hábitos que, corrompendo-a, levavam para a morte.

8. Agostinho hesita

Então, em meio à grande luta interior que eu violentamente travava no íntimo do coração contra mim mesmo, e transtornado na alma e na fisionomia, corro para Alípio e exclamo: “O que é que nos aflige tanto? Que significa isso que também tu acabas de ouvir? Erguem-se os incultos e tomam de assalto o reino do céu, enquanto nós, com o nosso saber insensato, nos debatemos na carne e no sangue! Será que nos envergonhamos de segui-los por que chegaram primeiro, e não nos envergonhamos de deixar de os seguir”? Dito isso, ou coisa semelhante, afastei-me, agitadíssimo, enquanto ele me olhava atônito, em silêncio. De fato, eu não falava como de costume, e minha fronte, minha face, meus olhos, minha cor, o tom da voz, mais do que as palavras, me denunciavam o estado de espírito. Junto a nossa residência havia um jardim, do qual dispúnhamos, como de toda a casa, poso o proprietário que nos hospedava não residia no local. Para aí fui levado pelo tumulto do coração, onde ninguém podia interferir na luta violenta que travava comigo mesmo, e cujo resultado nem eu mesmo conhecia, somente tu. Eu enlouquecia para recuperar a razão, morria para viver, e estava consciente do meu mal, sem saber do bem que viria pouco depois. Retirei-me, então, para o jardim. Alípio seguiu-me passo a passo. Mesmo em sua presença, minha solidão continuava. Como poderia ele abandonar-me nesse estado? Sentamo-nos o mais longe possível da casa. Eu fremia de violenta indignação contra mim mesmo, por não ceder à tua vontade e à aliança contigo, meu Deus, pela qual todos os meus ossos clamavam, elevando louvores ao céu. E aí não se chega de navio, de carro ou a pé, nem mesmo para a distância que percorri de casa ao lugar onde estávamos. Com efeito, ir ou chegar junto a ti não é senão um ato de querer ir, mas com vontade forte e plena, e não titubeante e ferida, numa luta da parte que se ergue contra a parte que fraqueja.

[...]

11. Árdua caminhada na senda da virtude

Assim eu sofria e me atormentava, acusando-me muito mais severamente que de costume. E, ao mesmo tempo, me debatia nas cadeias ainda não complemente rompidas e que, embora apenas por um fio, ainda me prendiam. E no entanto me prendiam. E tu, Senhor, não me davas trégua no íntimo do coração. Com severa misericórdia duplicavas os açoites do temor e da vergonha, para que eu não tornasse a ceder, para que eu rompesse definitivamente aquele exíguo e tênue fio, para que não se reforçasse e me envolvesse ainda mais.

Dizia de mim para mim: “Vamos, agora é preciso agir, agora”! E das palavras partia para a decisão final. Estava a ponto de agir, mas não agia. Já não recaía na situação anterior, mas dela estava muito próximo, e era o seu ar que eu ainda respirava. Fazia outra tentativa igual à anterior, um pouco mais e lá estaria; um pouco só, e logo atingiria a meta. Mas ainda não estava lá, nem a tocava, hesitava em morrer para a morte, em viver para a vida. A paixão, arraigada em mim, ainda me dominava mais do que o bem que jamais praticara. E quanto mais se aproximava o momento de transformar-me em outro homem, maior era o medo que me invadia. Esse terror não me impelia para trás nem me desencaminhava; mantinha-me, porém, na indecisão.

Ficava preso às mais às mais insignificantes bagatelas, às vaidades das vaidades, minhas velhas amigas que me solicitavam a natureza carnal, murmurando: “Tu nos vais abandonar”? E também: “De agora em diante, nunca mais estaremos contigo”. E ainda: “De agora em diante, não poderás mais fazer isso e aquilo”! E que pensamentos me sugeriam, meu Deus, ao dizerem: “Isto e aquilo”. Que a tua misericórdia os afaste da alma de teu servo! Que torpezas não sugeriam, que indecências! Mas já se reduzia a menos de metade o número de vezes que eu lhes dava ouvidos. Já não ousavam assaltar-me abertamente, mas sussurravam, pelas costas, puxando-me furtivamente, à medida que eu me afastava, para me obrigarem a olhar para trás. De qualquer modo, conseguiam retardar-me. Eu hesitava em libertar-me de seu jugo, a fim de correr para onde me sentia chamado, pois o hábito fortemente enraizado me dizia: “Julgas que poderás passar sem elas”?

Contudo, já me dizia com voz mais fraca.

Do outro lado para onde voltava o rosto e por onde temia passar, apresentava-se a mim a casta dignidade da Continência, com serena alegria e sem desordem. Convidava-me, acariciando-me com pureza, para que viesse sem hesitação. Estendia-me as mãos piedosas, cheias de uma multidão de boas obras, para me receber e abraçar. Encontravam-se aí meninos e meninas, grande número de jovens e pessoas de todas as idades, dignas viúvas, virgens idosas. Em todas elas não era estéril a continência, e sim mãe fecunda das alegrias geradas de ti, Senhor seu esposo. E a Continência ria, de mim e ao mesmo tempo me exortava, como se dissesse: “Não poderás tu fazer o mesmo que fizeram estes e aquelas? Foi porventura pela própria força que o fizeram, ou por virtude de seu Deus e Senhor? Foi o Senhor Deus que me entregou a eles. Por que queres apoiar-te em ti mesmo, ficando sem apoio? Lança-te nele, e não temas. Ele não fugirá de ti, e não cairás. Atira-te sem reservas, e ele te receberá e te curará”. Sentia-me envergonhado por ainda dar ouvidos ao sussurro daquelas tolices, e indeciso hesitava. E a Continência parecia repetir: “Fecha os ouvidos às tentações imundas da tua própria carne que te prendem à terra, e deixa que elas pereçam. Elas te oferecem prazeres que vão contra a lei do Senhor teu Deus”. Realizava-se essa disputa no íntimo do meu espírito; tratava-se de mim contra mim mesmo. Alípio, imóvel a meu lado, aguardava em silêncio o desfecho dessa minha inusitada agitação.

12. “Toma e lê!”

Quando essas severas reflexões me fizeram emergir do íntimo e expuseram toda a minha miséria à contemplação do coração, desencadeou-se uma grande tempestade portadora de copiosa torrente de lágrimas. Para dar-lhes vazão com naturalidade, levantei-me e afastei-me de Alípio, o necessário para que sua presença não me perturbasse, pois a solidão me parecia mais apropriada ao pranto. Alípio percebeu o estado em que me encontrava: o tom da voz embargada pelas lágrimas, ao dizer-lhe alguma coisa, havia-me traído. Levantei-me; ele permaneceu atônito, onde estávamos sentados. Deixei-me, não sei como, cair debaixo de uma figueira e dei livre curso às lágrimas, que jorravam de meus olhos aos borbotões, como sacrifício agradável a ti. E muitas coisas eu te disse, não exatamente nestes termos, mas com o seguinte sentido: “E tu, Senhor, até quando? Até quando continuarás irritado? Não te lembres de nossas culpas passadas”! Sentia-me ainda preso ao passado, e por isso gritava desesperadamente: “Por quanto tempo, por quanto tempo direi ainda: amanhã, amanhã? Por que não agora? Por que não pôr fim agora à minha indignidade”? Assim falava e chorava, oprimido pela mais amarga dor do coração. Eis que, de repente, ouço uma voz vinda da casa vizinha. Parecia um menino ou menina repetindo continuamente uma canção: “Toma e lê, toma e lê”. Mudei de semblante e comecei com a máxima atenção a observar se se tratava de alguma cantilena que as crianças gostam de repetir em seus jogos. Não me lembrava, porém, de tê-la ouvido antes. Reprimi o pranto e levantei-me. A única interpretação possível, para mim, era a de uma ordem divina para abrir o livro e ler as primeiras palavras que encontrasse. Tinha ouvido que Antão, assistindo por acaso a uma leitura evangélica, sentiu um chamado, como se a passagem lida fosse pessoalmente dirigida a ele: “Vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me”. E logo, através dessa mensagem, converteu-se a ti. Apressado, voltei ao lugar onde Alípio ficara sentado, pois, ao levantar-me, havia deixado aí o livro do Apóstolo. Peguei-o, abri e li em silêncio o primeiro capítulo sobre o qual caiu o meu olhar: “Não em orgias e bebedeiras, nem na devassidão e libertinagem, nem nas rixas e ciúmes. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis satisfazer os desejos da carne”. Não quis ler mais, nem era necessário. Mal terminara a leitura dessa frase, dissiparam-se em mim todas as trevas da dúvida, como se penetrasse no meu coração uma luz de certeza. Marcando a passagem com o dedo ou com outro sinal qualquer, fechei o livro e, de semblante já tranquilo, o mostrei para Alípio. Também ele, por sua vez, me mostrou o que lhe acontecera e que eu ignorava. Pediu-me que lhe mostrasse a passagem lida por mim. Mostrei-a, e ele prosseguiu além do que eu havia lido, ignorando eu portanto o que estava escrito. O texto era o seguinte: “Acolhei o fraco na fé”. Alípio aplicou-o a si mesmo e o revelou para mim. Foi como um convite que o firmou em seu propósito, perfeitamente de acordo com seu tipo de vida, que há muito tempo o havia distanciado de mim. Sem hesitar e sem se perturbar, juntou-se a mim. Fomos imediatamente à minha mãe e lhe contamos o sucedido. Ela ficou radiante. E nós lhe relatamos como os fatos se tinham desenvolvido. E ele exulta e triunfa, bendizendo-te, Senhor, “que és poderoso além do que pedimos ou pensamos”. Verificava que lhe havias concedido muito mais do que ela pedira com lágrimas e orações em meu favor. De tal forma me converteste a ti, que eu já não procurava esposa, nem esperança alguma terrena, mas permanecia firme naquela fé em que tantos anos antes me tinhas mostrado em sonho a minha mãe. “Transformaste sua tristeza em alegria”. Alegria muito maior do que ela havia desejado, e muito mais preciosa e pura do que ela poderia esperar dos netos nascidos da minha carne.

ConfissõesPatrística, Volume 10, Confissões, páginas 216 a232, Editora Paulus.

Ler 8569 vezes
Avalie este item
(1 Votar)

Últimos artigos

Assuntos principais

Últimos comentários